Capítulo 36
Te amaria outra vez se você quiser perguntar
— Bom dia...
— Bom dia! — Dixon sorriu. —Sentiu-se a vontade dormindo aqui. Comigo?
— Foi maravilhoso.
— Isso é um alivio — sussurrou. — Levantei mais cedo e deixei uma roupa para Noah sobre a cômoda. Trarei o café da amanhã.
— Esse não é um trabalho de uma mãe?
— Quem disse isso? — Suas sobrancelhas se curvaram numa evidente confusão.
— É assim que funciona.
— Não para mim — ele olhou para Noah, acariciando seus cabelos. — Ele é meu filho, farei o necessário para te ajudar. Vou pedir conselhos a Greice se preciso, mas não ficarei parado. Não há uma lei que somente as mães devem se encarregar dos filhos.
— Desculpe se te fiz pensar...
Dixon se aproximou e deixou um beijo casto em minha testa.
— Poderia parar de se desculpar quando não fez nada de errado? Você tem todo o direito de expressar o que pensa. Vou trazer nosso café. — Ele levantou-se e foi para seu toalete.
Ontem, quando deitamos na cama, demorou um pouco para dormirmos com medo de que esquecêssemos Noah em nosso meio. Dixon, então, o envolveu em seus braços, protetoramente. Foi uma sensação única, indescritível. Senti-me uma mulher casada com meu filho recém-nascido e meu marido. Peguei-me pensando em ter uma filha. Só de pensar que Noah seria o mais velho e protegeria a irmã, me fazia ansiar em ter uma filha. Dixon tinha falado sobre isso, embora eu tenha escapado do assunto. Mas, agora parecia aceitável.
— É estranho pensar assim, quando a mamãe não tem uma aliança no dedo — acariciei o dedo de Noah.
— Hoje o dia vai ser intenso — Olhei apreensiva para Dixon parado na porta do toalete. Ele tinha ouvido o que eu disse? — O berço vai ser montado aqui.
— Hã... Vai ficar ótimo. Vai organizar o quarto dele também, Dix?
Eu queria era saber se ele tinha ou não ouvido. Só não sabia como perguntar e me entregar caso ele não houvesse escutado.
— Passarei o dia em casa hoje. Tem opiniões a respeito do quarto? — Ele caminhou até o closet e eu me levantei para usar o banheiro.
— Você comprou os moveis da mesma cor do seu quarto. Então deixe o do Noah assim também. Não precisa ser azul só por que ele é menino.
— Estou de acordo.
Dixon já estava vestido quando sai do banheiro. Sua calça jeans justa realçava ainda mais suas coxas fartas, a blusa grafite em gola V deixava mais exposto o seu pescoço. Senti uma súbita vontade de acaricia-lo.
— Você gosta de usar calças coladas, não é?
Dixon avaliou a si mesmo antes de responder.
— Elas me fazem lembrar de que estou vestido — ele me lançou um olhar malicioso, que decidi ignorar.
— É interessante — eu ri. — Você vai passar a tarde ocupado com o quarto do Noah, então pensei em dar um pulo no orfanato. Prometi que faria alguma coisa a favor das crianças.
— Não imagina o quanto estou orgulhoso de você — ele disse, aproximando-se. — O que pretende fazer?
— Estou pensando em fazer um anuncio ou um documentário.
— Não sei se é permitido, meu bem. Converse com as moças e vê o que elas acham. Quando tomar uma decisão gostaria que compartilhasse comigo. Tenho algo em mente — ele beijou meus lábios de uma forma urgente, intensa. Passei meus braços em volta de seu pescoço trazendo-o mais para perto.
— O que é? — eu quis saber, quando ele liberou minha boca.
— Quando tiver tomado uma decisão, eu te direi — ele sorriu.
— Vou dar o meu melhor! — Seria uma experiência única trabalhar com Dixon. — Posso levar Noah? O barulho pode incomoda-lo.
— Você é mãe dele, meu bem, pode lavá-lo onde quiser — Dixon riu, acariciando meus cabelos. — Eu me encarregarei de banha-lo quando voltarem. Vou trazer o desjejum.
Dixon fechou a porta com cuidado quando viu Noah se remexer. Sentei-me na beirada da cama segurando sua roupinha, torcendo para que Noah despertasse para vesti-lo e alimenta-lo. Ele não acordou com nenhum movimento. Depois de alguns minutos Dixon já estava de volta.
— Ele ainda não... — Noah resmungou abrindo os olhos antes que Dixon terminasse sua frase. — Acabou de acordar. — observei Dixon colocar a bandeja sobre a cama com cuidado e se aproximar. — Tome seu desjejum, eu cuido de Noah. Sente-se aqui ao meu lado, Ally.
— Terei cuidado para não sujar a cama.
— Não se preocupe. Coma ou vai esfriar. Venha com o papai, Noah.
Dixon chacoalhou a mamadeira enquanto segurava Noah firmemente. Suas mãozinhas sacudiam no ar como se estivesse impaciente, encarando o pai, com a demora em alimenta-lo.
— Ele está marcando os traços do rosto do pai... — levei um pedaço de bolo de cenoura, à boca. — E deve estar pensando "Como meu pai pode ser tão estranho e, ainda assim, minha mãe gostar dele?".
— Ele ficaria surpreso. Tem problema se eu pedir para Mirian trazer algumas roupas suas coisas para meu quarto, enquanto você está ausente?
— Não, mas não traga tudo. Eu posso querer dormir lá novamente.
— Espero que isso não aconteça. Foi maravilhoso ter você aqui, embora eu não pudesse toca-la.
— Ah... — eu me senti quente com o olhar abrasador que Dixon me lançou. Ele parecia se divertir em fazer eu me sentir sem jeito.
— Ei, calma — ele deslizou uma mão pela minha coxa. — Não precisa sentir vergonha. Você é adoravelmente sexy. É impossível não ter pensamentos impróprios. Coma, não irei te distrair.
*** ~ ~ ~ ***
Dixon olhou ao redor para as muitas pessoas espalhadas na sala de estar. Steve disse que tal pedido gerou desconfianças e murmúrios, e não demoraria em que os tabloides soubessem da existência de Noah. Por mais que fossem cuidadosos não poderiam o ocultar para sempre — diferente da organização — e eu não escaparia de muita fofoca e especulação.
—... não se preocupe, irmãzinha — disse Steve. — Dixon quer que o mundo saiba que a relação de vocês é intensa, a ponto de levar um bilionário a adotar uma doce criança. Não há mulher melhor para administrar essa família além de Ally Backer.
— É bom ter um irmão conselheiro. Eu darei o meu melhor.
— Fiz bem em não deixa-la escapar aquela noite.
— Estou em divida com você para o resto da minha vida.
Ele deu de ombros, divertido.
— Estou com vergonha de entrar lá. Há tantas pessoas que nunca vi e podem me achar esquisita.
— Desde quando Ally Backer se importa com o que acham dela?
Steve pegou Noah dos meus braços. Enquanto o segurava com uma mão, a outra se encarregava de suas bochechas. Noah estava perdido.
— Desde quando eu tenho pensamentos meio malucos e desencadeio uma crise de risos. A prova foi no aniversario do Dixon...
— Ah, é... Tive vontade de rir sem mesmo saber do que se tratava. O que tinha pensado?
— Tive vontade de soltar aquelas risadas maléficas por ter ganhado o primeiro pedaço de bolo do aniversariante... Poderiam achar que era a versão distorcida da bela adormecida, sabe? Eu só precisava pensar em que tipo de feitiço seria.
Steve começou a rir.
— Você não existe, irmãzinha.
— Já ouvi isso antes.
— Noah vai ter uma mãe incrivelmente divertida — ele sorriu para o sobrinho.
— Pode entrar, querida — ouvi a voz do Dixon. Steve entregou Noah e entrou na frente.
Entrei sentindo meu rosto esquentando. Dixon se aproximou pegou Noah em seus braços e me guiou até o centro da sala. Reconheci alguns dos seguranças no canto de braços cruzados, outros com as mãos atrás das costas. Sorrindo para mim, Dixon parou e enlaçou seu braço em minha cintura.
— Temos um novo membro na família. A criança em meus braços é meu filho e dessa adorável dama — ele deu um beijo rápido em meus lábios quando levantei a cabeça para olha-lo. — Noah Backer Wisentheiner... Não somos pais biológicos como podem ver, mas não é sangue que classifica uma família. Pais que abandonam seus filhos não merecem esse titulo sagrado e precioso. A partir de hoje, os cuidados deverão ser dobrados nesta casa. Estejam em minha sala daqui meia hora. Senhoritas... — seu olhar seguiu de Mia até Mirian. — Não confiaria a vida da minha mulher e do meu filho sob os cuidado de outras pessoas se não na de vocês. Quando eu estiver ausente gostaria que ajudassem minha mulher a cuidar de Noah...
Noah se remexeu nos braços de Dixon, ele abriu os olhos encarando o pai.
— Gostaria de dizer alguma coisa? — ele perguntou.
— Foi seu filho acordar e perdeu o interesse em prosseguir? — não contive a vontade de me divertir com a expressão que estava no rosto de Dixon. Quando risos ecoaram pela sala me encolhi envergonhada, não esperava que todos tivessem orelhas de Dumbo. — Bom, na cozinha tem alguns petiscos que as moças prepararam. Estão incríveis.
— Ouviram a dama, sigam até a cozinha. — concluiu Steve, ainda rindo.
Depois de muitos parabéns e felicitações segui para o quarto e peguei minha câmera. Tinha que aproveitar o momento para capturar algumas fotos com Dixon e os demais. No corredor esbarrei em um dos seguranças, Van me observou atentamente durante alguns segundos crispando os olhos.
— Não tive a oportunidade de parabeniza-la — disse ele, por fim. — Acho que já teve todo tipo de parabéns, então não consigo pensar em um tão bom.
— Que isso — eu ri. — sua intenção já valeu muito, obrigada.
— Você é uma mulher gentil. — Van lançou um olhar sombrio para o lado. — Devem estar sentindo sua falta, não vou segura-la.
— Você não vem?
— Vou recusar o convite, mas estarei ao redor.
Os olhos de Dixon encontraram os meus enquanto capturava algumas fotos. Ele acenou e eu bati outra. Ao contrario de mim, Dixon era fotogênico, e a ideia de gravar a minha vida através daquelas imagens para mostrar a Noah no futuro, me pouparia de não esquecer nadinha. Eu não confiava em minha capacidade de me lembrar de muitas coisas, e não queria correr o risco de não deixar passar nada quando relatasse ao meu filho o quanto eu o amava.
Quando todos se retiraram, pedi a Greice que me acompanhasse até o orfanato. Dixon insistiu que Van, o único homem disponível, nos acompanhasse.
— Por favor, se alguma coisa acontecer chame Van — Dixon me puxou para si e deu um beijo casto em meus lábios. — Ele vai me avisar e eu estarei lá quando menos esperar.
*** ~ ~ ~ ***
— A senhora pode decidir entre o anuncio e o documentário.
Antonella trocou um olhar com Sasha e assentiu. Esperei que as duas chegassem a uma conclusão antes de seguir com meu trabalho.
— Eu não exporei nenhuma delas — assegurei. — Eu pensei, ao invés expor a imagem das crianças, por motivos de segurança, gostaria de fazer uma pequena entrevista com elas. Acho mais eficiente para conhecê-las de maneira mais ampla.
— Então um documentário seria ótimo — concordou Sasha. — Estou convencida de que isso vai nos ajudar muito.
— Caso não funcionar, eu pensarei em outra forma de ajudar.
— Acredito que vai funcionar. — Antonella sorriu. — Seu entusiasmo nos leva acreditar que sim. Jamais vi jovens com tanta vontade em ajudar crianças quanto vocês duas.
— Ally é o próprio entusiasmo, senhora. — Greice gracejou. Sasha e Antonella riram. — Quando decide fazer uma coisa, só Deus pode acompanhar seu ritmo.
— Vou preparar algo para vocês. Sasha pode chamar as crianças?
Enquanto elas decidiam, abri meu Macbook e adiantei algumas coisas. Queria fazer direito para que, qual fosse à ideia que Dixon tinha em mente, tudo desse certo.
— Aqui estão eles. — Sasha entrou acompanhada de três garotinhas e um menino sério.
— Oi, lembram-se de mim? — Eles ficaram acanhados no canto. O garoto me olhou desconfiada. — Eu e a tia Greice viemos passar algumas horas com vocês. Olha, trouxemos o Noah. Os outros não puderam vir.
Eles me olharam sem intender, então quando apontei para a criança nos braços de Greice sentada do outro lado, seus olhos cintilaram.
Eu preciso achar famílias para essas crianças.
— Os deixarei aqui — avisou Sasha. — Se precisar de mim, estarei na cozinha.
— Obrigada. Vocês três ficam ali, enquanto eu vou falando com a amiguinha de vocês, pode ser? — assentindo eles se afastaram. Notei que o garotinho segurava a mão de umas das meninas. — Nossa você é muito bonita, como pode? — eu disse à garotinha que ficou. Preparada para sentir meu coração apertar eu comecei. — Qual é o seu nome?
— Eu me chamo Alessandra, tia — ela sorriu. — eu tenho seis anos, mas já sou grande. Meus pais vão voltar agora que sabem que eu posso me cuidar sozinha. Mas eles estão demorando, sabe onde eles estão tia?
Alessandra era uma garotinha branquinha com olhos e cabelos negros, sua estatura era demasiada baixa para uma garotinha de seis anos. Não sei como consegui sorrir. Não estava esperando que elas fossem abertas sem que perguntasse alguma coisa. Seria difícil me segurar para não desabar em lágrimas.
— Eles devem estar fazendo uma grande surpresa antes de vir busca-la, querida — institivamente minhas mãos foram parar em seus cabelos. — Eles vão ficar encantados com você.
— Será que vai ser grande? — ela segurou a ponta do meu Macbook, sem perceber.
— Oh, sim — eu ri quando ela deu de ombros. Eu já tinha entendido um pouco sobre Alexsandra. — Alex, pode chamar sua amiguinha? Vou falar com ela enquanto você toma um pouco de chá com a tia Greice. Tá bom?
— Sim, tia — ela deu um beijo molhado em minha bochecha e saiu.
— Olá, moça bonita — cumprimentei a outra. — Seus cabelos dourados me lembram da Cinderela. Gosta da Cinderela?
— Eu quero ir morar no castelo dela — ela respondeu rapidamente. — Vou bater naquelas irmãs feias. E seria a outra irmã boa. Mas eu seria chamada de princesa Aline, tia.
— É um belíssimo nome. Os príncipes irão disputar para ter sua mão. — Seus olhos reluziram de satisfação. — O que quer fazer antes de ir morar num castelo, princesa Aline?
Aline era o tipo de garotinha que gostava de se arrumar bem. Seus cabelos dourados caiam em cascata por seus ombros. Os olhos azuis destacavam-se em sua pele leitosa. Ela era maior que Alex, apesar de ter a mesma idade.
— Você seria uma bela modelo.
— Aquelas que não têm comida em casa, tia? — ela franziu o cenho. — A tia Sasha mostrou uma revista pra nós e tinha umas mulheres passando fome enquanto tirava foto.
Não me aguentei e desatei a rir.
— Elas comem, mas não o suficiente — expliquei, me recompondo. — Dependendo da empresa pode ser que exijam muito delas. Por isso o corpo bem magro.
— Eu não quero — ela resmungou. — Eu quero comer.
— Então você quer ser mesmo uma princesa? Acho que deve ter um príncipe a procura de uma princesa. Talvez ele te encontre aqui.
— Verdade?
— Se você desejar do fundo do coração, seus sonhos mais impossíveis se realizarão. Quando estiver pronta vai entender, meu amor.
— É para eu ir me arrumar?
— Não, só chame sua amiga. Vá apreciar o chá da tarde, princesa Aline.
— Candy! — ela gritou. — A tia quer falar com você.
A garotinha saiu radiante. A outra se aproximou sorridente, mas seu sorriso não chegava aos olhos.
— Gostaria de me fazer companhia?
— Sim, tia.
— Aconteceu alguma coisa, bela dama?
Ela negou balançando a cabeça.
— Conte pra tia, talvez eu possa ajudar. Tenho alguns superpoderes legais.
Quando ela olhou em meus olhos, uma lágrima solitária banhou seu rosto.
— Por que eu fui abandonada?
— O quê? — naquele momento senti uma dor profunda. Eu não tinha poder para aquilo. — Por que diz isso?
— Nunca ninguém veio aqui e disse que era meu pai e minha mãe — ela passou a mão no rosto e olhou para o garotinho que estava segurando sua mão minutos atrás. — Vamos passar mais um natal, sozinhos. No ano passado pedi ao papai Noel uma família, e ainda ninguém me quis. Ninguém quer a gente.
— Querem sim! Eles estarão aqui um dia desses chamando por você, Candy. Todos vocês encontrarão uma família que os ama, e desejam o melhor pra vocês.
— Assim como a senhora fez com o... Noah?
— Sim, assim como fiz com Noah. Meu bem, não vai demorar em alguém vir busca-la. Quantos anos você tem?
— Sete, igual ao Cam.
— Quem é Cam?
— Meu melhor amigo — apontou para o garoto que nos observava. — Ele quem cuida de mim.
— Ele é um perfeito cavalheiro. Posso falar com ele um pouquinho?
— Sim.
— Candy, sorria, você terá uma família.
Ela assentiu, em resposta, e se afastou.
— Olá, Cam. Venha, sente-se aqui.
Ele olhou curioso para meu Macbook, mas nada perguntou.
— Quer ver?
— Eu posso? — Ele me olhou desconfiado. Seus cabelos castanhos caiam na frente de seus olhos. Quando afastou uma mecha para o lado, pude ver a beleza suave de seu rosto e os olhos cinza destacando-se em sua pele clara.
— Claro — coloquei no colo dele, imaginando o problema que as garotas teriam para não se apaixonar por sua beleza tão distinta como a de Cam. — Você é bonito, Cam. Não tive a oportunidade de repara-lo quando estive aqui.
— Não gosto que as pessoas me reparem — ele disse, em tom suave.
— Por que não? Isso não é algo comum para um garotinho de sete anos.
Cam era, sem dúvida, um menino interessante. Seus olhos se tornaram inexpressivos.
— Estou mais preocupado em notarem Cindy. Ela não pode mais ficar aqui.
— Vocês são melhores amigos? — quando ele assentiu eu continuei: — Diga-me, Cam, esse é seu nome ou é apenas uma abreviação?
— É Cameron.
— Oh, é um belo nome. Gosta de futebol?
— Futebol é um jogo violento. Não vejo graça em correr atrás de bola e se machucar por isso.
— Hmm... Você é um garotinho intrigante.
— Posso fazer uma pergunta?
Fiquei surpresa, Cam era o único que não se sentia acanhado.
— A senhora têm certeza de que alguém virá por nós. Ouvi dizendo isso a Cindy. Se isso acontecer é possível que eu consiga ter uma próxima da que adotar Cindy?
— Você está aqui, desde pequeno Cam? — desconversei. Ele parecia muito experiente e inteligente.
— Não, estive a maior parte da minha vida morando na rua. Por isso não alimento falsas esperanças de que algum dia alguém virá. Pelo menos não por mim.
Sim, Cam era um garoto experiente com apenas sete anos.
— Muito bem, vou fazer o possível para conseguir uma família próxima para vocês dois. É uma promessa que eu faço a você, Cam.
Eu não sabia por que fazia uma promessa a um garotinho, mas senti em fazê-lo.
— Chegarei a ver Noah novamente?
Eu estava me sentindo tão estranha ao lado de Cam. Eu queria estar ao lado dele.
— Gostaria que fossem melhores amigos no futuro. Confiarei em você para protegê-lo futuramente.
— Eu o farei — ele assegurou convicto.
— Obrigada, Cam.
Eu o dispensei.
— Conseguiu? — Sasha perguntou aproximando-se.
— Estou intrigada com essas crianças. Obrigada por me deixar ajuda-los.
Sasha assentiu, sorridente.
— Estaremos em divida com você.
Antes de respondê-la ouvi Noah chorar e olhei na direção de Greice. Ela apontou para o relógio em seu pulso e para a mamadeira vazia. As horas tinham voado.
— Oh, precisamos ir. — Comecei a guardar minhas coisas, para irmos embora. Sasha levou as crianças, para dentro.
Depois de nos despedirmos voltamos para casa. Dixon ia ficar chateado por não poder dar banho em Noah já que no caminho adormecera. Olhando para Noah, senti meu coração apertar, não entendia o que significava.
— Ally, está tudo bem? — a voz de Greice me ajudou a voltar a mim.
— O que aconteceu com Van? — sussurrei para Greice. Ele tinha estado estranho quando saímos do orfanato. — Ele me pareceu estranho, minutos atrás.
— Como assim? Para mim ele parece normal.
— É acho que sim — se eu não tinha uma explicação, não poderia continuar com aquela conversa.
Tinha alguma coisa errada. Eu podia sentir isso.
— Ally, querida, como foi? — Dixon estava encostado no parapeito da porta com Demitri ao lado. Ele se aproximou pegando Noah dos meus braços.
— Foi uma tarde incrível. Sasha e Antonella aceitaram fazer um documentário. Só preciso organizar tudo direitinho e colocar meu plano em ação. Mas antes, quero saber o que você tinha em mente.
— Ficarei grato em dizê-la, meu bem.
Pensei em dizer a Dixon, mas não podia dar mais motivos para ele se preocupar.
— Hã... Eu vou pular o jantar — avisei, parando no meio da sala.
— Por que não que jantar? Está tudo bem? — seus olhos avaliaram meu rosto atentamente.
— Estou sem fome.
— Eu vou pular o jantar, também — Dixon anunciou.
— Você precisa jantar Dix!
— Não estou com fome. Tomei o café da tarde, bem tarde. Van junte-se aos homens no jantar. Louis e Steve estão na cozinha.
— Voltarei à organização, senhor — respondeu o homem.
— Não seja um lobo solitário, meu amigo. Junte-se a eles.
Sem mais o que discutir, subimos para o quarto. Tomei um banho, depois de avaliar o trabalho do Dixon com o quarto de Noah de frente para o seu.
—... o garotinho é muito intrigante — eu contava, deitada nos braços de Dixon, enquanto ele acariciava meus cabelos. — Me senti tentada a saber mais sobre ele, mas poderia estar pressionando-o a se lembrar de fatos indesejáveis.
Quando Dixon beijou o alto da minha cabeça estava começando a pensar que ele não estava me ouvindo, mesmo assim continuei:
— As garotinhas eram mais frágeis e tive que fazer muito esforço para não desabar na frente delas. Por elas. Preciso achar família para eles, Dix! Não suporto estar parada sabendo o que aquelas crianças estão sentindo. As esperanças que elas guardam pra si.
— Ally — sua estava lenta e rouca —, quando se comprometeu com essa causa, eu sabia que precisava ajuda-la. E sabia, mais do que ninguém que, o que esse é o seu objetivo: achar alguém para elas. Então tomei a liberdade de fazer algumas ligações.
— Que tipo de ligações?
— Algumas famílias na Darker tem a mesma intenção que você... O mesmo desejo, de adotar. Consegui algumas, embora não seja suficiente para todas as crianças. No entanto, acho que posso dar um jeito com a ideia que você teve do documentário.
Antes que eu pudesse reter meu corpo, que parecia agir por si mesmo, eu estava em cima de Dixon, tomando sua boca em um beijo urgente. Eu ao amava. Amava Dixon Wolks! O vilão da minha vida real.
— Eu te amo, Dixon — sussurrei. — Eu te amo!
Se corpo ficou imóvel abaixo do meu. Eu não estava esperando que ele dissesse que me amava também, eu queria que ele soubesse como eu me sentia em relação a ele. Não me importava se estivesse fazendo um papel de idiota.
No momento seguinte eu estava presa entre o corpo de Dixon e a cama. Seus olhos avaliavam meu rosto com um brilho que eu jamais tinha visto, era intenso avassalador que me deixava incapaz de respirar.
Dixon me desejava.
E eu a ele.
Parecendo ler meus pensamentos Dixon arrebatou meus lábios em um beijo lento, calmo e gentil. Senti sua língua acariciar meus lábios pedindo passagem, na qual cedi imediatamente. Era uma dança sensual que eu não queria errar os passos. O beijo ficou mais intenso, e quando soltei um suspiro baixo pareceu à gota de água para Dixon aprofundar o beijo. A sensação diferente, única, deixou meu corpo mole.
— Ally... — sussurrou contra meus lábios, puxando-me mais para si.
Ele se inclinou passando o nariz em meu pescoço. Fiquei rígida quando sua língua acariciou uma parte sensível de meu pescoço, transmitindo sensações por todo meu corpo. Era prazeroso e surpreendente. Suas caricias me faziam desejar mais. De maneira instintiva tentei me afastar e me aproximar mais do calor de seu corpo.
— Dix...
—Deixe-me lhe dar prazer, meu amor... — sua voz estava carregada e sensual. — Deixe-me ama-la esta noite. Deixe-me ama-la por toda vida. Eu prometo que serei gentil.
— Dix... eu sei que vai.
— Antes que eu venha ama-la como desejo tem algo que precisa ser dito. Não quero confessar depois...
— O que é?
— Não é a única que pode confessar seu amor, querida. Eu te amo, Ally Backer. Encontrei, finalmente, a mulher com quem quero passar o resto da minha vida. E te amaria outra vez, se você quiser perguntar.
E Dixon provou de corpo e alma o quanto me amava.
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