Capítulo 25
Apoio a bochecha contra a janela da carruagem, observando a mudança de paisagem. Aos poucos, as características naturais de Valfem se destacam como os campos verdes e as árvores frutíferas. Em alguns instantes, adentramos em uma floresta densa circulando pela curta estrada de terra.
Reflito sobre a situação complicada em que me encontro. Quando aceitei espionar o príncipe de Valfem, tomei essa decisão para o bem de mim e de Izobel. Estava cansada de uma vida cheia de humilhações e toques nojentos. Após ter as informações e stans suficientes, seguiria para um reino longe, Mandrariam ou Mintaka, onde eu e minha amiga não precisaríamos reviver o passado.
Tudo planejado. Sem qualquer brecha para erros.
Bem, a menos que esse erro pudesse ser chamado de Aloys Rilley.
Gemendo de frustração, curvo meu corpo afundando o rosto nas duas mãos. O toque carinhoso de seus dedos, a maciez dos seus lábios e o calor da sua voz invadem minhas memórias.
Eu não estou apaixonada pelo Aloys. Eu não podia estar.
Os meus pensamentos são afastados por uma parada brusca da carruagem, fazendo-me cair sobre o banco acolchoado. Apoio as mãos na maciez da superfície, pronta para questionar o motivo da parada, até a porta ser aperta de forma repentina. Então, ao visualizar dois homens com facas e olhares rígidos, o meu corpo trava por completo.
— Entregue tudo o que tiver, sua nobre mimada!
Pisco os olhos, um pouco atordoada. Demora uma fração de segundos para perceber o assalto, onde esses dois idiotas deduzem que sou uma nobre por causa da carruagem enviada por Velstand.
Antes de ter a chance de questionar, um dos bandidos segura o meu braço e me joga para fora da carruagem. Gemo de dor quando o ombro bate no solo rígido.
— Eu não tenho nada. Por favor, deixe-me ir embora.
Recebo um tapa em resposta, apoiando a mão na região vermelha.
— Acha que vamos acreditar em você, sua vagabunda? Ninguém viajaria por tão longe sem um stan no bolso.
Analiso o ambiente ao redor. Não apenas dois homens, mas cinco estão me cercando; todos portando adagas ou espadas afiadas. Encolho-me com um dos bandidos, provavelmente o líder deles, se aproxima apontando a espada para o meu pescoço. Sem olhar para os demais, ele ordena:
— Procurem qualquer coisa valiosa.
Os outros quatro vasculham a carruagem e, pelo canto, vejo o cocheiro caído no chão. A poça de sangue ao lado da sua cabeça é uma resposta clara: ele está morto.
Escolho o silêncio, mantendo o olhar fixo no líder.
— Não encontramos nada. — sussurra um dos capangas no ouvido dele. — Ela está falando a verdade.
O olhar afiado do maldito lança uma onda de terror pelo meu corpo.
— Nenhuma mulher teria condições de um transporte como esse sem um bom motivo, o que me deixa com duas opções. — dizia encurtando a nossa distância até se abaixar, onde posso sentir seu hálito quente e imundo. Os olhos castanho-escuros e vazios me encaram como se eu fosse um mero objeto à sua disposição. — Ou você é uma soldada importante em missão ou messalina de algum nobre.
Engulo seco.
— Temos aqui a resposta. — ele sorri expondo os dentes amarelos. A sua mão se direciona para o meu seio, mas chuto a sua barriga.
— Não me toque, seu imundo!
O homem trinca os dentes, provavelmente com o ego ferido por ter sido atingido por uma mulher na frente dos seus capangas. Ele estapeia o meu rosto novamente, mas não demonstro nenhum traço de dor.
Após cuspir em meu rosto, ele se ergue gesticulando para os demais.
— Já que não há nenhum ouro ou stans para a gente, tenho certeza de que essa messalina estará mais do que disposta a nos oferecer seus serviços.
Arregalo os olhos. Por muito tempo, fui abusada e descartada por homens. Deveria me acostumar com essa sensação, mas não consigo. Não consigo aceitar meu corpo ser tocado por ninguém que não seja... Ele.
— Não, não... Por favor, não...
Arrasto-me para longe dele, abraçando o próprio corpo. Nenhum homem presente expressa empatia pelo meu desespero. Pelo contrário, há um brilho predatório em seus olhos.
Bando de doentes.
Um dos bandidos dá o primeiro passo, abrindo a sua camisa surrada azul e expondo os pelos do peito. Ele abre a boca passando a ponta da língua pelos lábios, como se estivesse diante de um banquete.
Seguro firmemente o vestido, fuzilando-o com o olhar. Estou pronta para lutar pelo meu corpo, pela minha dignidade.
Contudo, o homem para de forma repentina e sua boca está em formato de "O". A flecha atravessando seu olho o faz cair de joelhos e, em seguida, uma lufada de ar acaricia minha bochecha. A próxima flecha atinge sua garganta e uma quantidade considerável de sangue banha o chão aos meus pés.
Rapidamente, olho por cima dos ombros para quem possui uma mira tão perfeita, ficando boquiaberta com a cena. Aloys está com o corpo inclinado para o lado enquanto montava Pegasus. Um braço segurando o arco com firmeza e o outro puxava a corda, já contendo uma flecha. O vento jogava o cabelo para trás, dando-me a visão do seu rosto e suas cicatrizes. O príncipe possuí um olho fechado, totalmente concentrado no próximo alvo.
Ao soltar a corda, a flecha atinge perfeitamente a garganta de outro bandido. O líder deles, furioso, saca a sua espada para atacar o monarca. Porém, com o cavalo ainda em movimento, Aloys salta e a sua capa azul se move de forma brusca. Então, voltando a empunhar o arco, o príncipe atinge o joelho do homem que cai no chão. Outro capanga corre em sua direção, aproveitando a distração do rapaz para atacá-lo pela lateral.
Com uma agilidade surpreendente, Aloys joga o corpo para o lado, vendo a lâmina passar perto do seu corpo. Em seguida, tirava uma flecha da aljava e a golpeia no olho do maldito. Os golpes consecutivos só têm fim quando o corpo do bandido não passa de um pedaço de carne no chão.
Os outros dois correm até Aloys mas, devido à distância e a habilidade surpreendente do príncipe, são atingidos em pontos vitais. Aloys lançava as flechas como se fossem meras penas, mesmo que seus músculos definidos estejam contraídos por cima da camisa de linho preta.
Há uma sensualidade envolvente em seus movimentos.
Em passos lentos, ele encurta a distância para o líder do bando, que se encontrava de joelhos com a mão por cima do ferimento na perna.
— Seu maldito...! Quem é você?!
O olhar de Aloys não expressa nada além de frieza.
Mas a frieza muda para algo fervente quando ele ergue o olhar, notando o vermelho em minha bochecha. Ao retornar o foco para o ladrão, tenho a certeza do que está por vir.
— Sou Aloys Rilley, o príncipe das desgraças.
O outro se encontra boquiaberto, totalmente sem palavras. O príncipe chuta o seu rosto e depois aponta uma flecha para a testa do maldito.
— E o farei pagar por encostar sua mão imunda nela!
Viro o rosto para o lado, a fim de não ver a última morte. Quando escuto o puxar o arco, encolho-me e espero alguns segundos para encarar o príncipe. Porém, ele está de costas para mim, analisando o ambiente ao redor.
— Você viu mais ladrões de estrada, Alene? Os malditos sempre andam em bando.
Mas estou sem palavras.
De costas, a capa movia-se majestosamente e destacava os seus ombros largos. Aloys inclina a cabeça para o lado com o arco próximo ao peito, em uma posição que o facilite para mirar em algum alvo. Um filete de suor escorre de sua testa e passa pela cicatriz no canto dos lábios.
Ele expressa completa seriedade enquanto o olhar afiado, como de um predador, observa a floresta.
Príncipe das desgraças? Não. Com certeza, não.
Ele é o rei de Valfem. Em toda a sua glória e a magnificência.
❀❀❀
Após uma longa viagem até Valfem com o rosto afundado no peito do príncipe, e o trote constante de Pegasus, chegamos no castelo. Ainda estou em choque com tudo o que houve, pois era a primeira vez que alguém arriscava tanto por mim.
Respeitando meu estado, Aloys não insistiu nas perguntas e me guiou para uma pequena enfermaria no interior do palácio. Um homem de roupas brancas e cabelos grisalhos, acompanhado de uma assistente de vestimenta igual, me examinam enquanto estou sentada em uma macia cama de cobertas brancas.
— Ela está bem, Alteza. — anuncia o homem, Simon Winter, como havia se apresentado instantes atrás. — A região a bochecha está um pouco vermelha por causa do impacto, mas nada que um pano com água gelada não resolva.
— Providencie. Agora. — profere o príncipe com uma firmeza assustadora.
O homem assente e sai da sala junto com a sua assistente.
Nunca havia visto o Aloys dessa maneira. Tão fechado e tenso.
Ele caminha até encurtar nossa distância, sentando-se ao meu lado na cama.
— Você está bem, Alene?
Abaixo o olhar para minhas mãos trêmulas por cima do colo.
— Como soube onde eu estava?
O rapaz solta um demorado suspiro.
— Tristan ficou sabendo do sequestro feito por Valfem. Não sei o que o maldito rei ganharia sequestrando uma das minhas concubinas, mas não estou disposto a descobrir. Eu preciso retaliar o ocorrido!
Um frio percorre minha espinha. Todo o corpo trava e, rapidamente, viro o rosto em direção à Aloys, dizendo:
— Não faça isso.
— Ora, por que não?
Como posso explicar que essa jogada coloca em risco minha vida e a de Izobel?
— Valfem precisa se recuperar depois da transição de monarca. Não é uma boa ideia aumentar a tensão entre os reinos.
Longos segundos se passam e noto como o príncipe pondera as minhas palavras.
— Sim. Você tem razão, mas eu não pude controlar minha raiva quando soube que a sequestraram!
Tento abafar a voz prepotente que diz que o grande príncipe de Valfem estaria disposto a ir tão longe por mim.
É uma ideia ridícula. Ridiculamente romântica.
E por que estou me preocupando tanto com o destino de Valfem?
— Eu estou bem. Acho que o rei de Velstand me confundiu com alguma soldada do seu exército ou membro da corte.
— É o que tudo indica. Uma pena que a Ayumi não está aqui para investigar esse sequestro.
Bendita sejam as estrelas!
— Não precisava ter ido pessoalmente até a fronteira. — mudo de assunto. — O reino depende de você vivo.
Aloys segura o meu queixo com a ponta dos dedos, fazendo-me fitar sua expressão serena.
— Eu não me perdoaria se deixasse que outra pessoa resolvesse isso.
— Por que?
— Mesmo tendo prometido à mim mesmo que iria impor uma distância entre a gente, não consigo deixa-la ir. Eu sou tão egoísta, Alene. — sussurra tocando nossas testas, tornando a distância entre as bocas quase inexistente. Ele fecha os olhos. — Eu não consigo me afastar então, por favor, faça isso por mim. Por nós dois.
Também fecho os olhos, lutando contra o impulso em meu peito. Sei que o melhor é manter uma distância segura entre nós dois, assim não teria minha missão comprometida por esse aperto no coração e Aloys não sairia magoado.
O problema é que eu também não consigo me afastar dele. Ou melhor, não quero me afastar.
— Desculpa, Aloys. Desculpa não ser forte o suficiente para tomar essa decisão.
Apoio as mãos em seu rosto, acariciando-o com os polegares até acabar com qualquer distância entre nossas bocas. Beijo Aloys com toda a necessidade do meu ser, sentindo a mão dele segurar a minha cintura enquanto a outra se posiciona no meu rosto.
É um beijo calmo e lento, onde ambos podemos explorar a boca um do outro com toda a plenitude que nos é permitida.
Somos interrompidos com alguém coçando a garganta. O médico Simon sorria um pouco sem jeito, aproximando-se com uma toalha em mãos.
— Desculpa interrompê-lo, Alteza. Eu trouxe a toalha gelada para a senhorita.
Estou um pouco vermelha, o que é raro, por ter sido pega em algo tão comum mas que, desta vez, considerei um ato bastante íntimo. Aloys mantém o semblante sereno, até um sorriso se formar em seus lábios.
— Obrigado, Simon. E perdoe-me a minha falta de educação minutos atrás, eu só...
— Não precisa se desculpar, Alteza. Eu entendo como as suas responsabilidades o deixam tenso.
Murmuro um agradecimento quando o médico entrega a toalha, apoiando-a em minha bochecha. Os dois trocam uma breve conversa, envolvendo termos medicinais que não faço ideia. Mas o momento é interrompido quando alguém, a sua assistente, ofegante adentra na sala, apoiando as mãos nos joelhos.
— Alteza! Alteza! Está... Está acontecendo...
— Acalme-se, Anne. Há algum ataque em Valfem? — questiona, apreensivo, o príncipe.
— Não, não. É que... — ela inspira profundamente, recuperando parte do fôlego. — Um bebê está à caminho.
Franzo o cenho, confusa.
— Um bebê...? — murmuro.
Porém, os demais na sala trocam olhares que variam de surpresa para desespero. Simon é o primeiro a correr, após pegar uma cesta contendo vários itens médicos.
— Céus! O que está acontecendo, Aloys? Que bebê é esse?
— Depois eu explico, Alene. — dizia virando-se para mim e segurando minhas mãos com ternura. — É uma longa história.
Salto da cama, apertando sua mão antes que o rapaz suma como névoa.
— Ao menos, me diz quem é esse bebê?
Os olhos de Aloys brilham com esperança.
— Ele é um milagre!
Suas palavras não esclarecem bem a situação, mas sinto uma onda de adrenalina percorrer meu corpo. Seja qual for o motivo de tal ânimo nele, quero compartilhar desse momento ao seu lado.
— Deixe-me ir também. Quero ver esse milagre de perto.
❀❀❀
Aloys colocava-me na sela de Pegasus com uma agilidade surpreendente, subindo logo em seguida. Fico presa entre seus braços fortes, on6de posso inspirar o seu cheiro amadeirado e viciante. Durante o trajeto, ele me explica que Valfem passou por longos meses sem a presença de uma criança. Quando tento questionar o porquê, ele tenciona os músculos e suspira com pesar.
Estamos adentrando em um território sensível.
— Amis nunca passou de uma criança mimada, sedenta por atenção alheia. O poder subiu a sua cabeça e ele não suportou a ideia de "competir" pelo afeto com outras crianças. Então... — Aloys conduz o cavalo para dobrar pela estrada, adentrando na cidade. — Ele mandou assassinar toda criança no reino. Os seus capachos jogaram todas pelo penhasco no sul do reino, junto com os pais que não aceitaram a sua decisão.
O choque me atinge em cheio. Não há palavras para descrever tamanho alto de crueldade. Sinto tudo girar e contenho o embrulho no estômago.
Ele continua o assunto e detecto a dor em sua voz.
— Quando soube da notícia, estava preso naquela cela, sentindo-me imponente. O povo do meu pai... Não, o meu povo precisava de mim. E eu não pude fazer nada porque confiei nas pessoas erradas.
Ergo o olhar, vendo-o totalmente devastado. Naquele momento, tudo o que eu desejei era abraçar este homem e protegê-lo de todo o mal do mundo. Mas só pude tocar o seu rosto com a ponta dos dedos e murmurar:
— Houve vários erros, mas você não foi responsável por nenhum deles.
— O sangue que corre em minhas veias pertence às pessoas como Amis e Roseta.
— Aloys...
Pegasus para bruscamente e preciso me segurar no pescoço longo do cavalo para não cair. Aloys desce de forma rápida e oferece a mão para mim. Pelo fraco sorriso que recebo, sei que não adianta tocar no assunto. Ao menos, não agora.
Paramos diante de uma casa simples, mas fortificada por uma guarnição de soldados. Eles se reverenciam com a presença do príncipe que, apressado, entra no casebre. Sigo Aloys até estar diante de um pequeno quarto, vendo Simon diante da cama rodeado por três mulheres vestindo branco.
Gritos estridentes deixam-me em alerta. Fico apoiada na porta, observando Aloys adentrar o quarto conversando com um homem franzino de pele negra e cabelo cacheado. O camponês parece nervoso com a presença do príncipe, mas suaviza a expressão quando Aloys apoia a mão em seu ombro.
— Vai ficar tudo bem. Qual o seu nome?
— Vi... Victor, Alteza. Eu... Eu estou...
— Calma, Victor. Eu entendo a sua situação. Qual o nome dela?
O meu olhar volta-se para a mulher de pele morena e longos cabelos cacheados, deitada na cama enquanto gritava em trabalho de parto.
— A minha querida Lorena está tão ansiosa para o nascimento do nosso bebê. — explica o tal Victor. — É o nosso primeiro.
— De muitos que virão, eu imagino. — comenta Aloys com um sorriso, recebendo um aceno positivo em resposta.
Todo aquele momento possui um significado mais profundo do que aparenta. Desde a preocupação dos guardas até a dedicação da equipe de curandeiros. Essa criança deve ser a esperança de um reino mesmo.
Quando os gritos de Lorena se tornam mais altos, Victor ajoelha-se ao lado da esposa sussurrando palavras de incentivo e amor. Dou um passo hesitante para dentro do quarto, parando ao lado de Aloys que, agora, está apoiado na parede com a tensão exalando ao seu redor.
Não sei o que sentir ao vê-lo assim.
Por mais curiosa que esteja sobre a total história de Valfem, opto pelo silêncio.
A aflição percorre todos presentes. Cada grito ou respiração falha é um motivo para troca de olhares pesarosos.
Até que o momento de tensão acaba.
O choro infantil preenche o ambiente de luz. O pequeno é envolto por uma manta cinza, banhada com o sangue dele, antes de ser entregue à mãe. Ela o segura em seus braços com tanta ternura que acabo lembrando dos abraços calorosos da minha mãe, e deixo uma lágrima fugaz escapar.
— É uma menina. — dizia uma das curandeiras, chorosa.
Victor chorava no ombro da esposa, um choro alternado com sorrisos sinceros. Os dois dão um breve selinho antes de focar no bebê. Ao meu lado, um vulto alto se move e vejo Aloys se aproximar, receoso.
— Eu posso...?
O casal ergue a cabeça, lembrando-se da presença do homem mais importante do reino no quarto. Sem jeito, Lorena assentia e estende o seu filho para o príncipe. Aloys o pega com tanta delicadeza, como se o pequeno ser pudesse quebrar em pedaços. Em seguida, ele o traz para perto do peito com a cabeça baixa, observando o bebê atentamente.
E só então percebo que Aloys está chorando.
Diante do balançar suave dos braços dele, o bebê diminui o choro até se acalmar por completo. Aloys não esconde a fragilidade, deixando que as lágrimas molhem suas bochechas morenas enquanto sorria.
— Olá, pequena. Bem-vinda ao mundo. — sussurra levando uma mão até o rosto dela, acariciando-a com a ponta do dedo. — Sei que não será uma jornada fácil, mas você será cercada por amor. E eu prometo tornar Valfem um lugar para você, e muitas outras crianças, viverem.
Já não consigo controlar os soluços, mesmo cobrindo a boca. O sentimento paterno transparece Aloys e, por um momento, revivo o meu desejo bobo em ser mãe. Ter uma família e uma casa pacata no campo.
E para piorar, só consigo imaginar esse sonho ao lado de um certo alguém.
A bebê segura o dedo mindinho do príncipe com uma expressão de paz. Por outro lado, o sorriso de Aloys aumenta bem como o brilho em seu olhar. Pela sua expressão, percebo que o desejo do monarca é proteger essa criança do mundo, evitar que tenha o mesmo destino de outros sob o reinado de Amis.
É como se os fantasmas das crianças mortas por seu irmão o acompanhassem durante toda a vida. Mas havia esperança no olhar do príncipe ao encarar o bebê em seus braços.
E eu também compartilhei desse sentimento de esperança por dias melhores.
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