Capítulo VI: Carne viva
Como um bumbo desgovernado,
Sinto bater o seu coração.
Em um ritmo feroz e descompassado,
Ao sentir o toque frio de minha mão.
Dou-te o direito de aproveitar esse minuto,
Como as noites que passávamos em claro.
Enxergue, meu bem, então, o fruto,
Do que causaste em mim com vosso desamparo.
O corte se torna mais profundo,
Tua carne ensanguentada vejo brotar.
Isso aumenta o desejo de ir mais a fundo,
E prosseguir até que se finde teu ar.
Essa pele que outrora me trouxera,
Prazer imenso pelo vosso contato.
Revela agora o mais sujo espírito de fera,
Despertado ao sentir a maldade desse ato.
Poderia retirar o tapume de sua face,
Para ouvir seu gemido de dor constante.
Queria ao menos, amor, que falasse,
Se um dia despertei em ti a mais pura paixão flamejante.
Contudo, sei que não vais admitir,
Que eras amargo e doente por mim.
Só me resta cravar a lâmina e fazer sentir,
Incontáveis horas de ardor sem fim.
Me ponho sobre teu colo,
E aos sussurros em seu ouvido declaro:
— Mais nada neste momento lhe imploro,
Além de que escutes os versos que disparo.
O líquido rubro despeja-se no piso,
Manchando a cerâmica estampa clara.
Desperta em mim um grande sorriso,
Uma sensação imunda, intensa e rara.
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