Capítulo 11
Isabel aguentou todas as humilhações que Rocio lhe fez passar. No fim, a mulher chegou até mesmo a jogar a comida no chão, dizendo que estava horrível e fazendo com que Isabel comesse do chão. Por sorte, Rocio disse não estar com paciência e, logo que Isabel se deu a primeira "bocada", a morena se levantou e saiu dali.
"Eu preciso que ela baixe a guarda, assim, posso planejar a fuga!", Isabel pensou, mas também, não deixava de se lembrar que o culpado maior era Sebastián, que a enganou e depois a deixou ali, daquele jeito. Só o que não entrava na cabeça de Isabel era a razão para tudo aquilo. "Será que eu fiz algo e não me lembro? O que pode ter sido, meu Deus?" Isabel se corroía, afinal, o erro dela deveria ser muito grande para incitar tamanho ódio, a ponto da pessoa se voltar contra ela.
"Ou sempre foi o plano dele?" ela se perguntou, e, com isso, um calafrio perpassou-lhe pela coluna.
Ao final da noite, após ter lavado a louça, Isabel foi informada de que o quarto dela agora não era mais o de antes, e sim um quarto de criados. Ela nada disse, ela não reclamou, o que deixou Rocio desgostosa.
"Ai, mas que droga! Essa mosca-morta não reage!", Rocio pensou, irritadiça.
A noite de Isabel não foi nada agradável. Não exatamente porque a cama era desconfortável, mas sim porque ela não podia deixar de comparar com a noite anterior, na qual ela e Sebastián fizeram amor.
"Não... Eu fiz amor com ele. Sebastián apenas me usou!"
As imagens não paravam de aparecer em sua mente e ela acabou demorando muito a conseguir dormir. Antes do galo cantar, Juanita a acordou, pois precisavam começar a preparar o café da manhã.
Sebastián retornaria naquele dia e, na verdade, durante o café da manhã, ele chegou. Ele viu Rocio sentada à mesa e pensou que ela definitivamente parecia fora de lugar. Então, os olhos dele se desviaram para o lado, onde Isabel estava.
Apesar de ela estar vestida completamente diferente, seus cabelos não estavam alinhados como costumavam sempre estar, a loira estava magnificamente bela. As mãos de Sebastián queriam tocá-la, levá-la para o quarto dele e tomá-la novamente. Ele queria repetir o que eles tiveram na noite de núpcias. Ainda que não quisesse admitir, Sebastián se sentiu diferente de qualquer outra vez.
"Talvez pela entrega de Isabel..."
— Sebastián! — Rocio falou, sorridente.
Isso serviu para tirar Sebastián do transe no qual ele estava. Isabel não olhou para ele e isso fez com que o coração do homem se apertasse, porém, ele ignorou e se voltou para Rocio.
— Como foi tudo na minha ausência? — ele perguntou, formal, sério.
— Foi tudo muito bem. A nova criada é obediente! — Rocio falou e olhou de soslaio para Isabel, desdenhosa. A moça não se moveu.
— Excelente — foi a resposta dele. Sebastián sentiu aquela palavra descer engasgando-o. Não estava excelente e ele sabia disso. Apesar de manter uma postura digna, Isabel era a esposa dele.
— Você já tomou café da manhã? — Rocio perguntou, preocupada e foi ajudá-lo a tirar o casaco.
— Sim, já tomei, obrigado. Eu vou para o escritório — ele falou, sem dar a ela a chance de tocá-lo.
— Oh, tudo bem — Rocio falou, um pouco decepcionada, deixando as mãos caírem ao lado do corpo.
Sebastián deu meia volta. Isabel estava próxima à passagem pela qual ele teria que passar a fim de chegar ao escritório. Ele a olhou, mas a loira manteve o olhar baixo, distante. Com os lábios apertados em uma linha fina de desagrado, ele se foi.
"Ela nem pareceu notar que eu voltei!"
Sebastián trabalhou durante o restante da manhã e, na hora do almoço, ele se dirigiu para a sala de jantar. Ao chegar lá, viu Isabel ajudando a colocar a mesa.
Ele se sentou na cabeceira da mesa e olhou como os dedos de Isabel ajeitavam os talheres, de maneira elegante. Os movimentos dela eram leves e ele não podia deixar de lembrar como a pele dela era quente e o toque de seus dedos suave, ao acariciar-lhe o rosto.
Rocio chegou em seguida e se sentou à direita dele, onde teoricamente era o lugar de Isabel, a senhora da casa. Sebastián não achou que pudesse se sentir tão mal com tudo aquilo, como estava.
— Anda, garota idiota! — Rocio esbravejou para Isabel. — Você é mesmo uma inútil! Não está vendo que esses copos não estão alinhados?
Isabel nada disse, apenas se moveu para ajeitar as coisas conforme Rocio falava. Sebastián não gostou de como Rocio parecia estar gostando de pisar em Isabel.
— Essas tortilhas estão horríveis. Você não sabe cozinhar! — Rocio jogou a tortilha no chão, bufando. Então, virou-se para Sebastián. — Ela me irrita! — e cruzou os braços, igual uma menina birrenta. Sebastián odiava aquele tipo de comportamento.
— Coma outra coisa além da tortilha, então — ele disse, já sem paciência. Rocio percebeu o tom dele e preferiu não retrucar. Ela precisava que Sebastián entendesse que ela estava do lado dele, e sempre estaria. E mais: a posição de esposa deveria ser dela, e apenas dela!
Assim que Isabel saiu da sala de jantar, Rocio olhou para Sebastián.
— Não sei o que você viu nessa mulher — ela comentou, entortando a boca. — Ela não serve para morar em uma vinícola, no campo. Muito menos ser uma criada! Ela não serve para nada!
— Isabel está nisso há menos de quarenta e oito horas, Rocio. Dê-lhe tempo — ele falou e levou uma garfada à boca, sem nem olhar para a morena.
— Sebastián, você sabe que tudo o que eu faço é por você, não sabe? — ela perguntou e colocou a mão sobre a dele.
— Rocio... — ele olhou na direção da porta, como se para ver se Isabel não estava ali. Algo nele não queria que ela pensasse que havia algo entre ele e Rocio. — Eu sou grato pela sua lealdade, mas eu não quero que você confunda as coisas.
Ele retirou a mão de debaixo da dela, gentilmente.
— Sebastián, eu não vou mentir: eu sou apaixonada por você há anos e você sabe disso — ela insinuou os seios para ele, fazendo um beicinho de leve. Rocio sabia que tinha um corpo bonito e havia escolhido aquele vestido especialmente para que Sebastián pudesse comparar ela e Isabel. Não que a loira não fosse bem-feita, mas com as roupas de empregada? Não havia como chegar aos pés de Rocio.
— Rocio, por favor... — ele a alertou, mas ela não queria mais ficar calada.
— Eu não vou ficar insistindo, só que... Eu estou disponível para você. Quando e como você quiser.
Sebastián franziu o cenho.
— O que você quer dizer com isso, Rocio?
— Eu quero dizer que se você sentir vontade de se aliviar, eu estou disponível. Sem compromisso. Além disso — ela olhou na direção da cozinha — imagine como ela ficaria desolada.
Sebastián levantou as sobrancelhas e sim, Isabel ficaria arrasada se soubesse que Sebastián estava com outra mulher, debaixo do mesmo teto que ela. Apesar de tudo, Isabel era a Senhora Alarcón.
— Eu pensarei sobre isso, Rocio — ele falou e Rocio já ficou mais satisfeita, afinal de contas, ele não ter negado já era um bom sinal. O que ela não sabia era que Sebastián sentiu calafrios na espinha só de imaginar tocar nela daquela forma.
Assim que Isabel retornou à mesa para levar a sobremesa, Rocio olhou para Sebastián e piscou. Ele compreendeu o que ela queria dizer e segurou a mão de Rocio.
Isabel viu, claro, porém, ela não iria dar a eles dois o gosto da vitória. Ela não permitiria que Sebastián conseguisse o que queria! Ainda que Isabel fosse uma moça boa e calma, isso não significava que ela era das que se deixavam ser pisadas, quando notava a maldade. E, mais do que isso, ela não era tão estúpida. Insistir em uma causa perdida não era de seu feitio.
"Se eu der um xilique, Sebastián e essa daí vão ficar bem alegrinhos, e eu, serei humilhada! Mais humilhada! Não... Não vou cair no seu jogo, Sebastián Alarcón!"
Durante a noite anterior, Isabel havia pensado a respeito das coisas e, ainda que não pudesse saber o motivo por trás daquilo, o objetivo de Sebastián era claro: fazê-la sofrer.
— Rocio, vamos às compras. O que acha? — ele perguntou e olhou para Isabel. Ela não esboçou qualquer emoção e isso o incomodou.
No fundo, ele esperava que ela se irritasse e brigasse com Rocio por estar tão íntima do marido dela, no entanto, Isabel nada fez e ele sentiu um bolo se formando na garganta dele, difícil de engolir.
"Será que ela não me quer, mais?", ele se perguntou, lembrando do belo sorriso que Isabel ostentava, ao casar-se com ele. "Deixe de ser imbecil! Pouco importa se ela gosta de você ou não!" Mas importava, lá no fundo ele sabia que importava.
— Claro, Sebastián! — Rocio respondeu contente, com os olhos brilhando e cortando a discussão mental que Sebastián estava tendo com ele mesmo. Ele sorriu forçado, tentando parecer genuíno.
— Se você vai se comportar como a senhora desta casa, é necessário que se vista como tal.
— Oh, Sebastián, você é tão bom comigo! — ela falou. — Não acha, Isabel?
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