•Capítulo Quartoze•
— Era ele! — falei assim que entramos em casa. Joguei a bolsa em cima do sofá e fui para a cozinha, afim de pegar um pouco de água gelada para tentar acalmar a raiva borbulhando dentro de mim.
— Ele quem? — Janete exclamou, visivelmente perdida com o meu súbito ataque de nervos.
— Luke!
— Luke? Quem é Luke? — ela parou e seus olhos arregalaram. — O homem por quem você está apaixonada?
— Sim! Quer dizer... Não estou apaixonada por ele.
— Eu não o vi, e se o viu, por que está tão nervosa?
Passei a mão no rosto, tinha desistido da água, queria apenas deitar e chorar.
— O loiro de olhos azuis Janete, que estava com a mulher grávida. — Janete arregalou os olhos.
— Oh meu deus, aquele era o seu Luke? — Olhei para ela carrancuda. — Certo, não seu... Oh Julia, venha cá. — Ela abriu os braços e eu a abracei, me abaixando porquê Janete é muito pequena comparada a mim.
— Eu sinto muito. — Ela disse, afagando os meus cabelos.
— Ele é um idiota, só queria se aproveitar de mim. — Choraminguei em seu ombro, deixando as lágrimas saírem.
— Ele é sim, um completo idiota. — Ela murmurou, me fazendo rir e me afastar. — Bom, não vejo melhor maneira de contornar isso do que se não vendo um filme de terror comendo besteiras.
Meneei a cabeça, Janete segurou a minha mão, dando um leve aperto.
— Isso vai passar amiga.
Algumas horas depois, estávamos sentadas no colchão de casal que eu havia tirado do quarto de hospedes livre e comendo brigadeiro e sorvete, claro, tomando meu vinho tinto.
Já tinha mais de uma hora de filme e eu não me importei em prestar atenção no mesmo, só em me empanturrar de guloseimas e tentar esquecer Luke por algum tempo, mesmo que fosse impossível.
O telefone fixo tocou na cozinha e eu me levantei devagar para ir atende-lo, Janete me olhou e voltou sua atenção para o filme.
Fui andando devagar até a cozinha e peguei o fixo sem olhar o número antes de atender.
— Julia? — todo o meu corpo travou quando ouvi a voz de Luke.
Por que ele estava me ligando?
Não era o bastante me fazer passar pelo que passara hoje?
Não era o bastante me enganar?
— Julia, vamos... — desliguei o telefone e coloquei de volta no carregador portátil, fervilhando de raiva por ele ter a audácia de me ligar.
Voltei para a sala e me sentei novamente, pegando a garrafa de vinho e tomando um grande gole.
— Quem era? — Janete me perguntou.
— Ninguém. — Respondi e foquei minha atenção no filme.
Menos de uma hora depois, Janete eu estava procurando outro filme para assistir quando alguém tocou a campainha. Olhamos uma para a outra e uma batida soou, calma.
— Continue escolhendo o filme, eu vou lá atender a porta. — Ela concordou e eu me levantei e atravessei a sala e fui para o pequeno hall de entrada.
Abri a porta sem olhar no olho mágico e fiquei completamente paralisada.
— Julia. — Luke exclamou calmamente, não parecia sequer alterado pelo que eu vi, por saber que eu sabia o que ele tinha feito.
Comecei a fechar a porta, mas ele bloqueou com a mão.
— Julia, espere.
— Vá embora, eu não quero ver você nunca mais! — exclamei em voz alta, tentando fechar a porta novamente.
— Julia! — não consegui continuar tentando ao ouvir o seu tom frio, que fez todo o meu corpo gelar. — Vamos conversar.
Funguei, percebendo só agora que lágrimas desciam pelas minhas bochechas.
— Eu não quero conversar, não depois de tê-lo me ignorando por quatro dias inteiros e com certeza não pelo que eu presenciei hoje.
Não ousei olhar para ele, não queria ver aqueles olhos azuis e me perder neles novamente, ou em sua lábia impecável, essa que eu sabia que ele tinha.
— E o que você viu hoje? — olhei para ele enfurecida, não pelo seu tom suave e arrastado molhador de calcinhas, mas pela sua canalhice extrema ao me fazer uma pergunta tão óbvia.
— Oras, não se faça de idiota! — comecei a fechar a porta novamente, mas ele mais uma vez bloqueou. — Você e a sua esposa, grávida! Como teve coragem, Luke? Como pôde ser tão idiota, comigo e com ela?
— Ela? — semicerrei os olhos quando ouvi o tom de riso em sua voz. — Aquela mulher não é a minha esposa e tampouco sou casado.
— Mas...
— Você viu aquele homem que estava com a gente? — ele perguntou com sarcasmo. — Ele é o marido dela, assim como aquela menina que estava conosco era filha deles. São apenas um casal de amigos.
— Mas... — olhei para ele novamente, isso explicava a sua surpresa quando passei por ele. Ele não era casado, ele... ele... — Mas isso não justifica o seu pouco caso sobre mim nos últimos dias. — Fechei a porta com força, girando a chave e trancando-a e me encostando nela.
— Julia, eu estava muito ocupado com o trabalho, entenda. — Olhei para a frente e vi Janete parada ali me olhando. — Julia, por favor gatinha, deixe-me entrar, estou com saudades.
Fechei os olhos por um momento e os abri de novo, Janete pulava e dizia sem proferir uma palavra para que eu abrisse a porta e deixasse-o entrar.
— Vai embora, Luke. — falei, sentindo as lágrimas acumuladas.
Ouvi um suspiro derrotado do outro lado da porta e logo depois os seus passos se afastando da porta.
Janete revirou os olhos e se virou, saindo do hall de entrada, me deixando sozinha com os meus pensamentos. Todo o meu corpo ardia pelo de Luke, o que eu mais queria era abrir a porta e o trazer para dentro. E foi isso que eu fiz.
Abri a porta com tudo, Luke já abria a porta do passageiro do seu carro preto lustroso quando eu o gritei: — Luke!
Ele olhou para mim e parou, a mão ainda segurando a maçaneta da porta do carro. Luke apenas me olhou sério, era como se os seus olhos azuis tivessem queimando a minha pele.
A pele do seu peito parecia vermelha pela abertura da camisa social, que estava com os dois primeiros botões abertos, as mangas estavam arregaçadas até os cotovelos, expondo aqueles braços cheios de veias e másculo. A calça social lhe caía muito bem, assim como o sapato social.
Engoli em seco e dei um passo para fora, ficando no arco da porta e estendi a minha mão para ele.
Ele olhou para a mesma e se virou, falou algo com alguém dentro do carro, que supus ser o motorista da outra vez e depois fechou a porta.
Estremeci quando ele se virou e começou a andar até mim tranquilamente, suas pernas fortes e coxas grossas contraindo a cada passo. Ele parecia um deus da beleza, envolto pelas sombras da noite naquele momento, e todo o meu ser clamava por ele.
Quando ele chegou perto o suficiente, subiu o pequeno degrau e pegou a minha mão na sua, me puxando suavemente para ele e envolvendo o braço ao redor da minha cintura, colando o meu corpo ao dele, duro e quente, sedutor e másculo.
Ele nos guiou às cegas para dentro e fechou a porta atrás dele com a mão livre, essa que ele logo segurou o meu rosto.
— Espero que tenha trabalhado mesmo nos últimos dias. — Murmurei, um pouco sem ar pela sua proximidade avassaladora.
Luke roçou os lábios nos meus, me fazendo fechar os olhos com o simples toque, antes de dar uma fungada.
— Estava bebendo? — perguntou, sua voz estava baixa, feral, sedutora, mas ao mesmo tempo ele soava preocupado.
Fiz que sim e ele afastou o rosto alguns centímetros para me olhar melhor.
— Está sã? — sua pergunta me fez rir, passei os braços pelo seu pescoço e pressionei corpo no dele, suspirando.
— Claro que estou! — exclamei, então aproximei o rosto do dele, erguendo-me nas pontas dos pés.
— Ótimo. — Murmurou, antes de se inclinar e tomar os meus lábios nos dele em um beijo quente.
Deixei que ele me segurasse contra ele e me preocupei mais em sentir a sensação do seu corpo e da sua língua dançando com a minha em nossas bocas. Ele tinha gosto de vinho também, mas era mais leve que o meu, era mais ele que o vinho.
Suas mãos desceram pelas laterais do meu corpo e eu parei o beijo, deixando a cabeça cair para o lado e depois em seu ombro. Luke agarrou a minha nádega com uma mão, massageando e me pressionando contra ele, me fazendo sentir a sua ereção contra a minha barriga. Aquilo era tão excitante e enlouquecedor, que as vezes eu sentia que poderia deixa-lo fazer o que quisesse comigo. Mas eu sabia que não seria tão fácil assim.
Com a outra mão, Luke afastou os meus cabelos do meu pescoço e beijou a minha pele, sugando em seguida em sua boca quente.
— Luke. — Seu nome saiu em um sussurro suave, perdido de desejo.
— Você quer subir? — ele perguntou com a sua voz manipuladora, cheia de insinuações.
Sua mão entrou pela minha camiseta simples e tocou a pele das minhas costas, para logo subir para o meio, e ele pressionou a minha frente contra ele, esmagando os meus seios no peitoral musculoso dele.
Já ia dizer "sim" a sua resposta quando Luke voltou sua atenção para trás de mim. Olhei sobre o meu ombro e vi Janete encostada no arco que conectava o hall de entrada aos outros cômodos da casa, ela tinha um sorriso safado no rosto.
Até o próximo capítulo!
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