Ligação
•Eva•
— MÃE JÁ ESTÁ PRONTA? O Rodrigo já chegou — Gritei do andar de baixo.
Hoje é o dia do casamento do Theo. O garoto mais implicante que eu já tive que suportar na vida. Na época da escola ele sempre arrumava um jeito de implicar comigo e me fazer raiva. Eu sempre fui uma pessoa muito calma, mas quando ele começava... Eu não conseguia me controlar.
Aparentemente hoje ele resolveu tomar jeito, afinal, quem seria louca de casar com aquele moleque melequento?
Desde o dia em que tive que comprar aquele vestido toda vez que vejo meu reflexo me vem a mente aquela mulher, mesmo tendo se passado duas semanas. Ainda é uma coisa que me atormenta os sonhos e acho que isso acontece porquê não conversei com ninguém sobre isso.
— JÁ ESTOU INDO! — Gritou minha mãe em resposta, afastando meus pensamentos
— E depois sou eu quem me atraso — Olho para o Rodrigo que também não segura o riso e como consequência rimos juntos.
Rodrigo é meu melhor amigo desde que eu consigo me lembrar. Nunca chegamos a namorar, mas também não vou dizer que nunca ficamos juntos intimamente, pois não seria verdade. No momento em que dois corpos adolescentes acendem, não tem o que fazer se não tentar apagar o fogo.
Eu gostava dele, mas não a ponto de ter um relacionamento. Minha prioridade entre nós sempre foi e sempre será a amizade. As vezes ele parece esquecer isso e eu sou obrigada a lembra - ló. O que nem sempre é fácil. Mas até o dia de hoje estamos bem com isso. Sem compromisso e priorizando a amizade.
— A propósito, você está muito linda, deslumbrante, me atreveria a dizer que estou apaixonado — Rodrigo disse para mim, me tirando dos pensamentos. Dizendo a última parte em meu ouvido. Preferi levar tudo na brincadeira.
— Pare de bobagem Rodrigo — Digo afastando ele que ainda estava praticamente grudado em mim.
— Vamos, estou pronta — A voz de minha mãe se fez presente, ao descer as escadas —
— Nossa! achei que a senhora fosse a noiva — Eu disse fazendo graça
— Engraçadinha — Ganhei um leve tapinha no braço em agradecimento — Vamos logo!
§
O caminho até o casamento foi bem animado, conversamos sobre vários assuntos, até que minha mãe perguntou do banco de trás do carro quando eu daria uma chance para o Rodrigo, fazendo o mesmo olha - lá pelo retrovisor do carro e eu me virei do banco do carona para olhar para ela e não disse nada, apenas ri. Ela sabia que eu fugia do assunto, então falar sobre isso na frente dele era como um “empurraozinho” como ela costumava dizer.
A cerimônia foi linda e emocionante, os noivos estavam muito animados e a felicidade nos olhos deles era perceptível. Eu ainda tentava entender como o Theo poderia ter mudado tanto.
Parece que realmente o amor muda as pessoas.
A maioria dos convidados já estavam na pista de dança enquanto eu estava sentada em uma mesa conversando com o Rodrigo.
— Preciso te contar algo — Chamei sua atenção que até então estava observando as pessoas na pista de dança
Hum — Murmurou — Sou todo ouvidos
— Não sei nem como começar — Disse e ri nervosa
— Pensou que eu não fosse aceitar? Mas é claro que aceito, minha resposta é sim — Rodrigo disse estendendo a mão e eu o encarei confusa
— O QUÊ? — Aumentei o tom de voz
— Ao seu pedido de casamento, amor — Falou com um sorriso safado nos lábios
— Ah cara, você não perde uma não é? — Dei um leve tapa no seu braço
— Não era isso? Então por que o nervosismo? — Sarcasmo era o que carregava sua voz
— Acontece que um dia desses eu fui ao shopping.... — Comecei e o mesmo me interrompeu
— Bem normal — O encarei quando me interrompeu
— Eu não terminei — Disse irritada — Continuando... eu vi uma mulher e ela era idêntica a mim ou eu acho que eu vi, não sei — Ainda estava confusa quanto a acreditar que o que vi era ou não, real
— Interessante — Balançou a cabeça — Se eu já gosto de uma de você imagine duas? — Disse divertido. Ele não estava me levantando a sério
— Eu estou falando sério, Rodrigo. — O repreendi — Você acha que eu estou louca? — me atrevi a perguntar
— Claro que não, isso pode ser cansaço, alucinação ou você tenha uma sósia — Falou tranquilamente
— Sósia? — Exclamei confusa
— Uhum — Murmurou — Sósia, uma pessoa que é muito parecida com você e acabam por se confundirem tamanho a semelhança — Concluiu me encarando
— Obrigada pela explicação, mas eu sei o que é uma sósia — Falei arqueando as sobrancelhas — Só não comenta isso com ninguém, não quero que pensem que eu enlouqueci ou algo do tipo. — Disse e ele concordou com a cabeça
Uma sósia... — Pensei
— Claro — Disse dando de ombros — Vamos dançar ou ficar aqui sentados? — Perguntou se levantando
— Dançar, claro — Ri e fomos para a pista de dança. Estava na hora de esquecer essa historia por enquanto.
Hoje o dia foi realmente cansativo. Há uma semana eu perdi meu emprego, devido a falência, da empresa. E desde então não deixei de procurar por outro, mas acontece que isso não é tão fácil. Aposto que encontrar uma agulha num palheiro é uma tarefa que certamente alguém teria mais êxito.
Ao chegar em casa dou um beijo rápido na dona Anna — minha mãe — Começo a subir as escadas em direção ao meu quarto. Eu precisava descansar.
— Uh! Mãe, alguém ligou perguntando por mim? — Perguntei parando no meio das escadas
— Não. O Rodrigo não ligou hoje não — Respondeu tranquila e eu fiz uma cara confusa
— Ãn... Rodrigo? Mas eu não disse Rodrigo, perguntei se....
— Você não disse claramente, mas foi na intenção dele que perguntou. Além do mais se não fosse ele quem mais seria? — Falou me interrompendo
— Alguém interessado em me oferecer um emprego seria uma boa opção — Falei e ela praticamente me ignorou
— Filha — Seu tom de voz era ameno — Eu acho que você deveria parar com esse orgulho e dar uma chance para ele.
Começou... Acho que ela vai insistir nisso até que eu diga: "Sim, mãe. Eu darei uma chance ao Rodrigo"
— Ele é um bom rapaz seria um ótimo genro — Neguei com a cabeça quando ela terminou de falar
— Você em mãe, não perde uma?— Ri — Está igual ao o Rodrigo. É isso que dá conviver demais com ele — Adverti — Já te disse que entre eu e o Rodrigo o que existe é apenas amizade. Eu o amo como um amigo, não consigo ver ele como outra coisa. — Resolvi ir logo para o meu quarto, se permanecesse ali só iria ouvir sobre os benefícios que eu — E ela — teríamos se eu namorasse com o Rodrigo. Mas eu não estava afim de ouvir. Não hoje.
§
Realmente tudo que eu precisava era de um banho, me senti mais aliviada, apesar de todo o cansaço do dia parecer aumentar. Agora tudo que eu queria era dormir e eu teria feito isso assim que deitasse em minha cama macia e quentinha. Teria feito, foi o que eu disse. Teria feito se meu celular não tocasse insistentemente em cima da cômoda. Resolvi atender, poderia ser algo importante.
A voz do outro lado era um pouco rouca e mais grave que a minha. Aparentemente eu havia dado sorte e faria uma entrevista amanhã. Logo ela me mandaria o endereço para que eu comparecesse.
Mas uma coisa que ela disse após eu confirmar me deixou confusa.
— Ótimo. Isso mudará nossas vidas — Disse a moça do outro lado encerrando a ligação.
Mudará nossas vidas? O que será que ela quis dizer?
Bocejei e resolvi esquecer esse assunto, de qualquer forma deve ter sido algum tipo de boa sorte ou algo assim. Bem esquisito, mas o que mais poderia ser?
Decidi dormir e pensar positivo para passar nessa entrevista e conseguir o emprego. Era a única coisa importante agora.
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