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Capítulo 8

Violeta:

Quando ele retirou-se de perto de mim, pouco a pouco, fui soltando o ar que prendi. A notícia que passara a alguns instantes atrás me pegou totalmente desprevenida. Era surreal e macabro demais tudo o que estava acontecendo comigo. As vezes parecia que a ficha não tinha caído.

Aquele cara que estava deitado aconchegadamente no sofá, alternando sua visão entre um celular e uma bebida, incendiou o meu lar e todas as pessoas que habitavam nele. E depois —, essa é a parte mais sinistra e sem fundamento —, ele me tirou do lugar em chamas. Como assim? Quais eram suas intenções? Matar-me aos pouquinhos? E por que, caramba?!

De uma coisa eu tinha a absoluta certeza: Antes dele me matar, eu já vou ter enlouquecido.

Distraída e vaga, queimei meu dedo indicador na panela fervente. Gemi baixinho, mas foi o suficiente para seus olhos me encararem violentamente.

Virei-me de costas. Seu olhar era assustador, e quase todas as vezes meu pânico crescia só de olhá-lo.

Tocar na faca de cortar carne me fez, por uma fração de segundo, pensar em suicídio. Um movimento brusco com o braço indo em direção ao meu peito esquerdo e toda a minha vida acabaria.  Esse simples ato e todo o meu sofrimento, toda sensação ruim evaporaria. Mas eu ainda conseguia me imaginar livre, correndo, dançando. A brisa do vento beijando minha pele. O cheirinho de chuva adentrando em minhas narinas.

Estava mais que óbvio que eu não conseguiria sair desse lugar tão cedo. O local onde sua casa situava-se também tentava acabava com minhas esperanças. E se eu me perdesse? E se encontrasse algum bicho? Joguei todos os medos para fora de mim e ergui a cabeça.

Eu não desistiria tão facilmente.

Após preparar sua refeição —, eu não sabia exatamente o que ele queria, então preparei de tudo um pouco que estava em seu armário e sua geladeira.

Peguei um prato e me servi, ele que se dane se pensa que vou ficar com fome. Comecei a comer, e quando ele limpou a garganta, o vi parado em minha frente. Dei um pulo para trás de susto. Como ele conseguiu chegar tão perto sem que eu percebesse?

— Creio que já tenha preparado.

— S-sim.

— Pode colocar o meu.

— Sim.

— Dá pra parar de dizer "sim"?!

— Sim. — o que eu tinha na cabeça? Desafiá-lo desse jeito? Minhas pernas ficaram bambas com o modo que ele franziu a testa, respirando fundo.

Ele começou a comer, em silêncio. Então voltei para meu prato, apoiada na parede, o máximo possível longe dele.

— Sente-se aqui. — apontou para o assento vazio oposto ao seu.

Tudo silencioso, só eu ele comendo. Um cara frio, que acabou de matar cinco garotas, comendo normalmente. Comendo comigo! Não vou surtar de novo. Não vou surtar de novo.

A comida passou a não ter mais gosto quando me lembrei do que ele fez. Do que me obrigou a fazer.

— Não está ruim. — argumentou.

Está péssimo, ah, não.

— Como sabe meu nome? — em certo momento de coragem, ousei perguntar. Não estava suportando tantas perguntas sem respostas.

— Analise o seu passado com mais cuidado, acho que deve se lembrar de alguma coisa. — seus olhos cerraram-se e os punhos comprimiram-se.

Pensei e pensei e pensei. Vasculhei cada memória, das ruins até as mais boas. Droga de cérebro!

— Não lembro. — nenhuma lembrança de sua fisionomia. Nada.

— Não sei se você vai acreditar, mas já morei sob o mesmo teto que o seu — ele parou, largando seu garfo. Talvez minha cara de espanto estivesse muito patente. Segundos passaram-se, e o mesmo continuou:

— Já comi daquelas comidas velhas e vencidas que serviam e já fui para o quartinho do castigo, aquele que você estava e que incendiei junto com o resto do orfanato. — meu rosto não demonstrava reação alguma. Por fora parecia bem, nem tanto, mas estava. Mas por dentro, meu espírito estava dançando em um tiroteio de políciais com bandidos. E lá estava eu, bem no centro, usando uma fantasia ridícula de palhaço.

— Acho que eu tinha uns catorze anos naquela época. E você... oito. Quando cheguei para morar lá, minha alegria de criança tinha acabado. Minha infância havia sido destruída, estava completamente arruinado. Não é drama, aconteceram... coisas terríveis. — parou, atônito, como se estivesse vivendo aquilo de novo. — Bem, não importam mais. Me lembro bem que, um dia, eu estava tentando me enturmar com vocês. Era você, Violeta, e mais dois garotos. Só que até hoje não consigo entender por que fizeram aquilo comigo, sabe? Eu nunca tinha feito nada a vocês. Só queria uma compainha para brincar, desabafar sobre meus problemas, aprontar como toda criança faz. — quando terminou de contar bateu com força as mãos na mesa e falou alguns palavrões. Quer dizer, muitos palavrões.

Então, me lembrei perfeitamente de tudo. Tudo. Quando ele chegara para morar lá, sua pele estava marcada de traços vermelhos e roxos. Seu rosto cheio de espinhas. O que mais destacava eram seus olhos fundos, arroxeados aos arredores. E até doí em dizer, mas ninguém gostava dele. Eu mesma não queria sua compainha, porque diziam que ele era... estranho.

Sem querer, parei no tempo, voltando ao passado por alguns segundos:

— Oi, você quer brincar comigo? — meus braços estavam cruzados na parede e meus olhos estavam fechados. Era aquela velha brincadeira em que uma pessoa "contava" e os outros escondiam-se. Quando o garoto novato disse isso, parei e o encarei.

Já estou brincando. — ele baixou a cabeça, tristonho.

— Desculpe. — então eu voltei a "contar", mas ele interrompeu minha contagem, de novo.

— Eu posso brincar também? — fiquei pensando se deixava ou não, procurando uma boa desculpa. Não queria magoá-lo. Quando Bryan e Derick apareceram.

— Por que você ainda não nos procurou? — Derick perguntou com as sobrancelhas franzidas.

Por nada.cruzei os braços.

— E por que falando com ele? Vamos sair daqui. segurou minha mão.

— Ele quer brincar com a gente. — resisti a sua tentativa de me levar e apontei para o garoto de olhos esperançosos.

— Mas não vai. Vem! — Bryan disse e rodeou seu braço por meu pescoço. Derick segurou minha mão. Saímos dali, ousei olhar para trás, mas ele se afastava na direção contrária.

Na noite do mesmo dia:

— Precisamos mostrar quem manda aqui. Temos que dar uma lição naquele novato.

— O quê? — era bem tarde da noite. Eu acabara de sair do banheiro e ia de volta ao quarto quando ouvi Derick conversando com Bryan, em um corredor mais afastado dos outros.

— Droga, Violeta! Tá fazendo o quê aqui? — os dois tiveram um susto e eu não consegui evitar rir da cara de idiotas que eles fizeram.

— Eu estava no banheiro e quando ia de volta ao quarto escutei a conversa de vocês dois. Aliás, não era pra vocês estarem dormindo? Se alguém pegar vocês...

— A gente sabe o que acontece. Agora volte pro quarto, está nos atrapalhando! — ralhou Bryan.

Acho que não escutei direito. Tá mandando mesmo eu ir pro quarto? — fiz careta.

— Exatamente. — falou, calmamente.

— Ah, pois eu não vou. Quero saber o que vão fazer com esse novato. E saibam também que não podem fazer isso com ele.rolando uns boatos de que...

— Não interessa, garota! Vai logo. Volta! — Derick quase acordou o restante do orfanato. Olhou-me com um olhar de raiva e saiu junto com Bryan. Fiquei ali sem saber se ia atrás ou deixava pra . Os dois eram meus melhores amigos. Quando estavam por perto, sempre defendiam-me da Holly e de outras garotas.

— babacas. — cantarolei.

A realidade veio e com ela mais dores:

— Não acredito que aquele garoto era você! Eu não participei daquilo. À noite, escutei o Bryan e o Derick comentando que iam dar uma lição no "novato", até pensei em denunciá-los. Mas... Eles sempre estavam brigando e... — meu fôlego estava pesado. O homem à minha frente xingou alto e se levantou.

— Deixa eu explicar... Foi tudo um mal entendido. Me deixa concertar as coisas. Por favor... — solucei, me calando quando percebi que quanto mais eu falava, mais sua cara torcia.

— Você sabia o que eles pretendiam fazer. E não fez nada. Sabia como eu estava todo machucado... E não fez nada! — gritou, me fazendo estremecer e cair na realidade.

Eu não fiz nada para impedi-los. Se eu fizesse, nós três íamos para o quartinho do castigo.

Você não faz ideia do quanto eu gostaria de voltar no passado e mudar esse dia. — limpei as lágrimas que escorriam. — Não importa o que eu diga ou faça, não vai fazer diferença, não é?

— Não. — sorriu, satisfeito. — Já está tudo acabado. Ou melhor, está acabando. — sentou-se novamente para terminar seu prato. Fiquei atordoada, pensando amargamente sobre sua última declaração.

— Pode voltar a comer, se quiser.

— Não. — quase não reconheci o tom de voz firme e ameaçador que saiu de minha boca.

Se eu soubesse, ah, se eu soubesse que toda aquela treta infantil ia resultar em mortes, futuramente a minha, eu o teria abraçado quando me chamara para brincar. Teria virado sua amiga e,  principalmente, teria obrigado Derick e Bryan a pedirem desculpas.

— Quando fugi daquele inferno — me sobressaltei quando escutei sua voz. — Prometi a mim mesmo me vingar de todos que me trataram mal. Até aqueles que ousaram dizer um simples xingamento. Um por um. E você, Violeta, será a última. — recuei alguns passos para trás e colei minhas costas à parede. Com as duas mãos segurei forte os cabelos e tentei conter as lágrimas, olhando para cima. Minha cabeça não ia aguentar. A tontura fez minha visão se embaçar.

— Última... — sussurrei, limpando o suor que descia do rosto. Umedeci os lábios, sentindo-os cortados por conta de tanto ressecamento.

Quando olhei para cima, o vi a menos de três passos de mim. Mas como...?

— Última. — sussurrou em meu ouvido. O hálito tão quente que minha barriga deu um nó de apreensão.

Minhas costas deslizaram devagar de encontro ao chão. Minha cabeça girava.

— Água. — consegui dizer.

— Hm... Ok.

Bebi e a vertigem foi cedendo. Me coloquei de pé, pronta para voltar pra aquele lugar, qualquer lugar longe dele.

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Capítulo revisado. ✔

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