Tentação
Eva
Dias antes
Fazia uma semana que eu havia voltado para a casa dos Monteiro. O Rodrigo estava bem melhor e logo estaria em casa, mas ainda assim eu sempre ia vê - lo. Pelo menos, sempre que podia.
Os dias naquela casa pareciam estar se arrastando, principalmente agora que eu estava praticamente sozinha já que a Amanda recebeu uma grande encomenda de fotos. Um álbum completo de casamento o que fez com que ela ficasse fora mais dias do que esperado. Enquanto isso a Suzana fazia o possível para não se recuperar - pelo menos era o que parecia pra mim - fazendo sua estadia se estender nessa casa.
Quanto ao Alex.... Preferi evitar ele. Seria melhor assim, pelo menos quando isso tudo acabar - as ameaças contra a Carol e a descoberta do nosso passado - eu sairia menos machucada dessa história toda.
— Onde você vai? — Segurei a alça da bolsa com força ao ouvir a voz.
Quanto mais que eu lutava para rejeitar os sentimentos mais eles pareciam aumentar. Na verdade cada vez que eu lutava contra, ele me machucava ainda mais.
— Tenho que sair — Respondi simplesmente, sem fazer menção de olhar pra ele.
Mas foi impossível não sentir quando ele começou a andar na minha direção. Eu estava de costas, mas o som de seus passos se tornavam mais audíveis, apesar do som ensurdecedor que meu coração fazia em meus ouvidos.
— Faz uma semana que você não fala comigo — Me mantive paralisada quando sua mão encostou na porta e seu corpo ao meu — ou sequer olha pra mim — Mordi os lábios na tentativa de bloquear qualquer reação — Eu não suporto ficar assim com você. Sem você — Sua voz soou perfeitamente em meu ouvido — É insuportável.
Ele segurou delicadamente meu braço, aos poucos me voltando para ele. Eu tinha que resistir. Eu dizia, porém não era o que eu queria. Ficamos um de frente pro outro, eu sabia que não conseguiria tirar os olhos dele, por mais que tentasse.
— Eu não sei o que mudou nesses últimos meses, mas... Preciso de você, não posso viver sem você por que... Porque eu amo você e...
— Não!
— Sim! Sim! Eu amo você e pensar em não ter você...
— Você não quer dizer essas coisas — Ele soltou meu braço
— Por que você se esquiva de mim desse jeito?
— Por que você dificulta a minha vida? Trazendo a mulher que claramente ama você pra essa casa, você... Você não entende. — Antes que ele pudesse dizer algo, falei na tentativa de impedi- lo — Você não me ama... Não ama porque não me conhece.
Agora era a hora em que eu deveria correr e chorar. Eu queria chorar porquê aquilo era verdade, ele não podia me amar, não a mim. Não podia por que ele não sabia que eu existia e me doía demais porquê eu o amava, por mais que eu lutasse contra.
— Se não conheço é por que você não deixa — Se aproximou de mim, fazendo com que eu batesse contra a porta.
Seu corpo estava tão próximo do meu que nossas respirações ofegantes já estavam ritmadas. Meus seios batiam contra seu peito quando nossos corpos se chocavam devida a respiração ofegante de ambos. Sua mão agarrou firmemente minha cintura, o que nos aproximou ainda mais. Eu não podia resistir, não queria resistir.
Quebrar a distância dos centímetros que nos afastava não foi difícil. Meus braços deram a volta em seu pescoço quando ele me beijou. Seus lábios macios contra os meus em uma urgência, nossas línguas em uma batalha de domínio, nossos corpos em sincronização.
— Quero você — Deixei escapar ofegante, quando nos separamos em busca de ar.
Ele sorriu para mim.
— Eu sou seu. Completamente seu.
— Então me faça sua — Falei voltando a beija - ló.
Sua mão adentrou minha saia, mas foi em direção a barra da minha blusa que ela seguiu. Arfei entre o beijo quando senti de fato o quão grande ela era ao apertar meu seio descoberto. Foi o som do meu celular tocando que fez com que eu percebesse o que estava prestes a fazer.
— Eu preciso...
— Não precisa, não — Voltou a me beijar. E o celular tocou até parar.
Foi o som de algo caindo que fez com que eu afastasse ele. Com a surpresa e sem tempo de medir as reações sua mão ficou presa em minha blusa, fazendo com que meu corpo fosse de encontro ao dele novamente.
— Eu não queria atrapalhar — A voz da Suzana se fez presente — Parece que vocês se acertaram? — puxei a mão do Alex que ainda estava dentro da minha blusa. Esperei que ele dissesse algo, mas ele nada disse.
Ficamos as duas olhando para ele. Ambas esperando uma posição. Eu realmente não sabia o que ele queria. Meu celular tocou novamente, fui até minha bolsa que no meio da confusão de beijos e amassos acabou caindo no chão sem que eu nem percebesse.
Era o número da Carol. Obviamente não estava salvo, mas eu havia decorado. Se ela estava me ligando então algo sério tinha acontecido.
— Quem é? — Ele finalmente falou. Mas não era nada do que nenhuma de nós esperava ouvir.
— Acho que a sua hóspede precisa de você — Passei a mão pelos meus cabelos. Ele se aproximou de mim, segurando meu braço.
— Não vai sumir de novo, não é?
— Por que?
— Contou pra ela que amanhã vamos jantar na casa do Ramon? — Suzana se aproximou com a cadeira.
— Não se preocupem — Afastei a mão do Alex do meu braço — Com sorte sumo apenas por hoje. Me afastei indo embora e me perguntando: quem é Ramon?
*
— É só o médico mais gostoso que eu já vi na minha vida todinha — Carol se jogou na cama — Não se preocupa, ele não vai morder você... A não ser que você peça — Riu, então joguei um travesseiro nela — Aí!
— Para com isso. E você ainda não me disse por que me chamou aqui.
— Calma, estou esperando uma pessoa chegar — Ela se sentou e antes que eu pudesse perguntar quem. Ela voltou a falar — E o que aconteceu pra você chegar aqui desse jeito?
— Que jeito? — Olhei pra mim a procura de algo errado e visível
— Esse cabelo assanhado e essa blusa amassada — Passei a mão pelo cabelo — Bom, a única coisa que me veio a mente pra isso foi você ter atacado alguém e você não faria isso, a não ser que alguém tenha atacado você — Começou a rir — Eva!
— O que foi?
— Não se faça de santa comigo — Se aproximou de mim — Você dormiu com... — Começou sussurrado, mas a porta do quarto foi aberta abruptamente. E eu só conseguia pensar em uma pessoa que tinha essa mania.
— Pode vir, eu sei que você quer abraçar esse corpinho macio — Comecei a rir.
— Por que não me contou? — Olhei pra Carol
— Era surpresa — Ela piscou pra ele, que piscou de volta.
Fui até ele que ainda estava de braços abertos parado na porta.
— É muito bom ver você fora do hospital — Falei entre o abraço.
— E é muito bom ver você aqui, minha amiga — Ele me deu um beijo estralado no rosto.
*
— E você decidiu isso sozinha?
— Sim — Carol respondeu cínica — Mas eu estou comunicando vocês agora.
— Eu acho isso perigoso — Rodrigo se pronunciou
— Eu também — Me levantei — Eu vou com você!
— De jeito nenhum — Protestou
— Por que não? — Quis saber
— Porque não! Eva, presta atenção — Segurou minhas mãos — Se for perigoso eu não posso deixar você correr o risco, não entende?
— Ah e eu posso deixar você correr o risco pelo nosso passado? Não mesmo.
— Ela não vai sozinha... — Rodrigo começou
— Não vai mesmo.
— Você quer calar a boca?! — Ela se virou para ele.
— Eu vou com ela — Rodrigo disse ignorando - a
— O que? — Dissemos juntas
— Eu vou com você Carolina e eu não estou perguntando ou pedindo permissão — Disse sério
— Não vai mesmo — Ela soltou minhas mãos
— Você só vai sozinha se for por cima do meu cadáver.
— Nem fala uma coisa dessas — Ele lhe deu um tapa
— Concordo com o Rodrigo — Carol me fuzilou com o olhar — Não sobre... O cadáver, claro. Mas se eu não posso ir, eu fico mais tranquila se vocês forem juntos. — Pisquei para ele quando ela ficou de costas para mim.
— Era só o que me faltava, um complô — Revirou os olhos
— Não seja dramática.
— É pegar ou largar — Rodrigo cruzou os braços — E é melhor que você me pegue — Começamos a rir, exceto a Carol que disse não ter achado a menor graça.
Eu estava angustiada com essa vontade da Carol de ir atrás do nosso passado sozinha, mas agora que o Rodrigo ia com ela me deixava mais tranquila.
Eu estava feliz por vê - los juntos. Mesmo que a Carol tentasse esconder o que sentia, em algum momento ela ia acabar se deixando viver esse sentimento e quando isso acontecesse eu esperava que eu também estivesse vivendo um sentimento assim ou caso contrário eu ficaria feliz de estar feliz por eles.
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