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Parte Final

Saio com a minha espada batizada pela maldade e aponto na direção do meu adversário. A espada do Vermelho Pombo flutua e executa os seus primeiros movimentos que eu defendo sem nenhuma grande dificuldade.

— Bem, você está a minha altura. — Vermelho Pombo afirma com uma calma na voz seguida de um movimento despercebido que quase rasga a minha pele.

— Eu já disse que nasci preparado. — Eu digo.

A escuridão começa a consumir tudo em nossa volta e a iluminação torna-se única, proveniente da arma do meu oponente que não se mexe, porém apenas a sua arma faz o trabalho. Isso me lembra de como a nossa magia, nós malditos, é usada, uma magia negra que poucas pessoas acreditam nela.

Como se fosse um dedo de um acusador, a espada do meu visitante me aponta e vai em direção da minha cabeça, defendo o ataque com a minha espada que origina uma linda faísca que torna o nosso recém combate interessante.

Múltiplos golpes com a minha arma lanço para ele que sorri depois de defender todos eles em segundos sem nenhuma dificuldade.

— Vejo que o combate levará séculos. — Eu digo.

— Sinto muito em lhe desapontar, no entanto não vou gastar nem horas brincando consigo. As entranhas da terra lhe chamam e não há nada que você possa fazer. Aqui é apenas a introdução do seu verdadeiro sofrimento. Renda-se e não será necessário um combate sem cabimento.

Não respondo apenas continuo atacando mesmo cada ataque sendo defendido, eu teimo eu nego a derrota sem luta, sim, sou assim, quero morrer depois de uma bela exibição.

De repente a espada do Vermelho Pombo ganha alturas indo aos céus e em seguida a ave cospe fogo na minha direção, salto me desviando do ataque e tomando o lado da criatura, agora me encontro atrás dela e quando deposito o meu golpe nas costas do mesmo, apenas teteio o ar. A ausência da ave dura poucos segundos e um jato de fogo vindo de cima me ataca, dando múltiplas cambalhotas me desvio do ataque e olho para os céus onde numa postura assustadoramente linda a ave fita o meu olhar e exibe um fulgor nos olhos que vai aumentando rapidamente quase numa velocidade da luz.

— As entranhas lhe chamam, seu maldito. — diz a ave com uma voz de legião.

— Seu maldito ser dos infernos, demônio és tu? — pergunto fechando os olhos para evitar que a intensa luz machuque os mesmos.

— Vermelho Pombo é o meu nome, junção de seres talvez eu seja. Você sabe que o nosso diálogo é inócuo.

— Pois sei.

Depois das minhas palavras me escaparem da boca com a minha permissão sinto a lâmina quente rasgando a minha pele, no ombro. Ainda com os olhos fechados tiro o enorme pesado casaco. A luz ainda é intensa que chega machucando os olhos mesmos escondidos.

A intensidade vai diminuindo gradualmente e percebo que sou poupado pela ave que talvez agora tenha outras intenções.

Mais um corte é desferido no mesmo ombro, mais dois e mais um e um 3 é desenhado com perfeição. Quando a luz torna-se suportável, do chão emerge uma hidra com as suas sete cabeças dançando uma dança louca nunca vista na face da terra. As cabeças são horrorosas e alegres para me fazer perder o mundo no qual me diverti com a morte e com a vida, mas não me arrependo de jeito nenhum. Sorrio quando o ser de sete cabeças me encara e sinto que quem lhe invocou foi o Vermelho Pombo. O meu coração não tem medo, o medo está fora da minha mente e só me preparo para o pior.

A espada do Vermelho Pombo cai diretamente no meu ombro esquerdo me arrancando o braço numa agonia insuportável, grito no ato e tento atacar com a mão direita que possui a minha única arma.

No segundo ataque dos meus oponentes a hidra arranca o meu restante braço que segurava a espada e em seguida a cabeça que executou o movimento explode ruidosamente.

Sem os meus dois membros superiores, apenas paro e olho para os céus onde o Vermelho Pombo paira e se transforma gradualmente em um homem parecido completamente comigo. A espada do Vermelho Pombo volta para os céus e dessa vez nas mãos do homem das minhas feições.

— Seu maldito ser dos infernos, demônio és tu? — coloco a pergunta na ausência de motivação por conta do recém impedimento.

— Junção de monstrengos eu sou, mas das almas talvez não o seja. — Responde o homem que deixa germinar nas suas costas asas vermelhas completamente iguais aos da ave.

Num vôo rápido, sou arrancado as pernas de uma só vez. O sangue jorra de um modo torrencial e a hidra  consome tudo na escuridão, imagino que seja tudo que se encontra ao nosso redor, como a minha própria casa onde tem todas as minhas riquezas conquistadas na base do sangue de cada humano e animal.

— Eu estou preparado para partir. — Eu digo quando a espada é me enfiada no meio do estômago e vomito líquidos grotescos.

O meu olhar repousa nos céus onde o homem com os meus traços já não está, mas sim o Vermelho Pombo que acumula uma enorme energia de fogo que de certeza irá me carbonizar de um modo rápido e doloroso como nas descrições cruentas que tive o prazer de escutar.

— Seu maldito ser dos infernos, demônio és tu? — pergunto pela última vez antes da ave soltar o fogo em minha direção.

— Legião eu sou. — Responde o Vermelho Pombo.

†††
Fim

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