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Epílogo

Você, garoto brilhante
Apenas relaxe, você é feito para cantar
Em qualquer coisa, sua criança de ouro
Você é minha violeta no Sol.
(Violet – Daniel Caesar)


Violet Stuart

Eu dou exatamente duas voltas no meu cadarço roxo, apertando ainda mais o lacinho duplo que vovó me ensinou a fazer. Acho que agora está bem amarrado.

Por um breve momento, os meus olhos repousam sobre o patins lilás que veste o meu pé. Ele é tão lindo! Ele é do jeitinho que eu sempre sonhei. Quer dizer, ele é um pouco apertado, mas é do jeitinho que eu sempre imaginei. E foi tão legal ganhar esse patins no dia exato que eu voltei pra casa, há quatro meses atrás. Eu tava muito ansiosa mesmo para usar eles. E, finalmente, hoje é a primeira vez que eu estou usando o meu patins lilás.

Ergo o meu olhar em direção a Ocean, que está sentado bem do meu ladinho. Os seus ombros estão levemente inclinados para frente, como se ele carregasse um grande fardo em seus ombros. Logo abaixo dos seus olhos há profundas e escuras olheiras, e eu tinha isso quando eu não conseguia dormir. Acho que ele não está dormindo muito bem, o que é bem chato. Vovó me disse que ele está assim porque sente muita falta da Saturn. É, eu também sinto muita falta dela.

Mordo o meu lábio. Acho que eu entendo a dor que o Ocean está sentindo. Porque também está doendo dentro de mim.

– Eu também sinto saudades da Saturn. – Eu suspiro, bem baixinho. Sem pensar muito bem, eu me inclino para frente e o abraço. Acho que ele precisa de um abraço. Vovô sempre me abraça quando eu não estou muito bem e isso costuma me ajudar. Então acho que isso vai ajudar o Ocean.

Ele parece relutante no início, surpreso com o meu abraço de urso, mas, no fim, ele também me abraçou. Acho que ele gostou. Quando eu me separo dele, vejo um sorriso bem tristinho preenchendo o seu rosto. É, acho que ele está um pouquinho melhor. Viu, abraços sempre melhoram tudo.

– E então? Está pronta, Violet? – Ocean sorri gentilmente. Confesso que eu senti muita falta do sorriso dele.

– Prontinha. – Ajusto a touca de lã roxa em minha cabeça, porque sei que alguns dos meus fios ruivos estão escapando dela. Está muito frio hoje.

O ruim de ter um cabelo tão curtinho como o meu – que finalmente está crescendo – é sentir o vento supergelado tocar a minha cabeça. Eu queria que o meu cabelo crescesse mais rápido, porque o inverno intenso está me pegando de jeito. Mas, bom, nada que um bom protetor de orelha e um cachecol não resolvam. Jackson Hill diz que eu pareço uma múmia com tantas coisas protegendo o meu rosto e pescoço.

– Então vamos lá. – Ocean estende a sua mão em minha direção e eu prontamente a aceito. Sabe, eu ainda não consigo me levantar sozinha usando os patins novos. Como eu disse, é a primeira vez que eu estou usando eles. E eles parecem pesados.

Ao finalmente conseguir ficar em pé, eu seguro o seu braço com a minha mão livre. E eu o aperto bem forte mesmo, porque estou com muito medo de cair no lago. E se o gelo rachar com a minha queda? A água deve estar tão fria! E eu não sei nadar.

– Lembre-se do que nós treinamos. – Ocean olha diretamente em meus olhos.

– Certo. – Eu balanço a cabeça rapidamente e suspiro alto. Eu não me lembro muito bem do nosso treinamento. Quer dizer, Ocean me explicou várias coisas, mas acho que eu estava um pouquinho distraída.

– Um passo de cada vez. – Ele sussurra quando começamos a nos mover sobre o lago congelado.

Estamos sobrevivendo, Violet, um dia de cada vez. Lembro de todas as vezes que Saturn repetiu essas palavras com os seus olhos fechados. Ela costumava falar essa frase logo após receber mais uma dose da sua quimioterapia. Ela sempre agradecia por estar viva mais um dia, e eu sempre achei isso muito legal.

De uma forma muito desengonçada, eu movo os meus pés sobre a grossa camada de gelo. Quer dizer, eu espero que essa camada de gelo seja grossa. Por favor, que seja uma camada bem grossa – e indestrutível – de gelo. Ocean disse que treinou bastante para poder me ensinar a andar de patins. O que é muito engraçado, porque ele é tão ruim quanto eu.

– Um passo de cada vez, Violet. – Sinto a mão dele abandonar a minha, o que me causa um certo medo. Certo, talvez muito medo. E se eu cair? E se o gelo quebrar? E se eu não conseguir levantar do gelo?

Os meus pés cambaleiam por um rápido segundo e, logo em seguida, todo o meu corpo se desequilibra. Mas, antes mesmo que eu pudesse ir de encontro com a neve, os braços de Ocean me seguram com força. Ufa, que sorte a minha! Me livrei de um tombo bem feio e, talvez, dolorido.

Ah! É tão difícil andar de patins!

Respiro profundamente, um pouquinho frustrada. Um passo de cada vez, penso. Balanço a cabeça, concordando com os meus pensamentos motivacionais. Então, volto a andar. Mas, dessa vez, dispenso a ajuda de Ocean. Um passo de cada vez, Violet Stuart.

– Olhe só para você! – Ouço Ocean gritar ao longe. Há! Eu estou mais rápida que ele. Viu como eu aprendo rapidinho? Eu nasci para patinar no gelo.

Eu posso sentir o calor do sol aquecer todo o meu corpo sob as grossas jaquetas que vovó insistiu que eu usasse nesta tarde. Ergo o meu rosto em direção ao céu visível no horizonte, e eu sou obrigada a fechar os meus olhos por causa da claridade. É tão legal sentir o sol contra o meu rosto outra vez! É tão legal estar fora do hospital!

Respiro profundamente ao empurrar os meus patins sobre a – grossa – camada de gelo que cobre o lago. É, parece ser uma camada bem grossa. Ei, eu estou conseguindo dar uma volta inteira sozinha, sem a ajuda de ninguém! Estou conseguindo!

Sou capaz de sentir todo o ar frio do inverno tocar os meus pulmões. É muito bom não sentir mais o cheiro dos produtos de limpeza do hospital. É muito bom não sentir mais o cheiro de álcool após mais uma esterilização.

O céu está azul e límpido, do jeitinho que Saturn costumava me descrever quando me contava alguma história. Ela me dizia que o céu parece ficar ainda mais bonito quando você está apaixonada. Mas eu não estou nem um pouco apaixonada. Garotos são tão bobos e nojentos. Principalmente o Jackson Hill. Ele sempre me provoca na escola e, ah! Ele me tira a paciência. Olha, estou irritada só de lembrar dele.

Algumas crianças, que têm a minha idade e que estavam ali por perto, gargalham alto. Eu sorrio largamente. A Saturn costumava tocar delicadamente o meu ombro quando eu me sentava ao pé da janela para observar as crianças brincando do lado de fora do hospital. Ela me confortava todas as vezes, dizendo que um dia seria eu ali, brincando como elas.

Eu realmente queria ter a chance de dizer a ela que eu consegui. Queria dizer que eu finalmente consegui brincar fora dos muros do hospital. Eu brinquei de esconde-esconde, boneca e pega-pega. Eu até consegui subir numa árvore. Bem alto. Eu subi mais alto que o Jackson Hill. E eu sei que a Saturn ficaria muito orgulhosa de mim.

Os minúsculos flocos de neve tocam levemente o meu rosto a medida em que eles caem sobre mim. Exatamente da mesma forma que o Ocean descreveu a neve que caía sobre a Saturn quando eles foram patinar no aniversário dela. Será que naquele dia a Saturn estava sentindo o mesmo que eu estou sentindo agora? Será que ela também gostava do vento frio? Do cheiro do inverno? Da risada das pessoas ao nosso redor? Dos raios de sol? Será que ela estava tão feliz quanto eu estou nesse momento?

Espera só um instante. Será que é isso – a beleza por trás dos pequenos flocos de neve, a pureza do som das risadas, a gratidão em sentir o sol tocar o seu rosto, a felicidade inexplicável do ar fresco encostar em seu peito – que a Saturn tanto me falou ao longo dos meses?

Será que é essa a vida que ela tanto falou que vale a pena lutar? Será esses os segundos que ela disse que devemos ser gratas? Será esse o momento que ela disse que devemos aproveitar? Será essa a adorável sensação de estar viva?

E, então, eu finalmente vejo. Por que perder uma vida inteira procurando pelo item 30 quando, na verdade, ele já está ao nosso redor? Não tem mistério algum. A simples razão de existirmos é admirar a beleza que há no próprio ato de existir.

Eu enxergo a Saturn em cada mínimo resquício de vida. Porque foi ela quem me ensinou a ver.

❁❁❁

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