CAPÍTULO 28 - ALGUÉM NÃO TEVE DESCANSO (parte 4)
-Deu merda, basicamente, muitos lobos, muitos, mais que os cidadãos, que estão em uma baderna e barbaridade, comum da raça humana em tempos de crise. Está um pan demônio, não estou com... a sanguessuga... Há outras e um felino... Apenas mandem reforços para conter os Lobos, e rastreiem meu IP, manterei esse aparelho por no máximo trinta minutos.
-Quando a mensagem... - eu ia perguntando, quando Chlöe me interrompeu.
-Eu estou trabalhando nisso! - ela disse sendo sugada para a tela de seu... pad...
Chlöe estava encantadora, digo, não importa o que eu faça, não me sentiria perfeito como aquela mulher me transmitia. No meio do caos ela estava enfurnada em seu dispositivo, cheia de seus dedos velozes e acionando não sei o quê.
Eu ouvi algum barulho à nossa frente, isso me preocupou. Poderia ser alguma pessoa, mas dada a quantidade de lobos que a cidade estava, era bem provável que fosse um... ou pior... oito deles... Nos cercaram antes que pudéssemos perceber.
Eu segurei devagar o meu machado, e lentamente comecei a suspendê-lo, me posicionando para o confronto.
-Erh... Chlöe - chamei-a - eu não quero te apressar mas, temos companhia.
Ela levantou a cabeça, pude ver no canto do meu olho.
-Dá um jeito - ela disse autoritariamente - preciso me concentrar e eu nem ao menos estou com bala de prata.
Droga!
-Eu não sou pago para isso - falei com a voz falhando de medo e raiva.
Então fui ao ataque.
Abri minha base para suspender o machado o mais alto que podia. Eu sei, era imprudente, mas se ao menos eu conseguir atacar um lobo dessa forma, ele já era! Iria virar filé.
O bando de cachorrinhos ficaram agitados. O lobo que tentei acertar desviou para a esquerda. Os lobos que estavam por trás de Chlöe, quase nenhum na verdade, vieram para cima de mim. O que me irritou. Vão lá pegá-la também, droga!
Eu preciso aceitar que eu teria que protegê-la, e assim o faria. Mas a probabilidade de virar purê martelava minha cabeça. Ao menos estamos próximos a uma parede, se Chlöe andar para trás, diminuirá a quatro direções a ação dos lobos... Cima, esquerda, direita e frente... Ao menos de trás não viriam mais.
Um lobo cinza surgiu pulando ao meu lado esquerdo, eu rotacionei em sua direção para atacá-lo, mas a lâmina de meu machado não conseguiu tocá-lo, pois eu não fui rápido o bastante, precisei usar o cabo do machado para dar um golpe em sua boca, o que o fez recuar grunhindo.
Minha lente estava louca, mostrava-me diversas probabilidades e dava zoom instantaneamente onde eu deveria focar meu golpe, mas eu confiava em meus instintos, eu poderia ter morrido por várias vezes.
A Chlöe também.
Eu recuei para me jogar entre um lobo e a cientista obcecada. Conseguira ferir um lobo ansioso que estava para a abocanhar... Chlöe nem se quer percebera.
Ao me virar para frente, os outros sete haviam se reagrupado, e minha lente me mostrando análises das posições que eles estavam, eu avancei nos dois que pareciam mais fracos, mas ele eram mais rápidos que eu. Um fechou sua boca em meu braço e outro em minha perna, enquanto os outros olhavam e se aproximavam sorrateiramente.
Droga, que luta injusta. E eles querem mesmo me matar afinal?
-Chlöe, eu preciso de você aqui! - gritei para ela
-É pra já - me respondeu sem nem olhar para mim.
Eu virei minha atenção de volta e me deparei com outro lobo pulando bem em minha frente, com seus dentes enormes para abocanhar minha cabeça. Agachei rapidamente, ainda com os outros dois lobos grudados em mim.
-Droga! - eu ouvi Chlöe gritar - Consegui! - berrou segundos depois, mas logo foi balbuciando umas coisas que eu não faço menor ideia do que era.
Eu não sentia mais o lobo que tinha pulado e passado direto por eu ter agachado, mas ainda estava com alguns na minha frente e um mordendo meu braço direito e outro a minha perna esquerda. Eles apenas estão querendo que eu caia para o resto da matilha me destruir... Eu não iria largar o machado, e sinto-lhes informar que eu não estou usando qualquer roupa... O material era suficiente para aguentar mordida de tubarão, o problema? Bem, não teria minha carne perfurada, mas seria esmagada... Sorte que esses lobos não estão conseguindo faz dano suficiente para que me incapacitem.
Um lobo ousado furou a matilha, mas eu girei meu machado com meu braço esquerdo e cortei bem na sua boca.
-Sorria mais, desgraçado - disse baixinho enquanto o lobisomem agonizava no chão até morrer.
Eu tomei esse ato como estímulo e comecei a revidar aos lobos, cortei a cabeça de quem segurava minha perna. Os coleguinhas deles não gostaram: o que estava mordendo meu braço direito começou a morder de forma mais violenta; os outros começaram a pular em minha direção... e... outros mais estavam vindo...
Eu comecei a recuar, tentando fechar pelo menos o fundo... Eles eram muitos e eu não estava vendo nenhum furo para me aproveitar. Então ouvi a arma de Chlöe disparar - ela estava comigo, finalmente.
Os lobos mais distantes estavam agora perto... Alguns de frente pra Chlöe, outros me cercando, enquanto eu girava meu corpo juntamente com meu machado e os cortava. Aquilo era demais, digo, com a entrada apagada da Chlöe eu comecei a me sentir mais seguro e com mais vontade de matá-los, mesmo que a munição da Chlöe acabasse...
Era o que eu precisava... Dividir a cena.
-Chlöe - eu gritei sorrindo, tentando puxar sua moral para a luta.
Ela resmungou algo que eu não consegui entender, mas continuei em minha labuta... com meus fáceis movimentos de rotacionar o corpo e descer a lâmina do machado na cabeça, nas patas, na coluna, de qualquer lobo que viesse me desafiar.
Em um instante os lobos pararam e começaram a se afastar, rosnando. Eu aproveitei para desafiá-los. Matava um a um, eles pareciam estarem preocupados com alguma coisa, pois rosnavam em direção à esquina. Minha lente identificou uma silhoueta no meio das luzes do fogo... Era Marocci... Nada a temer... O chefe chegou!
Em um momento ou outro eu conseguia ver de canto o Marocci atirando facas nos lobos que estavam próximos à Chlöe.
-Foram vocês que eles mandaram? Eu não mereço isso - disse Marocci estranhamente com uma entonação e tipo de piada que An faria - que descaso!
Eu aproveitei a pausa momentânea para me agrupar com eles, os lobos ainda estavam temerosos e raivosos ao nosso redor.
-Bom te ver também, chefe! - o disse.
-O novo senhor de Asgard, contemplem Thor de quinta categoria - ele falou... Eu não entendi...
-Onde está o An? - Chlöe o perguntou se levantando.
-Não importa nesse momento, precisamos afastar essa multidão - falei com um sorriso no rosto esperando apenas uma aprovação para lutar à sério na frente do chefe.
-Não tem An, tem Ângelo - disse o chefe mostrando algumas facas presas à seu sobretudo estranho e queimado - É o que tem para hoje.
-Você está realmente andando muito com Marina... E principalmente com An - disse Chlöe.
-Tsk, me poupe! - Marocci falou grosseiramente - Mas alguém sabe me explicar que porra é essa aqui, que está acontecendo? Explodiram meu prédio comigo e An dentro.
-Chefe? - perguntei abaixando o Machado.
-Amado? - Chlöe perguntou com imenso estranhamento.
Ouvimos uivos, viramos nossas faces para o perigo que estava diante de nós, e sabíamos que precisávamos lutar ou fugir.
-Vamos sair daqui, vocês tem um carro? - disse Marocci para meu desapontamento.
Fomos correndo para o carro, enquanto o chefe lançava facas para atrasar os lobos que nos perseguiam. Nas poucas vezes em que eu olhava para trás, eu tinha a impressão de que a quantidade de lobos aumentava... Estavam nos perseguindo... Sabiam quem éramos?
-Chefe - gritei - Chlöe acha que foi obra da ponianak.
-Ah, é... Digo... - Chlöe batia na cabeça como se quisesse lembrar de alguma coisa - Será que ela está usando magia negra e magia vermelha, ou magia vermelha ou magia negra ou os dois ou... eu não sei, mas é obra dela, já que ela consegue possuir alphas.
-Entrem no carro - gritei.
-Eu dirijo - disse Chlöe
-Mas se for mesmo, An deveria estar dando conta disso - o chefe comentou.
-Onde está An, chefe - perguntei entrando no carro.
-Eu não sei - ele disse desolado - ele apenas me... disse pra ficar seguro e saiu.
Chlöe deu a partida, alguns lobos já haviam nos alcançado, inclusive tentavam entrar pela janela. Eu puxei a arma do colo de Chlöe, meti a mão debaixo do banco de trás - onde eu e Marocci estávamos - e rapidamente carreguei a arma para causar danos no focinho de qualquer um que tentasse entrar no carro.
O chefe era incrível, eu apenas apontava a arma e ele já estava com um cutelo quebrando os ossos do focinho dos lobos que se metiam no carro. Com a janela livre, eu comecei a mirar nas patas, e um a um, fazia cair. Não era o suficiente para matá-los, mas conseguiria ferir suficiente para fazê-los desistir da caçada.
-Chlöe essa é a Marina, estamos numa linha segura - disse a voz de Marina no comunicador
-MARINA! - exclamou Chlöe.
-Vocês têm comunicação? - perguntou Marocci
-Vejo que estão com eles - disse Marina
-Não, apenas o chefe - falei
-Charles passe um comunicador para Ângelo - disse Chlöe jogando sua bolsa para o banco de trás.
-Onde está a sanguessuga albina? - perguntou Marina.
-Separou-se de Marocci em algum momento - respondeu Chlöe enquanto eu entregava um comunicador ao chefe.
-Quando? - Marina perguntou com ansiedade no tom de voz.
-Há um pouco mais de uma hora, quando a merda de meu prédio foi explodida por esses fodidos! - falou grosseiramente Ângelo - Marina, que porra está acontecendo?
-É minha folga Marocci... Eu deveria estar com meu bebê descansando - disse Marina - Outra divisão da Força da Noite identificou um pico de magia na região, eles estavam tentando definir que magia estava sendo conjurada, talvez a suspeita de Chlöe esteja certa, eles acreditam ser magia negra e magia vermelha. Alguém está usando a cidade como um grande templo e usando o sacrifício dos cidadãos, o sangue e... o terror generalizado para o acúmulo de magia.
-Minha Deusa - exclamou Chlöe
-Mas do que é que vocês estão falando? - eu perguntei perdido na conversa.
-Precisamos encontrar a bruxa e/ou o homúnculo - disse Marina - foi o que me orientaram...
-Homúnculo? Bruxa? - Chlöe perguntou - Ah, claro! Essa quantidade de energia deve ser utilizada para algo... e está sendo coletada por alguém. Ou esse alguém vai assumir todo esse poder para fazer algum ritual, qualquer que seja... ou irá acumular em um homúnculo... uma... relíquia... Mas como é que vamos identificar isso?
-An! - Marocci e Marina falaram em coro.
-Como An irá identificar isso? - Chlöe perguntou.
-Ele é um... sanguessuga - disse Marocci - onde há sangue ele saberá... e Vinho rosé tambpem - completou rindo.
-Aliás Marocci, você também saberá para onde essa magia está indo - falou Marina
-Como assim? - chefe perguntou
-Seu pingente pode guiar vocês a An e ao próprio epicentro da magia, mesmo que não estejam na cidade - explicou Marina.
Marocci segurou seu pingente em forma de coração vermelho...
-Como eu... - ele disse, mas foi interrompido pela luz vermelha do pingente e seus olhos ficaram completamente rosados...
-Merda! - bradei me afastando dele.
Não haviam pupilar, íris, nada, só uma bola metálica rosada...
-O que houve? - perguntou Marina.
-Parece que Marocci já descobriu o que fazer... - completou Chlöe olhando para Marocci que virava seu rosto para a sua direita.
Chlöe virou à direita.
-Certo, reforços estão na cidade, vão focar em resgatar os civis. Achem aquele viado e preparem para... - A voz de marina foi interrompida em minha cabeça quando eu senti o carro virando...
Eu fui atirado pela janela juntamente com meu Machado e caí de costas num monte de madeira. Por pouco não morria, pois a lâmina estava paralela aos meus ombros... se perpendicular estivesse, eu teria sido dividido em dois.
Eu comecei a procurar o carro com meus olhos... Eu estava com essa roupa estranha por baixo, mas Chlöe e chefe não.
Merda!
Me levantei tonto com meu machado nas mãos e antes que eu focasse com minha lente nos cantos mais ao longe, eu fui surpreendido com uma criatura que parecia meio animal e meio humana sendo atirada, passando bem próximo de meu nariz.
-Ali-kun - um grito soou.
Eu localizei o chamado, veio de um samurai com os braços quebrados no chão próximo ao carro. Mas o que?
Quando olhei para o outro lado, de onde veio a estranha criatura, havia um cara de dois metros de altura, aparentando ter a mesma idade que eu. Com barba aparada... De etnia mista... Pois não consegui dizer se era latino, ou branco, ou asiático... ou afrodescendente, por causa da combinação estranha de seus olhos estirados, nariz redondo, cabelos lisos e claros, barba loira e estirada.
Mas o que?
Ele agarrava um jovem desmaiado, com cabelo longo, loiro ou ruivo, acobreado... Eu tive a impressão de que era An...
O cara estava rodeado de lobos, mais escuros e maiores que quaisquer um que tínhamos visto antes, dentro desse pan demonium.
-O chefão, eu presumo - eu falei com sorriso de um dente a outro...
Meus colegas estavam em algum lugar, mortos ou vivos. Eu queria muito ir socorrê-los... Mas uma oportunidade se revelou e eu não consegui deixar passar... Sabe, hoje era minha folga.
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