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CAPÍTULO 6

 A nave contornou os destroços do que um dia havia sido uma lua para aquele planeta gigante.

— A distorção gravitacional causada pela chegada do buraco negro pode ter afetado primeiro o satélite por conta de sua massa menor — explicou Paki para um tripulante que Zahra não sabia o nome.

A visão era maravilhosa e todos permaneceram quietos, o que nunca havia acontecido com a Ponte de Comando estando em sua capacidade máxima de lotação. O planeta era azul, tal como Sion, exceto pela ausência de anéis. Seu sol era amarelo e bem menor que o de sua terra natal. Ao longe, um imenso halo negro, de bordas flamejantes e brancas, indicava a posição do buraco negro. Uma bela e perigosa composição.

Da órbita do planeta desconhecido, era possível enxergar diversas faixas de terra, cercadas por grandes oceanos azuis. Algumas nuvens brancas permeavam a atmosfera, confirmando, segundo Paki, que a biosfera gozava de ciclos químicos semelhantes aos de Sion e Lefter.

Zahra deu uma volta completa ao redor do monstro, a fim de localizar melhor o sinal e encontrar o ponto certo de pouso. A força gravitacional exercida pelo buraco era implacável e forçava a nave quase que constantemente. Suas mãos suavam no manche de tão apertadas que estavam. Ele tem que estar vivo.

— Capitã! — gritou o jovem careca que estava em frente a dois computadores no canto da ponte. — A leitura terminou.

Paki aproximou-se por trás da cadeira do rapaz e observou os resultados da análise com seriedade.

— A atmosfera é gasosa e respirável, uma boa notícia. O único problema são essas leituras sísmicas. O lugar todo está a ponto de explodir.

— Em quanto tempo?

— Deixe-me ver — afastou a cadeira onde o garoto estava sentado e digitou no teclado por alguns instantes. — Um ano, talvez menos. A distorção gravitacional vai colapsar o planeta antes mesmo dele atingir o horizonte do buraco negro — o homem sorriu. — Interessante.

A verdade era que ninguém jamais havia visto aquela quantidade de informações: buracos negros, ponte quântica, dilatação gravitacional. Pela primeira vez na história, aqueles fenômenos teóricos eram presenciados pelo homem. O único exoplaneta potencialmente habitável conhecido dos siones orbitava um sol azul há 2000 anos-luz de distância, uns duzentos anos de viagem a partir de Sion.

— Vamos preparar a descida — avisou a Capitã. — Direcionar propulsores e acionar matriz — colocou os fones de ouvido e apertou o botão verde do painel. — 10... 9... 8... — todos correram para suas cadeiras e apertaram os cintos. — 3... 2... Iniciando processo de descida.

A nave levantou no momento em que os propulsores de íons se posicionaram para trás. Quilhas aerodinâmicas surgiram na porção anterior. Todas as luzes se apagaram e a nave mergulhou em direção ao seu destino.

No momento do contato com a atmosfera, a nave começou a sacolejar, tal como fazia ao entrar em Sion e Lefter; o atrito do ar começava a testar a aerodinâmica. Zahra estava acostumada a controlar aquela batedeira voadora. O manche tremia e pelo visor da nave era impossível ver qualquer coisa, devido à quantidade de nuvens. Durante dois minutos, a descida passou-se às cegas. Quase no momento em que saíram das nuvens, o manche se acalmou e a turbulência cessou. A Capitã digitou a sequência de conversão e assistiu às quilhas frontais retraírem-se, enquanto as asas se posicionavam para planar, permitindo o voo horizontal e tranquilo naquela atmosfera.

Pela primeira vez, era possível observar a paisagem: oceano azul e vasto para todos os lados que olhassem. Uma muralha com vegetação verde à sua frente indicava o início do continente. O sinal ficava cada vez mais forte,e o coração de Zahra palpitava cada vez mais rápido.

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