Capítulo 13 - Regresso Comprometido (continuação 1)
Em casa de Pablo, quando o telemóvel toca pela primeira vez, Angie não atende. Ela sabe que é Gérmen e naquele momento ela não sabe o que lhe dizer. Decide levantar-se e ir falar com Ludmila, ela sabe que o que lhe está a pedir é demasiado, mas terão que o fazer, por Vilu e por Clara. Sobe e nem bate à porta do quarto, abre-a e vê-a completamente de rastos, deitada de bruços afundada na almofada. Senta-se junto dela e começa a acariciar as suas costas, tentando de alguma forma confortá-la, se bem que ela saiba que nada a poderá confortar.
- Lu, podemos falar. Por favor...- pergunta Angie com uma voz suave e calma.
- Angie, eu adoro-te, mas não me podes pedir isto, não podes. Eu amo o Fede, eu preciso dele, eu quero estar junto dele...
- Lu, pensas que eu não quero estar junto do Gérmen, da Vilu e da Clara? Estar contigo e com o Fede? Mas eu não posso, nós não podemos...
- Porquê Angie, porquê? Não é justo, eu não quero ficar longe do Fede, não quero.- e as lágrimas começam de novo a cair...
- Eu sei, eu sei que nos vais custar às duas. Mas se o pai do Gérmen as descobrir todos nós ficaremos sem elas, por favor Lu, eu preciso da tua ajuda, preciso que sejas forte.
- Mas não é justo Angie...- e abraça-se a Angie, ela sabe que a culpa não é dela, ela sabe que Angie está a pensar em todos, principalmente em Clara, e que no fundo todos eles iriam sofrer se José a levasse. Tinha que haver uma solução, tinha que haver uma forma de dar a volta a esta situação e eles continuarem todos juntos.
- Lu...há mais uma coisa que eu preciso de te dizer, e vou precisar da tua ajuda...porque na verdade nem eu consegui assimilar a notícia.
- Que notícia Angie? O que é que se passa, foi a Vilu? Ela piorou?
- Não, pelo que sei a Vilu está na mesma, se bem que o Gérmen me ligou há pouco, mas neste momento eu não consigo falar com ele.
- Angie podia ser sobre a Vilu, podia ser importante...
- Se for, ele liga de novo. Lu...eu preciso de te contar uma coisa. E ninguém pode saber, apenas Brenda e Pablo sabem e é assim que vai continuar, prometes que não contas a ninguém?
- Sim claro Angie...diz logo, estás a assustar-me.
- Eu...eu estou...eu estou grávida. Estou à espera de um bebé...- Angie diz enquanto acaricia o seu ventre.
- Mas isso é óptimo Angie, o Gérmen vai ficar feliz da vida...e a Vilu quando acordar...
- Ludmila, acabei de te dizer o quê? Eu ainda não sei se vou contar, nós vamos ficar separados, não sei por quanto tempo, eu não sei se será...
- Angie, não podes fazer isso, não podes esconder. Mesmo longe, nós vamos arranjar uma forma de nos falarmos...tens que lhe dizer Angie...- e de repente toca de novo o telemóvel...- É o Gérmen?- Lu pergunta-lhe e Angie sorri dando a entender que sim...- Atende, ele tem que saber...
Angie sabia que no fundo Ludmila tinha razão, ela não podia esconder algo assim, ainda por cima com Vilu naquele estado, ele tinha o direito de saber, mas como é que iriam conseguir viver assim: cada um para seu lado, ele com Clara e Vilu e ela com Ludmila e aquele filho...mas finalmente decidiu atender...
- Gérmen...como está tudo por aí?- mas não conseguia ouvir nada, apenas pequenas gargalhadas que ela reconheceria onde quer que estivesse...- Gérmen estás com a Clarita?- mas nada ele não respondia...- Gérmen? Gérmen estás aí?- virando-se para Ludmila...- Acho que a Clara está a brincar com o telemóvel dele...- e de repente...
- Tia. Tia...estás aí...- uma outra voz que Angie poderia reconhecer estivesse onde estivesse...
- Vilu...Vilu, és tu? Estás...Vilu meu amor, minha princesa...- e nessa altura já Ludmila também se aproxima do telemóvel de Angie...
- Sou eu Tia...eu estou bem, estou de novo com vocês...quando é que voltas? Estamos com saudades, eu estou com saudades...
- Oh Vilu, eu não sei...eu...- Angie não consegue aguentar e as lágrimas que estavam quase a cair acabam por escorrer sem cessar...
- Tia, Angie...por favor não chores...eu estou bem. Por favor não chores.
- Vilu, é a Lu...não te preocupes são só lágrimas de alegria...- Ludmila diz depois de tirar o telemóvel de Angie, ela sabe que aquelas lágrimas não são só de alegria, ela sabe o que significam aquelas lágrimas, mas também sabe que não podem dizer nada a Vilu naquele momento...- Estou com saudades tuas maninha...a minha vida sem ti não tem...vida.
- Lu, também tenho saudades tuas. Quando voltam? Já foste ver a Priscila? Voltem logo, por favor...
- Não ainda não a vi. E não te sei responder quando voltaremos, depende de...depende da tua avó Angélica...- e na verdade ela não estava a mentir, pois se conseguissem convencer Angélica a não ficar com a guarda de Clara e Vilu, seria mais fácil depois ela convencer José a fazer o mesmo.
- Como assim da Avó Angélica? Ludmila, estás a esconder-me alguma coisa?
- Não, claro que não. Mas sabes muito bem como tu reagiste a toda esta história, agora coloca-te no lugar da tua avó...- Ludmila pensou rápido, mas sabia que isso a iria convencer.
- Tudo bem...eu vou dar o telefone ao papá, acho que ele quer falar com a Angie. Adoro-te Lu...voltem logo por favor.
- Eu também te adoro Vilu...- e passa o telefone a Angie...- Ele quer falar contigo...tens que lhe dizer, ele tem que saber.
- Não Lu, não consigo...não agora...por favor inventa alguma coisa, eu não consigo falar com ele agora...- e nisto sai do quarto, pegando apenas na carteira...
- Angie? Angie, estás aí?- fala Gérmen pelo telemóvel, Ludmila não sabe o que fazer...não lhe compete a ela dizer alguma coisa, tem que ser Angie a contar...
- Gérmen, é a Lu...a Angie saiu, ela...ela está mal, acho que a conversa com Angélica correu mal, mas eu não sei pormenores.
- Ludmila? Como assim correu mal? Não me estás a esconder nada pois não?
- Não, claro que não. Gérmen, liga mais tarde, pode ser que ela esteja mais calma...sabes que a Angie precisa de deitar tudo cá para fora primeiro...dá-lhe tempo.
- Tudo bem falo-lhe mais tarde. Lu, se ela precisar de alguma coisa diz-me por favor...eu pego o primeiro voo para Buenos Aires.
- Está descansado, eu aviso se for preciso alguma coisa. Adoro-vos a todos...diz ao Fede que tenho saudades dele...
Depois de desligar a chamada, Ludmila desce à procura de Angie, mas esta não está, Pablo e Brenda acabam por lhe dizer que ela saiu sem dizer nada, e perguntam-lhe o que se passou. Ludmila abre então um sorriso e por fim conta-lhes.
- O Gérmen ligou, mas não era o Gérmen...era a Vilu, ela acordou, está bem e parece que não ficou com nenhuma sequela.
- Mas isso é bom...é óptimo. Porque é que ela...não, ela não lhe disse nada...não lhe disse que estava grávida.
- Ela não conseguiu sequer falar com ele. Disse que não conseguia...eu por um lado percebo-a, mas por outro o Gérmen tem o direito de saber.
- Vocês só estão só a pensar no Gérmen...- diz Brenda levantando-se do sofá indignada...- Coloquem-se no lugar da Angie por um minuto. Ela vai perder a Clara e a Vilu para aquele homem, a mãe está contra ela. Não percebem, ela está a tentar salvar este filho, está a tentar ficar com este filho...
- Brenda eu percebo que ela queira proteger-se, mas o Gérmen tem o direito de saber, ele é o pai...- nisto Angie entra e percebe que estavam a falar dela, para e olha para cada um deles...
- Porque é que pararam? Ouçam, eu sei que cada um de vocês tem a sua opinião mas a decisão final é minha e não vossa.
- Angie desculpa, nós não queríamos pressionar-te de maneira nenhuma.- diz Ludmila, levantando-se e abraçando Angie.
- Eu sei que não o fizeram por mal, que apenas querem o meu bem. E agora senão se importam eu vou descansar um pouco.
- Angie...- chama Brenda antes de esta subir...- Trataste daquilo que falámos hoje?
- Sim, amanhã depois de almoço. Vens Comigo?- Brenda não respondeu e apenas lhe fez que sim com a cabeça, e Angie subiu.
Ela sabia que tinha que tomar uma decisão sobre o que diria a Gérmen, acerca de tudo o que acontecera nas últimas 24 horas: sobre o que se passara em casa da mãe, sobre o facto de José ter conseguido a guarda de Vilu e de Clara, sobre Angélica estar do lado de José...mas acima de tudo ela teria que decidir sobre se contava ou não a Gérmen que estava grávida. Ela sabia que seria mais uma alegria para Gérmen, agora que Vilu finalmente acordara, mas eles teriam que viver longe um do outro, e nenhum dos dois sabia por quanto tempo.
Enquanto ela estava a pensar em tudo o que tinha que decidir Ludmila, Brenda e Pablo começaram a preparar o jantar, assim na cozinha Pablo ajudava Brenda a tratar da comida e Ludmila, que disse logo que não tinha jeito nenhum para a cozinha, ofereceu-se para colocar a mesa. Durante esse tempo ela começa a cantar a música que ela e Vilu fizeram juntas "Mas que Dos"...de súbito ouve-se um telemóvel a tocar. Pablo sai da cozinha pensando que era o dele...
- É o da Angie...- diz Ludmila, e olhando para o visor...- é o Gérmen, eu vou levá-lo até ela...- e subiu as escadas, bateu à porta, mas como ninguém lhe respondeu ela entrou. Angie estava a dormir...ela senta-se junto dela e devagar tenta acordá-la...- Angie...Angie...
- Lu, o que é que aconteceu...precisas de alguma coisa?
- Desculpa ter-te acordado, mas o Gérmen voltou a ligar. Ele deve estar preocupado, porque é que não falas com ele. Talvez consigam arranjar uma solução os dois juntos, sempre ouvi dizer que duas cabeças pensam mais que uma.
- Só tu para me fazeres rir agora...- Angie sabia no fundo que Ludmila tinha alguma razão, talvez juntos arranjassem uma solução. – Podes deixar-me...
- Eu deixo-te sozinha...- e quando já estava junto da porta para sair, virou-se...- Sabes que podes contar comigo para o que precisares...
Angie sorriu-lhe e abriu os braços, Ludmila não hesitou e foi ao seu encontro e deu-lhe um abraço. No final daquele abraço saiu do quarto deixando Angie com os seus pensamentos, apesar do todo o seu receio, apesar de não saber qual seria a reacção dele, Angie sabia que o tinha que fazer, Gérmen tinha que saber de tudo...ou de quase tudo.
Em Sevilha todos estavam felizes, Violetta tinha acordado e depois de todos os exames feitos tudo estava bem. Apesar de tudo quer o Dr. Herrera quer o Professor Castro não permitiam ainda que ela fosse para casa, teria que passar ainda alguns dias no hospital o que fez Vilu ficar desanimada...mas eis que Tati teve uma ideia e olhando para a prima prometeu-lhe que ela se iria divertir. Todos ficaram curiosos com o que a pequena estava a planear mas por muito que Gérmen lhe perguntasse ela não lhe dizia nada.
Quando chegaram, Rosário e Mercedes que já sabiam da novidade vieram a correr abraçá-lo, Luzia também veio mas hesitou um pouco e apenas lhe sorriu, Gérmen foi ao seu encontro e abraçou-a como se abraça a uma irmã. Afinal era o que ela era e apesar de tudo, nada do que se passara com a filha tinha sido culpa de Luzia...e não havia razão para aquele afastamento.
- Eu e a Luzia estávamos a pensar ir ao hospital depois do almoço, achas que há algum problema?
- Mamã talvez seja melhor eu não ir...a Violetta precisa de descanso e não de um quarto cheio de pessoas...- a realidade era que Luzia tinha receio de se reencontrar com Vilu. Apesar de lhe dizerem que tudo o que aconteceu não tinha sido sua culpa, ela continuava a sentir-se mal.
- Não Luzia, a Violetta vai gostar de vos ver ás duas. Frederico devias ir também ela perguntou por ti.
- Ok. Então quando a Dona Rosário for eu vou também. Ela já sabe que a Angie e a Lu não estão cá?
- Sim, e já falou com elas. Bom e agora vou deitar esta menina que deve estar esgotada depois de uma manhã cheia de surpresas.- e virando-se para Rosário...- Mamã vens comigo, por favor?- esta segue Gérmen sem fazer perguntas, até porque não sabe o que Gérmen quer com ela apenas percebe que este está algo ansioso, angustiado, e até desanimado, assim que chega ao quarto não aguenta mais...
- Gérmen, eu conheço-te o que é que se passa? É a Vilu, há alguma coisa com ela? É com a Angie?
- Mamã...os meus advogados ligaram-me ontem de Buenos Aires...
- O processo...o teu pai...Gérmen diz-me que o teu pai...- Rosário nem conseguia pensar que José tivesse ganho o processo de guarda das suas netas...era algo impensável...
- O papá ganhou...tenho uma semana para entregar a Violetta e a Clara.
- Gérmen...eu não acredito. Mas porque é que não podemos apenas festejar a recuperação de Vilu...porquê meu Deus.
- Eu também gostava de poder festejar, mas a verdade é que apesar de estar feliz por Vilu ter recuperado, eu vou voltar a perdê-la...e à Clara.
- E se tu negares em as entregar? Se tu continuares aqui, ou fugires?
- Mamã, se não fizer o que eles me pedem, que é entregar as duas no prazo dessa semana, eles acusam-me de rapto...
- Não, tu és o pai...como é que o José consegue fazer-te isto...o que é que vais fazer? Gérmen...Gérmen, estás a ouvir-me?- nessa altura Gérmen estava de costas para Rosário e olhava para Clarita que dormia tranquila, sem saber que corria o risco de ficar sem os pais...e sem conseguir resistir deixou que as lágrima lhe caíssem...- Gérmen...- e sem saber o que dizer Rosário apenas o abraça, como fazia quando ele era ainda uma criança...
- Eu não sei o que vou fazer mamã...eu não posso, nem quero, nem consigo pensar em ficar sem elas, e a Violetta neste momento não pode saber disto, o Rodrigo e o Professor foram muito claros ela não pode sofrer nenhum tipo de trauma...
- Gérmen, nós temos que ter calma, temos uma semana para ver o que fazemos. Mas em primeiro lugar: já falaste com a Angie? Sei que não é um assunto para se falar por telefone, mas ela tem que saber.
- Eu sei mamã, eu sei que ela tem que saber, mas nem eu consegui ainda processar a notícia. E como é que eu dou uma notícia destas, por telefone, nem sei como começar a conversa. Como é que eu digo a uma mãe que ela vai ficar sem a filha, sem as filhas porque para a Angie a Violetta é como uma filha.
- Não sei, mas tens que lhe dizer. Ela tem o direito de saber...e assim que possa ela tem que voltar para cá, aqui pelo menos estão todos juntos, em segurança.
- Nós não vamos estar em segurança em lado nenhum. Achas que um portão fechado e dois seguranças vão evitar que a polícia entre aqui, mamã não te iludas, nós só temos duas opções: ou desisto e as entrego ou passo a vida a fugir.
- Seja qual for a vossa decisão tens que falar com a Angie, liga-lhe...- Gérmen pega no telemóvel e nada, Angie não lhe atende. Por um lado sente-se aliviado por esta não atender, mas por outro sabe que será inevitável.- Tenta de novo, a decisão tem que ser dos dois.
- Eu não sei se consigo, não sei como lhe dizer, nem sei como começar a conversa, como é que eu lhe vou dizer que vamos ficar sem elas. Mamã eu não consigo...eu simplesmente não consigo.
- Gérmen, eu sei que não vai ser fácil mas tens que o fazer...
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