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Doces ou Pães recheados?


Caminho rapidamente pelo longo corredor. Até chegar ao meu escritório:

-Senhorita Montes, fico feliz em vê-la, está elegante como sempre.

-Carlos, é impressão minha ou você emagreceu? -falo com um tom brincalhão.

Ele ri e me dá um abraço. Carlos Trindade é meu escrivão, com seus trinta anos cabelos escuros, paletó cinza claro com pequenos grãos de açúcar cristalizado, devido rosquinha de chocolate com granulado extra que ele come todas as manhãs.

-Então, o que temos hoje? -ele me pergunta sentado na cadeira a minha frente.

Olho para a montanha de papeis na minha mesa sem saber por onde começar. Até que um homem alto abre a porta apressadamente.

-Desculpe interromper –ele diz com uma voz ofegante-chegou um caso novo de um homem suspeito de matar suas duas filhas e a esposa, mas como se não fosse suficiente ele também é acusado de vender seus corpos em troca de dinheiro, além de está envolvido em um dos maiores grupos de tráfico de pessoas do mundo. O coronel exigiu que você ficasse com o caso.

-E onde está esse homem? – eu questiono.

-Ele já está esperando na mesa de interrogatório. - ele anda na minha direção e me entrega apenas uma folha com informações vagas sobre o rapaz.

-É apenas isso que sabemos sobre ele, sinto muito- ele acena com a cabeça e se retira da sala.

-Homem branco, olhos castanhos claro, 24 anos identificado como Sergio Marques, acusado de assassinar a sua esposa e suas duas filhas (não identificadas), mas Marques, diz que nunca teve filhas e nem esposa. Sergio, também é acusado de participar de um grande grupo de Tráfico de pessoas para fins lucrativos. -leio em voz alta- O que acha? – pergunto.

-Esse homem é no mínimo um psicopata- Carlos diz.

Eu levanto da cadeira pego a folha com poucas informações que tenho sobre ele.

-Temos que descobrir o que esse homem quer.

Ando até o final do corredor onde fica a sala de Interrogatório, acho que nunca irei me acostumar com a sensação de entrar nessa sala. Carlos abre a porta e acena com a mão para que eu entre. Ele se senta em uma mesa de madeira velha encostada no final da sala, onde tem apenas um computador onde ele escreve tudo que é dito. Eu me dirijo a mesa onde o suspeito me olha fixamente. Antes de eu poder sentar na cadeira de ferro colada ao chão:

-Delegada Mariah Montes.

Ele lê o crachá que está pendurado no centro do meu peito.

-Sergio Marques, como está sendo o seu dia? -pergunto de forma sarcástica.

-Esta sala é um pouco entediante, mas agora que você chegou- ele sorri.

Eu ignoro seu comentário.

-Então, Sr. Marques, você sabe o porquê está aqui, não?

-Sim, sei -ele diz convicto -estão me acusando de algo que não fiz, Delegada e você sabe disso

Ele tem um jeito calmo e incisivo.

-Eu não estou aqui para brincadeiras, me diga o que você estava fazendo na manhã do dia Vinte de Maio.

-Eu levantei da cama ainda era cedo devia ser umas 6:00, combinei com a mãe do meu sobrinho de ajudar na festa de aniversário de 09 anos dele, devo ter chegado lá por volta das 7:00 horas demorei um pouco para me arrumar- diz ele sem pestanejar.

-E o que você deu para ele de presente?

-Um relógio.

-Por que um relógio?- eu pergunto

-Ele me pediu a muito tempo Senhorita Montes, imagino que saiba que crianças não desistem muito fácil.

-E se você tivesse que escolher um presente qual seria?

Ele ri da minha pergunta, mas responde:

-Não faço ideia Senhorita.

Antes de eu poder fazer a próxima pergunta alguém entra na sala.

-Delegada tem um minuto?

Me levanto da cadeira e caminho até a porta.

-Alguma informação Carla?

Carla nos ajuda em campo, ela vai aos locais onde o suspeito foi visto e investiga.

-Sim Mariah, Falei com algumas pessoas da vizinhança e disseram que viram o suspeito na parte da manhã por volta das 7:00 horas, em uma padaria popular no bairro juntamente com uma moça, loira, alta com uns 27 anos aparentemente, perguntei para o caixa da padaria o que eles compraram ele disse que pediram 2 pães recheados e 1 para a viajem, também perguntei da atendente que fez o pedido, ele disse que ela pediu demissão no dia seguinte, a justificativa foi que havia uma oportunidade de emprego melhor.

-Estranho, obrigada Carla, se souber de mais alguma coisa fale, por favor.

-Claro!

Lá vamos nós, volto para a mesa onde o suspeito espera pacientemente, olho para o relógio pendurado na parede atrás dele, e já fazem 3 horas que estamos aqui dentro, espero que eu consiga tirar algo desse homem.

-Então, Sr. Marques, você foi visto no dia do ocorrido em uma padaria famosa do local, o que o Senhor pode me falar sobre isso?

-Gosto de frequentar padarias algumas vezes Senhorita. -ele diz tranquilidade

-Claro, a final todos nós gostamos de mudar a rotina a vezes, mas o senhor foi visto na parte da manhã por volta das 07:00 horas.

-Ah...claro- engolindo seco -achei que não fosse importante contar isso, mas fui à padaria para comprar alguns doces para o aniversário do Maicon.

-Parece que o Senhor esqueceu mais um detalhe importante, você não comprou doces, e sim 3 pães recheados sendo que um foi para a viagem.

O homem fica mudo sem expressar nenhum sentimento.

-Tudo bem, vamos terminar por hoje, espero que lembre algum detalhe que não achou importante me dizer, amanhã.

Me levanto da cadeira aceno para Carlos me acompanhar, e antes de eu abrir a porta.

-Estou ansioso para amanhã, Delegada -ele me desafiando.

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