Capítulo 42
Na estrada da vida
— ALLY, MEU AMOR... — a voz de Dixon era doce e suave.
Abri meus olhos vagarosamente, ainda com as vistas embaçadas.
— Meu Deus Ally, o que está havendo? — Mandy estava assustada.
— Estou acordada agora, não se preocupem.
Olhei para minha mão sendo apertada levemente pela mão de Dixon e recuei.
— Há quanto tempo estou apagada?
— Cinco minutos... — ele olhou para as próprias mãos e suspirou. — Cinco minutos torturantes. Por sorte, Vivian precisava conversar comigo e veio até aqui.
Como se para provar que estava ali, Vivian se pronunciou:
— Olá colorida. Rapazes, poderiam se retirar? — Ninguém moveu um músculo. Ela deu um suspiro impaciente. — Eu preciso conversar com ela.
Enquanto Vivian pedia para esperarem lá fora, James apertou minha mão.
— Foram minhas palavras que a deixaram mal tia?
— Não, eu só me senti tonta. Acho que não comi o suficiente.
— Não comeu? — Dixon levantou a mão para Vivian pedindo um minuto. — Não vai pular o almoço hoje! Seu bem estar é minha responsabilidade — ele se aproximou e beijou minha cabeça rapidamente antes de se afastar. — Todos ouviram. Quanto antes saírem mais rápido estão de volta.
Vivian agradeceu pela atitude demorada de Dixon em mandar todos saírem. Steve ainda continuou enrolando não querendo que fechassem a porta.
— Anda Steve! — Vivian reclamou. — Vocês quando estão em casa são umas crianças malcriadas.
— Sou um irmão preocupado, dá um desconto — ele argumentou. — Tem sorte do noivo dela não estar alterado.
Greice se aproximou e fechou a porta de uma vez, rindo da impaciência da médica. Vivian se aproximou da cama e as outras fizeram o mesmo.
— Você e Dixon já foram além das caricias? — começou Vivian, analisando meu corpo.
— Acha que posso estar esperando um bebê?
— Seu corpo está um pouco inchado e você não tendo negado a minha pergunta, acho possível. Mas eu gostaria de ter certeza antes de tirarmos uma conclusão e alimentar falsas esperanças.
— Espere, espere, espere! — Mandy, interrompeu chacoalhando as mãos de forma exagerada. — A Ally será mãe, pela segunda vez?
Mordi o lábio inferior. Se fosse verdade que eu carregava uma criança em meu ventre, eu não a desprezaria por estar passando por um momento delicado.
Era doloroso pensar que não poderia apresentar meus filhos aos avós. As histórias que uma avó contaria aos netos para fazê-los sorrirem. Mas já não existia ninguém para fazer esse papel.
— Ally? — Olhei para uma Mandy apreensiva.
— Só estava pensando — murmurei, levantando-me. — Eu poderia fazer os exames hoje?
— Sem ter algum paparazzi para especular, o único lugar mais seguro é a organização. Dixon irá indagar o motivo de eu estar te levando até lá.
— Eu posso tentar convencê-lo sem ter que contar.
— Sou a médica aqui, essa tarefa cabe a mim. Não pode se estressar.
Dixon foi o primeiro a entrar completamente apreensivo.
— Meu bem, se sente melhor? — ele não esperou eu responder e foi questionar Vivian. — Então o que se passa com ela?
— É complicado. — Vivian olhou para mim com sua expressão inescrutável. — Ally não tem muito tempo.
— O quê?! — E lá estava de volta o coral mafioso.
— Eu estou bem, não é nada.
Dixon parecia preste a ter um colapso emocional, quando segurou minhas mãos.
— Por favor, me diga o que você tem? Eu farei o que for preciso para te ajudar. Só não diga que está bem, por que não vejo isso.
— Saberemos exatamente o que ela tem após fazermos alguns exames. — Vivian interviu. Entendi que ela estava tentando da maneira dela fazer com que Dixon me deixasse ir. — Podemos ir agora para a organização?
— Mandy poderia cuidar de Noah em nossa ausência? — o contrário do que pensei, Dixon não hesitou em concordar de me levar.
Mandy concordou com um aceno de cabeça.
— Querido eu os acompanharei também — disse Greice, acariciando o braço de Demitri antes de ele beijar levemente seus lábios. — James meu amor, você poderia cuidar do Karl mais uma vez para a mamãe?
Os rapazes estavam com os olhos grudados em mim, me deixando desconfortável. Eu sabia exatamente o que eles estavam pensando. Balancei a cabeça negando para mim mesma. Vivian teria que se explicar para eles depois.
Eu não usaria o bebê — se caso tenha um em meu ventre — para uma reconciliação com Dixon. Eu deixaria que ele se esforçasse para me ter de volta. Não é uma vingança, jamais faria isso. Mas eu queria que ele entendesse como eu me senti quando esperei pacientemente por ele.
— Preparada? — Greice pegou meu braço e entrelaçou ao seu.
— Para tudo.
Quando me dei conta, minha reposta soou um tanto dura até para mim.
— Não precisa mudar Ally.
— Não irei, apenas me portarei com uma moça da minha idade deve se portar. Entre você, Mandy e eu, eu pareço uma garotinha no corpo de uma adulta. Sou imatura.
— Não é bem assim — discordou parando no meio do corredor. — O que nos diferencia é o seu maravilhoso senso de humor, justiça e amor para com as pessoas. Você sempre busca ver o melhor nas pessoas, isso faz de você diferente e especial. Não pode deixar ninguém matar o que há de mais incrível em você. Nem você própria.
— Não estou matando, Greice — suspirei, acariciando minha mão.
— E sua aliança, não vai coloca-la no dedo novamente?
— Por enquanto deixarei em minha mala.
— Só não demore muito — ela me lançou um olhar significativo, quando nos aproximamos de Dixon com a porta aberta para eu entrar.
Ele dispensou o motorista e assumiu o volante. Vivian sentou ao meu lado e Steve no banco do passageiro.
— Seja o que for que você estiver, estarei sempre ao seu lado — Dixon olhou para trás, antes de voltar a olhar pra frente e dar partida.
— Obrigada.
— Médica, quantos corações já examinou? — Steve gracejou.
Dixon e eu olhamos para o retrovisor no mesmo instante. Ele sorriu levemente e voltou a olhar para frente. Steve não quis ser tão sutil.
— Steve, acontece que já vi e peguei em muitos. Quem sabe eu não convide você para uma sopa de coração — Vivian provocou.
— Não vou comer partes de outras pessoas! Vivian você é canibal?
Ao olhar a expressão de Vivian não aguentei e soltei uma gargalhada alta. Abaixei a cabeça tentando não pensar na expressão estranha dela, mas parecia que isso só aumentava minha vontade de rir. Eu não queria rir. Quando voltei a levantar minha cabeça tinha três pares de olhos me observando.
— Você fica melhor assim, com um sorriso no rosto — comentou Steve.
— Belíssima — Dixon acrescentou. — Podem me dizer o motivo dessa conversa maluca?
— Eu estava quieta. Steve está me importunando há dias — ela resmungou. — Ele precisa urgentemente de uma namorada.
— Se está querendo que eu arrume uma garota, por que ainda está solteira?
— Estou bem sozinha! Os homens devem ficar a mil metros de distância.
— Não pensa em ter uma família? — intervi, interessada.
— Na verdade, só quero ser mãe solteira.
— Dix, ouviu isso? As crianças do orfanato! — me exaltei.
— Sim, meu amor. Quantos filhos pretende adotar Vivian? — indagou Dixon, não parecendo incomodado em me chamar de amor.
— Quero uma garotinha. Sei lidar com mulheres — ela mandou uma indireta para Steve que retribuiu com um sorriso debochado.
— Podemos conversar sobre isso mais tarde, Vivian? — Dixon indagou, recebendo um sorriso em resposta.
— O anúncio que eu fiz Dixon, o que fez com ele?
— Quando voltarmos eu lhe mostrarei.
— Hoje é natal, vocês não enfeitaram a mansão! — exclamei. Se não tivesse uma árvore na rua eu nunca teria lembrado de que era natal.
Em resposta recebi olhares cabisbaixos.
— Deixamos de comemorar o Natal, desde quando os pais de Dixon, e a irmã de Steve morreram — respondeu Vivian. — Havíamos uma tradição, porém Dixon e Demitri não quiseram leva-la adiante. Seria doloroso demais.
— Oh, eu sinto muito. — E quanto sentia, era meu primeiro natal sem meus pais.
— A sua dor é recente — Dixon murmurou como se lesse meus pensamentos.
Fiquei em silêncio até não entender o motivo de entrarmos em um lava rápido chique com vários homens trabalhando, até me dar conta de que as prateleiras estavam se afastando umas das outras. Uau! James não só estava certo quando Dixon parecia o Batman da vida real, como também tinha as passagens secretas mais malucas.
— Esse estacionamento é outro? — perguntei a Vivian.
— Estamos no lado norte do prédio principal. Não quer explorar um dia desses? — sugeriu.
— Já não tenho mais vontade.
Dixon estacionou e Steve perscrutou o lugar com os olhos e saiu do carro.
— Então, o que estamos esperando? — Greice apareceu atrás de mim.
Caminhamos para o elevador de vidro mais próximo. Meu corpo começou a tremer, não gostava de tirar sangue. Tinha pavor de agulhas. Se muitos estavam curiosos por eu estar ali, ninguém deixou transparecer. Reconheci alguns homens que vi atirando na festa do meu aniversario.
— Vou leva-la até a enfermaria, vocês podem fazer alguma coisa enquanto isso — disse Vivian já se afastando.
— Não! Eu também irei, preciso saber o que há de errado — Dixon deus dois passos a minha frente.
— Dixon eu preciso ter certeza. Eu te falarei o que há comigo. Apenas deixe Vivian fazer o que é preciso.
— Estarei te esperando na porta.
— Dixon, sei que está preocupado e não tiro sua razão, mas dê um pouco de espaço. Estou me corroendo por dentro para saber o que há, mas ficar assim não irá ajudar. — incentivou Steve.
Dixon suspirou vencido e ficou no lugar deixando-me passar.
— Só dessa vez.
— Não se preocupe. — sussurrei para ele.
— É impossível. — sussurrou de volta.
Acompanhei Vivian sem prestar atenção ao meu redor. Tudo que meu cérebro processava era que agora eu iria saber se sim, ou não.
Eu quero o sim.
Anseio pelo sim.
— Não se preocupe vai ser rapidinho — Vivian tentou me acalmar.
Portas atrás de portas. Parecia não ter fim. Vivian parou na única porta branca e me deu passagem para entrar primeiro naquela imensidão branca. A sala era enorme, devido ao tamanho parecia que não tinha quase recursos.
— Essa sala é apenas para deixar os que não estão muito feridos esperando. São quinze salas no total, com todos os equipamentos de uma geração. Não há apenas eu de médica aqui, as outras ficam no laboratório fazendo traquinagem.
— Onde eu fico? — eu queria terminar logo.
— Venha, sente-se aqui.
Sentei onde me fora mandado enquanto ela colocava as luvas e pegavas o potinho e a agulha. Comecei a suar.
É só uma picadinha, Ally. Você já levou um tiro.
— Vamos lá, apenas relaxe — Vivian sorriu.
Senti. Eu senti a agulha! Que agonia ver meu sangue no potinho. Vivian entrou no laboratório e não demorou em sair com uma caixinha nas mãos.
— Enquanto esperamos o resultado me deixe cuidar do ferimento em seu braço. — Ela tirou a faixa e abriu a boca surpresa. — Ally, isso pode dar uma infecção.
— Desculpe, mas eu não esta...
— Eu sei, você ainda está de luto, mas precisa se cuidar. Tem uma família que precisa de você viva.
Murmurei um "eu sei" carregado.
— Vai doer, devido ao álcool ser muito forte — avisou pegando um potinho branco com a embalagem escritas em outro idioma. — Greice pode segurar a Ally, por favor? Isso vai arder muito.
Greice se aproximou.
— Pode gritar, as paredes são à prova de som, Dixon não vai entrar.
— Só me importo com a dor agora. Tem alguma possibilidade de eu desmaiar.
— Sim, mas sei que você é mais forte do que parece.
Fechei os olhos não querendo ver, apenas sentir a aproximação já era torturante.
Gritei o mais alto que minhas cordas vocais permitiram.
— Segura mais firme Greice! — Vivian pediu, também usando força para me fazer ficar quieta.
— Vai demorar? Está doendo em mim. — resmungou Greice.
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APÓS VIVIAN LIMPAR E ENFAIXAR meu braço, fiquei deitada descansando a espera do resultado.
— Então — eu me levantei do pequeno sofá quando Vivian saiu com o resultado. — É sim ou não?
— Sim, você está de duas semanas — Vivian me abraçou forte. — Parabéns Colorida!
Meus olhos lacrimejaram.
— Meu Deus! Parabéns — Greice, também me envolveu em seus braços. — E agora? Quer ir contar?
— Eu preciso, sei que ele vai ficar feliz também.
— Então, vamos.
Ao abrir a porta estavam Demitri, Dixon, Steve e Justin escorados na parede.
Dixon me olhou de cima à baixo antes de pronunciar:
— Ally por que está chorosa? — Dixon segurou meus ombros, estava prestes a ir pedir respostas a Vivian quando Greice decidiu intervir.
— Vamos deixar Dixon e Ally conversarem a sós, primeiro. — ela disse. — É um momento importante que ambos precisam ter.
— Pode contar a eles enquanto eu estiver conversando com Dixon — eu pedi, o semblante deles estavam abatidos demais para que esperassem que eu mesma contasse a novidade. — Podemos ir a algum lugar privado?
— Claro! — respondeu nervoso.
O segui até uma sala mobiliada como a sala de estar da mansão.
— Venha, sente-se — ele pegou minha mão e me levou até o sofá. Sentando-se ao meu lado.
— Eu não sei como começar...
— Começa respondendo, sem mentira, a essa pergunta: Você não está bem?
— Na situação que estamos agora, acho que estou bem. Você acha que Noah pode ter um irmão ou uma irmã agora?
Dixon me olhou surpreso.
— Você quer ter um bebê?
— Eu quero, mas não sei você... — entreguei o exame em suas mãos.
Sua atenção estava completamente voltada às folhas. Ele não demonstrava expressão alguma, me deixando assustada.
— Isso... Isso é verdade? — ele finalmente me olhou. — Quer dizer é, mas quero ouvir de você.
— Sim, vamos ser pais outra vez.
— Ally, isso é...
Ele não disse em palavras e sim em um beijo apaixonado e avassalador. Eu me permiti retribui agradecendo por ele não surtar. Meu corpo foi sendo mais apertado por suas mãos protetoras até que eu me afastei.
— Dix...
Ele me soltou, mas não estava arrependido de ter me beijado.
— Pai de uma segunda criança... A nossa! Sei que você está passando por muito, mas vou estar aqui. Eu estou aqui.
— Eu não posso e não irei deixar que isso afete a criança. Quanto a nós, isso não mudará nada.
— Eu farei mudar! — ele suspirou pesadamente. — Vamos ter uma Alicia, quero que ela venha ao mundo com pais que se amam.
— Duas semanas Dixon...
— Duas semanas suficientes já para eu dizer que Noah terá uma irmã. Não quer uma garotinha?
— Quero, quero muito.
— Quando ambos os pais estão de acordo, a resposta é a mesma.
— Onde aprendeu isso?
— Na estrada da vida.
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Atualizei ontem mas ninguém recebeu?
As coisas se amenizaram um pouco, não é? Mas será por quanto tempo?
Estamos já nos últimos capítulos.
Não esqueça a estrelinha e comentários 😢
Fiquem com Deus!
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