Capítulo 28
O beijo inicia-se de forma lenta. Prazerosa. Um ritmo único de duas bocas — duas almas — sedentas por aquele contato físico. A mão grande e calejada do príncipe contorna minha nuca, e um arrepio agradável percorre minha espinha quando os dedos longos puxam as mechas soltas do meu cabelo. Arfo contra sua boca ao sentir sua língua me invadindo com avidez e possessão.
Preciso estar na ponta dos pés para manter o ritmo do beijo. De forma involuntária, minhas mãos se firmam em seus ombros largos. Aloys me mantém contra si através de um puxão firme em minha cintura. Enquanto isso, todo o meu corpo derrete com esse contato físico.
Quando a falta de ar nos obriga a recuperar o fôlego, ele profere:
— Quero que faça isso porque quer, e não porque precisa, Alene.
Ainda estou atordoada por esse beijo que tirou o meu ar, mas, ainda assim, tenho forças para responder em um sussurro.
— Eu quero, Aloys. Céus, como eu quero.
Ele sorri de canto, os lábios carnudos pressionados contra os meus.
— Isso eu preciso confirmar.
A sua mão, repousada na cintura, desce em um ritmo lento e tortuoso pelas minhas costas até alcançar a fenda do vestido. Quando menos espero, seus dedos ágeis tocam diretamente minha pele por baixo do tecido, explorando o interior da minha coxa com uma calma torturante. Aloys se aproxima até que toque a região entre minhas pernas, percebendo que não uso nada por baixo e, acima de tudo, o quanto estou molhada.
Ouço um leve som de aprovação vindo de sua garganta, como o rosnado de um cão faminto.
— Pelas estrelas, Alene! Você está pronta para mim.
Sim, sim, sim. Mil vezes sim.
Mas ainda preciso usar o resto de sanidade que me resta para questionar:
— E o baile?
— Já participei de todas as formalidades necessárias e não irá demorar muito para que acabe. E eu não estou inclinado a deixá-la sozinha no canto de um salão enorme.
Estou sem palavras, principalmente quando Aloys me ergue como se eu fosse uma pena. Prendo as pernas ao redor de sua cintura fina enquanto sou guiada, pela porta dos fundos, para a entrada do castelo. Aos poucos, o som da orquestra se torna um mero zumbido no ouvido. Por conhecer bem o palácio, o príncipe nos conduz por passagens pouco usadas até chegar em seus aposentos.
Não o meu. Não um quarto qualquer para me possuir. Para o seu quarto pessoal, onde mais ninguém tem acesso.
Ele abre a porta com um chute nada delicado, já iniciando um beijo intenso, movendo a língua contra minha enquanto desce uma das mãos para minha bunda, onde a aperta com voracidade.
Sinto-me desejada de uma forma boa.
Meus dedos ansiosos correm sua nuca, brincando com os fios sedosos dos longos cabelos castanhos. Aloys continua a me conduzir pelo quarto até me deitar, carinhosamente, na cama. Sei que esse homem me deseja, a ereção em sua calça é sinal o suficiente, mas estou surpresa em tanto cuidado e carinho em um ato de deveria ser apenas de luxúria.
E não entendo o porquê do meu coração se aquecer tanto com esse simples gesto.
Aloys apoia o joelho na cama, pegando uma mecha do meu cabelo para si e a beijando. E mais uma vez, o meu coração tolo dá uma cambalhota.
— Só as estrelas sabem o quanto esperei por esse momento. — murmura erguendo o olhar para mim. Os olhos cor de mel brilham como âmbar. — E o quanto irei apreciar cada segundo que me for permitido.
As palavras do rapaz, tão envolventes e sensuais, deixam-me atordoada. É a primeira vez que me encontro sem palavras em um momento como esse.
Aloys deposita um beijo suave na minha têmpora, descendo os lábios pelo canto da minha boca, pescoço até o decote do vestido. Os seus dedos são rápidos em tirar minha roupa, jogando-a em algum canto. Cada roçar de dedos contra minha pele causa um calor agradável por onde passa. Fecho os olhos momentaneamente, concentrando-me nas sensações que seu toque me proporciona.
A língua áspera, ao entrar em contato com a região molhada entre minhas pernas, deixa meu corpo fervendo. De forma automática, apoio a mão na nuca do príncipe e o empurro contra meu íntimo que pede por mais contato. Como um homem obediente, ele dava pinceladas longas e torturantes por toda a região, deliciando-se com meus gemidos nada comportados.
— Isso, Aloys... Bem aí, isso!
Abro mais as pernas, permitindo que sua língua e dedos explorem cada ângulo meu da forma mais profana possível. Então, desvio a atenção para fitar Aloys, surpreendendo-me com seu olhar intenso focado em meu rosto. Avaliando e saboreando minhas reações. E nesse momento, sou atingida por uma onda de tremores incontroláveis enquanto o meu corpo é jogado para o abismo do prazer.
Gozo contorcendo-me e gemendo mais alto. Tudo ao redor gira. O príncipe, o teto, as cortinas. Absolutamente tudo é tomado por essa onda de prazer.
— Ah, seu desgraçado boêmio... — digo entredentes quando consigo recuperar parte do fôlego. Aloys sorri de canto enquanto senta nos calcanhares. — Esconde bem suas técnicas com esse sorriso carismático.
— Acha meu sorriso carismático?
— Cala a boca. — resmungo com um bico, sentando-me após a apoiar as costas na cabeceira da cama. — Não vou alimentar o seu ego, já fiz isso demais.
Apoiando um braço na cama, ele inclina-se em minha direção.
— O que você fez, minha doce Alene? Estou curioso e não é sensato manter segredos com um príncipe.
Mordo o lábio inferior e esse movimento não passa despercebido pelo moreno. Ao erguer o olhar, murmuro:
— Eu já imaginei você fazendo... coisas.
Ele arqueia a sobrancelha.
— Coisas?
— Sim, comigo.
— E que coisas seriam essas?
— Ora, Aloys! Não me faça morrer de vergonha mais do que já estou!
Os seus lábios roçam suavemente nos meus, a mão boba contornando a minha cintura puxando-me contra seu colo. Sorrio durante o beijo, apoiando as mãos nos ombros fortes.
— Eu não tenho vergonha de dizer o quanto a desejo. Como a minha mente é inundada de pensamentos impuros sobre como posso dar prazer a esse corpo. — sussurra descendo os lábios por uma trilha molhada de beijos pelo meu pescoço. As suas mãos grandes apertam minha bunda, colando mais ainda nossos corpos. Nessa posição, posso senti-lo cutucando a região entre minhas pernas. — E está na hora de provar o porquê da fama de boêmio, minha doce Alene.
Sou tomada por inteiro através de um intenso beijo. A língua de Aloys puxa a minha, enroscando-a com sensualidade. As suas mãos firmes exploram cada parte do meu corpo. Não perco tempo e tiro sua camisa, arranhando os músculos da barriga logo em seguida. O príncipe estremece diante do toque antes de me jogar na cama, erguendo-se apenas para retirar a calça. Então, Aloys sobe em cima de mim e toca nossas testas, fechando os olhos.
— Eu posso?
Uma parte sentimental e idiota dentro de mim se revira. Por muito tempo, ninguém perguntou se eu queria aquilo. Eles apenas invadiam o meu corpo como se não tivesse valor algum. Mas Aloys pedia a minha permissão, pois reconhece que este é o meu corpo. A minha alma. E engolindo um choro contido por anos, murmuro:
— Sim... Faça isso, por favor.
E quando ele entra em mim, tudo se resume a esse momento. Deixo escapar um gemido por causa do seu tamanho e a profundidade da estocada, como se me reivindicasse como sua.
Agarro os ombros de Aloys, fincando as unhas contra sua carne macia. Ouço o suspiro longo e rouco dele, arrepiando-me por completo. Ele é tão grande e largo que preciso de alguns segundos para recuperar o fôlego. O príncipe me encara e a intensidade do seu olhar me desarma por completo.
— Tudo bem, Alene?
Ah, sim. Você está me rasgando ao meio com essa "coisa" gigante, mas estou no meu melhor momento.
— Sim, com certeza sim.
Ele arqueia uma sobrancelha grossa. Droga, respondi rápido demais.
— Quer dizer, sim.
— Então, eu posso ir mais fundo? — murmura no ouvido enquanto ergue ambas as minhas pernas até as apoiar em seus ombros, deixando-me totalmente aberta. — Você está me apertando tanto. Vou precisar ser forte para não acabar isso rápido demais.
Mordendo o lábio, assinto.
Ele se move um pouco para frente e aperto mais ainda as unhas contra sua pele. O príncipe não demonstra nenhuma preocupação em ser marcado, pois não demora em mover o quadril indo para frente e para trás. Envolvo os braços entorno do seu pescoço, puxando-o até que nossos lábios se encontrem e, assim, possa abafar os gemidos em um beijo longo. Enquanto isso, a mão de Aloys contorna a minha cintura até me puxar, deixando-me sentada em seu colo novamente.
Sou pressionada contra a parede de músculos, entregando-me a sensação de prazer. As suas mãos grandes apertam minha cintura, tornando qualquer distância entre nós inexistente.
Então, começo a quicar por toda a sua extensão, desfazendo-me do beijo e jogando a cabeça para trás. Em alguns momentos, rebolo de forma lenta e provocante, o que rende gemidos baixos do príncipe.
— Assim você acaba comigo, Alene.
Passo lentamente a língua pelos lábios, notando o olhar do moreno acompanhar o movimento.
— O que posso fazer, Alteza? Esperei tanto por esse momento, que só me resta aproveitá-lo ao máximo.
Aloys também se move, usando o quadril para ir cada vez mais fundo. Entre gemidos arrastados e promessas de não parar, ele se desmancha dentro de mim e aperto mais ainda os braços em seu pescoço, como se esse momento único pudesse sumir em um piscar de olhos. Mesmo estando satisfeito, o seu objetivo vai além de algo egoísta; pois, os quadris do príncipe voltam a se mover com mais intensidade do que antes, e posso senti-lo tocando uma parte sensível de mim. Por isso, não demora muito para que eu me desmanche em prazer, gozando no seu colo em uma série de gemidos manhosos e espasmos longos.
Descansando a cabeça na curva do seu ombro, recupero o fôlego.
— Isso foi tão bom.
Apertando-me carinhosamente contra si, ele movia positivamente a cabeça.
— Céus, eu quero mais disso. Eu quero mais de você. — digo o puxando para um beijo.
As suas mãos envolvem meu rosto enquanto retribui o beijo. Aos poucos, ele está novamente "animado" entre minhas pernas e sorrio de canto, satisfeita por esse poder sobre o corpo do príncipe. Guio seu pau até minha entrada, descendo lentamente e só paro quando está por completo dentro de mim.
Em um piscar de olhos, sou jogada na cama com um moreno agitado e excitado em cima de mim. Aloys segura minhas mãos, pelos pulsos, acima da cabeça enquanto estoca fervorosamente. Posso visualizar o seu rosto suado, as bochechas coradas e os lábios entreabertos.
Segurando com firmeza meus pulsos, Aloys estoca com mais voracidade e reviro os olhos de prazer. Ele está alcançando pontos sensíveis de mim que nunca pensei que existiam.
— Não vou aguentar tanto tempo, Aloys... Eu estou quase...
Minha fala é calada por seus lábios, tomando os meus com a costumeira possessão de seus beijos. Arranho sua nuca com a ponta dos dedos enquanto também movo o quadril. A sua extensão longa e pulsante está me moldando a cada estocada, fazendo o meu corpo se adaptar à sua forma. Lentamente, Aloys desce a mão explorando minha pele desnuda sem qualquer pudor até atingir a região entre minhas pernas. Quando ele acaricia aquele ponto sensível e protuberante, um calor inexplicável se forma em meu ventre.
— Isso...!
— Vamos, minha doce Alene. Goze para mim. Deixe-me ver o seu lindo rosto enquanto se entrega por completo.
Mais uma vez, o prazer invade meu corpo em uma onda de calor e tremores incontroláveis. Tenho diversos espasmos o contraindo, o que parece excitá-lo mais ainda, pois seus movimentos tornam-se mais rápidos até que atinja o ápice também.
Ele repousa a cabeça na curva do meu rosto, respirando pesadamente. Após uma intensa noite de prazer, preciso sair da sua cama e ir para os meus aposentos. Porém, minhas pernas estão fracas e minha mente só consegue pensar na sua voz grossa, sussurrando em meu ouvido algo como "Isso foi maravilhoso, Alene".
Talvez seja uma peça boba da minha mente. Infelizmente, adormeço antes de descobrir a verdade.
♕♕♕
Uma luz incômoda toca meu rosto, fazendo-me abrir lentamente os olhos. A primeira coisa que vejo é o teto reluzente em tons dourados para, em seguida, encarar as cortinas azuis entreabertas de onde entra a maldita luz. Então, sou tomada por imagens da noite anterior, ficando sentada em um sobressalto.
— Droga, eu dormi no quarto do príncipe! — exclamo para mim mesma.
Puxando a coberta branca, que possuía agora o cheiro de sexo, até a altura dos seios, procuro minhas roupas. Estico o pé tocando a ponta do dedo no chão, mais especificamente em um tapete felpudo.
Preciso sair daqui o mais rápido possível e pensar em alguma desculpa por tamanho desrespeito com um nobre.
Mas os pensamentos são dissipados quando a porta se abre. Aloys surge usando um robe cinza de seda, totalmente descalço e com o cabelo bagunçado. Ele segura uma bandeja contendo frutas, pão, queijo e o chá de infertilidade — comum para as damas da época que não desejam ter filhos — enquanto se aproxima.
— Você acordou, Alene. Que bom! Eu fui na cozinha preparar algo para comermos, pois não quis incomodar os criados com isso. O problema é que não sabia o que você gosta de comer, por isso trouxe um pouco de tudo. — dizia sentando na ponta da cama e depositando a bandeja na mesinha de madeira. Ele apoia a mão ao meu lado, inclinando-se para frente. O seu sorriso é tão brilhante quanto o próprio Sol. — Então, você dormiu bem?
Abro a boca uma. Duas. Três vezes. E nenhuma palavra sai, todas permanecem presas em minha garganta. Sinto como se estivesse vivendo uma realidade distante, um conto de fadas que parecia inalcançável para uma pessoa como eu.
A única coisa que consigo fazer é me encolher e soluçar de tanto chorar, sentindo as lágrimas escorrerem por minhas bochechas.
Ninguém quis minha presença em seu quarto, não depois de usar o meu corpo. Os homens me dispensavam jogando moedas na cama ou com gestos breves, enxotando a presença indesejada. Mas Aloys Rilley, o homem que eu devia supostamente trair, está me oferecendo conforto e carinho.
Ele está me oferecendo um lugar confortável e seguro para ficar. Um lar.
O seu semblante radiante muda para preocupação e, receoso, ele estica a mão até tocar o meu rosto conseguindo a atenção desejada.
— Pelas estrelas, Alene! Eu fiz algo errado? Fui muito bruto ontem? Eu não tinha a intenção de...
Esfrego a bochecha contra a palma da sua mão, ainda chorando.
— Por favor, deixe-me ficar aqui...
No castelo. Em sua vida. Em seu coração.
Ele apoia a mão em meu rosto, secando as lágrimas com os polegares.
— Eu não pretendia tirá-la. Pode ficar na cama o tempo que quiser.
Mordo os lábios trêmulos, tentando controlar outra onda de choro. Isso parece deixá-lo mais desesperado.
— Diga-me o que posso fazer para que fique melhor. É a primeira vez que algo assim ocorre comigo. Geralmente, não se espera uma crise de choro após uma noite de prazer.
Em meio ao choro, consigo rir. Aos poucos, a pressão no peito some para dar espaço ao sentimento de paz. Sorrio com toda a sinceridade em meu coração, tendo ciência do meu estado patético. O nariz vermelho, o cabelo bagunçado e os olhos inchados. Ainda assim, eu o ouço murmurar:
— Céus, você é a coisinha mais bela de todo o mundo...
Fico vermelha ao ponto de o rosto queimar. Ele pergunta se estou bem e assinto. Suspirando aliviado, Aloys pega uma fatia de queijo e a leva até os meus lábios, onde a aceito de bom grado.
— Quer conversar sobre isso?
Nego com a cabeça.
— Tudo bem, ao menos coma. Creio que nos desgastamos demais ontem. — brincava com um leve sorriso. Quando eu o acompanho na risada, o seu semblante volta a ser descontraído como antes. Aloys leva outra fatia de queijo em minha boca e depois uma uva. Aceito ser paparicada de bom grado. — O que acha de passarmos o dia aqui? O baile de ontem foi cansativo.
Aperto a coberta contra o peito. Não para esconder a nudez, e sim em uma tentativa falha de proteger meu coração.
Que tola eu sou.
— Não tem obrigações? — consigo dizer. A minha voz parece sair pelo nariz, o que me deixa envergonhada.
Aloys ajeita uma mecha teimosa do meu cabelo, colocando-a atrás da orelha.
— Elas podem esperar. Confie em mim.
Eu confiava cegamente em qualquer coisa que ele me dissesse à partir de agora.
Assinto em silêncio, abrindo a boca. Ele ri jogando a cabeça para trás, antes de colocar uma fatia generosa de pão na minha boca.
E sendo alimentada pelo príncipe de Valfem, o meu príncipe encantado, volto a acreditar em conto de fadas.
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