Minha sorte
•Carol•
Eu já sabia que a quantidade de copos vazios na minha frente passavam da quantidade de dedos que eu tinha nas duas mãos e os maços apagados de cigarro estavam seguindo uma sequência insatisfatória.
A minha raiva não parecia ter amenizado em nada, eu ainda me lembrava das palavras da Teresa e de toda dor que ela me causou e pra piorar eu ainda estava sentindo falta do Rodrigo. Eu queria ele comigo, mas eu sabia que ele só iria me dar um sermão e isso eu não queria.
— Mais uma — Pedi ao bartender que me reprovou com o olhar — O que é? É pra hoje! — Ele pegou um copo e me serviu.
Mas antes que eu pudesse pegar, alguém foi mais rápido.
— Ei! — Resmunguei olhando para trás, pronta para começar uma discussão com o infeliz que estava cruzando o meu caminho naquele pior momento. Revirei os olhos ao ver quem era.
— Chega de bebidas pra você — Ele empurrou o copo de volta para o bartender, que se retirou praticamente correndo.
— Tá achando que é meu dono é? Não é da sua conta quantos copos eu tomo ou não.
— Não sou seu dono, mas eu me preocupo com você — Pegou minha mão que estava em cima do balcão — E eu acho que você já bebeu de mais.
— Não ligo para o que você acha ou deixa de achar — Puxei minha mão de volta pra mim — O que eu sei é que eu ainda não esqueci o que vim pra esquecer, então é melhor você ir embora.
Ele ficou um tempo me observando, sua feição mudando conforme sua mente traçava uma idéia. Ele deu um sorriso fechado.
— Por que você não compra uma garrafa e toma no quarto? — Chamou minha atenção — Assim você pode se embebedar a vontade e eu posso ficar de olho em você sem correr o risco de você fazer alguma besteira. Os dois ganham. — Ele inclinou a cabeça e um leve sorriso escapou de seus lábios.
A verdade é que a maior besteira que eu poderia e faria se fosse para o quarto com ele, seria ir para o quarto com ele e... Não. Não.
Balancei a cabeça fortemente.
— Não acho uma boa idéia. Depois da terceira garrafa você poderia começar a ficar atraente.
Ele riu.
— E isso é um perigo pra você?
— É que eu não quero você chorando por aí porquê está apaixonado por mim e não consegue me esquecer depois de passar a noite comigo. Pode não parecer, mas eu me importo.
— Acho que essa observação veio um pouco tarde. — Ele falou se aproximando.
Eu estava sentada, mas sentia que não poderia levantar dali nem se quisesse. Ao menos que meu objetivo fosse cair de cara no chão, já que minha pernas pareciam que não estavam com a mínima vontade de fazer o trabalho delas, além de um formigamento no útero e no meio das minhas pernas. Era o álcool, claro.
— Não deveria falar assim com alguém que está parcialmente bêbada.
— Você não parece nem um pouco bêbada.
E eu não estava!
O que era bem irônico e surpreendente porquê eu não bebia com frequência, então eu sempre acabava perdendo a sobriedade rapidamente. O que não estava acontecendo ali.
*
Com a garrafa de uísque na mão entrei no quarto, o Rodrigo fechando a porta logo atrás de mim.
Sentei na cama, encostada na cabeceira, Rodrigo me reprovou com o olhar quando me viu com os pés ainda calçados.
— Por que será que não consigo esquecer? — Ignorei o fato dele começar a tirar meus saltos.
— Talvez porque você não queira. — Revirei os olhos.
— Talvez eu não tenha bebido o suficiente — Me livrei da tampa da garrafa.
— Antes de você começar com a sua amiga — Ele tirou a garrafa da minha mão, pondo - a em cima da cômoda ao lado da cama — Eu queria te dar uma coisa.
Ele se sentou na ponta da cama, ao meu lado e mexeu no bolso da frente da calça. Observei as ações, antes de tirar a mão do bolso ele olhou pra mim.
— Com certeza não é muita coisa em comparação com as jóias que você já tem, mas... É algo muito importante pra mim — Tirou a mão do bolso — E eu quero que seja seu.
Era um colar de prata com um pingente de um par de asas, asas de borboleta. Asas prontas para vôo.
— Você aceita? — Encarei seus olhos e sorri.
Eu sorria com muita facilidade quando bebia, mas aquele era um sorriso genuíno.
Afastei os cabelos que já estavam maiores do que era de meu costume e me virei de costas pra ele. Ele pôs o colar e me virei segurando o pingente.
— É lindo. Vai estar seguro comigo.
— Sei que sim. — Ele se aproximou, afastando meu cabelo, pondo para trás da orelha.
Colando sua testa na minha, ficamos apenas ouvindo nossas respirações começando a sincronizar, eu estava com os olhos fechados quando senti o roçar dos seus lábios nos meus.
Eu poderia facilmente mandar que ele se afastasse, se fosse o que eu queria. O que não era o caso.
Me deixei levar pelo beijo e o puxei pela gola da camisa, seu corpo em cima do meu. Nos afastamos quando puxei a mesma passando por sua cabeça.
— Tem certeza...
— Se está preocupado com a quantidade de álcool no meu sangue, não fique — Me livrei da camisa, jogando em qualquer canto daquele quarto — Sei o que estou fazendo.
Ele me encarou desconfiado e eu o afastei, me sentando na cama.
— Só quero ter certeza de que você não vai me bater, me rejeitar ou dizer que não se lembra de nada dessa noite.
O encarei por alguns segundos, engatiei até ele me sentando em seu colo, com uma das pernas de cada lado de seu corpo.
— Prometo que não vou bater em você amanhã — Levantei as mãos em rendição — Te rejeitar... É uma coisa que eu não pretendo fazer pelo resto da vida — Me aproximei mais dele — E sobre esquecer... Não tem problema, você me faz lembrar — Sorri e o beijei, antes que ele abrisse aquela boca pra dar mais argumentos infundados.
O beijo durou até que o ar se fizesse necessário, tirei minha blusa jogando - a sem nem olhar para onde, o restante das nossas roupas teve o mesmo destino em algum canto frio daquele quarto, que diferente dos nossos corpos que irradiavam fogo.
As mãos do Rodrigo me agarravam pela cintura e passaram a subir pelas minhas costas, até chegar ao fecho do meu sutiã. Era sempre uma sensação de alívio e prazer quando eu me livrava dele, mas eu nunca pensei que pudesse sentir algo ainda maior. Nossos olhares não se desviavam, exceto quando nos beijavamos. Ele me beijou novamente, depois descendo seus lábios até meu pescoço e parando em um dos meus seios que doíam de ansiedade. Involuntariamente comecei a rebolar o quadril no colo dele, a fricção por cima dos tecidos que ainda nos separavam me deixando louca.
Um pouco sem jeito nos livramos das peças que ainda usávamos.
— Quem disse que eu quero você por cima? — Falei quando ele inverteu nossas posições. Deitando por cima de mim.
Ele me impediu quando fiz menção de voltar a posição anterior e balançando a cabeça, deixou um beijo quente no vão dos meus seios descendo até chegar em seu destino pensado.
Meu corpo estremeceu quando senti a língua dele dentro de mim, sem pensar ou querer segurar os sons que saiam da minha boca, soltei um alto e ofegante gemido , segurando em seus cabelos. Ele não pareceu incomodado, pelo contrário estava feliz, senti quando sorriu. Logo sua língua estava em meu clitóris enquanto dois dedos entravam e saíam de mim, me levando a loucura.
— Eu vou... Eu vou...
E fui.
Meu corpo relaxou na cama, mas eu não estava cansada. Longe disso. Sem perder tempo, inverti nossas posições e me encaixei perfeitamente nele, cavalgando. Suas mãos pousadas em minhas costas me apoiando enquanto meu quadril parecia ter vida própria. Algum tempo depois chegamos ao orgasmo. Juntos.
*
Eu segurava o pingente , enquanto me perguntava o que tinha acabado de acontecer.
Eu não me arrependia. Não mesmo, mas o que aconteceria agora? O que eu queria que acontecesse?
— Você gostou? — A voz dele estava leve, como se ele estivesse com sono, mas eu o ouvia bem.
Senti meu rosto esquentar. Sobre o que ele estava perguntando? O colar?... O....
— Estou falando do presente — Sorriu ficando de frente pra mim.
Revirei os olhos.
— Bobo! — Me virei, ficando de frente pra ele. — Eu gostei. Das duas coisas — Pisquei sorrindo.
— Era da minha mãe. É a única coisa que eu guardei dela, além daquela foto.
Eu não sabia o que dizer. Ele raramente falava da mãe, era um assunto delicado e eu sabia o quanto machucava pra ele falar dela. Agora eu não sabia se deveria dizer alguma coisa. Ele pareceu notar a confusão em minha mente e prosseguiu.
— Ele era meu amuleto da sorte — Tocou o pingente repousando em meu colo.
— Era? — Ele assentiu. — Não é mais? — A ponta de seus dedos estava fria quando ele tocou meu rosto.
— Ainda é algo de sorte pra mim, mas eu quero que seja seu. Até porque — Ele se aproximou mais seu corpo do meu — Minha sorte mudou um pouco
— Ah, foi? — Ele assentiu
— Ela é meio rabugenta — Abri a boca para protestar, mas ele me roubou um selinho — Mas é a melhor coisa que me aconteceu. Minha verdadeira sorte é você.
Ele me deixou um beijo na testa, me abraçando. Eu ainda demorei um pouco a pegar no sono, mas enquanto estava entre a consciência e a perda dela posso jurar que ouvi ele dizer bem baixinho "te amo". E meus lábios formando um sorriso ao me render ao sono.
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