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Capítulo 9

Quando você está muito apaixonado para esquecer
Mas se você nunca tentar, você nunca saberá
O quanto você vale.
(Fix You – Coldplay)


Lembro que eu estava voltando daquela cafeteria onde vende os melhores chás e onde eu costumava ir para estudar, quando escutei uma discussão ao longe. As vozes, uma feminina e uma masculina, alternavam-se entre gritos e murmurações altas. Eu não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que a confusão era na porta dos alojamentos.

Virando a esquina eu encontrei um homem alto de cabelos escuros gritando com Anne. Ela estava do lado de dentro do alojamento, colocando o dedo entre o vidro que os separava para gritar com ele. Já o homem, estava do lado de fora, na calçada, também com o dedo apontado para Anne. Lembro de diminuir o ritmo da caminhada para entender o que, de fato, estava acontecendo.

"Você sabe o porquê ela te ligou." Ela esbravejou, tocando na porta de vidro. "Não enche a droga da minha paciência, Christopher." E foi exatamente neste momento em particular que eu parei de andar, ficando totalmente estático.

Então aquele seria o famoso Christopher? O famoso homem que mora em sua lista de tarefas e que é dono de toda a raiva de Anne e das suas irmãs? Lembro de o olhar de cima a baixo, com fiel atenção, analisando todos os detalhes da aparência dele. Christopher era visivelmente maior que eu. Os seus ombros eram mais largos e os seus braços eram mais fortes que os meus. O seu cabelo era mais escuro e mais curto que o meu. E sim, ele parecia ser mais forte e melhor que a mim, em todos os aspectos.

"Isso é entre mim e ela, Anne." Ele deu um passo para frente e, então, apontou para o próprio peito. "Só libera essa merda que eu resolvo o resto." Christopher olhou para a fechadura magnética que o prendia do lado de fora do alojamento.

Apertei os livros contra o meu peito e voltei a caminhar em direção à porta do prédio do alojamento, observando toda a cena que se seguia. "O que aconteceu com a Saturn?" Perguntei quando estava perto o suficiente deles. Lembro que Anne olhou para mim, surpresa ao me ver ali. "Ela está bem?" Indaguei novamente ao ver que os dois permaneciam em silêncio diante da minha presença.

Senti os olhos de Christopher percorrer toda a extensão do meu corpo, demoradamente. Ele colocou as mãos dentro do bolso da calça e deu um passo para trás, inclinando a cabeça para o lado, ainda me analisando. "Quem é você?" Ele perguntou, arqueando a sobrancelha grossa.

Lembro que, mentalmente, eu repeti as palavras dele com uma voz fina e irritante. O que importava quem eu era ou deixava de ser? Afinal, quem ele pensa que era? Será que Christopher sabia que você o reduzia a 'ninguém importante' quando alguém questionava sobre ele, Saturn?

E, apesar do seu maxilar marcado e do seu queixo pontudo, não me deixei intimidar por Christopher. "Pergunto o mesmo para você." Foi tudo o que respondi. "E então?" Virei-me de volta para Anne, ignorando completamente a presença dele. "A Saturn está bem?" Abaixo o livro e torno a segurá-lo na altura da minha cintura.

Anne levemente balançou a cabeça para os lados, em negação. Lembro de ficar em alerta com o gesto dela. "Ela bebeu mais do que deveria..."

Lembrei-me da conversa que tivemos no chão da sala de estudos, quando você nos trouxe uma garrafa de champanhe para aproveitar a noite sem eletricidade no alojamento. Você contou que atinge 3 estágios quando bebe. E o último deles envolvia ligar chorando para Christopher. A questão central aqui era: por que você começou a beber naquela noite, Saturn? E era exatamente essa pergunta que me deixava ainda mais em alerta.

Dei mais um passo à frente, pronto para encostar o chaveiro magnético na tranca que nos separava quando perguntei: "E onde Saturn está? Está no quarto dela?"

"Sim." Anne respondeu prontamente. Ela inclinou a cabeça para o lado enquanto analisava o meu rosto e o de Christopher com atenção. "Você pode ir conferir como ela está, Ocean? Pelo menos até eu resolver essa situação com ele..." Ela apontou com a cabeça em direção ao garoto ao meu lado.

"Ocean..." Christopher sussurrou. Lembro de ouvir ele coçar a garganta descaradamente, sem qualquer intensão de se sutil. Virei-me para trás, encontrando o duro olhar dele. "Acho que Saturn já é grandinha demais para resolver os próprios problemas sozinha, vocês não acham?" Ele nos olhou, sério. Em seus lábios havia um maldito sorriso sarcástico. Céus, que cara irritante. "Ela me chamou aqui. Ela ligou para mim." Christopher bateu em seu próprio peito e respirou fundo, nitidamente orgulhoso. Uau. Grande coisa. "Saturn não precisa de babá alguma." Ele olhou para Anne e depois para mim.

Lembro que ela cruzou os braços, apoiando o peso do próprio corpo sobre perna esquerda. "Bom... Você pode dizer e fazer o que quiser, mas saiba que nem eu nem Ocean abrirá o portão para você, Christopher."

Ele deu um passo para trás e, então, passou a mão sobre o próprio rosto, impaciente. "Vadia." Ele murmurou, baixinho, mas alto o bastante para que eu o escutasse. Não sei se ele estava se dirigindo a você, a Anne ou a vocês duas. Lembro de apertar o meu maxilar com força enquanto respirava fundo.

Apoiei o chaveiro magnético na trava do portão do alojamento para o abrir e o empurrei, finalmente entrando no prédio.

Voltei a olhar para o rosto de Anne, procurando alguma pista sobre você. "O que raios foi tudo isso? Por que vocês estavam brigando?" Perguntei, curioso.

Anne abriu os lábios algumas vezes, ponderando, apreensiva, se me contaria ou não. Mas, antes mesmo de conseguir responder algo, escuto a voz de Christopher ecoar entre o vidro que nos separava. "Ei, Ocean." Ele me chamou. Lembro de me virar para trás, encarando-o. Christopher estava parado no meio da rua, apontando para mim. "Quer saber? Diga para a Saturn que a resposta ainda é não." Ele passou a mão na nuca e, então, deu mais um sorriso sarcástico, afastando-se de vez dos alojamentos.

Anne bateu fortemente contra a porta de vidro, fazendo-o vibrar. Nunca a vi com tanto ódio, Saturn. "Vai pro inferno, Christopher!" Ela gritou. A sua voz ecoou nas escadas, e não duvido que tenha ecoado, também, no andar de cima. "Eu juro que se eu pudesse..." As mãos dela estavam fechadas em punho, com força. Lembro que ela respirou profundamente, tentando se acalmar. "Eu vou ir ver como a Saturn está."

"Não." Eu falei, depressa. Coloquei as minhas mãos no ombro de Anne para olhar em seu rosto. "Deixa eu cuidar disso. Você parece estar muito nervosa..."

Anne olhou para mim, abrindo a boca enquanto pensava na minha proposta. Ela arqueou as sobrancelhas e disse: "Mas você não..."

Eu olhei nos olhos dela e, então, eu balancei a cabeça, minimamente. "Eu prometo que vou cuidar bem da Saturn." Sussurrei, indo, em seguida, em direção às escadas. A verdade é que eu havia encontrado a oportunidade perfeita para descobrir o que Christopher havia feito e o porquê vocês terminaram, e eu não queria desperdiçá-la. A verdade é que eu só estava curioso, Saturn.

Subi os degraus apressadamente e caminhei entre os corredores do primeiro andar do alojamento, buscando o seu quarto. Buscando a sua porta. Segundos depois eu encontrei, e fiquei surpreso ao perceber que a sua porta não estava trancada. Você realmente estava esperando por Christopher naquela noite.

Lembro que eu empurrei a porta, sutilmente. O seu quarto estava escuro, exceto pela luminosidade do seu celular, que estava jogado no chão. A luz do corredor clareou a escuridão do cômodo, e eu pude ver que você estava sentada ao lado do seu celular, também no chão. Você abraçava as próprias pernas com força, e a sua cabeça estava baixa.

Lembro que você ergueu o rosto para mim, sem expressão alguma. Os seus olhos e o seu nariz estavam vermelhos, e era possível ver as lágrimas que escorriam pela sua bochecha. Era triste vê-la daquela forma, Saturn. "Ei." Fechei a porta atrás de mim e, então, sentei-me ao seu lado, no chão frio de madeira do quarto. "Você está bem?" Perguntei, aproximando-me. Você, de início, não respondeu. "O que aconteceu, Saturn?"

Você abaixou os olhos, olhando para o chão escuro. Você parecia estar distante, parecia estar vazia. "Você sabia que antigamente, antes da invenção da anestesia, era comum embebedar as pessoas antes dos procedimentos médicos? Os médicos davam vinho para os pacientes." Você falou.

Apoiei a minha cabeça entre as minhas pernas e, então, olhei para você. A iluminação era fraca e escassa, proveniente da janela, mas ainda era possível enxergá-la. "Certo... Onde exatamente você quer chegar?" Perguntei, confuso.

"Eu começo a beber, e é tão bom, Ocean." Você suspirou, parecendo estar cansada. "Em questão de minutos eu me sinto mais relaxada. Em questão de minutos a dor começa a ser aliviada, pouco a pouco. Em questão de minutos eu sinto a anestesia proporcionada pela bebida, e o meu corpo parece finalmente descansar. A dor finalmente começa a me abandonar." Você encostou as costas sobre a parede, respirando profundamente. "E eu entendo o porquê os médicos embebedavam os pacientes."

Lembro de apertar os meus olhos para você, confuso com o que acabara de escutar. "O que você está..." Voltei a perguntar. Eu não entendia o que você queria dizer com tudo aquilo.

"O problema, Ocean, é que a dor não vai embora." Os seus olhos encontraram os meus. "A dor diminui, é verdade. A dor de fato parece estar indo embora. E esse é o primeiro estágio." Você balançou a cabeça de forma imperceptível. "Mas ela não vai embora. Ela não vai. Ela nunca vai..." Você voltou a abaixar a cabeça sobre os próprios joelhos. "E, então, eu volto a beber, buscando parar de vez essa dor. Mas ela... Ela não vai embora, Ocean. Ela sempre está aqui." Havia lágrimas em seus olhos, e elas escorriam sobre o seu moletom amarelo. "E eu bebo ao ponto de..." Você respirou profundamente. "Ao ponto de me sentir animada. A dor ainda está aqui, mas agora eu consigo sorrir. Eu consigo rir. E é tão bom, Ocean. E esse é o segundo estágio." Você voltou a abraçar as próprias pernas. "Mas a dor continua ali, ela continua me incomodando. E, por alguma razão, eu penso que beber ainda mais vai me fazer esquecê-la. Eu penso que ficar bêbada vai me anestesiar completamente. Então, eu bebo." Você passou o colo da palma da mão sobre o rosto, e tentou sorrir, sem sucesso algum. "E eu não consigo controlar, Ocean. Eu não consigo..." Os seus olhos foram direcionados para a tela do celular, que ainda brilhava.

"Eu não entendo, Saturn." Sussurrei, baixinho. Arqueei as minhas sobrancelhas e, então, voltei a dizer: "Você está com dor? Você está sentindo alguma dor?" Apoiei uma das minhas mãos sobre as suas costas, fazendo leves movimentos sobre ela. Ou, durante todo aquele tempo, você estava unicamente se referindo a dor emocional? Dor emocional causado pela sua família, ou dor causada pelo próprio Christopher? "Você está bem?"

E você nada respondeu. Os seus olhos continuavam a brilhar com a fraca luz, e eu sabia que você estava chorando.

"O que você está sentindo?" Perguntei, aproximando o meu corpo do seu. Você continuou em completo e absoluto silêncio, o que, de certa forma, preocupava-me. "Você tomou algum remédio?" Continuei a insistir e, em resposta, você balançou a cabeça, dizendo que sim, havia tomado. Então era dor física. Ou será que você havia tomado um antidepressivo? Céus. "Podemos ir ao hospital se você quiser. Eu posso te levar até lá, Saturn."

"Não!" Você falou, apressadamente. Você voltou a olhar para o chão, envergonhada por exclamar mais alto que os sussurros que estávamos trocando até aquele momento. "Eu já estou me sentindo melhor, garoto astrônomo. Não precisa se preocupar comigo." Pude sentir que você havia se encolhido ainda mais. Foi então que eu me afastei de você, que afastei a minha mão de você. "Eu só... Eu só passei do limite." Os seus olhos foram direcionados à garrafa vazia e, em seguida, ao seu celular.

"Esse é o terceiro estágio?" Arrisquei perguntar. Encarei a tela do celular, que continuava a brilhar ao nosso lado. "Acho que eu conheci o famoso Christopher. Ele estava lá embaixo discutindo com a Anne. E ela parecia estar muito brava, assim como ele... Quer me contar o que aconteceu entre vocês?"

Percebi que mais uma lágrima havia escapado dos seus olhos. Você esticou o braço demoradamente e, então, entregou o celular em minhas mãos. Vi que a tela inicial estava mostrando a sua última conversa com o Christopher.

Ergui os meus olhos para você, perguntando silenciosamente se eu estava autorizado a ler a sua conversa particular com ele. Você balançou a cabeça, de fôrma imperceptível, dizendo que eu podia ir em frente. Foi então que eu concentrei a minha atenção no seu celular.

Todas as mensagens anteriores haviam sido excluídas por você. E lá mostrava que você chegou a bloqueá-lo por mais ou menos um mês. No mesmo dia que você o desbloqueou, uma mensagem foi enviada para Christopher. Nela, você perguntava: "Você me acha bonita agora?" Depois disso, havia uma ligação para Christopher. Ele respondeu horas depois com um seco "Estou chegando, abra a porta para mim." A última ligação havia sido naquele mesmo dia, duas horas antes daquele momento. Depois disso, ele digitou a mesma mensagem: "Abra a porta para mim."

Os meus olhos se voltam para a sua mensagem. A sua única mensagem para ele. "Você me acha bonita agora?" Instantaneamente eu me lembro últimas das palavras de Christopher dirigidas a mim: "Quer saber? Diga para a Saturn que a resposta ainda é não." E todas as vezes que eu lia a sua mensagem, as palavras dele ecoavam nitidamente em minha mente. Lembro de sentir o sangue ferver em minhas veias.

Que cretino! Naquele exato momento eu entendi o porquê Anne estava tão nervosa. Naquele momento eu entendi o porquê ela o mandou para o inferno. Porque eu, a partir daquele momento, compartilhava da mesma raiva. Eu compartilhava do mesmo ódio. Olhei para as minhas mãos e, então, notei que elas estavam fechadas em punho, assim como as de Anne, minutos mais cedo.

Eu genuinamente não entendia como você havia se envolvido com Christopher. A verdade, Saturn, é que até hoje eu genuinamente não entendo. Eu mal a conhecia até aquele instante, é verdade, e eu mal o conhecia, mas eu tinha certeza de uma coisa, uma única coisa: que você não o merecia. Você não merecia alguém que te tratasse daquela forma. Não merecia alguém tão arrogante como ele.

Ergui os meus olhos em direção a você. As lágrimas caiam dos seus olhos com muito mais intensidade que minutos antes. Você estava com as costas apoiadas sobre a parede enquanto respirava profundamente. Levei as minhas mãos ao seu rosto e, com a ponta dos dedos, enxuguei cada uma das suas lágrimas.

Sorri fracamente para você enquanto passava a mão, delicadamente, sobre a sua pele quente. "Saturn, vamos fazer um trato." Sussurrei, levemente. "A próxima vez que isso acontecer com você..." Olhei para a garrafa vazia ao seu lado. Os seus olhos acompanharam o meu movimento. "Você vai ligar para mim, e não para Christopher. O que acha?"

E você nada respondeu. A sua íris esverdeada brilhava sob a fraca luz, e um pequeno vislumbre de um sorriso foi pintado em seu rosto. Não pude evitar não sorrir com você, mesmo que imperceptivelmente.

"Eu prometo, Saturn, que virei correndo." Lembro de passar o meu dedão ao redor da sua bochecha, ao lado do seu nariz vermelho. "Eu prometo." Sussurrei, ainda mais baixo. Baixo o bastante para que apenas eu me escutasse. "Basta você me ligar."

Você olhou para baixo e, então, mordeu o canto da bochecha, parecendo estar um pouco tímida. "Obrigada, garoto astrônomo." Você balançou a cabeça, devagar.

Afastei as minhas mãos do seu rosto, levemente, e, então, ergui o meu dedinho direito. "Você promete de dedinho, Saturn?" Sussurrei, como se aquilo fosse o maior dos segredos entre nós.

Você riu, apoiando a cabeça em uma de suas mãos. Era bom vê-la rir naquela noite, Saturn. "Eu prometo de dedinho, garoto astrônomo." Você falou enquanto entrelaçava o seu dedo no meu.

Lembro de entrelaçar os nossos dedos com força, olhando dentro dos seus olhos esverdeados. "Você não pode quebrar uma promessa de dedinho, Saturn." Falei, aproximando o meu rosto do seu. Eu estava sério. Eu sempre falava isso para a minha irmã, porque costumávamos fazer inúmeros juramentos de dedinho. "Esse é o maior juramento que alguém pode fazer."

Você riu e balançou a cabeça. Segundos depois, nossos dedos foram separados.

"Você está bem?" Perguntei, genuinamente interessado. Genuinamente preocupado com a sua resposta. Genuinamente disposto a ouvir, a acolher e a cuidar de você, Saturn.

Você ergueu os seus olhos para mim, mas não foi capaz de sustentá-los por muito tempo. "Estou melhor." Você respirou profundamente, e eu sabia que você estava mentindo. Eu sabia que você não estava sendo sincera comigo. E eu nunca entendi o porquê você fazia aquilo. O porquê você se fechava e se afastava daquela maneira.

Lembro de me levantar com dificuldade e de, em seguida, esticar as minhas mãos para você. "Vem. Você precisa descansar." Balancei os meus dedos em frente ao seu rosto.

Você murmurou alguma coisa, parecendo estar cansada e, então, segurou em minha mão. Ajudei-a a levantar do chão, segurando, depois, as suas costas. Você parecia mole, parecia estar sem equilíbrio, e aquilo provavelmente era culpa da bebida que você tomara. Segurei e sustentei o seu corpo e a direcionei à sua cama.

Você se deitou com dificuldade, e bocejou profundamente, parecendo estar um pouco mais aliviada. Lembro de esticar o cobertor amarelo sobre o seu corpo quente e de arrumá-lo ao redor do seu corpo, verificando se você não estava com frio. "Você promete que vai ficar bem, Saturn?" Abaixei-me em frente a sua cama, ficando na altura do seu rosto.

Você estava de olhos fechados quando disse: "Prometo, garoto astrônomo." Você parecia cansada.

"Ótimo." Murmurei, verificando o seu rosto, verificando o seu corpo. Você não estava chorando, e aquilo era aliviador para mim. Lembro de, involuntariamente, tocar em seu braço quando eu me levantei.

Senti o calor da sua mão sobre o meu pulso e, como resposta, olhei para você. Os seus olhos estavam abertos, e eles procuravam por mim. Prendi a minha respiração, surpreso com o seu movimento repentino. "Você pode dormir comigo, Ocean?" Você perguntou em um sussurro. "Por favor."

Lembro de olhar para a porta, onde a luz do corredor atravessava a abertura inferior. Olhei, então, para você. Respirei profundamente e sorri, gentilmente. "Claro." Foi tudo o que eu falei, em resposta. Lembro de tirar os meus sapatos e de me deitar ao seu lado.

Beijei o seu ombro, delicadamente.

Você apoiou a cabeça em meu braço, levemente. E, após me cobrir com o seu cobertor, lembrei-me da sua lista de tarefas. Lembrei que o item 'me sentir bonita de novo' ficava logo abaixo de 'esquecer Christopher'. E isso era proposital. Porque ele, em algum momento, influenciou o jeito como você mesma se enxerga. Christopher influenciou ao ponto de fazê-la mandar uma mensagem perguntando se ele a achava bonita agora.

Lembro se tocar em seu rosto, delicadamente. A iluminação que atravessava a sua janela era pouca, mas ainda era possível identificar e visualizar cada traço seu. Passei a ponta dos meus dedos em sua bochecha, prestando admirada atenção em seus contornos. Confesso que, até aquele momento em particular, eu nunca havia analisado o seu rosto com tanto carinho. E, naquele mesmo instante, eu percebi que você era bonita, Saturn. Você sempre foi bonita. E eu não entendia como você era capaz de duvidar perante aquele fato.

As palavras de Christopher martelavam cada centímetro da minha mente. "Quer saber, diga para a Saturn que a resposta ainda é não." Como ele teve coragem de proferir aquela frase em alto e bom som? Como ele foi capaz de te fazer duvidar da sua beleza, Saturn?

Olhei mais uma vez em direção aos seus olhos esverdeados. "Eu acho você bonita." Sussurrei enquanto passava, levemente, os meus dedos em seu rosto e enquanto eu tentava acalmar os seus e os meus pensamentos. "Só queria que você soubesse disso." Falei, sincero.

Você provavelmente não se lembraria daquilo no dia seguinte, afinal, você estava um pouco bêbada. Bom, talvez você de fato não se lembra desse momento ou mesmo da minha fala, Saturn, mas eu queria que você se lembrasse. Eu queria que você se lembrasse que eu fui sincero em cada palavra e em cada letra quando disse aquilo a você. Quando disse que eu a achava bonita.

"Obrigada." Você murmurou, como num baixo e fino sussurro. Os seus olhos já estavam fechados, e minutos depois você estava, enfim, adormecida.

E eu sabia que você não estava agradecendo o elogio que eu fiz a você. Porque eu sabia que o item 4 ainda não estava concluído. Porque você mesma não acreditava que era bonita, porque você mesma não acreditava em minhas próprias palavras.

Você estava agradecendo todo o meu cuidado e todo o meu zelo que eu estava tendo por você naquela noite. Estava agradecendo a minha companhia naquela noite.

★★★

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