Capítulo 17
"Eu a farei esquecer de todos os homens que já esteve."
As suas palavras causam um estranho efeito sob mim. Malditas borboletas no estômago.
A inquietude torna-se maior quando Aloys, o príncipe de Valfem, soberano de um enorme reino, se ajoelha no tapete macio. As mãos grandes e calejadas tocam a minha pele com uma suavidade surpreendente. As carícias constantes sobem por toda a extensão da perna até que o vestido esteja acima da minha cintura. O mesmo ocorre com a chemise branca, deixando-me totalmente exposta para ele. Então, os dedos pressionam o interior da minha coxa em um sinal silencioso.
Entendo o seu recado e, mesmo envergonhada, atendo o pedido.
Abro as pernas permitindo que Aloys veja tudo. Já estive com homens antes, mais do que pude contar — ou talvez nunca me dei o trabalho de quantificar algo tão nojento —, e na maioria dos casos precisei abrir as pernas. Nenhum me causou timidez, apenas repulsa. Contudo, desta vez, o meu rosto está vermelho e o coração acelerado; como uma jovem apaixonada.
Estou ansiosa, na verdade.
Quando o príncipe se aproxima, a sua respiração quente em minha região sensível já causa calafrios. Não penso que há sensação mais prazerosa do que essa.
Estava enganada. Graças aos deuses.
Aloys enterra a língua em meu interior, sem qualquer aviso, e meu corpo se retrai pela corrente de calor percorrendo cada centímetro da minha pele. As mãos dele seguram firmemente minhas pernas, pois devido aos espasmos de prazer quase as deixo fechadas.
Enquanto a língua movimentava-se em meu interior molhado, os lábios dele se contraem envolta da minha intimidade, sugando com força. A essa altura, controlar os gemidos já está fora de cogitação.
Pouco me importa se todo o castelo ouvir os meus gemidos. Só consigo pensar nele me chupando com tanto afinco.
O príncipe preocupado em dar prazer a sua concubina, como se fosse a sua prioridade. Não, de fato eu sou a sua prioridade nesse momento.
— Isso... Isso está tão bom. — murmuro entre gemidos, abaixando o olhar para fitá-lo entre minhas pernas. Então, sou surpreendida pelos olhos cor de mel, intensos e vívidos, focados em mim. Poderia gozar apenas pela força do seu olhar. — Alteza... Não pare...
Quando Aloys afasta a boca, há uma estranha sensação de vazio ocupando o lugar entre minhas pernas. Vazio esse que é logo preenchido por seus dedos, o indicador e o do meio, movendo-se para frente e para trás em um ritmo constante.
— Não pararia nem se uma guerra estivesse acontecendo do lado de fora. Eu só vou parar quando você gozar, Alene.
— Que generoso, Alteza. — provoco roçando o quadril contra seus dedos.
Ele interrompe os movimentos para passar a língua contra a minha intimidade. A superfície áspera contra a pele sensível quase me leva ao limite. O príncipe percebe como estou quase lá, pela forma como meus dedos o apertam, sorrindo de canto.
— Você ainda não viu nada, Alene.
Manter o controle já não estava sendo nada fácil, e quando Aloys suga o meu clitóris enterrando os dedos mais fundo, o gemido escapa de maneira involuntária. Acabo gozando em seus dedos, vendo estrelas no teto e me desmanchando em uma explosão de sensações prazerosas.
O meu corpo está em combustão e, instantes depois, relaxa afundando no colchão macio. As pernas tremiam, apoiadas no ombro do rapaz, e depois ele termina depositando consecutivos beijos em minhas coxas, descendo até a ponta do pé.
Tanto afeto em um gesto que deveria ser considerado obsceno.
Acho que minha perspectiva sobre sexo acaba de mudar.
Sorrio ofegante e ele retribui, deixando minha perna descansar no colchão após me puxar um pouco para cima. Aloys senta na ponta da cama, passando a língua pelos dedos lambuzados com meu néctar.
A cena faz meu ventre revirar.
— Deliciosa, como imaginei.
Encontro-me sem palavras. Enquanto isso, Aloys ajeita o meu vestido e a chemise. Sento na cama, regulando a respirando ao mesmo tempo que ajeito as mechas bagunçadas do meu cabelo.
— Eu pensei que...
— Teria mais? — completa com uma leve risada. — Tudo a seu tempo, Alene. E por mais que gostaria de continuar provando o seu corpo, tenho que me reunir com o conselho do rei. Digamos que o seu pedido de desculpas foi eficiente para conter a fúria de Hakon, mas preciso me prevenir caso ele tente algum golpe baixo na reunião de amanhã.
Assinto levantando-me e sorrindo fraco. Talvez Aloys estivesse me dispensando do seu quarto, mas era educado demais para usar as palavras de forma mais direta.
Se ele soubesse que não precisava se conter assim, pois já fui dispensada inúmeras vezes após usarem o meu corpo, não ficaria tão preocupado.
Se bem que Aloys não usou o meu corpo... Ele o venerou.
Afasto esse pensamento e o calor no meu peito. Criar expectativas e sentimentos é o passo para a ruína do meu plano. E há muito em jogo para arriscar.
— Boa reunião, então. Sei que irá se sair bem.
— É o que eu espero. Bem, se quiser, pode contin-...
— Eu já vou indo. — digo fazendo uma reverência e saio às pressas do seu quarto
Ouço o príncipe chamar meu nome, mas não olho para trás.
Por que eu queria tanto que ele me chamasse para continuar em seu quarto? Isso não faz sentindo.
Mas, desde que eu me envolvi com Aloys, nada fazia.
❀❀❀
No outro dia, meu desjejum foi com os funcionários do castelo. Aloys e Tristan foram puxados de um lado para o outro no castelo, sendo acompanhados pelo monarca e o seu conselho — incluindo o idiota do Hakon.
Tive o prazer de ver o grupo ao longe enquanto conversava com uma das empregadas.
O rei Gael possuía um ar de imponente conforme andava arrastando seu longo manto branco de mangas compridas, repleto de bordados dourados formando desenhos de galhos de árvores. A pele negra contrastava perfeitamente com os olhos esverdeados. A sua esposa, a rainha Leah, era tão bela quanto o marido; e os longos cabelos cacheados, presos em um coque apertado, prendiam a bela coroa de diamantes.
A filha deles, Alyssa, não estava presente e a empregada ao meu lado explicou que a princesa estava estudando junto com as Aprendizes. Por uma escolha da própria garota, ela passava pelo mesmo regime de estudo que as demais mulheres do reino. Educação rigorosa e treinamento básico em combate corpo a corpo.
Decido passear pelos corredores do castelo enquanto a reunião chata ocorria.
Ao me aproximar do vasto jardim no canto do palácio, encontro Noah sentado em um banco de mármore, admirando o lago cristalino à sua frente.
Vê-lo com o olhar tão distante focado nos peixes me fez lembrar de ontem, no escritório real, onde o rapaz presenciou a pessoa que ama com outra.
Quantas vezes você já os viu juntos e engoliu toda a dor?
Os meus pés agem por conta própria, indo até o vasto jardim enquanto a brisa brincava com as mechas soltas do cabelo.
— Está um belo dia, não acha?
Noah se sobressalta olhando para mim, apoiando a mão sobre o peito.
— Perdão, perdão. Eu não quis assustá-lo, Noah.
Ele nega com a cabeça, sorrindo sem jeito. Logo, abre espaço no banco e sento ao seu lado, admirando a gentileza em cada gesto dele.
Como Alyssa não pôde notar o Noah? Ele a olha como se fosse a coisa mais importante da sua vida. Mais importante do que o ar que respira.
— Eu... Eu peço desculpas pelo Hakon. — digo recebendo um olhar confuso em resposta. — Eu sei, não tenho nada a ver com esse idiota. Eu sequer o conheço. Só acho que devo um pedido de desculpas. Ele não a merece, saiba disso.
Ninguém merecia ter o amor renegado como o Noah, alguém de puro coração. Nem todos os pedidos de desculpas do mundo podiam aplacar a dor dele, mas senti que precisava fazer algo. Por menor que fosse a minha contribuição, tinha que diminuir tamanha angustia do rapaz.
Noah comprime os lábios voltando a focar nos peixes do lago. Diferente de ontem, o seu cabelo estava solto, tocando abaixo dos ombros, e as mechas dançavam conforme o vento. Os olhos verdes acinzentados brilhando como duas pedras preciosas ao refletirem a luz solar. Que, por sinal, destacava as leves sardas marrons em suas bochechas.
Ele é lindo por dentro e por fora.
— Você já tentou contar o que sente por ela?
O rapaz nega com a cabeça.
— Por que? Quem sabe a princesa aceite os seus sentimentos.
Noah encara-me com uma singela expressão de tristeza. Não há mais brilho naqueles belos olhos. Os lábios finos curvados levemente para baixo.
— Não se acha digno dela, certo? — pergunto vendo-o surpreso com minha dedução. — Eu sei como se sente.
Não tenho nenhum envolvimento sentimental com Aloys mas, toda vez que ele me toca, como se eu fosse pura, sinto um embrulho no estômago; como se não fosse justo o enganar. Ele precisa de alguém realmente casta para se relacionar, não uma pessoa com o corpo corrompido por mãos imundas.
Se não fosse pela minha missão, já teria ido embora. Por mais que negue, gosto da companhia do príncipe. Gosto de ver seu sorriso e as covinhas em suas bochechas. Gosto da leveza em seus olhos avelãs sempre que nossos olhares se encontram.
Mas não posso me permitir gostar de nada disso.
Noah toca suavemente o próprio pescoço, soltando um suspiro pesaroso.
— É normal se sentir inseguro, mas não deveria. Pouco importa se Hakon canta pelos quatro cantos do reino, se desperdiça sua voz com bobagens e ofensas descabidas. — então, lembro-me de um trecho do livro que Aloys me emprestou, parafraseando suas palavras. — "O amor é algo tão profundo que não há palavra no mundo que o defina. Mas pode ser descrito através do toque."
Ele engole em seco, esfregando nervosamente as mãos na calça preta. Diante da sinceridade das minhas palavras e ternura no olhar, o rapaz relaxa a postura e se permite sorrir, mesmo que seja um pouco.
É um avanço que desperta uma alegria sincera em meu coração.
Sinto a dor do Noah e torço pela sua felicidade como se fosse o meu amigo. Como se eu fizesse parte do grupo do Aloys.
Noah tira do bolso da calça um pequeno caderno, velho e com a capa de couro desgastada. Noto que algumas folhas estão rabiscadas com desenhos e outras palavras. Ao encontrar uma folha vazia, o rapaz puxa um lápis do outro bolso e escreve algo com o olhar concentrado.
Acho fofo a forma como morde o lábio inferior, igual a uma criança empenhada em seu desenho.
Quando aponta o caderno para mim, sou eu quem me encontro surpresa. O coração dispara e respirar tornou-se uma tarefa difícil. As palavras na página derrubam qualquer barreira que havia em meu interior.
"Fico feliz que o Aloys a escolheu."
Não havia sido escolhida. Não poderia ser escolhida. Mas seria injusto estragar esse momento, então apenas assenti com um leve sorriso e murmurei um agradecimento sincero.
Noah retribui o sorriso de forma inocente, compartilhando dessa falsa felicidade que eu expressava. Então, passos na grama chamam a nossa atenção e desvio o olhar para Alyssa que se aproximava. Ela usava a longa túnica branca das Aprendizes e havia uma pequena adaga presa em sua coxa grossa, visível quando dava um passo e a fenda da túnica se abria expondo a brilhosa pela negra.
Desta vez, os longos e volumosos cachos estavam presos em um coque, mas algumas mechas acariciavam as bochechas protuberantes.
— É bom vê-los se dando tão bem! O Noah merece estar cercado de pessoas gentis.
Rapidamente, coloco-me de pé e faço uma reverência. Noah continua parado, admirando a princesa com uma expressão de bobo apaixonado.
— Alteza.
— Já disse que pode me chamar apenas de Alyssa. Somos amigas agora, Alene.
Assinto, ainda surpresa de uma princesa expressar tamanha intimidade com uma simples concubina. Se bem que não é a primeira vez. Aloys também é assim comigo.
O meu olhar desvia brevemente para o caderno no colo do rapaz. O vento havia mudado a página, dando-me a visão de um desenho do jardim de Canopeia.
— Você tem um grande talento. — comento deixando-o surpreso. Noah encara o desenho e sorria sem jeito. — É sério. O príncipe comentou que você é um soldado dele, mas bem que poderia ser um dos estudantes de uma das academias de Valfem.
Alyssa ria baixinho.
— Soldado? Foi isso que ele disse?
Arqueio a sobrancelha, virando-me para ela.
— Ele não é um soldado?
— Se o Aloys confiar em você o suficiente, um dia saberá. — dizia parando ao lado de Noah e apoiando a mão em seu ombro. O rapaz rapidamente fica vermelho. — Mas a Alene está certa. Você tem muito talento com os seus desenhos. E, por sinal... — ela ergue o olhar para mim, sorrindo. — O Noah já frequenta a academia de artes de Valfem. Ele e o Aloys foram alunos da mesma turma por algum tempo.
Esconder a curiosidade é impossível, principalmente quando se trata do Aloys.
— Sério? Imaginar o príncipe cheio de tinta é um pouco difícil para mim.
— Depois que você o conhece melhor, essa se torna uma cena bem comum. Aloys é um amante de todas as formas de arte, até se aventurou um pouco na música quando era mais jovem. Tocando piano é um pouco desafinado, mas deveria vê-lo tocando violino.
A imagem de Aloys concentrado na música, o queixo encostado no violino enquanto os dedos roçam suavemente nas cordas invade a minha mente. E não entendo o porquê do meu coração estar tão acelerado.
— Não fazia ideia que...
— Ele não gosta de se gabar dos seus talentos.
— Parece conhecê-lo muito bem, Alyssa.
Noah mantém a atenção no desenho, provavelmente revivendo em sua mente o elogio da princesa, pois o sorriso em seus lábios é inconfundível.
— O meu pai e pai do Aloys eram grandes amigos. Eu, ele e o Tristan fomos criados juntos. Quando crescemos o suficiente para entender as responsabilidades de um reino, passamos a manter pouco contato. Aloys enviava cartas sempre que podia, mas... Aconteceu aquele incidente com seu irmão, e deve imaginar como nos afastamos.
Queria perguntar sobre o mistério envolvendo o irmão de Aloys, o porquê assuntos familiares sempre o deixavam tenso. Porém, sentia ser injusto extrair essa informação de qualquer um que não fosse o príncipe. Desejava que ele confiasse em mim o suficiente para expor esse passado obscuro.
— O Aloys mudou depois daquilo?
Noah para de encarar os desenhos e vira o rosto em nossa direção, concentrado na conversa.
— Uma parte dele ficou para trás, mas ainda é o garoto sorridente e bem-humorado que conheci. Aloys tem uma força absurda, e não falo fisicamente apenas. Ele consegue lidar com qualquer obstáculo de cabeça erguida, por mais que isso lhe custe. — dizia aproximando-se e segurando minha mão. Quando entrelaça os nossos dedos, sinto o calor de sua pele macia e sorrio. A princesa traz uma sensação de paz e tranquilidade. — Só que ele não é feito de aço. Pode quebrar e se reconstruir como qualquer um. Eu vi a forma como vocês se olham, se houver algum sentim-...
— Não há nada sentimental entre nós dois. — logo a corto, adotando uma postura séria. Mentir para Aloys era uma coisa, mas envolver mais pessoas, influentes de outros reinos, era outra. — Eu sou a concubina dele, Alyssa. O príncipe irá se casar com alguém da sua classe social. É a regra.
A sua risada suave preenche o ambiente. A princesa nega com a cabeça e os raios solares refletem o brilho dos cachos bem delineados.
— O Aloys costuma se desprender de regras por algo que goste. Não se surpreenda com isso.
Gostaria de dizer que não fazia parte dessa exceção. Ele nunca iria contra normas por mim, mas estaria sendo uma mentirosa. Aloys já enfrentou um nobre inconveniente, deu um soco em um duque e me deu mais atenção do que merecia.
— Se eu soubesse pintar, gostaria de retratar a beleza desse ambiente. Colocaria o nome do quadro de "Musas do paraíso... E o Noah". — brincava Tristan ao se aproximar. O longo cabelo ruivo atrás dos ombros, quase tocando sua cintura. Ele trajava um sobretudo verde com bordados dourados e uma calça de montaria cinza. — Nada contra você, Noah, mas tem duas belezas etéreas diante dos meus olhos.
Noah gesticula com desdém, rindo baixinho. Eu e a Alyssa também não contemos a risada.
— Guarde suas cantadas fajutas para quem realmente acredite nelas. — comenta Alyssa apontando as mãos na cintura. — Que bom que o grupo está reunido, mas onde está ela?
Como se um calafrio percorresse o corpo do ruivo, ele estremece.
— Pelas estrelas, Alyssa! Eu falando de deuses e você me cita o próprio demônio.
Alyssa joga a cabeça para trás, gargalhando alto. Uma risada sem pudor algum, diferente do que se esperava de uma princesa.
— Que rude falando dela assim.
— Perdão, mas quem é "ela"? — questiono recebendo a atenção dos três presentes.
A mulher secava uma lágrima do canto do olho, dizendo:
— Bem, é simplesmente a...
— Não importa. É bom evitar o seu nome para não atrair espíritos ruins. — interrompe Tristan apoiando a mão em meu ombro, puxando-me contra seu corpo. — Ela é uma pessoa que, com certeza, o Aloys fará o possível para que você mantenha distância.
Ergo a cabeça o encarando com uma sobrancelha arqueada.
— Por que?
— Porque ela é a pura definição de perigo. Mesmo fazendo parte do nosso grupo, não acho que o Aloys vá se sentir seguro com você perto dela. Enfim, pequena, não é para isso que estou aqui. — dizia dando leves tapinhas na minha cabeça, como se eu fosse uma criança, e cruzo os braços com um bico. — O grandão precisou interromper a reunião, pois recebemos notícias de Velstand.
Luto contra o calafrio que ameaça travar meu corpo. Tento manter a expressão inocente. Por outro lado, Alyssa está tão séria e tensa que nem parece a moça alegre de instantes atrás.
— O que esses miseráveis fizeram? — questiona a princesa.
— Por enquanto nada, mas recebi a informação de que estão fortificando o reino e aumentando o seu exército.
— Pensei que tivessem sido dizimados. — comento a fim de participar da conversa.
— É o que dizem para os demais reinos não se preocuparem. Velorum sempre soube que a ameaça poderia retornar, só que estão relaxados demais com o rei Lorcan no trono. Mas eu tenho minhas dúvidas. Desde o sumiço da sua rainha, ouvi boatos de que ele se tornou mais recluso do que era.
— Acha que não podemos confiar nele?
— Não sei dizer. Deixar tudo nas mãos de outro reino é algo arriscado, Alyssa.
— Mas somos um império. — comento analisando o olhar intenso de Tristan. É óbvio que está preocupado com o seu reino e, acima de tudo, o seu melhor amigo. — Não deveríamos ser invencíveis?
A risada do ruivo é amarga aos meus ouvidos.
— Éramos um império quando Velstand atacou e, por muito pouco, não perdemos.
Dessa vez, minha atenção é no lago onde os peixes circulavam enquanto pensava em quantas vidas seriam perdidas se os reinos se confrontassem. Como Izobel está em Valfem, poderia ser um alvo quando o caos começasse.
— Espero que isso não se repita...
— Eu também, Alene. Aloys foi imediatamente para Velorum ter uma reunião com o rei, mas pediu para que eu ficasse para cuidar de você.
Volto-me para Tristan, confusa.
— Eu? Há tanto a se perder com uma possível guerra e ele, primeiramente, manda seu melhor guerreiro me proteger?
O ruivo assente em silêncio.
Alyssa entrelaça o seu braço no meu, olhando-me com ternura.
— Eu não falei que ele iria contra as regras?
Sim, falou. Só não imaginei que ele fosse contra qualquer regra.
— E... E o que faremos? — murmuro com um fio de voz.
— Vamos ficar em Canopeia até segunda ordem. — responde Tristan. — É bem provável que ele volte para cá depois de resolver as questões em Velorum.
Balanço a cabeça em concordância, ainda em choque. Imaginar a vida do Aloys em perigo deixava-me aflita. Angustiada. Com medo.
Medo de perdê-lo.
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