Tentativa
•Carolina•
Conhecer Eva foi a coisa mais surpreendente que me aconteceu. Agora, com ela em minha vida eu poderia ser eu mesma sem problema algum. Viver experiências sem me preocupar com esse casamento que nada me acrescenta.
O único empecilho é a própria Eva, mas isso eu posso resolver ou esperar o tempo dela se for o caso, mas não sem dar um empurraozinho antes.
Parecia que o universo estava começando a jogar ao meu favor.
Com o Alex fora da cidade eu poderia convencer a Eva sem problema algum. E foi assim decidi ir até a casa dela.
Talvez ela só precisasse me ver para aceitar de uma vez minha proposta e saber que eu não estava de brincadeira.
Quando cheguei até o endereço ela não estava. Estranhei pois era um pouco tarde e ela não parecia ser do tipo que dorme fora de casa. Depois de tocar na campainha por mais de três vezes respirei aliviada pela mãe dela não aparecer, nem sei o que meu deu na cabeça para vir até aqui e arriscar tudo.
— Droga! — Esbravejei quando bati em um vaso de planta o derrubando no chão — Olha só o que temos aqui — Me abaixei quando algo refletiu o reflexo da luz.
Era uma chave.
O universo estava mesmo ao meu lado dessa vez. Sem pensar mais, pus a chave na fechadura da porta torcendo para a mesma abrir. Um sorriso vitorioso surgiu em meus lábios quando a chave girou facilmente. Ótimo, agora viria a parte difícil.
Acendi as luzes e observei a casa da Eva. Era simples, mas aconchegante. Havia porta retratos por toda a sala, passei por eles os observando.
Havia fotos da Eva quando criança e de uma mulher mais velha, devia ser a mãe dela. Muito bonita. De alguma forma ela lembrava a Eva, talvez fosse o sorriso de orelha a orelha.
Larguei o porta retrato ao ouvir vozes do lado de fora. Pensei ser a Eva, então pelo susto apaguei as luzes e me sentei no sofá e ao passar 15 minutos sentada ali, em meio aquela escuridão e tédio resolvi que voltaria outro dia, de preferência com a Eva em casa. Mas o som de chaves próxima a porta me fez voltar a me acomodar no sofá e esperar que a mesma fosse aberta.
— Você demorou — Sorri para ela quando a mesma entrou e acendeu a luz.
Ela me encarou por um tempo, sem saber o que dizer.
— Como entrou aqui? — Ela largou as chaves no centro de mesa
— Não quer se sentar? — Dei tapinhas no sofá
— O que você faz aqui? — Ela não estava nada receptiva
— Não parece feliz em me ver — Me levantei caminhando até ela — Eu só queria fazer uma visita, ver se você está bem.
— Não acredito em você — Ela se afastou
— Não sou sua inimiga, Eva. Quero apenas que me ajude, veja só, você não vai fazer nada de outro mundo e é só por um tempinho — Ela negou com a cabeça
— Você não sabe ouvir um “não”?
— Não. Costumo ser bem insistente na verdade. Escute Eva...
— Não, escute você. — Ela me cortou — Poderíamos nos conhecer, ser amigas, mas não. Ao invés disso você quer...quer... Que eu me passe por você.
— Você fica dizendo que “poderíamos ser amigas” — Fiz aspas com os dedos — Mas amigos ajudam um ao outro e você não está disposta a me ajudar, nem a considerar a possibilidade — Me aproximei — Que tipo de amiga você é Eva? — Ela desviou o olhar encarando o chão
— Saía da minha casa — Foi até a porta
— Eu vou — Fui até o sofá e peguei minha bolsa
— E não volte — Ela disse quando cheguei próxima a porta
— Eu não vou — Ela olhou nos meus olhos — Você virá até mim — Lhe lancei um sorriso e saí.
Algumas semanas se passaram e eu estava começando a pensar que a Eva não viria até mim, que ela nunca mais olharia na minha cara ou pior ainda, que ela viria até a minha casa, mas não para dizer que me ajudaria e sim para contar a todos que somos iguais e assim eu nunca poderia usar isso ao meu favor.
— Em que tanto pensa? — Alex perguntou vindo até mim
— Problemas — Respondi no automático
— Que tipo de problemas você tem? Escolher o esmalte, o próximo corte de cabelo? — Ajeitei sua gravata enquanto olhava em seus olhos e a única coisa que se passava pela minha cabeça era:
Como pude me deixar levar a casar com alguém que nem ao menos me conhece?
— Você me conhece tão bem — Forcei um sorriso.
Ele me deu um beijo e saiu.
Eu precisava desesperadamente sair daqui. Viver. E eu faria isso com ou sem a ajuda da Eva. Se eu tivesse que jogar no lixo meu casamento que era mais falso que uma nota de 3, eu faria.
Mas não precisava ser agora, primeiro eu preciso me precaver em relação ao meu dinheiro. Não vou deixar tudo de mão beijada pra ele.
Meu telefone começou a tocar, me fazendo voltar a realidade. Fui até a cama e apenas observei quem era antes de pensar em atender.
Eva.
Um sorriso surgiu em meus lábios. Fiquei tão surpresa que o toque parou antes que o celular estivesse em minhas mãos.
— Droga! Droga! Droga! — Peguei o celular e desbloqueei. Antes que eu pudesse fazer a chamada, ela ligou novamente.
— Alô! Eva? Estou ouvindo.
Talvez exista mesmo uma luz no fim do túnel.
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