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Capítulo 19

Beije-me como se quisesse ser amada
Quisesse ser amada, quisesse ser amada
É como se eu estivesse me apaixonando
Me apaixonando, nós estamos nos apaixonando.
(Kiss Me – Ed Sheeran)


Lembro que estávamos dentro do metrô, voltando do cinema que ficava a trinta minutos da universidade.

Eu havia acabado de passar por uma longa e intensa semana de avaliações e trabalhos, e você havia acabado de entregar um extenso e trabalhoso relatório. Lembro de comentar com você que eu precisava de um descanso, de pelo menos uma tarde, que precisava urgentemente esfriar a cabeça dos estudos, e você disse que precisava fazer o mesmo. Mas eu não queria fazer isso numa festa qualquer das repúblicas insanas da faculdade, não queria fazer o que Nathan fazia para relaxar. Se é que isso pode ser chamado de descanso.

Além disso, eu estava extremamente estressado com todos os conteúdos do meu curso. Havia muitas matérias ao mesmo tempo e, às vezes, eu sentia que não conseguiria dar conta de todas elas. E, bom, eu não estava nem um pouco contente com os meus resultados. Quer dizer, eu sempre alcancei ótimas notas em física e matemática avançada na escola, mas estamos falando da faculdade, Saturn. Eu cresci sendo um dos melhores alunos da minha escola, e na universidade eu não passo de um estudante medíocre.

As minhas notas não estavam excelentes na universidade. E era isso que me deixava nervoso.

Oh, e havia, também, as matérias voltadas para as ciências biológicas. Como você bem sabe, Saturn, eu sou simplesmente péssimo em qualquer coisa que envolve o estudo de pessoas, botânica ou animais. E, para ser sincero, eu não entendo o porquê temos matérias voltadas para a biologia em Astronomia. Céus!

Como se não bastasse, a pesquisa sobre os sistemas binários do professor Miller não estava avançando como o esperado. Eu sei que, no início, eu deveria somente ajudá-lo a consertar os dados que eu baguncei quando invadimos o observatório, mas, com o tempo, Miller me ofereceu uma vaga em sua pesquisa. E eu não poderia recusar, Saturn, afinal, estamos falando de um projeto de iniciação científica com um dos meus melhores professores.

E, mesmo que eu o ajudasse a analisar cada dado coletado, nada de novo surgia. Isso o deixou completamente irritado, e confesso que isso me deixava frustrado. Por causa dessa maldita pesquisa eu estava dormindo, em média, três horas e meia por noite.

Eu estava chegando no meu limite, prestes a ter um colapso nervoso por conta da universidade. Eu me sentia sobrecarregado com tudo o que estava acontecendo, e foi quando você sugeriu ir ao cinema para assistirmos um filme qualquer.

E confesso que foi divertido.

Era um filme de comédia, daqueles com personagens estereotipados e cheios de piadas ruins, mas era engraçada o suficiente para nos fazer rir. Aquilo era exatamente o que eu precisava naquele momento.

Estávamos ao lado da porta do metrô, chegando na estação da universidade. Você me contava que Procurando Nemo e Soul eram os seus desenhos preferidos, e se assustou quando eu disse que nunca tinha assistido Soul.

"Precisamos urgentemente fazer outra noite da pizza, garoto astrônomo." Foi o que você falou assim que a porta do metrô abriu. "E Soul será o filme que vamos assistir. Você precisa vê-lo. Todos deveriam assistir esse desenho, ele é simplesmente lindo."

Alguns estudantes passavam por nós, apressados para descer à plataforma. Eles ao menos pediam desculpa por esbarrar em nós. "Ocean, será que podemos parar aqui por um momento?" Você apontou para um dos bancos que havia na plataforma da estação. Pelo canto dos olhos eu percebi que você estava respirando com dificuldade. "Eu só..." Você ao menos esperou a minha resposta, e, então, simplesmente se sentou ali.

Sentei-me ao seu lado e apertei os meus olhos em direção a você, olhando-a com preocupação. Dois segundos antes você parecia estar bem. Estava até mesmo rindo dentro do vagão do metrô. "Você está bem, Saturn?"

"Estou sim!" Você falou rápido demais. Rápido demais. "Eu só..." Você piscou algumas vezes enquanto olhava o metrô ir embora para outra estação. Os outros passageiros que desceram conosco já estavam se dispersando, e nós éramos um dos únicos que ainda permaneciam ali. "De repente me deu uma tontura. Mas já está passando."

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Outro metrô passou pela estação, onde alguns passageiros desceram.

Você estava sentada com os olhos fechados e o ar parecia estar pesando dentro do seu peito. "Você sabia que tem uma música em Procurando Nemo que fala o nome de todos os filos e classes dos animais aquáticos? E o mais interessante é que quase ninguém repara nisso." Você abriu os olhos e ficou em silêncio por um momento, conferindo se a tontura já havia passado. "Eu mesma só reparei nisso depois de entrar na faculdade."

Eu mantinha a minha atenção em todas as suas feições, conferindo a todo momento como você estava. Pelo menos você parecia, de fato, estar melhorando. Não parecia ser nada sério. "Saturn." Chamei-a. "Eu não faço a mínima ideia do que é filo e classe dos animais aquáticos." Murmurei.

Você riu alto. Lembro de sorrir com o som da sua gargalhada ecoando pela estação agora vazia. "Certo, acho que passou." Você abriu os olhos, encarando os trilhos e se certificando de que estava bem para voltar a andar.

"Está melhor?" Perguntei só para confirmar.

"Estou." Você sorriu por um curto momento. "Do mesmo jeito que veio, a tontura foi embora." Você olhou em minha direção e, então, inclinou a cabeça para o lado, levemente. "Estranho. Acho que nunca tive isso antes." Em seguida você virou a sua atenção para o outro lado da estação, onde não havia ninguém. "Está escutando isto?" Você segurou o meu braço. Você olhava para todos os lados, buscando saber de onde vinha o som.

Lembro de observar a plataforma vazia. Tudo o que eu conseguia ouvir era o barulho de mais um metrô se aproximando rapidamente. Mas ele ainda parecia distante de nós. Ergui as sobrancelhas enquanto balançava a cabeça. Acho que você não estava falando do barulho do metrô, por isso falei: "Não estou ouvindo nada, Saturn."

Você colocou um dos seus dedos sobre os próprios lábios, pedindo-me para ficar em silêncio, pedindo-me para me concentrar naquilo. Lembro de ajustar o óculos em meu rosto, ficando um pouco impaciente. Foi então que eu comecei a ouvir, ao longe, o som de uma melodia qualquer ecoando em algum dos corredores.

Você sorriu ao perceber que eu havia, finalmente, escutado. Você se levantou da cadeira e me puxou pela mão. "Vem." Você pediu, olhando em meu rosto. "Acho que sei o que pode ser."

Começamos a caminhar lentamente pelos corredores da grande estação, procurando atentamente o lugar de onde o som vinha. Em um dos corredores notamos que a música foi ficando cada vez mais nítida. Por um momento você olhou para mim e sorriu, feliz em saber que estava perto.

O som era produzido por um violino, e a sua música ecoava pelas paredes vazias da estação. Era lindo. Lembro que você começou a caminhar mais rapidamente, extremamente ansiosa em chegar cada vez mais perto. "Meu Deus, eu amo violinos!" Você exclamou animada. Você parecia uma pequena criança quando começou a saltitar animada pelos corredores da estação.

Lembro que nós encontramos um homem em um dos corredores que conectava uma plataforma à outra daquela linha do metrô. Ele era a única pessoa parada naquele imenso corredor amarelado. E ele estava sozinho, sem qualquer plateia, e, mesmo assim, o homem tocava o seu violino.

O som ecoava inúmeras vezes ao nosso redor, como se estivéssemos presos em um filme melancólico e antigo. Eu nunca havia escutado nada parecido em toda a minha vida. Era simplesmente lindo. "Ele é ótimo!" Foi a primeira coisa que você disse ao vê-lo ali. "É realmente ótimo."

"Ele é mesmo." Concordei.

Nós nos aproximamos lentamente, com medo de interrompê-lo, mas ele ao menos notou a nossa presença ali. Ele ao menos ouvia o barulho dos nossos sapatos se chocando contra o chão. Era como se ele estivesse completamente submerso dentro da sua própria melodia.

Pelo canto dos olhos eu notei que você mexeu em sua bolsa por um momento. Então, você se aproximou ainda mais do homem a nossa frente para deixar os cinco dólares na capa do violino que estava na frente dele. Lembro que, naquele instante, ele abriu os olhos e viu que nós estávamos ali, que erámos a sua plateia. O homem sorriu e acenou a cabeça para você em agradecimento.

Em nenhum momento ele parou de tocar.

Ficamos mais alguns minutos olhando ele tocar, em silêncio. Parecíamos estar hipnotizados pela músico, e de fato estávamos. Quando ele parou de tocar, nós o aplaudimos. O homem sorriu gentilmente para nós e, então, quando ele se agachou para beber um pouco de água, nós começamos a nos afastar. O dia já estava escurecendo e nós estávamos indo lentamente em direção à saída que nos levaria para o campus da universidade.

Mas, quando demos somente alguns passos na direção oposta ao homem, ele voltou a tocar uma nova canção. Ao reconhecer a música que estava sendo tocada, você parou de andar.

Lembro de sentir o calor da sua mão em meu braço, pedindo para que eu também parasse. "Eu amo essa música." Você falou com os olhos fechados, como se estivesse cantando a música dentro da sua cabeça. Havia um pequeno e discreto sorriso em seu rosto.

Por um curto instante, olhei para o homem que estava a poucos metros de nós. Olhei para o jeito como ele segurava o instrumento em seu pescoço, para o jeito como ele movia a sua mão. Olhei para o jeito como ele o tocava. Olhei para o jeito como ele também estava com os olhos fechados, como você, como se estivesse totalmente tomado pelo som que ele mesmo criava. Vocês dois sorriam, ambos conectados pela música.

Notei que você discretamente estava movendo os seus dedos e o seu braço. Desviei os meus olhos para a ponta do seu pé e vi que você também o mexia, muito discreta. Era nítido que você sabia (ou que estava montando) a coreografia daquela canção. Era obvio que você estava se controlando para não a dançar.

Ergui os meus olhos novamente para você. "Você deveria dançá-la, Saturn." Sussurrei fracamente.

Você abriu os olhos rapidamente. "O quê?" Você virou a sua atenção para mim. Parecia estar hesitante, como se a proposta fosse realmente tentadora, como se estivesse pensando se aquilo era uma boa ideia. Como se estivesse se controlando para finalmente dizer 'sim'.

"Você me ouviu." Falei um pouco mais alto. A minha voz ultrapassava o som do violino. "Deveria dançar, Saturn." Falei simplesmente. Apontei para o espaço entre nós e o homem. É, aquele era um ótimo espaço para você dançar. "Só tem nós três aqui." Dei de ombros.

"Não." Você deu um passo para trás, intercalando os seus olhos entre mim e o homem que tocava a nossa frente. "Não, eu... não." Você balançava a sua cabeça rapidamente, assim como Violet costuma fazer. Talvez você tenha pegado a mania dela, afinal. "Estou sem as sapatilhas aqui. Não é como se eu estivesse preparada para simplesmente..." Você começou a falar rápido. Muito rápido.

"Vamos." Falei como uma pequena criança mimada. Bom, exatamente como Sea, minha irmã. "Deixe-me vê-la dançar, Saturn." E, bom, eu sei que eu já a vi dançar escondido antes, quando você ainda usava o antigo estúdio de dança. Mas era óbvio que você não poderia saber daquilo. Era óbvio porque sei que você se fecharia para mim, como sempre costumava fazer quando sentia que eu invadia o seu espaço. Mas a verdade é que eu queria vê-la mais uma vez. Queria poder assisti-la pessoalmente. Queria que você soubesse que eu estava ali, apreciando cada pequeno movimento que você fazia. Queria que você soubesse que eu era a sua plateia. E a verdade é que eu queria poder olhar para você em sua totalidade de novo. "Por favor." Implorei.

Você olhou novamente para mim e depois para o homem, e, por fim, suspirou, parecendo estar derrotada. Exatamente como eu fazia quando estava prestes a ceder às vontades da minha irmã. Confesso que aquilo me fez sorrir, mesmo que minimamente, Saturn.

"Certo." A sua murmuração foi praticamente inaudível. Você revirou os olhos rindo quando me viu comemorar como uma criança prestes a ganhar doce. Lembro que você começou a desabotoar o sobretudo preto que estava usando naquela tarde e entregou-me junto com a sua bolsa laranja.

Você deu um passo à frente e, então, tirou também as suas famosas botas pretas, ficando vestida apenas com um curto vestido preto com pequenas margaridas amarelas costuradas pelo tecido e a sua fina meia calça preta, que tentava esconder as suas pernas.

Lembro que você deu mais um passo à frente, ficando entre mim e o homem do violino. Notei que você respirou profundamente e, então, fechou os seus olhos. Você parecia estar ansiosa, e eu sabia que você, de fato, estava. Eu sabia que você estava nervosa por ter que dançar na minha frente.

Você já se apresentou em grandes palcos durante a sua infância e adolescência, e as fotos em seu quarto provavam isso. Você já participou de importantes competições de dança, e os troféus em sua casa contam o quão boa você era naquilo. Você provavelmente já dançou para Christopher e, além de tudo isso, parecia não se importar em ser o centro das atenções, não se importava com o que os outros dizem ou pensam sobre você.

E, mesmo assim, parecia estar nervosa por me ter em sua plateia naquela tarde, Saturn.

Lembro que você lentamente ergueu o seu braço esquerdo, dando início à sua dança. Os seus dedos deslizavam delicadamente pelo ar gelado, juntamente com a sua mão. Notei que os seus olhos continuavam fechados, como se você estivesse tentando se conectar com música, igual ao homem a nossa frente.

Lembro do modo como você ergueu os seus pés em meia ponta, do modo como você começou a movê-los pelo chão duro, do modo como eles deslizavam suavemente pelo piso, do modo como eles magica e inexplicavelmente pareciam mal tocar o chão.

Lembro do modo como os seus braços pareciam livres do seu corpo, do modo como eles ganharam vida própria para abraçar e tocar o ar ao seu redor. Do modo como você abandonou a insegurança, do modo como você estava se entregando devotamente à cada nota que era tocada.

Lembro-me do exato momento em que você ergueu a sua perna direita, e em como o seu vestido preto florido delicada e lentamente deslizou sobre ela, deixando ainda mais exposta e visível a sua fina meia calça escura. Deixando ainda mais exposta e visível o contorno da sua coxa.

Lembro-me do exato momento em que você rodopiou, graciosamente. Do exato momento em que o seu vestido parecia dançar com o vento produzido pelo seu giro, do exato momento em que ele se abriu ao seu redor. Do exato momento em que você sorriu discretamente, feliz em poder dançar livremente pela estação.

Ah, e eu ainda me lembro de como eu me apaixonei novamente por cada passo seu. De como eu me apaixonei novamente por cada mínimo levantar e abaixar de mãos, por cada mínimo movimento das suas pernas. Eu ainda me lembro de como eu me apaixonei novamente pela sua dança.

Eu ainda me lembro de como eu me apaixonei pelo modo com que você se entregava completa e devotamente à música, pelo modo como você parecia decifrar cada mínima melodia ouvida. Eu me lembro de como eu me apaixonei em vê-la mergulhar em um universo particular todas as vezes que você fechava os olhos para sentir a música tocar o seu íntimo. Em como você se permitia ser tocada pela canção.

Eu estava apaixonado por toda a sua intensidade, Saturn.

Eu ainda me lembro de como eu me apaixonei completamente pela sua essência. Em como eu me apaixonei pela sua total entrega, pela sua paixão visível pela dança. Eu ainda me lembro de como eu me senti privilegiado por vê-la de um jeito tão puro e ao mesmo tempo tão real.

Naquele instante eu me lembrei da maneira como você cantou This Love do Maroon 5 quando estávamos a caminho do seu apartamento, da maneira como você se equilibrou sobre o parapeito da calçada enquanto o vento frio passava entre os seus dedos, da maneira como você dançou no antigo estúdio de dança, da maneira como nos aproximamos enquanto dançávamos lentamente na minha sala de estar, da maneira como você me agradeceu quando invadimos o observatório da universidade, da maneira como eu toquei em seu rosto e falei que você estava radiante e da maneira como a neve caia em seu rosto enquanto patinávamos. Eu estava me lembrando de todas as vezes que eu secretamente me apaixonei por você.

Eu me apaixonei diversas vezes por você, Saturn. Mas foi só naquele exato instante que eu me dei conta daquilo.

Lembro que você ainda dançava as notas finais daquela música quando eu lentamente me aproximei de você, total e completamente hipnotizado pela sua presença, pela sua dança. Eu não conseguia tirar os meus olhos de você, nem por uma única fração de segundo. A minha mente relembrava todas as nossas memórias, todos os nossos momentos.

É, eu definitivamente gostava de você, Saturn. E saber disso não era mais assustador.

E não, eu não precisava sentir um frio na barriga perto de você e eu não precisava sentir um choque atravessar o meu corpo ao tocar a sua mão para poder afirmar isso. O amor nos livros e nas histórias são demasiadamente fantasiosos, ilógicos, e o que eu sentia por você era real, Saturn.

E eu sei que, naquele momento, você foi capaz de sentir a minha lenta aproximação, Saturn. Sei disso pelo modo com que você se virou para mim, pelo modo com que o seu corpo frágil encontrou o meu. Sei disso pelo modo com que você tocou delicadamente o meu peito, pelo modo com que os seus olhos se abriram.

Lembro de sentir a sua respiração quente se chocar em meu pescoço, e lembro de como aquela sensação me fazia perder o juízo, de como aquela sensação era perigosa. Lembro de precisar respirar profundamente.

Ah, Saturn, eu ainda me lembro do exato momento em que eu coloquei a minha mão em seu rosto e a fiz olhar diretamente para mim. E por um curto segundo eu me perdi completamente em seus olhos esverdeados. Então, eu me lembrei de todas as vezes que desejei tê-la, de todas as vezes que desejei, mesmo que secretamente, beijar você. Quando dançamos na minha casa, quando eu lhe mostrei Saturno, quando passamos o Ano-Novo juntos, quando voltamos do Karaokê...

Repousei as minhas mãos na sua cintura. E, sem ao menos pensar, eu falei baixinho: "Eu queria tanto poder...". Mordi o meu lábio, repreendendo-me internamente.

Porque aquilo me lembrou da maneira como que você me rejeitou na noite em que voltamos do Karaokê. Ter os seus olhos fixos no meu me fizeram lembrar do jeito que você os abaixou quando eu me aproximei de você. E eu não podia ignorar aquela lembrança dolorosa martelando a minha mente.

Porém, você sussurrou algo para mim: "Item 26.". E eu claramente me lembrava do item 26, e justamente este detalhe é o que me deixava confuso, Saturn.

Eu pisquei algumas vezes, surpreso. "Eu posso?"

Por um instante, por um curto instante, a minha mente se esvaziou de todas as preocupações que me afligiam. Afinal, o item vinte e seis era meu e somente meu. E saber daquilo era o suficiente para mim. Nada mais importava.

Você sorriu, divertindo-se internamente com a minha pergunta. Lembro de sentir as suas mãos apertarem o meu suéter, puxando-me para perto de você. Os nossos olhos se encontraram antes de você fechá-los, e eu senti o meu coração pular sob o meu peito quando você finalmente me beijou.

E eu ainda me lembro da sensação quente e confortável dos seus lábios sobre os meus. Lembro de sentir uma felicidade inexplicável preencher todo o meu corpo.

Quando nos afastamos, percebi que você estava com a respiração levemente descompassada, assim como eu. Os nossos olhos ainda estavam fechados, mas eu ainda podia sentir a sua testa sobre a minha. O meu corpo foi tomado por uma abstinência momentânea, e eu sentia que precisava beijá-la novamente, como se a minha sobrevivência dependesse disso. "Eu posso... eu posso te beijar de novo, Saturn?" Sussurrei, praticamente implorando.

Abri os meus olhos, e encontrei os seus observando o meu rosto. Você sorriu largamente, e eu posso jurar que ouvi uma risada discreta. "Por favor." Você respondeu com a voz falha.

Sem mais delongas, segurei o seu rosto entre as minhas mãos e admirei todos os seus traços por um curto segundo, convencendo-me de que aquilo tudo era real. De que aquilo tudo não era um simples sonho. Eu aproximei o meu rosto do seu, lentamente, e eu pude, mais uma vez, sentir a sensação dos seus lábios sobre os meus.

Você ainda sorria quando eu a beijei de novo.

Foi lento. Porque eu não sentia pressa alguma em explorar todo o seu gosto. Eu não sentia pressa alguma em me afastar de você novamente, porque você era viciante, Saturn. Tínhamos todo o tempo do mundo dentro daquela estação de metrô.

E, céus! Tê-la ali, entre as minhas mãos, bem abaixo dos meus olhos, era muito mais do que eu poderia querer. Era muito mais do que eu poderia imaginar.

Porque o item vinte e seis era meu e somente meu. Porque você, Saturn, numa tarde qualquer na estação de metrô da universidade se permitiu ser minha, e somente minha. Porque a partir daquele dia eu permiti-me ser seu, e somente seu.

Sinto uma leve pressão em minha mão.

Automática e rapidamente direciono os meus olhos para a minha mão que segura a de Saturn, completamente surpreso e assustado com a sensação. Vejo, então, que os dedos dela estão segurando os meus. Os dedos de Saturn estão pressionando delicadamente os meus. Saturn está levemente apertando a minha mão de volta.

O ar falta em meus pulmões. Pisco os olhos inúmeras vezes, simplesmente não acreditando no que os meus olhos estão presenciando. Simplesmente duvidando de todos os meus sentidos. Eu não posso e não consigo acreditar no que está acontecendo aqui no quarto 502. Saturn está pressionando a minha mão.

Começo a rir, ainda sem poder crer naquilo. Saturn está me ouvindo? Saturn pode sentir a minha mão sobre a sua? A Saturn pode estar acordando? Pouco a pouco o riso é substituído pelas lágrimas que espontaneamente caem dos meus olhos. Saturn está me ouvindo. Saturn pode sentir a minha mão sobre a sua. A Saturn pode estar acordando.

Após cinco dias, a Saturn pode finalmente estar acordando.

★★★

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