•Capítulo Sete •
Seus olhos saíram da minha mão no mesmo momento e ela levantou o olhar para o meu rosto, piscando algumas vezes.
— Me desculpe. — murmurou, envergonhada.
— Está tudo bem?
— Sim, não foi nada.
Encarei-a por mais alguns segundos antes de novamente, girar a chave na ignição e sair dirigindo dali.
O restaurante que eu havia escolhido ficava um pouco perto do café, era modesto mas com aquele toque inconfundível de luxo. Vinha muito nele com Késsio, Dantas e Caio. Preferia frequentar ele pois era o mais internado no meio do nosso território e onde nossos inimigos hesitariam em vir, menos a porra do FBI, aqueles ali não saíam dando tiros em plena luz do dia como os inconsequentes traficantes de merda que tinham alguns pequenos territórios nas redondezas.
Estacionei o carro no pequeno estacionamento atrás do restaurante e fiquei parado ali por alguns segundos, ouvindo como a respiração de Julia estava um pouco fora do normal. Pensei em perguntá-la se havia algum problema, e que, se tivesse ela podia me contar, mas preferi ficar quieto quanto a isso e apenas ignorar, pois ela estava fazendo muito esforço para esconder o quanto estava desconfortavél.
— Bom, então vamos? — perguntei, girando a chave e tirando-a da ignição enquanto destravava as portas.
Observei em completa confusão Julia abrindo a porta o mais rápido que conseguia e saindo em disparada do carro. Saí normalmente, mas meus olhos não deixavam a morena ofegante que lutava para se recompor a poucos metros de distância de mim.
Fui até ela, que endireitou a coluna e se virou para mim com um sorriso cheio de vergonha.
— Me desculpe por isso. — Meneei a cabeça e ofereci o meu braço, esse que ela recusou.
— Tudo bem. — respondi, enfiando as duas mãos nos bolsos da calça social.
Andamos um do lado do outro pelo estacionamento, os "tock, tock" dos saltos de Julia no chão era o único barulho ao nosso redor, e a todo trajeto até a porta dos fundos do restaurante, eu tentava ignorar o quão bonitas ficavam as suas pernas quando ela estava calçada com saltos altos.
Assim que entramos no restaurante, o cheiro familiar de tacos mexicanos e de toda aquela comida gordurosa se fez presente. Ao meu lado, Julia suspirou, tentando não se incomodar com as pessoas que agora observavam nós dois.
— Aquela mesa ali. — apontei a mesa mais afastada.
Julia não disse nada, andou até a mesa comigo em seu encalço. No caminho, lancei alguns olhares de merda para alguns homens — acompanhados — que ousavam olhar para Julia.
Puxei a cadeira para Julia se sentar e ela o fez, me dando um sorriso tímido de agradecimento. Qualquer reação inapropriada que eu estava tentando conter perto de Julia foi por água abaixo quando ela cruzou as pernas e uma fenda se abriu, revelando toda a pele dourada da sua extensa coxa. Imagens daquelas pernas em volta de mim começaram a prencher a minha mente e quando dei por mim, tinha Julia olhando para mim como se fosse um maldito cordeiro amedrontado.
Suspirei e me apressei em me sentar e esconder a ereção que se formava na frente da minha calça. A última coisa que eu precissava agora era ter Julia correndo de mim porquê eu não consegui me manter são.
— É.
Atrevi-me a olhar para cima por um momento e encontrei os olhos de Julia em mim através da mesa, parecia curiosa.
— Você quer pedir as entradas?
— Você não se importaria? — Maldição!
— Não, pode escolher.
Julia sorriu levemente e pegou o cardápio, olhando as várias opções de entrada. Ela franziu o cenho e voltou a olhar para mim.
— Qualquer coisa? — perguntou.
— Sim.
— A comida aqui é tão cara. — sorri, maravilhado com o quão inocente ela parecia.
— Não se preocupe com isso.
— Okay, então. — ela chamou a garçonete com um aceno gracioso de sua mão e fez o pedido das entradas, depois que a mulher saiu com os pedidos, ela olhou para mim como uma garotinha por baixo dos cilíos.
— Esse lugar é lindo. — ela falou, me surpreendendo por tentar iniciar uma coversa.
Lhe dei um sorriso leve, ou o que achei ser um, e respondi:
— É o meu preferido, venho nele sempre.
— Você tem muito bom gosto. — Me recostei na cadeira e cruzei os braços na frente do peito. Julia acompanhou o movimento com os olhos, parando no meu bíceps e permanecendo lá.
Não falei nada, queria que ela me olhasse o quanto quisesse, assim, eu poderia me deliciar com a sua visão explendida. Nosso pedido chegou e Julia voltou sua atenção para a garçonete, que agora colocava a nossa entrada em cima da mesa.
— Obrigada. — Julia agradeceu a mulher, que sorriu para ela e saiu.
Julia começou a comer quase que imediatamente, como se desesperada para focar a sua atenção em outra coisa que não fosse eu.
Comecei a comer também, mas não tão rápido como Julia o fazia.
— Você vai engasgar se continuar assim. — Julia parou de comer no mesmo instante, voltando seu olhar para mim, corada de vergonha. — Julia, querida. Entenda, não estou falando isso como uma bronca, é realmente muito adoravél vê-la comendo assim.
Ela desviou o olhar do meu e olhou em volta, checando se alguém tinha ouvido o que eu acabei de falar.
— Que mal modo o meu. — ela disse, pela primeira o seu tom parecia zombeteiro e o seu olhar desafiador.
Não pude evitar sorrir diante daquela transformação repentina. Parece que, ao ser insultada uma nova Julia erguera a cabeça acima daquela Julia frágil de antes.
A noite passou rapidamente, Julia ficara calada a maior parte do jantar, eventualmente elogiava a comida do local e respondia a alguma pergunta aleatória que eu fazia. Agora, estava com o carro estacionado na frente da casa dela pronto para me auto-convidar para entrar e conhecer lá dentro, mas Julia foi mais rápida nisso.
— O jantar foi ótimo, eu amei, gostaria de retribuir algum dia pela noite de hoje. — falou, sua mão já na maçaneta do carro.
— Você tem o meu número agora, é só me ligar, estou a disposição.
Julia meneou a cabeça em concordância, molhando o lábio com a língua inferior enquanto o seu olhar viajava até o meu peito. Passaram-se apenas alguns segundos antes que ela se desculpa-se e olhasse para cima de novo.
— Obrigado por aceitar o meu convite, Julia.
— Bom, de nada? — Sorri e meneei a cabeça.
— Você é demais, menina.
— Menina? — perguntou, franzindo o cenho para mim.
— Sim, você ainda é uma menina.
— Você acha?
— Sim.
— Mas e você, não se considera um?
— Querida, sou um homem de quase 40 anos, acha mesmo que eu me considero um menino? — Julia rregalou os olhos, perplexa.
— Quarenta? — sorri, repousando uma mão na minha coxa.
— Trinta e oito.
— Oh, uau! — ela ficou me encarando por alguns segundos, pensativa, então piscou e focou novamente o meu rosto.
— Bom, já está na hora de entrar. Novamente, obrigado pelo jantar. — Falou, já abrindo a porta do carro.
Ela fechou a porta do carro e se abaixou na janela, me dando um sorriso tímido.
— Até mais, querida.
— Tome cuidado no trânsito. — ela desviou o olhar, como se pensando por um momento e depois voltou a me encarar. — Você tem algum tipo de preferência? Digo, em relação a meninas mais novas?
Ri da sua pergunta. Então, Julia estava achando que eu a queria por causa da idade.
— Eu não tenho nenhuma preferência, mas se responde melhor a sua pergunta, eu tenho um certo tipo de preferência sim.
Julia ergueu as sombrancelhas, surpresa.
— Então, você me chamou para jantar...?
— Eu a convidei para este jantar porquê você me chamou a atenção desde a primeira vez que te vi naquele café, e não por causa da sua idade. Como eu já disse antes, a idade não importa para mim, se é que você me entende. — Ela ficou me encarando um pouoco perplexa.
— Okay. — ela deu uma olhada para o outro lado da rua, de repente assustada, seu olhar fixo na vegetação densa.
Olhei para lá também, confuso com a sua reção mas alerta ao memo tempo. Julia não parecia uma mulher neurótica, muito pelo conrário.
— O que foi? — perguntei voltando a minha atenção para ela. — Julia?
Ela olhou para mim por um momento, então saiu do que pensei ser um transe piscando algumas vezes antes de voltar o seu olhar para mim.
— N-nada.
Estreitei os olhos nela, tentando ver além do desespero e surpresa evidente em seu rosto, e o que mais me atormentou foi o medo que estava ali, puro terror.
— Você quer que eu vá com você até a porta?
— Não precisa, de verdade. — ela ajeitou a alça da bolsa, que até então ela levava na mão, em seu ombro e me deu um sorriso tenso. — Até mais.
— Até.
Observei enquanto ela entrava em sua casa como se fugisse de alguma coisa e fechava a porta. As janelas que já estavam fechadas continuaram assim. Fiquei ali mais um momento, a mão perto do porta-luvas onde eu mantinha uma pistola enquanto observava o meu redor em busca de uma ameaça potencial, mas não havia nada. De cenho franzido, girei a chave na ignição e dei partida, saindo dali lentamente enquanto olhava mais uma vez os arredores da casa, mais uma vez, não havia nada fora do comum. Que porra Julia estava olhando?
Não.
Que porra estava olhando Julia?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro