CAPÍTULO 23 - ALGUÉM CONHECE A FAMÍLIA (parte 1)
-Posso entrar? - ele perguntou com todo o sarcasmo do mundo. Não parecia arrependido.
Essa sanguessuga albina tarada... Eu... Não... Mas que merda.
-TSK! - reclamei dando as costas com a porta aberta e An com alguma pose aleatória - por onde você andou, idiota!
-Eu... - An começou a falar inseguro, e eu a estranhar esse tom em sua voz - Ah meu Moranguinho - disse ele mais agudo e do mesmo jeito An de ser - Eu voltei direto pro trabalho depois que você me dispensou lá na frente daqueles viados todos... por falar nisso cadê Thor genérico?
-Não me importo! - eu disse ainda com raiva de An. "Que demônios, depois de tudo isso ele ainda tem a pachoca de me deixar sem notícias o dia inteiro!? E a aparece aqui com a cara mais... ridícula possível... É para me desrespeitar? Me... chacotar?", pensei eu revoltado.
-Hum... Não seja assim, vamos Moranguinho - ele repetiu fazendo vozinha de criança.
-O que é que você quer? - perguntei olhando a geladeira e pensando em fazer uma adega, pois seria mais adequado para guardar bebidas do tipo... qualquer tipo.
-Vinho... Rosé... e suave, eu não concordo com essas bixas de dedo midinho levantado que bochecham vinho e cospem para depois falar que vinho seco é chique e suave é da plebe... Quer saber o que é da plebe? - ele disse, possivelmente fazendo caras e bocas e posições à porta.
-Não me importo - falei pegando a única opção que tinha, Vinho Rosé.
-Eu não sei o que você quer viado... já estou ficando depressiva-gótica-emocore cantora de banda de rock...
-Eu quero que você me deixe em paz - disse friamente sentando no sofá e ligando a televisão.
Por um momento a nossa interlocução foi cortada pelos sons da TV. Estava sendo noticiado sobre a última noite. Eu me espantei, pois haviam imagens de sombras e luz, na verdade a rua em que encontramos An com os lobos e aquele Alpha estava com algumas avarias, haviam vídeos dos moradores das ruas próximas, mas não revelavam muito do que ocorreu. Mal imaginam que houve uma batalha entre um vampiro tarado e werewolves. Creio que a Força da Noite deva ter feito seu trabalho ao máximo para abafar tudo o que ocorreu... Bem... Só essas poucas imagens vazaram.
Eu já imaginava que isso iria acontecer, por isso deixei o Thor desnecessário junto com a equipe de Tecnologias da Informação e Telecomunicações cuidarem disso. Eu já não estava muito contente com o novo cargo, e o Thor2 percebera o que eles queriam fazer conosco, nos retirar de nossos cargos de cientistas... nos colocar nas operações... Isso não é uma organização militar... Que seja, dentro de mim sabia que não seria o único a perder o meu lugar.
Como eu tenho saudades de passar dias de pé analisando cada detalhe de respingo de mancha e cada amostra de sangue... Agora temos que lidar com cachorrinhos e demônios orientais... E egos inflados de pessoas desnecessárias e... Eu ainda tenho que lidar com An...
-Mo-ran-go-zi-nho!? - por falar no diabo.
-O que é que você quer, seu desgraçado - eu disse com a garrafa de Vinho na mão, virando minha cabeça para a sua direção. Ele estava ainda à porta, com as sobrancelhas apontadas para cima e um beicinho... ridículo...
Será que ele não... entende que...
-Eu quero... entrar... meu gostosinho... - ele me respondeu - Eu te deixei preocupado de novo? - me perguntou com olhos brilhando.
Eu suspirei, apoiei minha cabeça no recosto do sofá, apertei os olhos e tentei não admitir que eu fiquei com saudades, preocupado... me sentindo...
-Você entra... Se você quiser...
-Mas você quer que eu entre?
-Se você quiser, então você entra, não esse tipo de vampiro...
-Que tipo de vampiro eu sou?
-É do tipo que entra, sem pedir permissão.
-Você gosta do tipo que entra sem pedir permissão?
-Eu não gosto de vampiros.
-Eu sou um vampiro...
-Eu não gosto de você.
-Tá, mas eu posso entrar?
-Você não precisa pedir permissão idiota!
Ouvi a porta bater e senti algo de frente pra mim, ali, fazendo sombra. Seu cheiro era doce, sua respiração era pesada, seu hálito estava na minha cara. Eu abri os olhos e me assustei com o óbvio: An.
Ele apoiou os joelhos entre minhas coxas e as afastou ainda mais, tomou o vinho de minha mão e empurrou contra minha boca - eu não consegui ter uma reação a isso. O líquido invadiu minha boca e desceu minha garganta sem esforço. Ele estava olhando dentro de meus olhos, com um sorriso sinistro e perverso, quase gargalhando em me ver prestes a engasgar com o tubo em minha boca despejando seu conteúdo em mim.
Engoli de vez.
Antes que eu gritasse ou que desferisse algum golpe, ele segurou minhas mãos, empurrou seus joelhos, fazendo com que eu escorresse para seu colo, e beijou-me à força.
Eu mal tinha puxado ar, ele estava me privando de mais ar, com seus beijos cadenciados que alternavam entre sucções e mordidas. Por mais que eu odiasse aquilo, eu estava ficando tonto e excitado. Acho que... o que vai acontecer agora... Digo... O que eu quero que aconteça... Eu... Vou deixar a repreensão para depois.
Em um breve momento eu senti minha boca sendo liberada.
-Ah - gemi de dor e prazer em sentir seus dentes perfurando a carne de meu pescoço.
Ele estava entrando.
Eu tinha dito que ele não precisava de permissão para entrar. Droga! Seria por isso que ele tomou a iniciativa? Eu apenas queria que ele entrasse... mais... e...
-Oooh! - ouvi uma interjeição de espanto - Papa hentai-desune
-MAS QUE P... - eu gritei me debatendo com todas as minhas forças. An me largou e eu caí para o outro lado do sofá.
Tinha um... algo... uma... mocinha... Rapazinho... Eu não sei... Era magro, da mesma estatura que An, apenas dois ou três centímetros maior. Com sardas no rosto, olhos vazios, lábios em bico, cabelos ondulados que me faziam ficar hipnotizado... eram ruivos, quase loiro... acobreado... Eu acho. Iam até o joelho.
Ele... Ela... estava com os ombros arqueados para frente, parecia quase autista o jeito que ele olhava para mim e An. Sua camiseta bastante folgada, deixava aparecer seus mamilos bicudos e retraídos... Não parecia haver volume de seios... Então era... Rapaz? Parecia ter entre 16-22 anos de idade.
-Bolinho - An falou com entonação emocionada na voz. Só aí percebi que ele estava apenas de cueca, o An.
-Papa-chan - respondeu o rapaz.
-Por que vocês estão aqui? - An gritou desferindo um chute para sua direita.
Ouvi algo sendo perfurado, algo que continha carne e líquido. Uma pessoa? Estava muito pasmo atrás do sofá e não tinha percebido a cena por completo: O rapaz que estava ali não apareceu sozinho, um samurai estava com ele, bem, agora com a perna de An transpassada em sua barriga.
-Mas o quê?! - gritei de trás do sofá.
-Yurushi kuda... sai... Shishou... - o samurai falou caindo ao chão de joelhos e mostrando sua espada.
-Shishou meu cu! - respondeu An.
-Papa! - o rapaz falou - Hidoi-desu!
-Ooooooh - An suspirou parecendo uma fujoshi prestes a se derreter de fofura - Desculpa Frey-chan - disse An abraçando o ruivo como se fosse fazê-lo pocar de tanta pressão do abraço.
-Shiro, itai! - Disse o... Frey-chan?
-Daijoubu, daijoubu! Shiro vai ficar bem, não se preocupa, meu cupcake docinho que mais amo nessa vida desgraçada. Oh! - An ficou esfregando suas bochechas contra as de Frey-chan.
-Aaaah, ieeee, papa niou! - reclamou Frey-chan sem mudar as expressões faciais ou a entonação de voz. Às vezes eu tinha impressão que ele parecia uma criança regredida, às vezes ele parecia que tinha comportamentos fleumáticos...
-Ah mas que merda é essa?! - eu bradei detrás do sofá - Que gente é essa?!
-Nhom! - Ele quer saber quem é esse anjinho desalmado, bolinho, vai se apresentar a mamma não? - disse An derretido de felicidade agarrado à Frey.
Espera, como assim Mamma?! Esse é o...
-Ie! Mamma Niou! Mamma kirai - eu não precisava entender japonês pra saber o que ele quis dizer nesse momento... Apenas fiz cara de merda enquanto a isso.
-Freya-chan... Freya-chan... kawaii-desu... kawaii, kawaii - An estava completamente ignorando a situação.
-Papa... ochichin - Freya falou para An, tentando se abaixar e se afastar um pouco.
-O que foi meu bebê? - An perguntou soltando Freya.
Eu não sei o que aconteceu direito, digo, eu fiquei mais horrorizado do que já havia ficado antes, e não tive nenhuma reação senão corar. Freya havia se abaixado, ficado com o rosto em direção à púbis de An, que não estava entendendo direito. Ele segurou na barra da cueca de An e puxou com tanta força e de forma rápida que acabou rasgando tudo. Freya falou algo de niou, Shiro... eu não entendi direito, mas na minha cabeça as poucas palavras soltas e completamente sem nexo que Freya estava falando, na minha cabeça fizeram uma ligação, algo como se ele estivesse falando que o "piupiu" de papai era bonito e cheiroso, diferente do de Shiro, e ele estava muito curioso com tudo isso, fazendo uma expressão estranha com os olhos cerrados, a cabeça inclina e com as bochechas cheias de ar, como se estivesse pensando...
-Dame! Dame! - disse An dando um peteleco na testa de Freya, que não pareceu se importar, digo, a cabeça do menino foi projetada para trás, depois para frente, seguida de um som alto...
An havia mesmo batido no seu... bolinho, o local estava vermelho... Mas aquele... ele nem se...
Freya enfiou a cara no pau de An, eu acho que ele deve ter colocado na boca. Não era possível não ter coloca. Mas o que estava acontecendo? Esses dois apareceram do nada no meio de uma cena minha com An, sem precedentes, e eu estou tentando entender essa merda toda que está acontecendo rápido demais para acompanhar, e de boca aberta e perplexidade.
-Freya-chan, menino mal, menino mal - An falou dando golpes repetitivos na cabeça de Freya com a aresta de sua mão espalmada.
-Ah, itai, itai, itai, itai - Freya começou a reclamar e se levantou - Papa hidoi - Freya disse dando o mesmo golpe na cabeça de An.
-Não pode bater em papa, cupcake! Não pode! Não pode! Bolinho mal, bolinho mal - An começou a falar continuando com os golpes.
-Papa kirai, papa kirai, papa kirai - Freya-chan continou a golpear a cabeça de An nos intervalos em que recebia os seus golpes.
Eu apenas estava de quatro atrás do sofá vendo aquilo tudo esperando algum psiquiatra de família aparecer.
Pera, Freya chupou o pênis de seu pai?!?!?!?!
-Eu também não consigo entender direito, Marocci-dono - o samurai disse, ele estava deitado de barriga no chão com uma poça imensa de sangue ao redor.
Eu me assustei, achei que estava morto. Será um vampiro?
-Mas que infernos são vocês?
-Eu pensei que sabia de nós... - ele respondeu.
-Eu sei, eu acho. Mas que porra! - eu disse perplexo - o que há de errado com essa família?
-Freya sempre foi assim, muito sincero, puro... - ele disse com um olhar de um idoso pedófilo. Não, ele não parecia ser tão velho, mas sabe alguns avós que são pedófilos e colocam seus netos no colo de propósito, não por carinho apenas, mas por cobiça sexual? Shiro estava quase babando...
-Papa, bwaaa - Freya então parou o showzinho para chorar, o que parecia estranho, pois ele nem parecia triste... era estranho, eu não sei explicar. É como ver um personagem de cabelo verde-claro meio azul de animes, que falam para dentro e pouco mudam a expressão dos olhos e nem parecem que sentem nada. Ele estava assim... Era... Horripilante.
Ele olhou para mim e parou o choro. Eu arrepiei meu corpo inteiro, ainda de quatro apenas com a minha cabeça à mostra. Em um impulso lentamente andei de ré e me escondi todo por de trás do sofá.
-Mas que droga... Agora essa... Ele é filho do An... Eu fico voltando né? Então ele é meu filho também? Eu deveria estar feliz? Eu me sinto com ciúmes... Mas por quê? Demônios. Você viu o jeito que ele te olhou?
-Boo.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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Glossário (significado adaptado)
Yurushikudasai - Me perdoe
Shishou - Mestre
Hidoi - cruel, terrível
Desu - sufixo inútil que pode ser usado de forma kawaii
Kawaii - fofinha, bonitinha, cute
Iati - dói, ai
Iee - não
Daijoubu - Tá tudo bem
Niou - fede
Kirai - odiar
Ochinchin - piupiu, pintinho, forma fofa de crianças chamarem pênis
Dame - não pode
Dono - sufixo de tratamento
Kun - sufixo de tratamento
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Escrevi de ousado, era pra estar estudando, mas estou aqui.
Bjs, me agradeçam.
Obrigado
Tkey-kun
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