CAPÍTULO 5
Quando acordou, Adeel se viu sentado contra uma parede rochosa e molhada. O lugar era escuro e ele não conseguia ver mais do que alguns centímetros à sua frente. Sentiu um calor a que não estava mais acostumado depois de tanto tempo em Éo. Definitivamente, era algum outro lugar; um planeta ou uma lua quente, talvez. Tentou se levantar, mas percebeu que sua perna estava presa por uma tornozeleira de metal, que se ligava à parede por uma espécie de cabo metálico. Golpeou-a com uma pedra, mas não obteve sucesso.
— Não adianta — ecoou uma voz masculina e cansada da escuridão. — Estou há um mês tentando quebrar essa porcaria com tudo o que achei aqui embaixo.
— Quem é você? — perguntou em direção à origem da voz.
— É claro, que falta de educação a minha. Sou o Tenente Jad Benzad Igwen. Imediato da Daid-2. E você?
Adeel permaneceu quieto por um tempo. Absorveu e perguntou:
— Você disse Daid-2?
— Sim. Daid-2, a nave que saiu de Sion há dois meses para a exploração de Seúra. Você não é do grupo de resgate? — perguntou, ansioso. — Eles também pegaram vocês, né?
— Meu Deus — levou as duas mãos à cabeça —, não... Não... Não pode ser.
— Não pode ser o quê? — retrucou a voz nas trevas.
— Daid-2 foi dada como desaparecida há cinquenta anos. Estudei sobre essa missão na academia de Oficiais.
Um forte riso ressonou por toda a caverna.
— Pare de brincadeira. Estou aqui há apenas 32 dias. Venho contando mentalmente desde que acordei. Sou muito bom nisso.
O homem contou então toda a história de sua chegada àquele lugar. Do ataque que sua nave sofreu quando exploravam Seúra, de ter perdido a consciência e acordado naquilo que parecia uma caverna há cerca de um mês. Nunca chegou a ver nenhum dos seus sequestradores e tinha a impressão de que era alimentado por meio daquela tornozeleira acorrentada à parede.
— É que de vez em quando ela faz um barulho e a minha fome passa de repente — explicou a Adeel.
O jovem Major fez um rápido cálculo mental e concluiu que o tempo naquele lugar passava numa proporção de 1 para 570, aproximadamente. Nunca tinha visto nada daquele tipo antes. Adeel explicou sua teoria a Jad.
— Precisamos ficar calmos e arrumar um jeito de sair daqui — falou para o novo amigo, tentando animá-lo.
Abruptamente, um intenso tremor derrubou Adeel no chão, fazendo-o bater de costas e nuca na parede de pedra. Durou cerca de dez segundos e depois cessou.
— Acostume-se, rapaz — disse a voz nas trevas. — Esses abalos estão cada vez mais fortes. Parece que este planeta tem prazo de validade.
Os dois permaneceram em silêncio. Eu não vou morrer aqui, Adeel pensou enquanto verificava o edema em sua cabeça.
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