Valeu a pena esperar

Eu precisava ter certeza de que era real. A mania de pensar em uma pessoa durante todo o dia, me fazia sonhar com ela, e muitas vezes eu não sabia se realmente as coisas aconteciam de verdade.

Sai do quarto de fininho e não encontrei ninguém pelo corredor. Apressei meus passos imaginando se tudo aquilo era fruto da minha imaginação, mas parei bruscamente ao chegar à sala de estar e ver Dixon subindo as escadas a passos lentos.

Não foi um sonho!

Dixon estava em meu quarto.

Ele se declarou para mim!

Ele diria o mundo que eu era uma pessoa especial para ele. Valeu a pena esperar, insistir e persistir quando tudo parecia não dar certo. Valeu a pena ser teimosa e arriscar pelo que meu coração almejou mesmo antes de conhecê-lo.

Não era no tempo em que eu queria que as coisas aconteceriam; tudo estava andando conforme as minhas atitudes e uma grande influência da minha personalidade. Mas, acima de tudo, eu cri em um ser especial.

Eu consegui sequestrar o coração do mafioso Dixon Wolks Wisentheiner!

No momento em que ia chamar por Dixon, lembrei-me de que ainda não podia estragar o plano de Demitri. Mesmo ciente dos sentimentos dele, a vontade dentro de mim de fazer ciúmes - só uma última vez - me dizia que eu me surpreenderia com a atitude de Dixon. E minhas intuições não falhavam.

Dixon parou no meio da escada, colocou a mão no corrimão e permaneceu ali por alguns minutos antes de voltar a subir novamente. Ele com certeza sabia que eu o observava. Voltei ao meu quarto olhando tudo ao meu redor e sorri.

— Mãe — eu disse, imaginando a minha mãe a minha frente —, pai... Eu espero que não fiquem irritados ao saberem um dia que arrumei alguém e não contei a vocês. Muito em breve, acredito que poderei apresenta-lo à vocês.

A energia que consumia meu corpo, levou embora todo o sono e eu agradecia por isso, ou não teria visto Dixon. Olhei para o closet com a porta aberta, usaria o tempo sabiamente, escolhendo o que vestir.

Escolhi o vestido mais chamativo daquele closet, um vermelho sereia. Quando estive com Steve no shopping, segui o seu conselho em ter um vestido na cor vermelha por que tinha vários significados poderosos. O vestido era incrível, mas eu poderia ter um pouquinho mais de carne nas nádegas para ajudar.

Depois de muito pensar, meu cabelo ficaria solto para não estragar a roupa. Sentei-me na cama e deitei de costas, era bom não se sentir mais incomodada com aquelas cicatrizes.

***〜 〜***

Do mesmo jeito que dormi, eu acordei deitada de costas na cama. Não fazia ideia de quanto tempo tinha dormindo, mas foi o suficiente para não me deixar mal humorada e com profundas olheiras.

Fiz todas as minhas higienes e penteei o cabelo prendendo-o em um rabo para ir tomar o café da manhã. Na mesa só estava Demitri, Steve, Greice e seus filhos. Quando minha boca se abriu prestes a perguntar sobre Dixon, senti uma mão pousar em meu ombro.

- Bom dia - Dixon depositou um beijo em minha cabeça.

Os olhares em nossa direção não eram curiosos, mas felizes.

- Bom dia - eu disse, sem expressar emoções exagerada.

- Bom dia - os outros também responderam, quando Dixon cumprimentou mais uma vez.

- Onde Louis está? - indaguei, achei que ele também se juntaria a nós no café da manhã.

- Ele está cuidando de alguns assuntos esta manhã - respondeu Steve.

- Vai à festa com ele? - Dixon perguntou, sentando-se na cadeira ao meu lado.

- Sim, claro.

- Saiba que não precisa, necessariamente, estar ao lado dele durante a festa toda.

- A companhia dele é agradável.

Dixon suspirou.

- Tudo bem - pareceu derrotado por hora com minhas palavras exalando sinceridade extrema. - Sirva-se.

- Obrigada.

Servi-me de tudo que ne era agradável ao paladar, atraindo olhares assustados de todos à mesa. Não me importei era a felicidade com fome. Comecei a sorrir exageradamente de meus pensamentos, sentindo meu rosto esquentar.

- Tia, está sorrindo por causa do tio Louis? - perguntou Karl.

Fiquei séria sem saber ao certo o que responder.

- Aaah - comecei, sem ter qualquer palavra em minha mente. Então me lembrei da conversa que tive com Dixon no dia em que tomamos café da manhã juntos pela primeira vez. - É uma fórmula secreta.

- Deve ser mesmo engraçada - ele riu.

- Com toda certeza meu bem - acariciei seus cabelos sedosos. - Ah, Greice, daqui a dois dias que você vai ao orfanato, não é?

- Sim, e pelo que parece os meteorologistas erraram feio - ela respondeu, virando-se na direção do Dixon. - Vou levar Ally comigo, Dix.

- Claro! - seu olhar pairou por alguns segundos em Karl e James. - Se não se incomodarem, gostaria de acompanha-las. Quem sabe eu não me interesse por alguma criança.

- Seria maravilhoso ter...

- Adotaria uma criança? - soltei rápido demais interrompendo Greice. Minha surpresa foi tamanha ao ouvir que Dixon se interessava em ter filhos e não importava se não fosse de sangue.

- Sim, claro. Para isso eu terei que encontrar uma companheira.

Era a hora de eu gritar: EU ACEITO!

- Isso é maravilhoso Dixon! - confessei. Ambos compartilhávamos o mesmo pensamento. Futuramente eu gostaria de adotar uma criança. - Só não mime muito seus filhos.

Ele riu abertamente.

- Não vou - seus olhos desceram para a minha mão. - Escolhi alguém com quem me ajudar a educar bem os meus.

Greice ganhou a atenção quando fungou. Ela deu um sorriso envergonhado para Dixon.

- Calma querida - disse Demitri, acariciando as costas da esposa. - Estamos surpresos tanto quanto você.

- Então muito em breve teremos um choro de criança pela casa - comentou Steve. - Estou impressionado como as coisas estão caminhando em linha reta.

A felicidade estampada no rosto de Steve era incomparável. Ele sorriu para os filhos de Greice e deu um joia para Karl e James.

- Ter alguém te chamando de pai, agarrando seu pescoço ou até mesmo te dando motivos para se preocupar é uma sensação que eu quero ter o prazer de sentir - o olhar de Dixon estava mais intenso que o normal. Sua íris chegava a ficar clara e mais brilhante. - Quando dei o meu algodão-doce para Alicia, a minha vontade em compartilhar do que eu tenho com os meus filhos, se intensificou.

- Sua companheira terá uma sorte incalculável. Não se esqueça de me convidar para o casório.

- Não se preocupe, sua presença é mais do que especial.

Steve pigarreou chamando nossa atenção.

- Desculpe a interrupção, mas precisamos nos apressar Dix.

Dixon assentiu e se serviu. A conversa me deixava deslumbrada, toda revelação da parte de Dixon só me deixava ainda mais ansiosa pela festa onde eu finalmente poderia estar mais próxima dele, tanto como companheira como amiga. Onde se concretizariam as minhas palavras da primeira noite, "como que queria ter alguém da Darker". Alguém que aos meus olhos era um vilão; um vilão que mesmo burlando algumas leis lutava para proteger os mais fracos.

Darker than Black, não era odiada pela maior parte da população. Muitos sabiam sobre seus feitos para ajudar os outros. Com essas atitudes Dixon e os demais ganharam espaço no coração de muitas pessoas, inclusive no meu. Claro que, eles também eram extremante odiados e por essa razão - e segurança deles mesmos e dos mais próximos a eles - a organização não revelava seus rostos, deixando no ar a pergunta "quem é os membros da Darker than Black?"

Fui desperta dos meus pensamentos ao sentir um beijo em minha cabeça. Olhei para cima me deparando com o rosto de Dixon, ele se afastou dando espaço para Steve que repetiu o gesto.

- Se cuidem - disse Demitri. - Karl, James, as damas estão sob a responsabilidade de vocês. Isso inclui Mirian e as outras - concluiu.

James assentiu, enquanto Karl pressionou os lábios e sorriu travesso. Demitri se retirou apressado quando Dixon o chamou.

- Vou me juntar as outras na cozinha - eu disse me levantando.

- Farei companhia a você - ela levantou-se. - James, Karl estaremos na cozinha.

Me aproximei dos dois na liberdade dar um beijo na bochecha de cada um. Depois de ouvir um aviso de Greice eles saíram em disparada.

No corredor Greice comentou sobre Mandy. Ela sentia falta dela e não imaginava a reação se Mandy a visse novamente. Eu nada disse. Por mais que Mandy fosse a minha amiga, eu não previa suas reações, Greice teria que descobrir por ela mesma.

- Mirian? - chamei ainda no corredor.

- Estou aqui querida - ela respondeu no mesmo tom.

Na cozinha Mirian e Mia estavam sentadas folheando algumas revistas de culinária. Steyce tinha um livro aperto ao seu lado, me aproximei sem perguntar nada para não interromper sua concentração na fórmula que calculava.

Mirian levantou-se e pegou algumas coisas enquanto olhava em sua caderneta. Aproximei-me para ajuda-la a pegar os ingredientes e coloca-los sobre o balcão.

- Estou tentando uma receita nova - ela disse, quebrando dois ovos em uma bacia média.

- Posso ajudar?

- Claro, enquanto eu bato os ingredientes, faça essa calda.

Ela entregou-me a revista que olhava há pouco.

Não parecia ser tão difícil, me concentrei ao máximo em tentar fazer já que a cobertura parecia a mais importante naquela receita que eu não fazia ideia do nome.

Greice subiu para ver os filhos depois de conversar por longos minutos. Steyce permanecia concentrada em sua tarefa da faculdade e Mia foi atender uma chamada que já durava quase uma hora.

Fiquei na cozinha com Mirian por horas, pulando o almoço e só tomando o café da tarde. Dixon e os demais voltaram cinco e meia da tarde, e como estava enfiada demais na cozinha e não queria deixar Mirian sozinha por que Mia não voltava, Greice me arrastou para fora.

- Você precisa estar pronta as sete, Ally - avisou Greice. - Vamos, você vai se atrasar se continuar aqui. Vou atrás de Mia para voltar e ajudar Mirian.

Convencida, fui para o meu quarto deixando o vestido sobre a cama e indo diretamente para debaixo do chuveiro quando vi meu cabelo repleto de farinha. Eu precisava estar bem apresentável se queria impressionar alguém, na intenção de fazer ciúmes para Dixon.

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Como vocês acham que vai ser o livro do Steve?

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