CAPÍTULO 25
A Enir-7 já estava cheirando forte por conta do hidrogênio líquido despejado por todo o chão da Ponte. Adeel teve muito trabalho para trazer os tonéis usando uma cadeira de rodas, mas já estava quase tudo pronto. O combustível retirado da Base Aérea serviria para algo no final das contas. Há alguns anos, esse líquido explodiria apenas em contato com o ar, mas as melhorias na tecnologia de estabilidade, em parte desenvolvidas por seu falecido pai, permitiram o manuseio desse elemento sem tantos riscos de explosão. É claro que aquilo ainda era muito instável, mas não sem o estímulo certo, que, neste caso, era a pressão.
Soltou o último galão vazio no chão e fechou a porta que ligava a Ponte ao resto da nave. Milhares de litros de combustível enchiam o compartimento, que agora estava devidamente isolado. A Enir-7 se transformara em uma bomba e o Major sabia bem o que faria com ela.
— Entramos no cruzador — Zahra avisou pelo rádio. — Vamos partir pra fase dois.
— Entendido — respondeu. — Sejam rápidos.
Adeel ligou a nave e começou a digitar as sequências de lançamento. Teria de ficar até o final se quisesse ter alguma precisão. O plano que bolou quando saíram de Zat dependia de uma nave funcionando e jamais sairia de sua mente se ela fosse atingida por um daqueles pulsos. Sion não teria nenhuma chance de se reerguer enquanto esses seres estivessem por perto. O jovem Major não tinha mais muitos motivos para continuar vivo. Perdeu o seu amor, seus pais e seus amigos. Ohm era muito bonita para o povo ter de viver abaixo da terra. Ele faria por merecer, de verdade, aquela estátua de herói na Clareira.
A nave levantou voo e acelerou em direção ao céu. Toda a sua vida passou por sua cabeça. Precisava fazer isso. Começou a chorar enquanto pensava em Zahra e em todo o sofrimento que a fez passar. Intensificou o choro ao lembrar do esforço que o seu pai fez para salvar todas aquelas pessoas. Ele merecia uma estátua, não eu.
— Ahhhhh! — um grito de desespero e dor finalmente saiu da garganta de Adeel. O grito que estava preso desde que recebeu a notícia de que estava sozinho no mundo. As lágrimas quase o cegaram. Não. Era o escuro do espaço se aproximando. Digitou mais coisas no painel. Eram as coordenadas que já estavam decoradas na sua cabeça. A nave parou e, de repente, o Major pôde ver tudo o que estava prestes a salvar.
— Sabemos pra onde levaram os siones — Zahra chamou mais uma vez no rádio.
— Entendido. Saiam daí o mais rápido possível.
— Não sabemos como ligar a nave.
— Eu sei que a mulher que eu amo dará um jeito. Adeus, meu amor — desligou o rádio e prosseguiu com o plano.
Era a última vez que conversariam.
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