•Capítulo Treze•
Julia
Três dias depois...
A estação de metrô estava lotado, a aproximação das pessoas, principalmente de homens, estava me fazendo afastar acanhada. O que me surpreendeu, já que a apenas três dias atrás eu estava montando Luke como uma louca. Estava chateada com ele por não mandar sequer uma mensagem para mim, ou ligar e perguntar como eu estava, ou propor mais um jantar.
A ideia de que era apenas mais uma para ele estava me fazendo afundar cada vez mais, pensei que ele tinha percebido eu aquilo foi importante para mim. Ele fez eu me sentir viva de novo, mesmo que apenas a sua aproximação não me perturbava. Era ele, ele tinha quebrado esse gelo e ele tinha que ser meu, assim como eu era dele. Não havia outro homem capaz de fazer o que ele fez.
Por isso, quando minha amiga da época da boate Janete, me ligou avisando que estava vindo para Manhattan eu não recusei, nem tentei dispensá-la. Precisava de companhia pois sentia que se ficasse sozinha mais um dia ficaria louca, tudo o que eu pensava era Luke. Olhava pela janela e imaginava seu carro super caro parando na frente da minha casa, imaginava ele em meu quarto, me abraçando quando acordava depois de mais um pesadelo.
Mas isso logo passava, o conforto momentâneo quando eu percebia que tudo era fruto da minha imaginação.
Me amaldiçoava mentalmente por ficar pensando nele vinte e quatro horas por dia, por ter realmente me apaixonado por ele assim tão rapidamente. Mas era quase impossível não ceder assim depois de tudo o que ele fez, do carinho que ele teve comigo, o tempo que tomou me cortejando.
Suspirei derrotada e voltei a olhar para o terminal.
— Juuulia! — todos ao meu redor olharam para minha amiga que vinha correndo na minha direção.
Janete ainda era a mesma mulher espirituosa e alegre de quase três anos atrás. Seus cabelos loiros e longos ricocheteavam o ar atrás dela e seus seios grandes balançavam insinuantes a cada passo apressado que ela dava para mim, arrastando uma mala de rodinhas cor de rosa atrás dela.
Sorri, sentindo o carinho grande por ela dentro de mim. Janete foi a única pessoa além de Maggie que não virou as costas para mim.
Ela se jogou em mim, me dando um abraço apertado e eu retribui, erguendo-a do chão.
— Julia! — Ela exclamou quando nos afastamos e me olhou de cima a baixo. — Você está linda como sempre!
— Oras, não diga isso. — Peguei a mala de sua mão e ofereci o meu braço a ela, que aceitou empolgada.
— Eu me perguntava loucamente como era Manhattan. — Tagarelou, olhando ao redor. — Agora estou encantada com apenas o que vi do avião.
— Aqui é lindo. — Concordei, andamos até a fila de táxi na frente do terminal e entramos em um dos que estavam vazios.
Dei as coordenadas ao motorista, aliviada por não estar sozinha ali dentro com ele, o carro saiu lentamente da interminável fila de carros e entrou na rua movimentada.
— Olha tudo isso! — Janete falou, apontando os vários carros amontoados a nossa volta.
— O Brooklyn também é movimentado, Janete.
— Sim. — Ela olhou para mim. — Mas aqui é Manhattan, você entende? Manhattan!
Meneei a cabeça negativamente, sorrindo para o entusiasmo dela.
— Você recebeu essa semana de folga? — perguntei.
— Sim, um pouco estranho não acha? Já que nunca tive um misero descanso daquela boate.
Janete ainda trabalhava na boate e, às vezes, eu me sentia mal por deixá-la lá, no meio daquele ninho de cobras.
— Concordo.
Ficamos caladas o resto do caminho, Janete observava tudo ao seu redor com entusiasmo e eu apenas a observava, feliz por ela. Quando chegamos em minha casa, mostrei cada cômodo para ela e depois lhe mostrei o quarto que ela ficaria no andar de cima, duas portas depois dos meus. Não queria que Janete presenciasse um eventual episódio traumático pós-pesadelo, que eu vinha tendo nas últimas noites.
Passavam das sete horas da noite quando Janete e eu nos juntamos no andar de baixo depois de um banho, preparadas para o jantar, esse que eu nem tinha feito ainda.
— Essa casa é espetacular! — elogiou enquanto girava em torno da cozinha.
— Bom, já vi lugares mais bonitos. — como o apartamento de Luke, por exemplo.
— E que lugares seriam esses? — ela perguntou, um sorriso sacana em seus lábios.
— Ora, vários lugares aqui em Manhattan.
Janete apenas riu e começou a falar de como ia a sua vida no Brooklyn, assim como me atualizava de todas as fofocas que eu perdi nesses dois anos.
Estávamos sentadas à mesa jantando, a cada minuto eu olhava para o telefone fixo do outro lado da cozinha, esperando que ele tocasse, ou checava o meu celular, vendo se tinha alguma chamada perdida ou uma nova mensagem. Mas não havia nada.
— Você está esperando a ligação de alguém? — Janete perguntou depois de um momento.
— Não. — Murmurei, triste por Luke ter me usado desse jeito.
Senti lágrimas inundarem os meus olhos e prendi a respiração, não queria chorar na frente de Janete, ainda mais por causa de um idiota como o Luke.
— Julia? — Janete já estava ao meu lado me puxando para um abraço, e não tive como conter os soluços que saíram junto com o choro quando a abracei de volta.
Janete apenas me abraçou por alguns minutos, quando o choro cessou, ela se afastou e me levou para a sala.
Me sentei no sofá ao lado dela e respirei fundo.
— O que aconteceu? Pensei que você estava bem.
— Eu estou... péssima. — Respondi, fungando.
— Mas por quê? — Sorri ao ouvir a confusão em sua voz.
— Conheci um homem. — Janete arqueou as sobrancelhas, surpresa.
— Oh, e isso é ótimo, não?
— Não. — Me recostei no sofá, massageando as têmporas com as pontas dos dedos. — Nós estávamos saindo, então, três dias atrás a gente... A gente dormiu juntos, se é que me entende.
Janete me olhava perplexa, sua boca escancarada, então ela perguntou: — E você não gostou? Ele foi...
— Não. — Me endireitei. — Foi perfeito.
— Oh... — Janete pareceu sem palavras. — Então por quê?
— Depois daquele dia, ele sequer me ligou. — Funguei, sentindo vontade de chorar de novo. — Ele deu a entender desde o início de que estava interessado em mim, me pediu para dormir lá com ele nessa noite e deixou um bilhete muito fofo para mim, mas depois que eu cheguei em casa, esperava um telefonema ou uma mensagem dele e não recebi nenhum dos dois.
— Oh amiga. — Janete me abraçou. — Você não procurou saber se está tudo bem? Se não aconteceu algo?
Neguei várias vezes.
— Ele é um homem de posses, tem vários clubes e boates em toda Nova York, e algo tivesse acontecido eu já estaria sabendo.
Janete me olhou por alguns segundos, depois suspirou e meneou a cabeça.
— Mande uma mensagem para ele, então.
— Não. — Respondi, firme. — Não vou ficar correndo atrás dele, talvez tenha sido melhor assim.
— Meu deus, olhe essa calça! — exclamou Janete em frente a vitrine de uma loja.
Me virei para olhar também e sorri, era a cara de Janete.
— Você a quer? — Janete meneou alegremente. — Então vamos lá comprar uma para você.
Entramos na loja e uma atendente veio nos atender. Enquanto Janete ia com a atendente da loja olhar mais daquela calça, eu fiquei olhando alguns vestidos mais conservadores, estava precisando de roupas novas.
— Julia, olhe como ficou linda! — Janete falou atrás de mim, e tive que concordar. A calça se apegava bem em seu quadril largo e a correntinha pendurada lhe dava um ar sexy.
— Está linda.
Olhei para trás de Janete e todo o meu corpo paralisou. Decepção encheu as minhas veias e um gosto amargo possuiu a minha boca.
Luke estava ali na loja, uma morena alta como eu, mas aparentemente mais velha ao lado, com uma barriga de gravidez sorria de algo que ele falava. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu tive que segurar a vontade de chorar. Como se sentindo que estava sendo observado, Luke se virou para mim e algo parecido como saudade brilhou em suas feições duras.
Não pude corresponder o sentimento, pois estava decepcionada demais com ele. Então, esse era o motivo de ele não ter me ligado ou se preocupado comigo, ele tinha uma mulher grávida.
Me senti a pior das pessoas quando reconheci o que tinha feito. Mulher alguma merecia passar pelo que aquela mulher estava passando, mas eu também não seria a pessoa que diria a ela o que o marido estava fazendo pelas suas costas.
— Julia? — Janete chamou ao meu lado.
— Pague a calça e vamos embora daqui. — Falei, desviando o olhar do de Luke e olhando para ela. — Por favor.
— Tudo bem. — Ela se virou e voltou para o balcão.
Olhei novamente para Luke e fiquei ainda mais decepcionada ao ver que ele sequer se importou com o fato de eu ter visto ele e sua mulher juntos. Agora ele conversava com um homem que parecia ser alguns anos mais velhos que ele e tinha uma garotinha de mais ou menos onze anos ao seu lado.
Suspirei e esperei por Janete, que não demorou muito para voltar com a sacola na mão.
— Vamos? — chamou e eu apenas meneei a cabeça e a segui.
Todo o meu corpo endureceu quando passamos perto de Luke, que me fitou com os olhos brilhantes, talvez achando que eu ia fazer algum pequeno show ali na frente de todos. Mas passei direto por ele e por um milésimo de segundo pude ver a surpresa em seu rosto.
Janete e eu saímos em disparada pela porta e fomos para casa.
Vish, acho que o Luke vai ter que dar uma explicação eim.
Até o próximo capítulo!
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