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Todos devem pagar por seus atos

VINGANÇA DE HALLOWEEN: AS CINCO

...

          O colégio Hyosan é apenas mais um como qualquer outro. Uma instituição comum, com professores comuns e alunos comuns, onde todos têm a liberdade e o incentivo para crescer. É disso que Minji gosta de se gabar, toda vez que está com amigos de outras escolas e tem a oportunidade de contar como é a escola em que, orgulhosamente, ela faz parte de clubes e até de algumas reuniões com coordenadores que a fazem se sentir importante.

          Não é uma escola muito agitada, também não tem muitos eventos, e tudo parecia nos conformes da normalidade, até Haerin aparecer com os materiais amassados e os joelhos ralados. Ninguém entendeu aquilo direito — Haerin pode ser muito calma, mas lerda não é —, mas a menina disse ter perdido o equilíbrio na escada. E não foi apenas aquele incidente que fez Minji começar a ficar de bituca pelos corredores, é claro que não. Foi também ver Haerin excluída das atividades da própria turma, foi notar como a Kang parecia se encolher ao passar por determinadas garotas, foi perceber como a amiga, que já não é das mais falantes, passou a falar menos ainda.

— Acho que tem alguma coisa acontecendo com a Haerin — ela chegou a comentar uma vez com Hanni no meio de uma aula de biologia, logo após ver pela janela a amiga mais nova passando rápido pelo corredor.

— Eu acho que você já tá atrás de fofoca pra não prestar atenção na aula — Hanni a cortou, sem piedade alguma. — Para de falar e copia a matéria.

          Mas Minji não conseguia mais parar de pensar sobre aquilo. Kang Haerin é uma garota incrível, mas que infelizmente guarda a maioria dos pensamentos para si e parece não gostar de chamar atenção. Minji já disse para ela que isso é um desperdício, que com esse cérebro e essa beleza Haerin pode ir longe — muito mais longe do que fazer parte de qualquer clube prestigiado da escola —, mas a mais nova apenas acha graça. Se Haerin é uma pessoa tão incrível, não tem a menor possibilidade de alguém querer fazer mal para ela, correto?

          Foi com esse pensamento (e muitos outros) que Kim Minji, que não foi escolhida presidente do clube de jornalismo em vão, resolveu andar atrás de Haerin pelos corredores após o horário de almoço. Se ela não visse nada durante aquele tempo vago, aceitaria que estava apenas inventando coisas na própria mente e deixaria o assunto de lado. Mas, como sempre, ela não estava errada. Nem precisou fazer muito esforço para ver Haerin sendo abordada por um grupo de garotas assim que entrou em sala, estranhamente de cabeça baixa. Haerin nunca abaixa a cabeça para alguém, nem quando está envergonhada — o que é quase sempre. O motivo a fez cerrar os punhos.

          Haerin estava amuada e em silêncio, enquanto as garotas zombavam do modo dela de falar e de agir. Estavam fazendo piadas sobre Haerin ser um robô, falar baixo demais e ser esquisita demais. A Kim até esperou o momento em que Haerin fosse erguer a cabeça e fazer aquilo parar, mas isso nunca aconteceu. 

          Nem é preciso dizer que Minji interrompeu as garotas, entrando no círculo que formaram ao redor da Kang e puxou a amiga dali pelo pulso, recebendo olhares feios de Eunseo, a aparente líder do grupinho de bobas da corte. Ela convenceu a Kang a contar tudo o que estava acontecendo, e se sentiu mal quando soube que as provocações estavam acontecendo há algum tempo, e algumas das vezes ultrapassavam o limite de assédio verbal. Minji quase voltou naquela sala para agredir as infratoras, mas de repente teve uma ideia melhor.

          Depois de conversar com Haerin e garantir de que a amiga estava bem, Minji resolveu ir atrás de uma pessoa para contar o que aconteceu e contar também a ideia que teve para vingar a amiga mais nova. Entretanto, Hanni, que tem como lema ignorar toda e qualquer ideia mirabolante de Minji, se recusou a continuar escutando.

— Pham Hanni.

          Mas isso não significa que Minji desistiu.

          Os passos apressados da Kim ecoam pelos corredores quase vazios, os sapatos de saltinho anunciando a presença dela sem precisar dizer nada — mesmo não sendo o caso, já que o nome da amiga está ecoando pelos corredores da escola há alguns minutos.

— Pham Hanni. Pham Hanni! — a menina chama ainda mais alto a amiga, querendo a todo custo ser ouvida, mas Hanni não parece disposta a ceder quando para de andar, se virando com uma feição brava. Minji para de andar, achando a amiga fofa irritada.

— Kim Minji! — a mais nova finalmente responde. — Não adianta insistir, essa ideia é péssima! Não vamos fazer nada, o que acha que somos? A liga da justiça?

          Minji revira os olhos e cruza os braços, porque não é sobre serem super heroínas: é sobre defenderem a amiga delas!

— Então você quer ficar quieta e deixar aquela garota fazer qualquer coisa com a Haerin? Isso não é justo — Minji fala séria, olhando nos olhos de Hanni, esperando alguma resposta positiva.

— Eu sei que não é justo — Hanni começa a ceder, desfazendo a expressão irritada que ela nunca consegue manter por muito tempo. — Mas também não vamos fazer besteira. A gente pode falar com os responsáveis dela...

— Hanni-ah, não vamos fazer besteira — Minji tenta convencê-la com batidinhas leves no ombro e um sorriso doce nos lábios. — É só uma pegadinha de Halloween, não vai acontecer nada demais. E a Haerin concordou em me deixar fazer alguma coisa pra parar a Eunseo e as amiguinhas dela.

— Você tem certeza disso? — Hanni ainda pergunta, uma sobrancelha erguida. Não é do feitio de Haerin praticar vingança contra ninguém, mas Hanni bem sabe que a mais nova também gosta de pregar umas peças.

— Claro que tenho.

          Hanni bufa com a resposta, porque Minji sempre acha que tem tudo sobre controle, mas raramente os planos mirabolantes dela saem como o planejado. De qualquer forma, Hanni concorda que dar um susto em Eunseo não vai fazer mal algum, e mesmo que isso não impeça a garota de perturbar a vida de Haerin, ainda pode servir como entretenimento para a pobre Kang, que tem de aturá-la diariamente pelos corredores da escola.

— Então tá.

         E essa é a deixa para Minji apertar as bochechas da amiga com um sorriso de orelha a orelha, e logo em seguida sair correndo pelo corredor, fazendo Hanni pensar em como a Kim planeja aplicar essa tal pegadinha de Halloween.

          Assim que os horários de aula terminam, as garotas se reúnem na sala da rádio da escola para a tal ''reunião'' que Minji solicitou horas antes no grupo do KakaoTalk — seguida de emojis entediados de Hanni, é claro.

— O que aconteceu? — Danielle é a primeira a chegar, os olhinhos arregalados e uma expressão preocupada no rosto.

— Estão fazendo bullying com a Haerin — Minji conta de uma vez, e Danielle abre os lábios em um perfeito ''0'', sem conseguir acreditar como podem fazer qualquer tipo de maldade com Haerin — logo com Haerin, que não mexe com ninguém!

— O que fizeram com ela? Ela está bem?!

— Aquelas alunas da turma dela estão implicando com ela por ser tímida demais — ela conta e se apressa em continuar falando, já que os olhos de Danielle parecem que vão saltar a qualquer momento do rosto. — Mas tá tudo bem, não tem problema. Eu sei quem são as garotas, e sei de mais algumas coisas também, só vou precisar da ajuda de vocês.

— Pra que?

— Caramba gente, o que aconteceu? — Hyein chega falando alto, batendo a porta da rádio de contra alguns equipamentos sem querer e já levando um olhar feio de Minji. — Desculpa.

— Hyein-ah, estão fazendo bullying com a Haerin! — Danielle conta, ainda sem acreditar.

— Sério?! — a mais nova também parece surpresa. — A Haerin unnie? Por que? Quem foi? Tenho certeza que foram aqueles garotos idiotas da turma do ensino médio! Eles vivem perturbando todo mundo, por que eles são assim?! — A Lee distribui acusações, mas Minji nega todas com a cabeça.

— Dessa vez não foram aqueles delinquentes, foram alunas da turma da Haerin.

— Foram garotas?! — a voz grossa da mais nova até chega a afinar, sem acreditar.

— Qual a surpresa? — a Kim ergue uma sobrancelha.

— Sei lá? Não, é que, por que as garotas iriam implicar com a Haerin unnie? Só porque ela é mais bonita que todas elas? Só se for por isso. Quem foi?

          Minji fica satisfeita ao ver a sobrancelha erguida e os braços cruzados de Hyein, porque pelo menos assim ela sabe que já tem a ajuda de uma delas garantida.

          Hanni e Haerin finalmente chegam, Hanni com o uniforme do time de futebol todo molhado de suor e Haerin com os olhos pequenos espantados, e logo a pequena salinha da rádio vira uma bagunça de comentários atravessados e conversas paralelas, as cinco agitadas com a situação.

— Você não tinha que esconder isso da gente — é um dos comentários de Danielle, triste em saber que a amiga passou por situações ruins sozinha.

— A gente não pode deixar elas fazerem esse tipo de coisa e sair impune! — Minji insiste, mas Hanni a para com uma mão erguida.

— Quem tem que decidir isso é a Haerin. O que você acha? — Hanni se dirige à mais nova, e de repente a Kang tem quatro pares de olhos sobre ela, a fazendo desviar o olhar para as paredes.

          Haerin aprecia de coração as amigas que tem, e se sente confortável quando elas deixam espaço para que possa falar, para que dê alguma opinião (ainda mais em uma situação como essa, que ela é a vítima). Mas no geral ela prefere apenas assistir, não ser a que toma as decisões importantes. Foi até mesmo por isso que ela não chegou a comentar com nenhuma das amigas quando Eunseo começou a provocá-la, ou quando as amigas de Eunseo começaram a constrangê-la. O pensamento de falar com o irmão quatro anos mais velho sobre o assunto até passou pela mente dela, mas sabia que seria em vão. Então, para quê preocupar as amigas com isso? Mas ela sabia, sabia que no momento que descobrissem, não iriam deixar assim. Danielle provavelmente a trataria como um bebê precisando de cuidados, Hyein provavelmente iria querer bater nas responsáveis, Hanni provavelmente iria querer falar com a direção da escola, e Minji... Minji provavelmente teria uma ideia mirabolante para fazer Eunseo pagar. Ela não poderia pedir por amigas melhores que essas, sinceramente.

— Dependendo do que vocês quiserem fazer... Eu topo — Haerin decide, fazendo Minji bater uma palma satisfeita.

          A sala com isolamento acústico fica em silêncio por alguns momentos, as cinco meninas se entreolhando. Não será nada demais, certo? Será uma pequena vingança em forma de travessuras de Halloween, será até divertido.

— E o que a gente vai fazer? — a curiosidade de Hyein quebra o silêncio, e todas observam Minji dar um sorriso travesso e enrolar o cabelo com o dedo.

— Estive pensando em um plano... mas alguém vai ter que se fantasiar de fantasma — ela ri, vendo algumas expressões desgostosas. — Alguém se voluntaria?

— Como todo ano, vamos ter a festa anual de Halloween aqui na escola e, como todo ano, algumas salas vão ter temas, tipo aquela ''Sala do Terror''...

— Mas que ninguém entra lá só pelo desafio de sentir medo — Hanni lembra, fazendo Hyein dar risadinhas e Danielle cobrir as bochechas que começam a corar de vergonha.

— Exatamente — Minji continua. — Mas nenhuma sala do segundo andar vai ter um tema, e isso é por causa da 2D. Acho que vocês sabem que a 2D é conhecida por ser mal assombrada — ela começa a parte interessante do plano, mas apenas consegue um erguer de sobrancelhas de Hanni e olhares assustados de Danielle. — Alguns alunos gostam de pregar peças por lá, e como o Halloween é dia das travessuras... Por isso eles não querem ninguém no segundo andar.

— Não, eles não querem ninguém lá porque a sala está cheia de quinquilharias — Hanni lembra, mas Minji revira os olhos. — Nem começa com essas histórias, Minji-ah. Ninguém pode entrar lá porque tem várias coisas que não é pra ninguém mexer, coisas da escola, e você sabe que-

— Eu sei que é mentira, Pham Hanni — Minji a interrompe, uma mão erguida em frente ao rosto da amiga. Hanni poderia facilmente morder os dedos da Kim, para deixar de ser abusada. — Mas alguns alunos acreditam nisso.

— A Eunseo acredita nisso — Hyein ri, e Minji estala os dedos e aponta para a mais nova.

— Exatamente! A Eunseo acredita nisso. Ela vai estar com medo da sala, e é disso que a gente precisa.

— Por que ela tem medo? — Danielle pergunta com um dedo erguido que faz Hyein rir e Haerin a achar fofa.

— Você não sabe? — Haerin pergunta com surpresa, e Danielle nega. — Dizem que há muitos anos, todos os alunos daquela sala foram mortos pelo fantasma de uma ex aluna, que... Eu não lembro direito porque ela fazia aquilo, mas o que importa é que a sala ficou mal assombrada.

— E alguns anos depois, quando a sala já tinha virado um almoxarifado, uma aluna tentou entrar de noite sem ninguém saber, e acabou morrendo também — Hyein conta empolgada, os olhos quase saltando do rosto. — Dizem que ela foi atacada pelo fantasma da aluna, e encontraram o corpo dela todo ensanguentado no dia seguinte.

— A garota se matou — Minji corrige com certo pesar, e a essa altura os olhos de Danielle já estão quase saltando para fora do rosto, tamanho terror. — Mas não tinha todo esse sangue que falam.

— Então isso foi verdade? — a voz trêmula da australiana faz Haerin se aproximar da amiga para consolá-la com um leve carinho nas costas.

— De fato, uma aluna se matou naquela sala há muitos anos, mas não teve nada a ver com fantasmas — Minji esclarece, enquanto Hyein murmura algo sobre ninguém ter como saber se teve ou não.

          Se a tentativa de Minji era de amenizar o terror de Danielle, de nada adiantou, pois a garota se encontra ainda mais pálida do que já é naturalmente.

— Acho que eu não quero entrar naquela sala — Danielle diz, sem querer estragar todo o plano que Minji ainda nem revelou, mas sem poder se impedir de começar a entrar em desespero.

— Você não vai precisar, porque eu já pensei em praticamente tudo. Antes que alguém me interrompa, quero deixar claro que foi difícil pensar em quem vai fazer o quê, porque eu quero fazer tudo, mas obviamente não vou poder e vou precisar da ajuda de vocês. A gente pode mudar o que cada uma vai fazer, então sem brigas e prestem atenção.

          Depois de horas explicando e fazendo mudanças no plano e mais alguns dias trocando mensagens e se reunindo após as aulas, estava tudo pronto. No início estavam todas um pouco tensas, mas logo a agitação de Minji as contagiou e todas começaram a aguardar ansiosamente pela pegadinha. A vida escolar delas é até legal, mas não é todo dia que elas têm a oportunidade de se vingar de alguém, sem precisar descer ao nível da pessoa.

          Já com tudo pronto, as cinco até se dedicaram às próprias fantasias, indo ao shopping e às lojinhas de rua para ver opções (mesmo que no final as quatro tenham terminado discutindo por quererem ser bruxas, menos Danielle, que estava aliviada por não ter que ser o fantasma e nem ter que entrar na sala assombrada, e decidiu que seria uma borboleta).

          E é assim que as cinco chegam à festa de Halloween do colégio, fantasiadas e agitadas como todos os outros alunos — apenas com intenções diferentes. Os alunos fantasiados começam a encher a escola, a música começa a ficar cada vez mais alta e, com o passar das primeiras horas e com o cair da noite, os corredores estão cheios de alunos. Elas estão bebendo água e observando o movimento de alunos perto da escada que dá para o segundo andar, quando Danielle percebe uma movimentação de Eunseo com um garoto mais velho.

— Quem é aquele ali? — a menina-borboleta atrai a atenção das quatro bruxinhas para o que parece ser uma discussão entre Eunseo e um rapaz alto e todo vestido de preto.

— Acho que é o namorado dela — Haerin diz sem muita certeza, porque ela sempre vê Eunseo com esse garoto mais velho, mas não acha que eles parecem bem um casal.

          As cinco observam os dois conversando, Eunseo parecendo um pouco agitada e o rapaz mais velho sem demonstrar muito interesse. Na verdade, ele até parece bem entediado segundo Minji, e logo ele está indo para a saída, enquanto Eunseo o xinga e bate o pé no chão. Haerin ri da cena, achando divertido ver Eunseo levando um fora.

— Acho que alguém levou um pé na bunda — Minji ri junto às amigas, mas em seguida se escondem por trás de alguns alunos rapidamente quando Eunseo passa furiosa para a quadra cheia.

          A garota não parece estar com o melhor dos humores, porque ela vai até as amigas, ainda batendo os pés no chão, e logo se afasta novamente com uma expressão de poucos amigos. As cinco amigas trocam olhares e decidem que essa é a deixa para elas se dividirem para começar com o plano.

          Hanni e Hyein controlam a agitação e as risadinhas e saem de fininho, se camuflando entre os alunos enquanto passam pela entrada principal e se encaminham para trás da escola. Haerin, Minji e Danielle vão para a quadra da escola, no centro da festa — e onde Eunseo está com as amigas.

— O plano vai começar com a Haerin. Ela vai mexer com a Eunseo e atraí-la até a 2D. Você vai ter que ser corajosa dessa vez, Haerin-ah. Atrair a atenção dela não vai ser muito difícil, porque ela tá sempre no seu pé, mas dessa vez você vai implicar com ela, sei lá, vai falar umas coisas... Eu pensei em você tirar uma parte da fantasia dela e sair correndo, mas se for demais, a gente pode ver isso melhor, o que importa é ela ficar bem irritada e ir atrás de você.

          Agora Haerin entende a importância da presença de Minji e Danielle ali. Só de olhar para Eunseo, que desfila de um lado para o outro com os saltos enormes e a fantasia de princesa, ela se sente arrepiar e o medo da garota quase se torna maior que a vontade de assustá-la e vê-la sentir um pouquinho do que a Kang tem que sentir quase todos os dias.

— Acho que você pode tirar a coroa — Danielle fala baixo, disfarçando o olhar fixo na outra garota enquanto prova o suco de sangue falso com uma careta. — Eca, o que tem nesse suco?

— É uma boa ideia — Minji concorda, e Haerin encara a pequena coroa que está sobre os cabelos trançados de Eunseo. — O que você acha, Haerin?

— Pode ser — a mais nova concorda. É a única parte da fantasia que ela pode pegar e sair correndo. Ou é a coroa ou é um dos saltos enormes da garota.

— Não esquece, quando vocês começarem a correr, eu vou mandar mensagem pra Hanni e ela vai entrar na sala — Minji começa a repassar o plano. — Então quando entrar, você corre pra se esconder.

          Haerin assente e as amigas começam a se afastar. Sozinha, Haerin observa Eunseo se aproximar novamente da mesa de sucos, e ao trocar olhares com as amigas, percebe que essa é a oportunidade perfeita.

          Ajeitando o chapéu de bruxa para evitar que caia, Haerin se aproxima aos poucos. As amigas dela estão distraídas, então precisa ser rápida.

— Eunseo — ela chama, a voz firme.

          O modo como a garota vira para encará-la, com os olhos afiados e cenho franzido, fazem Haerin engolir a seco. Não sabe o que fez para Eunseo, de verdade. Elas nunca tinham trocado palavras antes da mais velha decidir que ela merece ser punida por não falar muito (ou por não falar alto o suficiente).

— Perdeu o respeito? — a garota começa a se aproximar, deixando de lado a ideia de pegar suco. — É sunbae pra você — ela fala pausadamente, a voz alta sendo abafada pela música.

          Para uma princesa, Eunseo quase não tem modos, Haerin pensa.

— Sunbae? — a Kang finge pensar. — Você reprovou e agora somos da mesma turma, então acho que posso falar informalmente com você.

          É possível ver a veia na testa da mais velha quase saltando, e Haerin olha brevemente para o corredor, para garantir que terá como fugir caso Eunseo tente atacá-la.

— Como é que é? — ela se aproxima, as mãos inquietas, e Haerin se pergunta se Eunseo teria coragem de agredi-la na frente de todos. — O que aconteceu que você ficou toda corajosa de repente? Perdeu a noção? Só não aprendeu ainda a falar direito — a mais velha provoca em meio à raiva, e Haerin se recusa a desviar o olhar dessa vez.

— Não tá me ouvindo direito? — ela aumenta o tom. — Você não merece ser chamada de sunbae porque é repetente e burra.

          No momento em que Eunseo se aproxima em um ato que Haerin tem certeza que é uma tentativa de esganá-la, ela aproveita e pega a coroa de plástico da cabeça da mais velha e corre para fora da quadra.

— Quando perceber que ela está bem brava e te seguindo, você vai correr até o segundo andar e, se tudo der certo, ela vai te seguir até lá, mas você tem que ser mais rápida. Você entra na 2D e se esconde em um lugar que a gente vai ter arrumado antes. E a parte da Haerin acaba e chega a vez da Hanni e da Hyein.

          O corredor até a escada está cheio de alunos e Haerin tem que desviar de todos e tomar cuidado para não tropeçar na própria roupa, já que quase todas as luzes da escola estão apagadas ou fracas demais. Ela olha para trás algumas vezes e garante que Eunseo a está perseguindo, sangue nos olhos e mil e uma ameaças na boca.



          Hanni e Hyein saíram da escola aos risos, com pulinhos e dancinhas, e tiveram que disfarçar das poucas pessoas que passavam para que ninguém prestasse atenção nas duas garotas com chapéus pontudos indo para trás da escola.

          Hyein se apressa em pegar a escada que deixaram escondida ali perto no dia anterior, enquanto Hanni se apressa em trocar o chapéu pontudo e a botinha por um vestido branco comprido e sujo de tinta vermelha. Ela tira a maquiagem de dentro da bolsinha e Hyein a ajuda a se transformar em um fantasma, uma assombração que, se tudo der certo, deixará Eunseo tendo pesadelos pelas próximas semanas.

— Aquele ali não é o seu irmão? — Hanni cutuca Hyein enquanto aponta para o meio da distante rua movimentada, onde está um grupo de garotos altos, fantasiados de delinquentes e com copos suspeitos nas mãos.

— Sim — Hyein não perde muito tempo olhando para Heeseung do outro lado da rua, com medo de o mais velho a notar e ir perguntar o que ela está fazendo fora da escola, e ainda com uma escada, roupas e mãos sujas de sangue falso.

— Não sabia que o Jungwon andava junto deles — Hanni percebe o colega de classe em meio aos outros, este sendo o único que parece estar vestido normalmente, mas então ela percebe uma arma cor de rosa nas mãos dele.

— É, ele é um dos amigos inseparáveis do meu irmão — Hyein conta sem muito entusiasmo, voltando a atenção à escada enorme que elas estão posicionando perto da janela da sala 2D. — Unnie, tem certeza que consegue fazer isso? — ela pergunta novamente e Hanni revira os olhos.

— Ficou com medo de repente? — a vietnamita brinca com a mais nova, que faz um bico.

— Não é medo, só não quero que você desista quando ela aparecer.

— Não vou desistir — a garota assegura, com as mãos em punho fazendo um ''fighting!''. — Ver ela implicando com a Haerin me deu motivação.

          Hyein dá uma risada abafada, porque realmente. Ver Eunseo tratando Haerin mal motivou todas as garotas a seguirem com o pequeno plano que foram pensando ao longo da semana, e nem precisaram de muito. Incrivelmente, apenas precisaram prestar um pouco mais de atenção na amiga para notar como Eunseo não podia perder a oportunidade de tratá-la mal toda vez que a via pelos corredores ou salas.

— Mensagem! — Hyein praticamente grita ao sentir o celular de Hanni tremer, e quando desbloqueiam a tela a mensagem de Minji é a primeira coisa que aparece. — Elas já começaram — Hyein se agita, e Hanni começa a checar se a maquiagem está boa o suficiente.

— Me ajuda a subir — ela se apressa, tomando cuidado com o vestido branco comprido e com os cabelos propositalmente bagunçados que cobrem parte do rosto. — A maquiagem tá boa? — ela confirma pela última vez, um pé no primeiro degrau da escada.

          Foi complicado fazer a maquiagem na pressa, já que Hanni não chegou na escola pronta para dar um susto em Eunseo, mas todo o sangue falso e tutorial de maquiagens de machucados falsos resultaram em uma Hanni irreconhecível, com o rosto, que é sempre tão adorável, perto da deformidade.

— Tá ótima — Hyein confirma, agitada, e Hanni respira fundo antes de começar a subir.

Embora eu queira muito ver a cara de idiota da Eunseo apavorada, acho que a Hanni daria uma melhor fantasma. A Hanni vai estar dentro da sala, fantasiada e maquiada, e vai assustar a Eunseo quando ouvir a porta sendo trancada. Eu e a Danielle vamos estar do lado de fora, e no momento em que a Eunseo entrar, vamos trancar a porta.

— Depois eu vou querer saber de tudo! — Hyein diz animada, e Hanni sorri para a mais nova antes de voltar a subir.

— Depois dessa eu vou ter que entrar pro clube de teatro — ela murmura, sem olhar para baixo.

          Assim que chega ao topo da escada ela abre a janela, que elas tomaram o cuidado de deixar destrancada mais cedo, quando foram organizar o esconderijo de Haerin. Escorregar para dentro não é difícil, e logo ela está colocando a mão para fora em um sinal para Hyein remover a escada.

          Agora não tem mais volta, ela pensa, ansiosa pela chegada das garotas.

          Os minutos de espera parecem infinitos, e Hanni começa a pensar na possibilidade de ter tudo dado errado. Eunseo é uma garota metida e irritante, mas ainda é alguns centímetros mais alta que Haerin, e com as pernas maiores ela pode ter alguma vantagem na hora de correr. Se ela tiver alcançado Haerin, é bom que Minji e Danielle estejam por perto, para impedir que um desastre aconteça.

          A fantasminha está posicionada no canto da sala, ao lado da porta, lugar que estrategicamente pensaram juntas, pois quando abrem a porta não conseguem vê-la. Hanni está pronta para sair da posição e voltar até a janela para gritar Hyein e perguntar se ela recebeu alguma mensagem das amigas, quando a porta da sala abre com tudo e quase bate nela. O coração da garota salta no peito e ela percebe que é Haerin, batendo a porta de novo e correndo até um dos pequenos armários de chão que elas arrumaram para a Kang se esconder. Elas não trocam nenhuma palavra, apenas olhares: os olhos arregalados de Haerin encontram os igualmente assustados de Hanni, e por um momento o único som dentro da sala é o das respirações descompassadas e de Haerin se espremendo para caber dentro do pequeno armário. A ansiedade é palpável, mas as duas ainda trocam sorrisos, sabendo que a parte divertida irá começar.

          A sala está completamente escura e, graças ao vandalismo de Hyein, também está sem interruptor. Logo, a única iluminação é a luz de um poste bem distante do lado de fora e a luz da lua. É o cenário perfeito para um filme de terror, e Hanni sente a adrenalina de ser o fantasma que faz todos gritarem.

          As garotas não têm muito tempo para pensar porque no momento que Haerin está fechando a portinha do armário, a porta é aberta novamente e bate no corpo de Hanni, espremido no canto da parede, e dessa vez não sobra dúvida de quem seja. Se o coração de Hanni já estava saltando do peito, agora ela o escuta tão alto que é estranho mais ninguém ouvir.

— NÃO ADIANTA SE ESCONDER, KANG — Eunseo entra na sala, furiosa. — EU VOU TE PEGAR E DESSA VEZ EU TE ARREBENTO! O QUE FOI? FICOU CORAJOSA DE REPENTE E AGORA DECIDIU VOLTAR A SER UMA COVARDE?

          A garota não para de gritar, virada em direção à janela e dando chutes nas cadeiras e caixas espalhadas por ali, revirando tudo. Hanni empurra a porta lentamente, as mãos trêmulas, e aos poucos a porta vai se fechando. Se Minji demorar mais um pouco, Eunseo pode virar e ver Hanni ali, se assustar e sair correndo pela porta. Mas agora, vendo a fúria da garota, Hanni se pergunta se Eunseo vai mesmo ficar apavorada e correr, ou se ela vai reconhecer Hanni e partir para briga.

          Como se pudesse ler o pensamento de Hanni, Minji chega a tempo, e a porta é finalmente fechada. No momento em que a fantasminha escuta a porta sendo trancada e Eunseo se vira para ver de onde saiu o barulho, ela respira fundo.



— Fechou? — Danielle pergunta sem ar, já sem energias depois da corrida.

— Fechei — Minji garante, olhando ao redor para ter certeza de que ninguém está por ali. — Agora vai pra escada e garante que ninguém vai desconfiar de nada. E não esquece, se...

— Se alguém subir eu mando mensagem avisando — a australiana repete o plano, assentindo com a cabeça e fazendo as trancinhas balançarem. — Tem certeza que consegue segurar a porta? — ela ainda se preocupa, mas Minji a apressa com um sinal de mãos.

— Tenho, tenho. Agora vai.

Uma vai ter que trancar a porta com elas lá dentro e garantir que ninguém vai sair, e a outra vai ficar pelo corredor garantindo que ninguém vai se aproximar. Eu queria ficar na escada pra garantir que ninguém vai subir, mas quero garantir que vai estar tudo dando certo então acho que vai ser melhor se a Dani ficar pelo corredor e eu na porta.

          A garota com trancinhas e fantasia de borboleta corre novamente, agora em direção à escada, com medo de ser pega. Danielle estava com medo de dar tudo errado, mas agora que praticamente todas as etapas do plano deram certo, ela queria ficar na porta para poder ouvir Eunseo com medo. Seria legal vê-la assustada, mas essa preciosidade, infelizmente, apenas Hanni irá ver. Se der sorte, talvez ela veja Eunseo correndo escada abaixo quando Minji finalmente abrir a porta para a garota sair.

          Minji fica parada em frente à porta, esperando. Ela consegue ouvir Eunseo gritando e xingando, mas logo escuta um grito fino e abre um sorriso.



          Eunseo é burra demais para notar a presença de Hanni de primeira. A garota sai correndo em direção à porta, xingando até a primeira geração de Haerin.

— Abre essa porta agora! — ela soca a porta de madeira, fazendo barulho demais. — Sua idiota!

          Hanni fica congelada por um momento, com Eunseo tão próxima. Talvez a visão da garota ainda não tenha se acostumado ao local escuro e ela não esteja conseguindo ver uma garota toda ensanguentada e vestida de branco, bem ao lado dela. Ou talvez ela só esteja com tanto ódio que não enxerga nada além de Haerin e da possibilidade de colocar as mãos no pescoço dela.

          Então Hanni decide que a brincadeira vai começar, e espera que Haerin esteja escutando tudo — e que talvez ela possa ver a garota idiota sentir um pouquinho de medo.

          Hanni toma cuidado para não fazer barulho ao sair do lado da porta, enquanto Eunseo continua a gritar e tentar forçar a maçaneta.

          Eunseo sente uma mão em seu ombro e se vira rapidamente para olhar, assustada, e o grito que ela solta é desesperado. A reação dela é se jogar de contra a porta ao ver a figura ensanguentada e com sorriso sinistro, mas a assombração se aproxima ainda mais, tentando tocá-la.

— Me solta! Quem é você? — ela grita em desespero, se esquivando da porta e indo para o meio da sala, tropeçando na própria fantasia.

          Eunseo sente as lágrimas nos olhos, o coração acelerado. Ela não sabe para onde Haerin foi, mas sabe que não deveria ter entrado nessa sala. Essa é a sala que ela manda os alunos entrarem para fazer eles sentirem medo, mas ela mesmo nunca entrou, muito menos sozinha. A vontade de fazer Haerin pagar pelo que disse a fez perder a cabeça e não se importar com mais nada, e ela nunca se arrependeu tanto de algo.

          Hanni se pergunta se tem a chance de Eunseo reconhecer a voz dela, mas logo descarta a possibilidade. Se a garota não reconheceu a aparência dela, não irá reconhecer uma voz que nunca ouviu.

— Você sabe quem eu sou — ela começa um pouco hesitante, mas o olhar de pânico de Eunseo e o modo como ela caminha para trás lentamente o encorajam a continuar.

— Não sei — a garota ainda diz, a voz trêmula.

— Sabe sim — Hanni ri do jeito mais macabro que consegue, consciente que tem sangue falso nos dentes, e Eunseo começa a chorar.

— Eu juro que não sei — a garota insiste, e acaba tropeçando em uma mesa no meio do caminho e caindo no chão.

— Ah... Então acho que preciso te lembrar — ela ri, e começa a correr na direção da garota.

          Eunseo se levanta aos tropeços, gritando e chamando pelas amigas, implorando para que o fantasma a deixe em paz. Hanni acha engraçada a perseguição, engraçado o modo como a garota sempre tão confiante está agora correndo pela sala como um rato encurralado, aos prantos e implorando pela vida. Ela é tão burra por cair nessa história.

— Por favor! Por favor! — Eunseo continua implorando, já com a maquiagem toda borrada. — Eu não sei o que eu fiz, mas me desculpa! Por favor!

          Hanni então para de correr atrás da garota. A respiração descompassada dela é o único som dentro da sala, e Hanni quer rir de como ela se agarra às paredes.

— Não sabe o que fez — a fantasma se aproxima a passos lentos. Ela pode ver Eunseo tremendo. — Eu vejo os alunos que você traz aqui...

          O sussurro da fantasma, os olhos dela, a boca cheia de sangue, fazem Eunseo chorar ainda mais e implorar por perdão.

— Eu estava te esperando — outro sussuro, e Eunseo chora ainda mais.

— Me perdoa — ela chora como um bebê, e a fantasma solta uma risada medonha.

— Não é pra mim que você deve pedir desculpa.

— Tudo bem! Eu vou pedir desculpa pra todos eles! Eu juro! — a garota implora entre os soluços, e Haerin precisa forçar as mãos de contra a boca para não soltar uma gargalhada. Eunseo é tão patética! Como ela pôde se deixar intimidar por essa garota?

— Será que vai mesmo? — a fantasma continua se aproximando, o vento que entra pela janela fazendo o longo vestido branco balançar junto aos cabelos negros e compridos. — Ou será que você vai fugir daqui e vai continuar fazendo o que sempre fez? Você é um lixo de ser humano, acha que merece ser perdoada?

          Assim perto da janela, a princesa consegue enxergar melhor o sangue na roupa dela, e murmura mais alguma coisa sobre perdão e outras coisas mais que Hanni não consegue entender, mas em um ato súbito ela se desgruda da parede e começa a gritar e correr pela sala. O coração de Hanni quase para, porque a garota está bem em frente ao armário em que Haerin se esconde, e a Pham percebe que ela está tentando quebrar a maçaneta, provavelmente para se defender. Se ela puxar demais pode acabar quebrando e o esconderijo de Haerin vai ser revelado, então ela corre com tudo para cima de Eunseo, com direito a gritos e voz demoníaca que inventou agora, e parece dar certo, porque a garota corre para o lado oposto da sala, pedindo desculpas novamente.

          Hong Eunseo para em frente à janela aberta, os cabelos bagunçados voando ao redor do rosto amedrontado, e Hanni corre até ela, gritando e com as mãos em frente ao corpo, como se fosse pegá-la. E então Eunseo faz o inesperado.





          A parte de trás da escola é vazia e silenciosa, tendo apenas uma rua mal iluminada entre a construção e o vazio da noite. Hyein não escuta muita coisa que se passa dentro da escola, escondida em uma área escura longe da janela que ajudou Hanni a subir, porque seria estranho demais se alguém a visse por ali com uma escada enorme.

          Ela passa o tempo jogando um pouco enquanto espera por uma mensagem de Minji ou Danielle, ou até mesmo de Haerin. Como nenhuma das amigas entra em contato, Hyein resolve se aproximar um pouco da sala. Seria engraçado chegar mais perto e ouvir Eunseo assustada, talvez ela até esteja gritando. A Lee ri só de pensar na possibilidade.

          Parada perto da janela ela tenta escutar vozes, mas não consegue ouvir nada e acaba se distraindo com pensamentos.

          De repente, ela vê alguma coisa caindo da janela e se espatifando com tudo no chão. O som emitido na hora da colisão é horripilante, mas o pior de tudo é ver o corpo de Eunseo sendo deformado bem na frente dela. A fantasia de princesa, que agora começa a ensopar de sangue, torna tudo ainda mais medonho para a mais nova.

          Hyein dá um passo para frente, sem acreditar no que está vendo. Ela está tremendo, a respiração descompassada e sente vontade de chorar e o desespero a consumindo. Hyein nunca viu tanto sangue. O corpo da garota está completamente torto e ela não emite um som, e por um momento Hyein não consegue acreditar nos próprios olhos.

Depois do susto, a Hanni vai dar o sinal e eu vou abrir a porta e me esconder na sala ao lado. Eunseo vai sair correndo com medo e a Hanni e a Haerin vão descer pela janela. A Hyein vai estar atrás da escola, esperando com a escada pra ajudar elas a descerem e com a fantasia da Hanni, e vai ajudar ela a tirar a maquiagem e a trocar de roupa. Depois disso a gente volta pra festa como se nada tivesse acontecido, e vamos ver todos pensando que a Eunseo é maluca.

— Hyein-ah...

          A mais nova escuta a voz entrecortada de Hanni e olha para cima. A amiga está irreconhecível com tanta maquiagem no rosto, mas Hyein acredita estar vendo lágrimas saindo dos olhos desesperados. De qualquer forma, ela está em choque. Não consegue pensar direito. Ela olha novamente para baixo. Eunseo está morta. Hanni a jogou pela janela? Era para ser apenas um susto...

— A escada! — de repente Minji grita, e Hyein olha para cima de novo, e percebe que também está chorando quando as lágrimas escorrem ao erguer o pescoço.

— O que aconteceu? — ela pergunta baixo, para ninguém específico. Nada faz sentido. O corpo de Eunseo está na frente dela, e o rosto... Ela não tem coragem de olhar para o rosto da garota.

Ela tá surtando — Hyein consegue escutar a voz de Minji, um pouco abafada, mas tudo o que ela consegue fazer é encarar o corpo sem vida de Eunseo.

— O que a gente faz? — a voz de Danielle também parece desesperada.

— Como foi que isso aconteceu? — Minji pergunta, e Hanni começa a gaguejar, sem conseguir falar direito.

— Ela caiu — Haerin conta. — Eu consegui ver pela fresta do armário. A Eunseo se jogou.

— Ela perdeu o equilíbrio — Hanni chora, e é questão de segundos até todas estarem entrando em pânico.

— Hyein — Minji chama de novo, mas a mais nova continua imóvel.

— Hyein, para de olhar a Eunseo. Olha pra gente — Danielle tenta, e parece funcionar, porque a mais nova olha para cima de novo.

— A gente não pode descer as escadas — Minji continua, a cabeça para fora da janela para ver a Lee melhor. — Vamos ter que descer pela escada. Cadê a escada?

— Mas ela... O corpo...

          A mais nova nem precisa terminar a frase para que as outras entendam. O corpo de Eunseo está no caminho, e o sangue não para de se espalhar.

— A gente tem que ligar pra alguém — Danielle decide e pega o celular, mas Hanni o toma. — Ei!

          A vietinamita não sabe o que dizer, só sabe que está assustada. Haerin também está assustada, sem saber o que fazer, e olha para Minji, que também tem lágrimas no rosto, mas parece se controlar melhor.

— E se... E se acharem que eu... — Hanni começa, mas Minji a interrompe.

— Nós vamos descer e então decidimos o que fazer.

          Com mais algumas palavras de afirmação, as mais velhas conseguem tirar Hyein do transe e parar de encarar o corpo desfalecido. Hyein pega a escada e tenta desviar do corpo e da poça de sangue que estão no chão, com o olhar desviado, porque ela sente que se olhar mais uma vez irá vomitar — ou chorar, ou desmaiar, ou as duas coisas.

— A gente tem que dar um jeito nessa escada — é a primeira coisa que Minji fala, sendo a última a descer.

— A Eunseo morreu e você tá pensando na escada — a voz quebrada de Danielle mostra a vontade de chorar.

          Hanni e Danielle não param de chorar, e Minji tenta consolar Hyein.

— Não encosta nela! — Minji se desespera quando Haerin se abaixa perto do corpo, mas a Kang não tem intenções de tocá-la.

          A bruxinha encara Eunseo, e percebe que boa parte do sangue que está saindo é da cabeça da garota. Ela viu o momento em que Eunseo se jogou para trás. Hanni diz que ela perdeu o equilíbrio, mas Haerin tem certeza que se jogou. Talvez ela tenha se jogado por estar com medo demais, talvez não tenha pensado direito. Haerin espera que ela tenha sentido alguma culpa antes de morrer. Os olhos arregalados da morta são memórias do terror que ela estava sentindo, mas Haerin não consegue sentir pena. Pode ser devido à adrenalina de estar diante de um corpo desfalecido, mas ela não sente nenhum remorso.

— Ela morreu mesmo — Haerin confirma ao se levantar, e mesmo já tendo plena consciência disso, as amigas ainda tremem dos pés à cabeça.

          Ela mereceu, é o que se passa pela mente dela. Mas não irá falar isso em voz alta. Ao invés disso, ela se aproxima de Hanni, que não consegue segurar os soluços e está fazendo toda a tinta da maquiagem pingar pelo vestido.

— Eu não queria que isso acontecesse — ela se justifica para Haerin, que assente.

— Eu sei que não, unnie. Você não tem culpa de nada.

— A gente tem que fazer alguma coisa — Minji diz com cautela, após esperar ansiosamente alguns minutos. Elas não podem ficar velando o corpo de Eunseo nos fundos da escola para sempre.

— Por que não ligamos pra polícia? — Danielle pergunta chorosa, e Hanni se desespera.

— Eles vão achar que eu joguei ela pela janela!

— Mas você não jogou, eles têm como saber isso — Hyein diz baixo, olhando ao redor. A mais nova está apavorada, todas elas estão.

— É só contar a verdade — Danielle insiste.

          Minji olha novamente para a fantasia ensanguentada, então para as amigas.

— O nosso plano foi elaborado demais — culpa transparece na voz dela, e nos olhos o medo. — A gente planejou, se dividiu, ficou tudo tão... tão elaborado que vai ser difícil de acreditarem que a gente fez isso sem intenção de matar a Eunseo.

— Me desculpem... — Hanni chora ainda mais, mas Minji a consola.

— Não é culpa sua — a Kim afirma, olhando para as outras três, que assentem também. — Ela se jogou. A culpa não é de ninguém.

— Meu irmão vai me matar se souber — Hyein cobre o rosto com as mãos, entrando ainda mais em desespero.

— Meus pais... — Danielle chora copiosamente, acompanhada de Hanni.

          Minji anda em pequenos círculos, tentando pensar.

— Unnie — Haerin a chama e Minji tira os olhos da parte do chão que não está suja de sangue para dar atenção à mais nova. — Você acha que vamos ser presas?

          Sim, a mente de Minji grita. No momento em que a polícia souber o que elas tramaram para Eunseo, é certo que irão tomar providências. Tentando pensar mais racionalmente, elas terão advogados que tentarão provar a real intenção das cinco, mas podem não acreditar. As cinco podem terminar na TV, em rede nacional e em horário nobre, sendo narradas pela voz sem emoção e cheia de entonação de um repórter querendo um furo. Ou eles podem proteger a imagem delas, quem sabe, mas todos da escola irão saber. O futuro delas ficará arruinado por causa de uma brincadeira que terminou errado.

— Eu acho que sim — ela resolve ser sincera. — Todas nós. Por isso temos que pensar no que fazer.

— E isso não inclui chamar a polícia — Haerin diz com certeza e as amigas a olham com atenção, olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. — Não sei vocês, mas eu não quero ir presa. Talvez seja melhor a gente fingir que nada aconteceu — a Kang decide, para a surpresa de todas, até mesmo de Minji. — Vocês têm certeza que ninguém percebeu que a gente tava na sala? — ela se dirige às amigas que fecharam a porta e ficaram no corredor, e elas assentem.

— Ninguém teve interesse em subir pro segundo andar e ninguém me viu parada na escada — Danielle conta, tentando limpar as lágrimas que não param de cair.

— E não tinha ninguém no segundo andar inteiro, todas as portas estavam trancadas — Minji lembra, porque foi ela quem verificou tudo isso.

— Ninguém sabe o que a gente fez — Haerin continua sem olhar diretamente para as amigas. — Se nenhuma de nós falar alguma coisa, não tem como ninguém saber... Eu acho...

— Você chegou a encostar nela? — Minji pergunta para Hanni, que funga antes de responder.

— Não.

— Então tem a possibilidade de não nos descobrirem — é a palavra final de Minji. — Não deixamos rastros.

          As cinco se calam, de pé ao redor do corpo. Elas não queriam ter matado uma pessoa. Não queriam ter que presenciar uma morte, ainda mais de modo tão trágico, mas o que mais as perturba é a possibilidade de serem pegas. Até mesmo Danielle, que foi a primeira a pensar em pedir socorro, teme mais pelo próprio futuro do que pelo bem estar de alguém como Eunseo. Talvez se a garota fosse uma pessoa decente, fosse alguém que não machuca os mais fracos, elas sentissem algum tipo de empatia. Mas, como não é o caso, elas tomam a decisão final.

           Danielle ajuda Hanni a remover a maquiagem e a trocar de roupa enquanto as outras escondem a escada onde pegaram, se certificando que não estão sendo vistas. Quando se afastam do corpo e voltam para a entrada da escola, sentem emoções que nunca sentiram antes. O embrulho no estômago e o aperto no peito indicam a culpa e o pânico, mas elas estão dispostas a não voltar atrás.

          Elas se encontram novamente dentro da escola, com os olhos ainda avermelhados, mas Minji lembra que elas têm que agir normalmente. As luzes da escola já estavam parcialmente apagadas, mas agora está tudo tão escuro que sem as luzes da pista de dança as garotas se perderiam. As luzes apagadas servem para esconder os rostos inchados e narizes vermelhos, mas elas ainda têm que se esforçar para esconder alguns soluços. Perto das mesas do canto, Hyein quase vomita ao ver o suco vermelho-sangue.

          Os pensamentos delas não param. Pensamentos sobre serem pegas são os mais aterrorizantes, mas a mais velha do grupo ainda consegue pensar nas possibilidades do que vai acontecer a seguir. Em algum momento vão encontrar o corpo de Eunseo, e então o que acontece?

          Os amigos e colegas se aproximam e as puxam para conversar e para dançar, então as cinco se forçam a participar da festa, a conversar com amigos e a serem vistas por outras pessoas, ainda observando ao redor com certo receio, com a sensação de que tudo pode dar errado a qualquer segundo, que de repente um funcionário da escola as irá chamar e falar que viu o que elas fizeram.

          Entretanto, ninguém parece sentir falta de Eunseo, nem as amigas dela, que continuam no mesmo lugar desde que a princesa saiu atrás de Haerin. Isso é um alívio, porque seria aterrorizante se de repente fossem procurá-la e a encontrassem morta.

          As meninas não conseguem parar de pensar na garota morta atrás da escola. Imagens do corpo dela invadem a mente das cinco, e elas nem sabem o que está acontecendo ao redor, não conseguem prestar atenção nos colegas ou na música, e até se esquecem de comer. Hyein até tenta comer alguma coisa, mas os doces descem com um gosto esquisito e formam um bolo na gargante, e os ela cospe rapidamente.

          Já é tarde quando as garotas resolvem ir para casa, após algumas trocas de olhares e tentativas de fingir que nada aconteceu. Os alunos estão indo embora aos poucos, e elas aproveitam a deixa para se despedir de alguns amigos também.

          A volta para casa é silenciosa, embora as ruas ainda estejam cheias de adolescentes e jovens fantasiados. As cinco param na rua em que geralmente se separam quando estão voltando para casa após as aulas, apenas para confirmar o que já conversaram antes: ninguém vai abrir a boca, muito menos contar para alguém o que aconteceu na noite de hoje. Irão guardar o segredo apenas entre as cinco.

          Todas estão com medo. Alguém pode descobrir, alguém pode desconfiar, sempre tem a possibilidade de dar tudo errado — assim como o plano deu. De qualquer forma, Minji já disse que não tem mais volta e foi apoiada por Haerin. Se elas fossem fazer algo, teriam que ter feito no momento em que Eunseo caiu da janela. Depois de terem abandonado o corpo dela sem contar a ninguém, não tem mais volta. Terão que guardar esse segredo para sempre.



          Hyein dá o azar de chegar em casa e dar de cara com o irmão assim que abre a porta. Ele está de pé e quieto, parecendo perdido em pensamentos, tanto que nem parece notar a presença da irmã mais nova. A garota tranca a porta e tira os sapatos, e vê os sujos de Heeseung. Ela não sabe por onde ele andou, mas não tem muita certeza se as ruas estão sujas de lama para os tênis dele estarem tão imundos.

          Para evitar levar bronca ela nem acende as luzes da casa, imaginando que o resto da família está dormindo e que Heeseung também está tentando fazer silêncio. Ela percebe que o irmão está esquisitio e sujo, parecendo pensativo demais. Quando ele chega tarde em casa, costuma ter um cheiro característico, que ela descobriu ser de maconha alguns meses atrás, quando entrou no quarto dele para pegar uma blusa emprestada e encontrou o cigarro com o mesmo cheiro sobre o teclado do computador. Hoje ela não consegue sentir o cheiro da droga, mas em compensação ele está muito mais estranho do que quando está drogado.

         O rapaz mais alto se vira para ela, mas os olhos dele parecem nervosos, talvez tão nervosos quanto os dela. Talvez ela sempre tenha esses olhos, assim como o irmão, e só esteja percebendo agora porque está com medo de ser pega.

          Será que ele percebeu que ela está esquisita? Será que ela está agindo esquisito demais?

— Já passa da meia noite — o Lee murmura, sem manter contato visual. Hyein acha que ele também percebeu que tem algo esquisito no ar.

          Sem falar mais nada, Heeseung vira as costas e vai até a cozinha, sem acender o cômodo. Hyein entende o recado e se apressa até a escada, querendo fugir para debaixo das cobertas, onde nada de ruim pode acontecer.

          O dia seguinte começa normalmente, com alunos cheios de novidades pelos corredores. O que não dura muito, porque perto do horário de almoço, os professores começam a ser chamados fora das salas e em questão de minutos tudo vira um pesadelo.

          A notícia da morte de uma aluna começa a se espalhar rapidamente, alguns alunos tentam sair da sala para ver o corpo, outros querem apenas saber o que aconteceu, enquanto alguns desesperados começam com teorias da conspiração e exigem o direito de ir embora da escola, pois não é seguro ficar ali.

          Minji e Hanni trocam olhares nervosos, mas permanecem quietas dentro da sala de aula onde os alunos foram instruídos a ficar. As cinco amigas combinaram de não trocar mensagens sobre o ocorrido e de não falarem sobre dentro da escola ou perto de alguém, então elas têm que permanecer fingindo.

Bom dia alunos — uma voz sai dos alto-falantes que ficam nas salas e corredores do colégio, atraindo a atenção de todos. — Hoje encerraremos nossas aulas mais cedo. Todos os alunos estão dispensados e podem ir para casa. Professores e inspetores, por favor, ajudem os alunos a se dirigirem com calma até a saída.

          Todos rapidamente começam a jogar os materiais dentro das mochilas, e Minji volta para o lugar na primeira fileira para guardar o próprio material, onde tem apenas um aluno, parecendo ser o único sem interesse na morte da aluna.

          Ele também está de pé, guardando o próprio material, quando Minji percebe o olhar do colega sobre si. Ele não diz nada inicialmente, então dá um sorriso pequeno.

— Parece que você finalmente vai ter uma matéria legal pra publicar — Yang Jungwon diz tranquilamente, e não é sempre que ele puxa assunto. Na verdade, Minji e Jungwon quase nunca interagem, nem em sala ou muito menos pelos corredores.

— Uma matéria?

— Sim, você é do clube de jornalismo, não é? — ele continua sorrindo e a encarando com olhos grandes e despreocupados. — Acho que você vai ter muita coisa pra escrever nos próximos dias.

          A Kim dá um sorriso sem graça e enfia o rosto em um livro qualquer, apenas para não ter mais que falar com ele. Jungwon sempre foi o garoto quieto e educado da turma, desde que eles começaram a estudar juntos ainda no fundamental. Ela só não esperava que ele fosse estar tão calmo diante de uma situação como essa, com a notícia da morte de uma colega da escola assim, tão perto. Ela olha para o restante dos colegas de classe e nota que mesmo os mais preocupados, ainda estão tranquilos na medida do possível. A maioria acha a situação empolgante, e as únicas apavoradas ali, muito provavelmente, são ela e Hanni.



          Os dias passam e as amigas acompanham ansiosamente as visitas que o colégio recebe de oficiais, homens de terno, e também dos pais de Hong Eunseo. Haerin não sabe o que eles fazem indo até a escola, visto que eles nunca compareceram em nenhuma reunião ou evento, não apareciam nem quando eram chamados pela direção por alguma queixa de aluno que sofreu nas mãos da garota. Sem precisar de muito, Haerin sente profundo desgosto por toda a família Hong, os observando de braços dados pelos corredores.

          Os colegas ficaram surpresos ao saber que quem morreu foi a garota do nono ano, interessados na causa. Assim como os Hong, as amigas dela fizeram uma cena e até foram na rádio pedir para prestarem uma homenagem para a amiga, para o colégio inteiro ouvir, e Minji teve que deixar, porque infelizmente ela não tem poder sobre isso.

          O colégio inteiro foi invadido pelo choro e pelos soluços das amigas de Eunseo, muito comovidas, e Minji teve que se esforçar muito para não revirar os olhos em tédio. Qualquer um pode facilmente dizer que todo o choro é falso, tanto que os soluços forçados viram motivo de piada pelos corredores.

          Mas, a parte mais chocante, é o resultado da perícia: Hong Eunseo cometeu suicício. De todas as possibilidades que estavam passando pela mente de Minji, suicídio era a última. Eles poderiam procurar por meses os culpados e não achar nada, já que elas sequer tocaram em Eunseo e o colégio não têm câmeras, mas suicídio?

— Disseram que foi por causa do término — Hyein conta ao fechar a porta do quarto, garantindo que ninguém está por perto.

          As cinco amigas estão reunidas na casa dos Lee; se reuniram às pressas assim que a causa da morte da aluna foi revelada. Os dias anteriores foram de caos e ansiedade, alunos sendo chamados para depor, entre eles as amigas de Eunseo e o suposto ex namorado dela, que as amigas ficaram sabendo que não era namorado.

— Mas o Sunghoon sunbae disse que eles não namoravam — Danielle lembra do que Hyein contou sobre a conversa que escutou do irmão com o amigo.

— Sim, mas eles tinham alguma coisa, isso era óbvio — a mais nova sussurra.

— A gente viu eles discutindo na festa — Hanni lembra. — No corredor.

— E ele contou isso pra polícia, e o que ele disse bateu com o que as amigas da Eunseo disseram — Hyein conta. — Elas disseram que a Eunseo ficou bem abalada com a situação, que ela gostava muito do Sunghoon sunbae...

— Será que acharam que foi ele que... — Danielle fica preocupada.

— Provavelmente — Minji pensa.

— Mas ele tinha um álibi — Hyein conta. — Ele se encontrou com outra garota e depois foi pra festa do centro da cidade com os amigos. Meu irmão confirmou o álibi dele.

— Então é isso? — Danielle pergunta, olhando para as amigas. — Já foi decidido? Eles decidiram que foi suicídio?

          As amigas ficam pensativas, com medo de se sentir aliviadas cedo demais.

— Eu me sinto culpada... — a voz baixa de Hanni ainda é ouvida pelas amigas, que abaixam a cabeça.

— Eu também — Danielle confessa, de mãos dadas com a mais velha.

— Todas nos sentimos — Minji diz. — Não somos assassinas e não fizemos nada com intenção de matar, mas deu tudo errado. Eu quero me desculpar, porque a ideia de tudo foi minha.

— Você não tem que se desculpar por nada, a gente concordou com tudo — Hanni acalma a amiga. — Ninguém foi obrigado a fazer nada.

          Todas concordam com Hanni. Elas não culpam umas às outras por nada, sabem que precisam se apoiar.

— Eu agradeço pelo que vocês fizeram por mim — Haerin parece calma.ao falar. — Vocês são as melhores amigas que eu poderia ter. Eu sei que deu tudo errado, mas eu queria contar uma coisa... — as quatro a olham, esperando. — Eu não me sinto arrependida — ela finalmente confessa, depois de tanto pensar sobre isso. — Eu sei que deveria, mas depois de tudo o que ela me fez, eu não consigo me arrepender... Até me sinto aliviada que ela não está mais aqui.

          A confissão deixa as amigas surpresas, é claro. Haerin não consegue olhar as amigas nos olhos, com medo de ser rejeitada. Ela sabe que é errado se sentir assim, mas precisava compartilhar com alguém.

          Alguém coloca uma mão sobre a pequena da Kang, e a menina levanta o olhar.

— Haerin-ah, tudo bem se sentir assim — Danielle a conforta, e os olhos da australiana transmitem conforto.

— Ela te fez muito mal, eu não esperava que você chorasse por ela — Minji concorda com as palavras de Danielle.

— Mesmo tendo sido assustador — Hyein murmura. — Mas acho que no seu lugar, eu também me sentiria assim.

          As amigas se confortam, se apoiando umas nas outras.

— Então ela se matou porque foi rejeitada — Haerin dá um risinho fraco, e as outras a acompanham.

— É o que todo mundo vai pensar — Hyein brinca, satisfeita.

— E nunca mais vamos falar sobre isso — Minji decide, e se levanta da cama. — Depois de hoje, não vamos mais falar sobre Hong Eunseo. Vamos deixá-la ser esquecida.

— Ou ser lembrada como mais uma amaldiçoada pela fantasma da 2D — Hanni ri, acompanhada das outras.

          As cinco riem e brincam fingindo firmar um pacto, tentando superar o que aconteceu. Diferente de Eunseo, elas terão uma vida inteira pela frente, e estão dispostas a fazer valer a pena. É claro que ainda vai demorar para esquecerem de Eunseo, do corpo dela naquela fantasia ensanguentada, e talvez nunca consigam esquecer. Talvez Hyein terá para sempre pesadelos com aquela noite, e Hanni nunca mais conseguirá assistir filmes de terror, mas elas estão dispostas a tentar.

          Irão carregar esse segredo, ficarão mais unidas por causa dele, e ninguém jamais saberá do que aconteceu naquela sala, na noite de Halloween. Enquanto todos pediam doces, as cinco resolveram fazer algumas travessuras. E, a melhor parte: jamais serão descobertas.

...

VINGANÇA DE HALLOWEEN: AS CINCO

essa é minha primeira vez escrevendo algo esse gênero e algo com as newjeans, então não sei se ficou bom, então estou mais do que nunca aberta a críticas

os meninos do enhypen estão no meio pq vai ter a segunda parte ''vingança de halloween: os sete'' com eles <3

obrigada por ler até aqui <3

se alguém quiser falar comigo é só mandar dm no tt bjss

twitter: jaysbubu

(essa capa é um pedido de socorro)

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