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Bloco C


A porta do quarto abre, e uma outra enfermeira entra.

-Olá, eu vim trocar o seu curativo.

Ela caminha na minha direção. Então eu vejo o celular dela no bolso do jaleco. Não, eu não posso está pensando nisso.

Ela começa a organizar os matérias na mesa ao lado da cama, tesoura, soro, gaze, esparadrapo e pomada.

-Como você está se sentindo? -ela pergunta atenciosamente.

-Estou bem.

-Você é forte, mas se estiver sentindo algo e bom nos avisar.

Ela retira o curativo. O rosto dela está na altura da minha cintura, mas que droga, melhor fazer isso logo. Pego a tesoura devagar sem ela perceber, dou uma chave de braço nela.

-Shhhh, quieta. -minha mão tampa a boca dela, e a tesoura está mirada na garganta.

Ela me olha com desespero nos olhos.

-Eu não vou te machucar se você colaborar, ok?

Ela balança a cabeça positivamente. Sinto os pontos se abrindo.

-Me empreste o seu celular.

Ela retira lentamente do bolso, e me entrega.

-Desbloqueie.

Com a digital ela desbloqueia o celular.

-Presta atenção, eu vou soltar a tesoura se você reagir, eu vou te procurar até no inferno, entendeu?

Ela afirma. Uma das minhas mãos ainda tampa a boca dela. Eu pego o celular e ligo para o James.

Toca apenas duas vezes:

-Alo quem é?

-Sou eu.

-Mariah? Eu passei vários dias tentando te ligar, o que aconteceu?

-Eu não posso falar muito, estou com companhia. Eu aceito a proposta.

Ele entende o que eu quero dizer, e fala:

-Filipi vai te visitar amanhã.

-Seja, rápido ocorreu imprevistos.

Desligo o celular, apago o histórico de chamadas, e reseto para alguns dias atrás. Os dias de curso de informática serviu para alguma coisa.

-Pegue.

Ela guarda de volta no bolso.

-Eu vou te soltar, não grite e você já sabe o que acontece se falar algo.

Eu a solto devagar ela se arruma.

-Seus pontos abriram, tenho que chamar a medica.

Ela sai atordoada do quarto.

Minha nossa, eu estou enlouquecendo, acabei de ameaçar a enfermeira. Espero que o James tenha um plano muito bom, se não vou apodrecer na cadeia.

A medica entra:

-O que aconteceu, seus pontos abriram porquê?

-Acho que andei demais.

-Eu falei que o delegado não seria a pessoa ideal para isso. -ela balança a cabeça decepcionada, com a situação. -Vamos dar uma olhada nisso.

Ela examina.

-Dois pontos soltaram, vou precisar suturar novamente. Acho melhor você ficar mais um dia aqui.

-Não, não vai ser necessário.

Não posso passar mais um dia aqui.

-Seu ferimento abriu Mariah, você pode contrair infecções, você vai voltar para a penitenciaria, e corre mais riscos ainda.

-Por favor doutora, eu tenho que ir embora.

-Vou suturar, se você se recuperar bem assino sua alta amanhã, caso contrário vai ficar mais um dia aqui. -ela fala incisivamente.

Ela sutura o ferimento, e troca novamente o curativo.

-Vou colocar um remédio no seu soro, você provavelmente vai dormir.

-Ok

E assim é feito, em poucos minutos eu durmo.

As persianas do quarto do hospital não deixam a luz do sol entrar, mas pelo relógio na parede dá para ver que são 8:00 da manhã. Fico deitada por alguns minutos, e a medica entra:

-Bom dia Mariah, como se sente?

-Ótima.

-Imagino -ela ri -Vamos ver se os seus pontos dizem o mesmo.

Ela dá uma olhada.

-É você se recuperou muito bem -ela sorri

-Então estou liberada?

-Esse é o nosso acordo, vou assinar a sua alta, mas você precisa me prometer que vai tomar cuidado, sem muito esforço e tome os remédios.

-Pode deixar.

-Ok, vou chamar delegado.

Ela se retira, e depois de um tempo ele aparece.

-Que bom que você está melhor. A doutora falou que você se recuperou muito bem. Trouxe o seu uniforme, quer que eu chame alguém para te ajudar?

-Não precisa, consigo me virar.

Ele me entrega o uniforme.

-Vou esperar lá fora, quando terminar de duas batidas na porta.

-Ok

Levanto da cama, e caminho lentamente até o banheiro. Troco o uniforme. Vou até a porta e dou duas batidas.

-Pronta? – o delegado fala

-Sim

-Coloque os braços para frente.

Ele me algema e me leva até a parte de fora do hospital.

O sol bate nos meus olhos, nunca imaginei que sentiria falta do cheiro de poluição, das crianças correndo na frente dos carros e do barulho de buzina.

-É bom, não? -ele pergunta quando me vê respirando fundo.

-Sim.

-Se você me contar tudo, quem sabe possa estar viva para sentir isso de novo.

Uma van preta e amarela, com a logo da penitenciaria se aproxima.

-Vamos.

A van da partida, não tenho noção de onde estamos passando, aqui dentro as janelas tem vidros escuros. Depois de um tempo a van para.

-Chegamos.

Ele me ajuda a sair, e nos dirigimos até a recepção. As policiais me revistam. Quando termina, o delegado me entrega para um guarda:

-Bloco C, cela 10.

-Como assim?

-Você não pode mais ficar na mesma cela Mariah. Você e Jasmine no mesmo local, não é uma coisa que pretendo ver novamente.

O guarda me leva até o bloco C. As detentas cochicham enquanto eu passo.

Chego no bloco:

-Aquela cela e a sua, evite confusões -ele me entrega um cobertor.

-Vou tentar.

Entro na cela. Uma mulher de meia idade segurando um livro nas mãos me encara.

-Eu sei o seu histórico. Então tenho algumas regras, minha cela esta sempre organizada como pode ver, então exijo o mesmo de você. Não quero companhia aqui. E o mais importante se tiver que morrer morra em outro lugar, que não suje a minha cela. -o tom dela é arrogante.

-Como preferir, onde eu fico?

-Ali -ela ponta.

-Certo.

Ela volta a ler o seu livro. E eu saio da cela.

A gangue da Karolin está reunida na mesa, uma das mulheres bate no ombro dela e aponta para mim, ela olha. Eu caminho devagar até a mesa, elas me olham. Ao me aproximar Karolin fala:

-Saiam garotas.

Elas saem rapidamente.

-Que bom que você voltou -ela sorri

Me sento no banco em frente a ela.

-As outras não podem saber, que você tem piedade das pessoas Karolin? -uso um tom irônico.

-Melhor não -ela dá um meio sorriso.

-Obrigada por me ajudar.

-Certo, depois podemos conversar melhor, tenho que ir fazer a droga do programa de narcóticos -ela olha para trás enquanto sai e diz: -Bem vinda ao Bloco C Mariah.



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