Capítulo 12 - Duas Surpresas e Uma Desgraça
Tinham passado três semanas desde que Vilu entrara no Hospital (dois meses desde que José tinha entrado nas suas vidas), Tati continuava a ir visitar a prima. Continuava a acreditar que a prima a ouvia e que se continuasse a conversar com Vilu esta iria acordar. Tinha conseguido convencer o pai e mãe a ir todos os dias ao Hospital depois do colégio, e nenhum dos dois conseguiu dizer que não à menina, até porque Angie e Gérmen fizeram também a parte deles em os convencer. Tinha ficado combinado entre os cinco que Tati teria que fazer os trabalhos e continuar a ter boas notas, pois caso contrário as visitas terminariam.
Assim todos os dias depois das aulas Xavier ia buscar Tatiana e Miguel ao Colégio e deixava a menina no hospital, seguindo depois para casa com o menino. Todos os dias ora Angie ora Gérmen a esperavam junto do portão do Hospital para a levarem para junto de Vilu.
- Oi Tia Angie...vamos ver a Vilu, tenho montes de coisas para lhe contar...
- Olá minha querida, vamos sim.- e dirigindo-se para Xavier...- Até logo Xavier, nós hoje vamos para casa por isso levamos a Tati...- e continuou a falar com a menina...- E o colégio foi bom? Tens trabalhos para fazer?
- Foi bom sim, tenho trabalhos de matemática, achas que o Tio Gérmen me ajuda outra vez se eu precisar?
- Claro que sim...ele percebe muito de números...- diz-lhe Angie rindo-se e pensando em Gérmen e Tati juntos, tinham-se tornado inseparáveis. Continuaram assim as duas, o caminho até chegarem ao quarto de Vilu, assim que entra vai a correr dar um beijo a Gérmen que estava sentado junto a Vilu...
- Olá Tio Gérmen...hoje tenho trabalhos de matemática, ajudas-me?
- Claro que sim minha querida...não vais falar á Vilu, acho que ela estava com saudades tuas?
- Sim, eu também estava, e hoje preciso de falar muito com ela. Preciso de uma opinião de mulher...-e dando a volta á cama dirigiu-se até á outra cadeira ajoelhou-se e continuou a falar com os dois...- Hoje houve um menino lá do colégio que me deu um beijo...- e sorriu meio que envergonhada...- eu até que gosto dele, mas acho que ele está a ir muito depressa...o que é que achas Vilu...- e ficou em silêncio como se só ela conseguisse ouvir a resposta de Vilu...era um monólogo estranho mas ela dava os maiores sorrisos com aquelas conversas...- pois eu também acho é que nem me perguntou se podia dar só chegou e deu...
- Muito atrevido esse menino...-- disse Gérmen muito sério como se ele fosse algo mais que o Tio de Tatiana...- Queres que o Tio vá lá falar com ele?
-Não. Não é preciso, eu já tratei do assunto...- Angie segurava o riso a ouvir a conversa daqueles dois...ou dos três. Gérmen olhava para Tati à espera que ela continuasse...- Depois de ele me dar o beijo eu dei-lhe uma bofetada...
- Tatiana!- dia Angie de forma a repreende-la...- Não devias ter feito isso, não se resolve nada a bater.
- Ah! Devia sim Angie, o menino é um abusado, atrevido...precisava de uma boa lição e a Tati deu-lhe.
- A bater Gérmen! Não sei quem é mais criança se tu ou ela...- diz Angie meio a rir meio a sério.
- Eu não dei com muita força Tia, foi só assim de raspão...até porque eu gosto dele..."Dah!!", e se lhe desse com força ele nunca mais me falava e isso eu também não quero.
- Tati, agora já não percebo...tu gostas ou não desse menino?
- O teu pai não percebe nada desta coisa de amor...- diz Tati e olhando para Vilu...- eu vou-te explicar Tio Gérmen: eu gosto dele, mas não posso deixar ele chegar assim e dar-me logo um beijo...tenho que me fazer de difícil. Por isso depois de lhe bater dei-lhe um beijinho...
- Estou perdido...mulheres quem vos entende...- diz Gérmen olhando para Angie completamente perdido, aquela forma estranha da cabeça das mulheres funcionarem deixava-o sempre desnorteado.
- Sabes qual é o vosso mal Gérmen, não é não nos entenderem, mas simplesmente não nos ouvirem...-e ri-se para ele...- Bom mas está na hora da mocinha aqui tratar de fazer os trabalhos.
- Vamos Tio Gérmen...- e virando-se para Violetta...- já volto, acorda depressa por favor.- e de novo sentiu um leve aperto na sua mão, mas desde aquela primeira vez em que ninguém acreditara nela, Tatiana guardava aquele segredo para ela, era como se fosse uma linguagem apenas das duas e que só elas entendiam.
Os dois foram para junto da mesinha que havia no quarto para começarem a trabalhar, quando entra uma enfermeira com o lanche para os três; ser sobrinha do melhor cirurgião do Hospital tinha as suas vantagens. Tati e Gérmen atacaram logo o lanche, Angie começou a beber o sumo mas logo se enjoou e saiu do quarto dirigindo-se à casa de banho onde para além de deitar fora o pouco que tinha comido ao almoço começou a sentir uma leve tontura, deixou-se estar um pouco sentada até que esta passasse, mas assim que esta cessou de novo sentiu aquele enjoo.
Depois de deitar fora tudo o que comera naquele dia, lavou a cara e voltou para o quarto de Vilu. Gérmen e Tatiana acabavam de arrumar tudo, e estava na hora de voltarem todos para casa, naquele dia seria Leon a passar a noite com Violetta. Assim que este chega os três se despedem e saem em direcção a casa.
Quando chegam Rosário logo trata de pedir a Lia que vá dar um banho à menina, se bem que contrariada ela acaba por obedecer à avó, Angie acaba por entrar com ela dizendo que vai ver Clara, apesar de Rosário lhe dizer que a menina está a dormir, esta entra na mesma. Na realidade ir ver Clara era apenas uma desculpa, a verdade é que Angie não se estava a sentir bem e precisava de se deitar para descansar um pouco. Assim deixa Rosário e Gérmen falando os dois sozinhos...
- Gérmen passa-se alguma coisa entre vocês? – Gérmen encolhe os ombros...- Tens a certeza é que acho a Angie esquisita, passa-se alguma coisa com ela filho...
- A verdade é que não sei. Também tenho notado que ela anda mais cansada, mas nós andamos a dormir tão mal, e ansiosos com toda a situação da Vilu, já para não falar da ameaça constante do papá nos poder tirar Clara.
- E como está essa coisa toda do teu pai...os advogados têm te tido alguma coisa?
- Sim, o Juiz negou dar a guarda da Clara ao papá. Mas ele recorreu, por isso estamos num impasse. Neste momento a Clara está comigo...
- E com a Angie...e é assim que deve ser.
- Vamos ver o que vai dar o recurso do papá. Onde estão os miúdos desta casa, e Ludmila e Frederico?
- Está tudo na piscina...aqueles dois têm uma paciência de santo para os miúdos...e o Leon tem uma fã incondicional, o Miguel não o larga toda a vez que o vê.
- Pelo menos estão distraídos e não ficam só a pensar...- Gérmen nem precisou de a acabar a frase...- eu vou subir e ver da Angie.
Quando chegou ao quarto Angie vai até ao berço e olha para a filha que dorme tranquila, decide levá-la para junto dela, assim pega em Clara e deita-se na sua cama ficando ali a observá-la, mexendo ora nos seus dedinhos ora nos caracóis loiros. Estava perdida nos seus pensamentos que nem ouviu Gérmen entrar no quarto e aproximar-se...
- Quando olho para a Clara...e penso em tudo o que passamos, o que sofremos sinto que sou o homem mais sortudo do planeta...- e abraça-a depositando um beijo no seu pescoço...
- Gérmen...que susto...- diz Angie apesar de ao mesmo tempo se sentir segura naquele abraço...- Adoro vê-la dormir e sentir o seu cheirinho.
- E eu adoro ver-te a tratar da Clara...ficas ainda mais bonita...se isso é possível.- e puxando-a para ele dá-lhe um beijo primeiro no pescoço, depois vira-a com cuidado para ele e começa a dar-lhe beijos primeiro na testa, na ponta do nariz; não eram beijos com luxúria, era quase como se a brisa da noite a tivesse a cumprimentar, eram doces, leves e suaves; mas ao mesmo tempo eram cheios de amor e paixão, saudade e de bem-querer. Com toda aquela empolgação nenhum dos dois se lembra que Clara está deitada na sua cama...
- Gérmen...- mas nenhum dos dois conseguia separar-se daquele momento, era como se ambos fossem ímanes que se atraiam um para o outro...e os beijos começaram a ser mais profundos e cada vez com mais paixão...até que...- Clara minha pequenita, desculpa a mamã e o papá...
- Acho que a minha princesa estava com ciúmes...- diz Gérmen rindo-se para as duas...- tão pequena e já com uma crise de ciúmes Dona Clara...
- Gérmen...deixa de ser palhaço...- Angie que tinha Clara ao colo, coloca-a de novo em cima da cama, Gérmen dá a volta e deita-se na cama ficando Clarita no meio deles olhando ora para um ora para outro...
- Angie? – ela olha para ele continuando a mexer nos dedinhos de Clara...- O que é que se passa contigo? Tens andado distante, esquisita?
- Não se passa nada amor...a sério. Eu estou cansada só isso, tem sido uma correria dividir-me entre a Vilu e a Clara...tem sido...
- Angie...eu conheço-te e não é só isso. Por favor o que é que se passa?- Angie não sabia se devia falar dos enjoos e das tonturas que tem vindo a sentir nas ultima semana, não queria preocupar mais Gérmen, e tinha a certeza que tudo era uma questão nervosa e ansiedade...por isso de certa forma mentiu, ou omitiu, e arranjou uma desculpa.
- Eu tenho pensado na minha mãe. Acho que ela devia saber da Vilu, mas tenho medo...- se bem que omitiu o que se passava com ela, Angélica era também um dos motivos para ela andar mais ansiosa...
- Medo por causa de Luzia? E da história entre o teu pai e a minha mãe?
- Sim, principalmente medo que o teu pai nos descubra. Eu sei que o Juiz nos deu razão e que negou o que teu pai queria, que estamos á espera do recurso que ele pôs...mas sinto um aperto aqui dentro, algo me diz que vamos perder a Clara.
- Angie...ouve-me nem que tenhamos que fugir para o fim do mundo nós os quatro...mas ninguém nos vai tirar a Clara. Eu não vou deixar...
- Mas Gérmen...nós não podemos fugir eternamente...- Mas Gérmen não a deixou acabar, deu-lhe um beijo leve...
- Vamos pensar numa coisa de cada vez. Neste momento a nossa prioridade é a Vilu. E em relação á tua mãe, eu percebo e se queres a minha opinião talvez seja uma boa oportunidade para ela saber de tudo.
- Mas eu não posso falar por telefone...não lhe posso contar tudo isto assim. Preciso ir a Buenos Aires pessoalmente...
- Eu sei, por isso se quiseres ir eu compreendo, e é só dizeres quando queres ir eu providencio tudo.
- Custa-me muito deixar-vos aos três, mas a minha mãe é avó da Vilu, ela tem que saber. Podia ir amanhã, sei que talvez seja cedo mas...- Gérmen não a deixa acabar...
- Vou tratar de tudo, não te preocupes. E agora vamos descer e jantar...eu estou com fome e esta princesa não vai dormir mesmo.
- Eu estou meio sem fome, prefiro ficar e tentar descansar...
- Tudo bem eu vou e levo Clara para descansares, e vou pedir à Chica que te traga uma sopa...
- Não Gérmen a sério não é preciso, eu estou mesmo sem fome...
- Não quero desculpas...pelo menos uma sopa vais comer...e agora descansa um pouco que já mando a Chica com a tua sopa.
- Nem vale a pena dizer-te nada pois não...- Gérmen olha para ela com uma cara decidida, pega em Clara e dirige-se para a porta...- Gérmen...- ele para e olha para ela...- Eu Amo-te...
- Também te amo...muito...- e dá um sorriso...
Angie deita-se e encolhe-se em conchinha, ela não tinha mesmo fome e só de pensar na sopa sentia o seu estômago a embrulhar-se, começou a pensar na conversa que teria que ter com Angélica, em como contar, ou até mesmo em como começar a contar. Por mais voltas que desse á cabeça não havia uma forma de iniciar aquela conversa...acabou por adormecer a pensar na mãe, no pai e em Maria...
Quando Gérmen chegou á sala já todos estavam lá, e estava uma verdadeira algazarra: uns a correr, outros a gritar, outros a ralhar...ele ficou apenas a olhar, Clara batia palmas entusiasmada com toda aquela confusão. Até que sem saber de onde alguém grita...
- Mas que confusão é esta? Tatiana, Miguel e Sofia...posso saber que algazarra vem a ser esta?
- Papá...papá...papá...- gritaram os três e correram até Luís, mas este apenas lhes fez um sinal e estes pararam antes de chegaram a ele...
- Sabem muito bem que eu não gosto desta gritaria e muito menos que andem pela casa a correr.
- Desculpa Papá...- disse primeiro Tatiana.- Nós estávamos a brincar com o Frederico e com a Ludmila e...desculpa...
- A culpa não foi só deles...nós também não ajudámos muito...- Ludmila acaba por tentar defender um pouco as crianças, porque a verdade é que tanto ela como Frederico também tinham entrado na algazarra...- Desculpe.
- Tudo bem...mas que não se repita...Tati fizeste os trabalhos todos?
- Sim papá, o Tio Gérmen ajudou-me...
- Bem na verdade nem foi preciso porque tu fizeste tudo sozinha...- diz Gérmen que se tinha mantido calado até àquele momento.
- Eu não queria interromper mas o jantar está servido...- diz Chica entrando na sala...
- Então vamos...Gérmen a Angie não vem jantar?- pergunta Mercedes.
- Não, ela está um pouco cansada, Chica podes levar-lhe uma sopa ao quarto.
- Sim menino claro, e vou eu mesma levar-lhe. Fique descansado.
Assim todos se dirigem à sala de jantar, e é claro que onde estão crianças há risos, palhaçadas, zangas, ralhetes, birras e choros...mas todos se sentem em família. Chica entretanto sobe com a sopa de Angie, bate à porta, mas como não tem resposta acaba por entrar. Vê Angie a dormir, toda encolhida mas tão tranquila que fica com pena de a acordar, mas ela tinha que comer nem que fosse a sopa por isso acordou-a.
- Dona Angeles...Menina Angeles...Menina Angie...- esta acaba por acordar...- desculpe acordá-la mas o menino Gérmen pediu-me que lhe trouxesse esta sopa...
- Obrigada Chica, mas a verdade é que estou sem apetite...acho que não consigo comer nada...
- Menina desculpe mas pelo menos a sopa tem que comer...como é que vai ter forças para tratar da Clara e da Violetta?
- Está bom...- Angie senta-se na cama e começa a comer a sopa, que realmente não está má...mas de repente dá-lhe uma volta ao estômago e deixando o prato no tabuleiro sai a correr para a casa de banho...e de novo tudo o que ainda tinha dentro de si vem para fora, já não devia ter muita coisa no estômago pois tendo em conta que já era a segunda vez que se sentia com queles enjoos só naquele dia. Chica que ainda estava no quarto, segue-a até lá...e tenta ampará-la enquanto ela continua com os vómitos. Quando finalmente o seu estômago se acalma, Angie volta para a cama e deita-se.- Chica por favor leve isso, eu não consigo comer nada.
- Menina, posso perguntar-lhe o que se está a passar? Há quanto tempo está com esses enjoos?
- Isto não é nada Chica, deve ser apenas do stress e dos nervos por causa de tudo o que se está a passar com a Vilu...nada mais.
- Tudo bem...mas talvez fosse melhor ir ao médico. Ou falar com a menina Luzia ou com o Dr. Luís.
- Que exagero Chica, eu estou bem...e por favor não diga nada ao Gérmen...não quero que ele se preocupe por uma coisa de nada.
- Tudo bem, mas se continuar assim eu vou ter que dizer alguma coisa, para seu bem.- e sai do quarto deixando Angie deitada e encolhida em si mesma. Ela prometera-lhe não contar nada mas iria ficar de olho, porque estava desconfiada que aquela má disposição não era fruto do stress ou dos nervos. Angie acabou por adormecer de novo, e apesar de ter tido a Chica que aquilo não era nada, também ela começava a pensar se seria mais alguma coisa...e agora teria Chica em cima dela, e sabia que se fosse necessário ela diria alguma coisa a Gérmen, mas pelo menos durante um tempo estaria a salvo uma vez que iria para Buenos Aires ter com a mãe.
Na sala enquanto as crianças brincavam, os adultos falavam entre si, Gérmen contava que Angie tinha decidido ir a Buenos Aires para falar com Angélica.
- Ela vai contar tudo, sobre Luzia...mas ela estava tão determinada a não falar?- diz Mercedes.
- Sim, mas agora com a Vilu assim, a Angie sente que Angélica tem que estar perto da neta. Eu já marquei a passagem para amanhã á tarde e já avisei o Pablo...ele vai busca-la e...
- Gérmen...- diz Ludmila...- posso ir com ela? Eu sei que o Pablo é amigo dela desde sempre mas eu gostava de a acompanhar...e depois queria ir falar com o pessoal sobre a Vilu...
- É uma boa ideia...- diz Frederico...- o pessoal também devia saber de tudo...e faziam companhia uma á outra.
- Ludmila, tens a certeza que queres ir? Eu sei que...
- Sim. Eu...gostava...eu queria vê-la também. Sei que ela não me vai reconhecer ou então me vai...mas eu...preciso...- Frederico olha para ela atónito, ele não acredita no que está a ouvir, como é que Ludmila tem coragem em ir vê-la...
- Tudo bem.- e chegando-se até ela...- promete-me só que não vais sozinha, vai com a Angie ou então pede a Naty e ao Maxi para irem contigo, sim?
- Tudo bem...mas sabes que nunca me deixariam sozinha com ela, não sabes...-e ri-se para Gérmen.
- O que me preocupa não é enquanto lá estás com ela, mas depois de saíres...eu lembro-me como ficaste na última vez que a foste ver, não quero que vás sozinha, promete-me pelo menos isso...- e dá-lhe um beijo na testa, abraçando-a.
- Gérmen, apesar de tudo ela é minha mãe, e eu...eu não consigo simplesmente abandoná-la ali...não consigo. Eu sei que fico de rastos cada vez que saio de lá, mas é minha mãe...mas se te deixa mais descansado eu vou com a Angie ou peço à Naty para ir comigo.- E abraça-o mais forte.
Depois de tudo combinado Gérmen pega em Clara e sobe para o quarto, Luís trata também dos filhos e vai deitá-los. Ludmila sai para o alpendre e Frederico que percebe que ela está em baixo segue-a...
- Lu...tens a certeza que queres fazer isto? Já não a vês há mais de um ano, desde que...eu nem gosto de me lembrar desse dia, eu ia-te perdendo amor...
- Eu sei, e por isso mesmo. Apesar de tudo o que ela fez não deixa de ser minha mãe...e...- uma lágrima cai-lhe pelo rosto...- Eu não consigo deixar de lhe querer bem.
- Mesmo depois de ela ter feito o que fez contigo...depois de ter tentado...eu não percebo...
- Frederico...eu sei que para ti é difícil entender, que não suportas a ideia de a ir ver. Mas ela é minha mãe...e é a única família que tenho.
- Lu...a tua família é o Gérmen, a Angie, a Vilu e agora a Clara. E tens a me a mim...a Priscila deixou de ser tua mãe no dia que fez o que fez, será que não entendes eu ia-te perdendo...
- Frederico...foi ela que me deu á luz. Ela é sangue do meu sangue, eu não consigo romper com isso por muito que eu queira não consigo, é um laço eterno. Por favor, eu queria muito que me entendesses...
- Não consigo Ludmila, desculpa mas não consigo. Ela deu-te a vida sim, é verdade, mas também tentou tirar-ta, ou será que te esqueceste o que ela te fez, será que te esqueceste disto...- e afastando um pouco a camisola de Ludmila mostra-lhe a cicatriz que esta tinha um pouco abaixo do ombro.
- Não, não me esqueci...e também não me esqueci que depois disto ela ficou louca, que não dizia coisa com coisa, quando depois disto a fui ver...- as lágrimas corriam-lhe pela cara...- Fede eu amo-te muito, mas em relação à minha mãe...não há nada que possas dizer para me impedir de sentir o que sinto: eu amo-a, e odeio-a ao mesmo tempo mas é minha mãe...
- Faz o que quiseres, eu desisto...- e Frederico sai zangado em direcção ao quarto...Ludmila deixa-se ficar mais um tempo até conseguir secar todas as lágrimas que tem para chorar, e também ela segue para o quarto, amanhã será um novo dia e tem que arrumar a mala e ainda quer ir despedir-se de Vilu.
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