OK, sempre achei que já tinha visto grande parte do que significava tecnologia, mas nada se comparava a isso, estudos milimétricamente pensados, cultivação de vida e principalmente Liberdade, liberdade de expor suas ideias e pensamentos em um só lugar. Obvio que a parte de Clara e Marina tentarem usar bebês para o experimento delas ainda me assustava um pouco, mas qual é? Estamos no espaço! Eloquência é o que mais tem por aqui!

Depois que Finn e Cally foram embora — coisa que não me surpreendeu nem um pouco — resolvi sair com Amaya para dar uma olhada por toda a estação de pesquisa, ela me explicou sobre cada uma, a maioria se resumia a aprimoramento de máquinas, mas claro que não era só isso, havia uma estação completa dedicada ao comportamento dos seres, psicologia e tecnologia trabalhando simultaneamente.

- Acha que seus outros amigos vão ficar bem? Quer dizer, eles foram embora... - Amaya perguntou enquanto passávamos perto de uma nave em concerto.

- Tecnicamente eles não são meus amigos, apenas Finn me respeitava, mas de qualquer forma eu acredito que eles iram ficar bem, Piper disse a eles para jogarem a culpa nela, duvido muito que eles acreditem em qualquer coisa, mas espero que eles fiquem bem.

- Me desculpe se isso vai te incomodar, mas porque tem problemas com seus amigos? - ela perguntou depois de um tempo, havíamos parado em uma bancada com várias ferramentas.

- Sabe quando tem aquela pessoa estranha que ninguem gosta de ter por perto? - ela deu de ombros e logo voltou sua atenção toda para mim.

- Você era alguém insuportável?

- Não exatamente, todos nós temos traumas – respondi enquanto via as marcas em meu braço, marcas de alguem ja quase desistiu – Fato é que quando as pessoas decidem ter uma visão sobre você, raramente você pode muda-las, a minha sorte foi que tive Piper comigo.

- Não consigo imaginar o que você tenha passado, mas que bom que essas pessoas estão longe – dei de ombros e logo passamos a andar novamente, dessa vez em direção ao quarto em que eu estava alojada – E sinceramente? Não fui muito com a cara daquela moça, Cally.

- Ela tem seu charme na maioria das vezes.

Antes mesmo que ela pudesse dizer alguma coisa ouvimos alguém gritar por Amaya, ao final do corredor, o garoto veio correndo em nossa direção.

- O que aconteceu Kley? - Amaya perguntou tempo depois do garoto se recompor.

- Há uma nave em rota, o IP foi reconhecido por nossos sistemas, a nave possui tecnologia de atlantida.
- Será que seus amigos voltaram? - perguntou Amaya dessa vez em minha direção.

Me permiti ficar em silencio enquanto iamos em direção a uma enorme sala de monitoração, seja lá quem fosse eu duvido muito que seja Cally e Finn, eles não voltariam em situações normais.

Observamos um objeto simbolizando uma nave se mover até que rápido pelo painel, demoraria cerca de algumas horas para que ele chegasse até nós.

- Temos que ficar de olho e assim que esta nave estiver perto o suficiente tentaremos estabelecer contato, preparem uma mensagem decodificada em nivel quatro – Amaya começou a dar algumas instruçoes ao garoto Kley e mais um que se juntou -  Pode ser que essa nave seja roubada afinal, não fomos avisados por nenhuma das partes aliadas que alguma tripulação estava sendo enviada.

- Chequei o IP da nave e apesar de alguns numeros estarem inconclusos nenhuma das sequencias possíveis corresponde a nave que saiu daqui mais cedo – em outras palavras, não era a nave de meus amigos – Kley se voltou para nós enquanto falava.

- Certo, irei entrar em contato com os gemeos e ver o que consigo de informação, me mande as sequencias apresentadas e logo que essa nave entrar em nosso radar definitivo envia a mensagem decodificada.

Em pouco tempo já estávamos de volta a sala onde Endel ficava, Amaya explicou tudo para o garoto e logo os dois estavam em contato com os gemeos, houve uma troca rapida de chamada de video entre eles, aparentemente os gemeos estavam se preparando para o primeiro dia do Tecnocross, de forma resumida eles iriam averiguar com algumas pessoas se elas conheciam alguma missão que fosse designada para a mesma rota deste planeta, os Gemeos aconselharam a não tentarem uma retaliação brusca logo de começo afinal não sabíamos da potência de fogo da nave, eles continuaram a nos dar algumas instruções até que uma garota morena apareceu e chamou os gemeos, ela era bem bonita até, Lise, esse era o nome que DC usou quando respondeu a garota.

Após a ligação terminar Amaya e Endel engataram em uma conversa sobre estratégias, eles pareciam sempre estar em sintonia um com o outro, pedi licença e logo sai da sala, demoraria algum tempo até que a tal nave estivesse em rota direta com o planeta então resolvi voltar para o quarto onde eu estava alojada.
Assim que entrei no cômodo me deparei com Piper olhando fixamente para seu comunicador, como se ela realmente esperasse que alguma coisa saísse dali, ou melhor, esperasse que alguém saísse dali, já fazia um certo tempo que eu tinha percebido que ela conversava com alguém, desde o dia no refeitório, eu só espero que seja uma pessoa boa.

- Sabe... Não vai sair ninguém dai de dentro da tela...- falei fechando a porta e logo em seguida ela se virou para mim.

- Será que conseguimos criar alguma tecnologia que faça o teletransporte de pessoas? - ela respondeu com um ar divertido, essa ideia sempre povoou minha mente quando eu era mais jovem.

- Sabe que isso não aconteceria nem tão cedo – respondi me sentando em uma das cadeira que havia por ali – Uma nave entrou em rota com esse planeta, Amaya e Endel estão planejando o que fazer.

- Quem deve ser? – agora tinha dia total atenção, ela franzia o cenho, um claro sinal de incompreensão.

- Não sabemos, Amaya entrou em contato com os gêmeos e eles tentaram rastrear o número de IP da nave mas isso demora um certo tempo, de qualquer forma a tal nave deve entrar em contato direto em algumas horas.
Expliquei o que Amaya e Endel estavam planejando fazer e logo Piper deixou seu comunicador de lado e se juntou a mim, discutimos sobre possíveis pessoas que estariam dentro daquela nave mas no final não sabíamos a única coisa que nos restava era esperar.