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Capítulo 4

Ela é um mistério, um mistério para mim
O jeito que ela anda quando ela fala comigo
Ao longo dos caminhos.
(She's a Mystery John Mayer)


Lembro que eu estava voltando da biblioteca da universidade naquele final de tarde. A minha mão estava ocupada com copo de chá gelado que eu havia comprado na cafeteria ao lado dos alojamentos, e o meu bloco de anotações para o rascunho de contas e fórmulas que eu treinei no horário de estudo.

Ao me aproximar do prédio do meu dormitório, vi uma garota parada na porta de entrada carregando inúmeras sacolas pelos braços. Lembro de perceber, assim que eu ajustei o óculos em meu rosto, que a garota era ninguém mais e ninguém menos que você, Saturn. E você estava tão atrapalhada. Tão terrivelmente atrapalhada. Lembro de rir comigo mesmo ao vê-la se abaixar para procurar o cartão de acesso do alojamento e, então, deixar cair uma das sacolas no chão ao seu lado.

Quando eu me aproximei da porta de vidro principal, você ergueu o seu rosto para cima e me olhou "Oi, garoto astrônomo!" Você disse, sorrindo totalmente desengonçada. Encostei o meu cartão sobre o leitor, destravando a porta que, em seguida, se abriu. Lembro de dar um passo para frente e de esticar o meu braço para abri-la um pouco a mais para que você pudesse passar com tranquilidade.

"Obrigada, garoto astrônomo." Você agradeceu e se apressou em recolher a sacola que havia caído.

Eu apertei os meus olhos para você e a olhei enquanto você se levantava. "O seu quarto fica nesse prédio também?" Perguntei desconfiado. "Acho que nunca a vi por aqui."

"Eu também nunca o vi por aqui." Você riu. "Me mudei para cá no início do semestre, dois meses atrás. Minha amiga Anne que conseguiu uma vaga para mim." Sua mão parecia pesar e então você apoiou as compras no chão, recuperando o fôlego. "Antes eu estava em um daqueles alojamentos ao lado do bloco de odontologia, conhece?"

Balancei a cabeça positivamente.

Quando você começou a andar e passou a porta de vidro, ouvi o que parecia ser um miado de gato. Lembro de olhar ao redor, curioso. Sim, eu havia acabado de escutar o miado, e não, eu não estava louco. "Você também ouviu isso?"

"O que?" Você virou o rosto na direção contrária a mim e então fechou a porta de vidro atrás de si.

"Bom, acho que nada." Lembro de balançar a cabeça para os lados, pensando que realmente não era nada. Se você não havia escutado o mesmo que eu, talvez eu tenha me enganado. "É, nada." Levei o copo de plástico em direção à boca e tomei um gole do meu chá. "Até mais, Saturn." Comecei a andar em direção às escadas.

Antes mesmo que eu pudesse subir um degrau sequer, ouvi o mesmo miado pela segunda vez. Pelo tom, pude notar que se tratava de um filhote. Certo, então eu não estava louco, Saturn. Olhei para trás, em direção à rua, procurando pelo pequeno felino. Mas não o encontrei, e foi aí que escutei o som pela terceira vez.

Você me encarava com os olhos arregalados de medo e apreensão. O seu corpo ao menos se movia, você parecia estar paralisada, Saturn. Eu sabia que não estava louco por escutar aquilo, e a sua preocupação nítida e palpável me deu a confirmação de que precisava: o som vinha de dentro da mochila que estava nas suas costas. Eu havia descoberto o seu pequeno segredo, e você parecia muito nervosa quanto a isso.

Ajustei, pela segunda vez, o óculos em meu rosto. "É proibida a permanência de animais nos alojamentos da universidade." Pelo canto dos olhos a observei. Dei um sorriso mínimo e me virei de volta em direção à escada. "Mas é óbvio que você sabe disso, Saturn."

"Ocean, qual é?!" Você murmurou alto o bastante para que eu a escutasse. Olhei para trás. Você jogou o peso do seu corpo em sua perna direita, inclinando levemente a sua cabeça para o lado. "Você me deve uma por aquele dia na chuva." Você ergueu a sobrancelha para mim.

O meu maxilar estava tenso. Respirei fundo e passei uma das minhas mãos em minha testa. "Tanto faz." Resmunguei, revirando os olhos. "Só não me envolva nessa confusão. Não quero problemas." Apoiei as minhas mãos no corrimão, pronto para subir.

"Garoto astrônomo." Você me chamou de volta. Ainda era possível ouvir alguns miados baixos vindo da sua mochila. Olhei tedioso para você, cansado daquela conversa que mal havia começado. Cansado daquela situação. "Uma mãozinha aqui?" Você ergueu um dos braços em que as sacolas estavam e sorriu sem jeito.

E, céus! Você era tão irritante, Saturn! "Eu falei que eu não quero e não vou me envolver nisso." Foi tudo o que eu te respondi.

"Vamos lá, só me ajude a levar isso para o meu quarto." Bufei diante da sua fala. "Prometo que você nunca mais vai ouvir falar sobre isso." Você apontou com a cabeça para a sua mochila, exatamente onde o gato estava escondido. "Por favor, Ocean." As compras foram apoiadas no chão mais uma vez. Você parecia estar terrivelmente cansada.

Irritado, caminhei até você e peguei duas das sacolas que estavam no chão. Coloquei o meu bloco de notas dentro de uma delas. Por pura e simples curiosidade, olhei dentro das sacolas que estavam em meus braços e eu encontrei um saco de ração e outro de areia para gatos. "Eu não acredito nisso." Murmurei.

"O meu quarto fica no primeiro andar." Você apontou para a minha frente.

Subimos os lances de escada em direção ao primeiro andar dos alojamentos. Quando chegamos no corredor principal, encontramos alguns alunos conversando na cozinha e outros usando o espaço de estudo individual. Lembro de olhar para você, desesperado com a possibilidade de alguém escutar os miados insistentes que escapavam da sua mochila.

"Pode virar aqui a direita." Você apontou com a mão para o próximo corredor a minha frente. E você parecia tão tranquila, Saturn. Tão estranhamente tranquila. Como você poderia estar daquele jeito? Você não se preocupava com o que poderia acontecer caso alguém percebesse o que você estava fazendo? "Quarto 15." Ouvi a sua voz atrás de mim.

Quando chegamos em frente ao seu dormitório, você procurou pela cartão de acesso que estava no bolso lateral da sua mochila e o encostou no leitor da porta, que foi destrancada. "Pode entrar, Ocean. E, ah, feche a porta por favor." Você colocou as compras no chão e, em seguida, abriu a mochila em cima da sua cama.

Entrei em seu quarto e fechei a porta atrás de mim, como você havia pedido. Coloquei as duas sacolas que carregava no chão e respirei fundo.

Um pequeno gato preto saltou da sua mala. Você estralou os dedos, chamando-o. Ele caminhou em sua direção e cheirou as suas mãos, um pouco desconfiado. Ele miava insistentemente. O gato era pequeno, ao ponto de quase caber na palma das minhas mãos. Ele parecia estar sem forças, parecia indefeso e inocente. Os ossos do corpo dele eram visíveis devido a magreza extrema. Foi então que eu percebi que em todo esse tempo ele miava de fome. Muita fome.

Para ser franco, Saturn, eu nunca gostei de gatos. Sempre achei eles estranhos e um pouco 'arrogantes'. Quer dizer, eles não são tão amigáveis como os cachorros são. E todos eles parecem que podem – e querem – te atacar a qualquer momento. Ok, talvez eu tenha um pouco (apenas um pouco) de medo deles.

Mas, apesar disso, eu fiquei com pena daquele gato porque ele parecia assustado. Parecia que foi deixado de lado para morrer.

"Eu não podia deixá-lo na rua." Você se apressou em se explicar. Naquele momento ele estava lambendo a sua mão. "Ele mal conseguia ficar em pé quando o encontrei. Você deveria ter visto, Ocean." Você caminhou até a sacola que eu havia carregado e abriu o pacote de ração e o despejou sobre uma vasilha que você também havia acabado de comprar. O gato correu em sua direção desesperado ao sentir o cheiro. Ele tocou em sua perna e você se abaixou para colocar o pote no chão. Ele começou a comer sem delongas. "Achei ele sozinho atrás de um dos prédios da universidade, acredita?"

"E se ele estiver com alguma doença?" Cruzei os braços. "Pulga, não sei."

"Bom..." Você procurou por outra sacola de compras. "Se eu notar que ele está estranho eu o levo no veterinário." Observei você colocar água em uma segunda vasilha e colocá-la no chão, ao lado do pote de comida. "Você gosta do Batman?"

Pisquei os meus olhos, um pouco confuso com a rápida mudança de assunto. "Gosto." Respondi, ainda sem entender onde você queria chegar.

"Pensei em chamá-lo de Bruce." Você olhou para o gato, que ainda devorava cada pequeno pedaço da ração. "Sabe, porque ele é todo preto, igual ao Batman." Você mordeu o canto da bochecha e observou o teto do seu quarto enquanto pensava por um momento. "O que acha? Eu acho que combina com ele."

"Espera um pouco." Balancei as mãos, rindo. "Você realmente está pensando em ficar com ele?" Sentei-me no canto da sua cama e olhei para o seu rosto. "Saturn, é proibido ter animais nos dormitórios. Sabe o que pode acontecer com você se descobrirem sobre isso?" Apontei para o gato preto ao nosso lado. "Você pode ser expulsa daqui."

"Eu sei que não posso ficar com ele." Você se sentou ao meu lado e passou a mão sobre a própria nuca, respirando fundo. "Eu só... preciso encontrar alguém que possa ficar com ele." Ficamos em completo silêncio. Tudo o que podia se escutar era o barulho da mastigação do gato.

Lembro de olhar ao meu redor, analisando com cuidado cada mínimo detalhe do seu quarto. Em sua prateleira havia um espaço inteiro reservado para os seus remédios. Muitos deles pareciam ser simples potes de vitaminas, proteínas e suplementos alimentares. Os demais não reconheci, mas devo admitir que todos aqueles comprimidos me chamaram a atenção. Você parecia ter metade de uma farmácia em seu dormitório. Era um pouco preocupante.

Ao lado de todos aqueles remédios, você tinha alguns bichos de pelúcia. Um deles era uma grande joaninha vermelha. E, finalmente, ao lado de tudo aquilo, alguns livros de romance.

Embaixo da prateleira havia alguns papéis grudados sobre a parede branca. Um deles era um desenho infantil do que parecia ser uma mulher com cabelos cor de rosa e uma menininha de vestido roxo. Na assinatura estava escrito Violet Stuart. A mesma Violet da sua lista.

Ao lado do desenho havia um grande pôster da tabela periódica. Sorri discretamente, eu também tinha um em meu quarto. Ao redor estavam espalhadas várias imagens de plantas e alguns animais que jamais vi em toda a minha vida. Em todos eles havia post-it coloridos com algumas anotações, provavelmente do seu curso de Ciências Biológicas.

No canto da sua parede estava colada uma folha amarela com o título: Lista de Tarefas de Saturn M. Campbell. Todos os itens estavam escritos ali. Notei que você não havia riscado mais nenhum item desde que eu a entreguei de volta.

"Você escreveu a sua lista em outro papel?" Perguntei. Aquele que estava colado na parede não era o mesmo que eu havia encontrado em minhas coisas, semanas atrás.

"Sim." Você olhou para ele. "Depois que você me devolveu eu passei a lista a limpo." Você sorriu para mim. "A tinta da caneta estava muito borrada. Achei que ficaria melhor desse jeito."

Balancei a cabeça, voltando a ficar em silêncio. Como um estalo, lembrei-me de todos os itens da sua lista. Na verdade, lembrei de um em especial. "Saturn, você não pegou esse gato só por causa daquele item da sua lista, né? Décimo quarto item: adotar um animal de estimação."

"Não! Meu Deus." Você exclamou, levantando as mãos e as balançando no ar. "Eu nem pensei nisso na hora, Ocean." Você mordeu a bochecha e virou a cabeça. "Olha a situação dele." Você olhava o gato. "Eu não pensei em nada, só em trazê-lo para dar água e comida."

"Certo." Concordei, ainda um pouco desconfiado de você. Quer dizer, eu acreditava em você, só não totalmente. Hoje, conhecendo-a como a palma da minha mão, sei que você estava sendo completamente honesta. Porque você sempre foi assim. Você sempre se dispôs a ajudar o próximo. E sempre foi doce com todos e com tudo.

Voltei a minha atenção para os detalhes do seu quarto. Você tinha um pisca-pisca branco ao redor da sua cortina, e ele estava ligado. A sua cama estava forrada com um cobertor amarelo que ao menos estava dobrado. Parecia que você simplesmente havia levantado da cama pela manhã e a deixou da mesma forma, céus. Sua mesa também estava desarrumada com vários livros emprestados da biblioteca jogados por lá, além do seu notebook com o fio também jogado de qualquer forma sobre a mesa.

Cocei o meu braço, um pouco (muito) incomodado. Eu não gostava de lugares desarrumados. Não gostava de desorganização. Nunca gostei.

Balancei a cabeça e tentei concentrar toda a minha atenção em outra coisa. Observei as fotos que estavam coladas na parede ao lado da sua cama. Em uma delas você estava com o cabelo comprido e as pontas pintadas de rosa claro e abraçava duas garotas mais novas que se pareciam com você. "Você tem irmãs?" Apontei para a fotografia. Vocês estavam em frente a um teatro.

"Tenho." Você esticou os braços para pegar o gato que passava ao lado da sua perna e pedia por carinho. Depois você ergueu o rosto para mim e olhou para a foto que eu mostrara. "Elas são gêmeas."

Inclinei o meu corpo para frente e ajustei o óculos em meu rosto, observando a fotografia novamente com mais atenção. É, elas realmente pareciam ser idênticas.

"Vão fazer dezesseis anos." Você sorriu. "Essa é a Luna." Os seus dedos tocaram na foto, apontando para a garota que usava uma blusa preta básica. "E essa é a Summer." Indicou a outra garota que estava ao seu lado. Ela usava uma camiseta vermelha. "A Summer faz atletismo. Meu Deus, ela corre tão rápido, Ocean. Eu nunca consegui ganhar uma corrida sequer dela." Você riu, sozinha. "No último ano do colégio ela vai tentar entrar na faculdade com bolsa." Você mostrou outra foto em que você e as suas irmãs carregavam um troféu. Uma delas estava com uma medalha ao redor do pescoço, provavelmente Summer. "E eu tenho certeza de que ela vai ganhar."

Naquele dia, em todas as fotos que eu vi coladas em sua parede, você aparecia com o cabelo comprido e com as pontas pintadas de rosa claro, diferentemente de como você estava quando a conheci. "Você cortou o cabelo recentemente?" Perguntei, nitidamente curioso. "Não tem uma foto de você com o cabelo curto desse jeito." Apontei para você.

Vi que você tocou em seus cabelos e, então, penteou-o com os dedos a franja que caia sobre os seus olhos. "Cortei em julho, pouco tempo atrás." Em seguida você deixou o gato de lado, em cima da sua cama e se levantou. Você tocou em seu próprio braço e o cruzou. Eu não te conhecia àquela altura, Saturn, mas parecia que você estava, pouco a pouco, encolhendo-se em si mesma. Como se estivesse se escondendo de mim. Como se estivesse com vergonha. E em nenhum momento você olhou em meus olhos quando disse: "Obrigada pela ajuda, Ocean." E virou o seu corpo em direção à porta.

A mesma garota que me contava com orgulho sobre o resgate do seu novo – e problemático – gato, e que me contava com orgulho sobre a conquista da irmã, transformou-se, em questão de segundos, em uma garota distante, que ao menos conseguia olhar em meu rosto. O que estava acontecendo com você, Saturn?

Levantei-me da sua cama e peguei o meu chá gelado. Caminhei até a porta do seu quarto e a abri. Quando eu já estava no corredor, virei-me para trás e apontei para o gato preto que ainda estava em sua cama. "Não me meta nessa confusão, Saturn."

Você não sorriu como eu achei que faria. Lembro de achar isso curiosamente estranho. "Boa noite, garoto astrônomo." Você sussurrou, ainda sem olhar para mim. E, sem mais delongas, você fechou a porta.

★★★

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