CAPÍTULO 13 - ALGUÉM CONSULTOU O ORÁCULO (parte 1)
_É uma besteira, Chlöe!!! Tudo isso aqui é uma tremenda besteira! - eu disse irritado - deveríamos ir... - atrás do An... eu pensei mas não completei a frase.
_Desde que seu namorado vampiro está sumido, você anda bem estressadinho - Chlöe me disse sem olhar para mim.
Eu podia sentir toda sua ironia... Ela mal continha...
_Você está se divertindo com isso tudo, não é? - perguntei-a.
Chlöe parou de andar e começou a gargalhar. Eu nunca havia visto ela daquele jeito... Eu sei que... eu imaginava que ela tinha uma queda por mim, mas desde quando An está aqui sinto como se a atenção que eu tinha dela havia mudado. Era diferente. Ela me olha diferente... Ou eu nunca notei antes a forma como ela me olha e agora passara a notar? Eu... Sinceramente estava extremamente irritado!
Tudo aquilo era uma perda de tempo. Eu tive um sonho, e eu não sei dizer, mas eu sinto que eu deveria estar procurando An nesse momento, essa visita a esse... amigo dela... seria uma perda de tempo para mim enquanto An está...
_Quer saber? Cansei disso tudo! - eu falei levantando as mãos.
Eu cansei dessa mania... desses pensamentos... Vamos perder tempo... Desisto... O que eu teria mais a perder? Mal tenho atividades no laboratório, An não está por perto, Marina me dá porrada quase todos os dias... Aquele... deus nórdico americanizado está tomando meu lugar aos poucos e... Não elogiei chamando de deus... é só gozado ele lutar com machado, martelo... Sei lá o quê.
_Perdão - disse Chlöe mais séria - vamos voltar ao assunto principal. Vamos em frente...
_Obrigado! - disse grosseiramente.
_Recapitulando... Você entrou aqui... boa tarde - disse ela mostrando suas credenciais a uma recepção estranha de dentro dessa filial - e não faz ideia onde estamos...
_É - a respondi.
_Que bom! - ela disse pegando de volta suas credenciais - Olhe para a câmera.
_O quê? - a perguntei.
_Essa senhor - a recepcionista chamou minha atenção levantando uma tela estranha.
Eu segui as orientações, recebi um passe temporário e entramos no elevador.
_Esse lugar... você não tem nível de acesso... precisa de uma permissão que... eu e Marina demos, obviamente - disse Chlöe apertando o botão para o 40º piso do subsolo.
_Quantas bases a Força da Noite tem? - a perguntei.
_Muitas além das que eu conheço - ela me respondeu - Olha Ângelo, desde de antes deles te promoverem, eu passei por umas coisas... Aquela operação... a preparação... alguns reconhecimentos da Força da Noite... Eu tenho alguns privilégios agora... E eu quero compartilhar alguns com você, não como uma... louca por... vampiros.
_Ah - disse ironicamente.
_Hey, não seja assim... - ela protestou - Você tem... Adquirido alguns comportamentos sádicos e irônicos como os de An.
_Você também... - respondi - vocês são super amiguinhas agora!
_Tá com ciúmes? Que fofo! Não vai deixar sua namorada sair com a amiga? - perguntou ela ironicamente com um sorriso no rosto.
_Acabe logo com isso - disse grosso a Chlöe.
_Ok... Bem... Esse andar, como você não deve saber, não é o último piso... e...
_Como assim?
_Não me interrompa por enquanto, por favor - Chlöe falou de forma tão estúpida que eu a temi.
_Desculpe.
_Como ia dizendo... há várias coisas que eu não compreendo, e não conheço da Força da Noite. Eu sou uma cientista, uma pesquisadora... com algumas resignações e promoções à caminho... Com mais privilégios do que há um mês atrás. E estou ligada à esse... essa coisa de mantermos um vampiro que anda na luz do dia e se diz "selado" e não diurno; o qual estava em uma "casa de verão" no meio da Europa com várias inscrições arcádias e sumérias; um vampiro que responde a um nome da cultura mitológica dos mesopotâmicos... Um vampiro que se diz... ligado a você, como uma recorrência de sua... alma gêmea.
Ela falou de uma forma que todo meu corpo se arrepiou. Eu ainda não estava gostando dessa ideia. Então Chlöe continuou a falar, mesmo após saímos do elevador, que a propósito, estava tudo tão escuro que eu não conseguia perceber nada que estava às paredes de vidro do longo corredor que andávamos.
_Bem, ocorreu um dilúvio nas penínsulas... Erh... europeias. E no norte da África e aquele pedaço superior ao norte noroeste da Ásia Menor - ela disse com o dedo afundado na sua bochecha como se tivesse tentando lembrar de algo - Bem, mas... outros povos registravam crenças envolvendo um grande dilúvio, além da mitologia judaico-cristã. Os Vampiros antidiluvianos vingaram... Eles são os mais fortes... suas linhagens são numerosas, e a cada geração de vampiros eles ficam mais fracos, mais vulneráveis... Mas, ao mesmo tempo, com a máscara perfeita: muitos diurnos são de gerações primeira revolução industrial. Quanto mais você cava para o passado, vampiros mais fortes são encontrados... Bem... não força física, pois, eles são fantásticos, possuem dons mais raros, mas não são tão resistentes fisicamente... Poderiam morrer por uma bala de luz ultravioleta, mas o corpo não iria virar pó como um vampiro de última geração... um que seja muito parecido conosco.
_Não estou entendendo bulhufas - eu disse.
_Migo... Só... - ela começou a coçar a cabeça e andar mais devagar - eu não sei por onde começo. Há várias teorias e testes... ocorrendo ao mesmo tempo... A gente tem dados que sustentam essa dádiva dos antidiluvianos, e temos dados que sustentam que quem sobreviveu pode matar uma cidade em minutos mas morreria também, pois... O processo de envelhecimento dos vampiros é diferente ao nosso. O nível de poder aumenta, mas são anciões... Mas An... Ele parece um vampiro de última geração, no entanto destruiu uma base sem muito esforço... E ele é perdidamente apaixonado por você... Precisamos estudar mais esse tipo de poder... Não... A Força não vai querer manter An consigo por muito tempo... ele pode ser um zé ninguém, mas pode ser um ancião...
Aquela possibilidade me fez tremer... Tudo, digo, da idade à conjuntura de An ter tanto poder assim.
_Mesmo selado, An deveria morrer na explosão do posto de gasolina, no entanto ele se regenerou, até o seu cabelo... - continuou ela - Claro que, ele teve uma boa ajuda sugando sangue. Mas sua regeneração é... de arrepiar... E... ele seria uma peça faltando nesse grande quebra-cabeça de conhecimento e poder...
_Me sinto... conspirando contra ele... - eu falei.
_Não se sinta mal por falar dele assim pelas costas... - Chlöe me confortou - Sabe... A Força tem medo de An... Eu ainda não estou gozando de todos os meus privilégios, mas eu já estou sabendo de muita coisa que está me preocupando... e algumas eu não posso falar com você. Algumas envolve o mundo territorial, político e ideológico dos vampiros... Até o ancião do Novo Mundo.
_Daqui dos...
_Sim... Dos Estados Unidos da América, Ângelo... - ela disse com entonação de preocupação - Sabia que o território dele está sem mudanças nas fronteiras desde a Guerra Civil? E que os Vampiros do Novo Mundo, que vieram do Velho Mundo, tiveram que conviver com os originais donos dos territórios...
_Quais? - perguntei
_Ameríndios que viviam na costa leste... que povoavam inclusive a América Central, Norte da América do Sul...
_Mas o que isso tem a ver?
_Ângelo, vários povos da Europa, norte da África e do litoral da Ásia Menor têm mitos, histórias e alguns dados, tanto antropológicos quanto geográficos... restos arqueológicos... que sustentam um dilúvio... Eles achavam que ali era o mundo todo... Até as grandes navegações... Bem, até um pouco antes... mas enfim... Houve um dilúvio ali... Mas não aqui... E... há semelhanças entre conhecimento, cultura e linguagem dos povos e vampiros daqui, que não conseguimos explorar porque são mais violentos, e dos povos e vampiros do outro lado do oceano...
_Mas não houve um dilúvio aqui... - pontuei.
_Exatamente... - Chlöe disse...
_Onde você quer chegar? Por que está falando essas coisas? Se você não pode me falar por eu não ter nível de acesso suficiente então por que está me contando? Não tem problema?
Chlöe apontou para seu crachá e eu percebi um volume anormal próximo à sua foto.
_Artimanhas eletrônicas - me respondeu sem dar muito detalhe.
Eu imaginei que talvez ela pudesse confundir algum equipamento que poderia ter nossa conversa gravada.
_Ângelo - ela me disse parando em frente a uma porta - se aquele povo estranho, os annunaki... se eles foram reais, eles estavam em mais de um lugar, e tinham recursos para isso... E mantiveram os continentes separados de forma sóciolinguística e cultural, isso é: Para nenhuma dos grandes povos afastados pelos continentes, e por milhares de anos, ninguém além do oceano existia, mas ainda assim, há semelhanças e... se aqui não houve um dilúvio... mesmo que o nosso geodo insignificante passe por mudanças climáticas e geográficas por conta do curso de sua dança no sistema solar e na galáxia... uma catástrofe dessas... geolocalizada... isolada... com essa magnitude específica... não parece algo natural...
_Não acompanho o que você diz Chlöe - eu disse a ela... na verdade eu não queria fazer as associações que ela queria me provocar... Não queria isso...
_Não foi Gaia Ângelo... Foram...
_Ah, oi! - a porta havia sido aberta e um cientista meio idoso com uma peruca loira estranha na cabeça surgiu.
_Você não é o...
_Joaquim! Isso! - respondeu ele sorridente.
_O Senhor Augusto Joaquim, Ângelo - disse Chlöe tentando fingir que não se surpreendeu com a aparição dele.
_O senhor não estava cuidando do...
_An, o vampiro tarado - ele disse sorrindo.
Exatamente... Ele estava lá quando An destruiu o complexo.
_Eu não imaginava que você iria trazê-lo, senhorita - ele disse olhando para Chlöe.
_Nós precisamos saber de uma coisa, afinal... - disse Chlöe sorrindo amarelo.
_Sim, sim - ele respondeu - vamos, entrem... Entrem antes que ele durma novamente...
_Ele? - perguntei.
_O amigo de um amigo - disse Chlöe.
_Ah sim... - eu falei como se tivesse lembrado ou entendido a ligação que ela queria fazer... bem, ela estava tentando transmitir alguma coisa pelos olhos, que estavam anormalmente saltados para fora de seu rosto.
Entramos nessa sala estranha, e tudo estava escuro, como quase todo esse complexo. Havia alguns cientistas discutindo coisas, usando touchpads que mais pareciam tablets, escrevendo coisas, falando coisas como se estivessem gravando suas associaç~eos... Andavam de um lado a outro... Mexiam nas máquinas que, estranhamente pareciam ter saído de um filme de ficção científica technomágica... Daquelas com máquinas que não se parecem nada com as que nós temos, mas foram projetadas por algum cineasta dos anos 80.
Havia uma luz roxa estranha em tudo... Nós fomos em direção a uma outra porta que emanava também essa luz roxa pelas frestas. Quando abrimos ela se intensificou. Demorou um pouco para minhas pupilas ajustarem a luz, mas foi tempo suficiente para fazermos a "descontaminação", pois não conseguiria vestir nenhuma roupa de proteção sem conseguir enxergar direito.
_Chegamos finalmente - disse Chlöe olhando fixamente para frente e caminhando como se eu não estivesse ali, mesmo usando o verbo na terceira pessoa do plural.
Eu tentei segui-la, alcancei seus passos, ainda irritado por toda aquela cena, mas então quando eu olhei direito para nossa frente, eu vi aquilo...
_Mas o quê?! - disse espantado.
_Hum... - ele disse olhando para minha cara.
Era uma... Havia... Eu não consigo descrever...
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