Capítulo 5
Nick pediu Ceviche e Pastéis de Choclo, bebeu copos de suco de framboesa e sorvetes do mesmo sabor, comeu Empanadas até se empanturrar e apaixonou-se perdidamente pelas taças de Pisco Sour. Me fez comer tudo o que parava sobre aquela mesa e tudo o que estivesse por vir, também.
O garçom pareceu gostar muito de nossa companhia, sempre voltava com um sorriso maior que o outro e, em suas mãos, pratos cheios. Quando Nicholas simplesmente decidiu que iria para a cozinha, ver, com seus próprios olhos, como o chefe preparava todas aquelas iguarias, foi recebido com um sorriso ainda maior que os do garçom. Ele provou das panelas, deu palpites e ganhou um emprego.
Em sua mente, Nicholas grita como uma criança que acabara de ganhar sua primeira bicicleta sem rodinhas de apoio. Com as receitas italianas, russas e holandesesas se misturando em sua mente. Ele quer despejar todas elas em frente aos olhos do Chefe, mostrar do que é capaz... Mas se conteve.
Fez uma de suas sobremesas e ofereceu a todos os funcionários. Por isso, todos os pedidos atrasaram — inclusive, as taças de sorvete que eu havia pedido.
— Desculpe — Nicholas gargalhou em meio aos meus pedidos de pressa. — É a primeira vez, em anos, que encontro um emprego que valha a pena. E esta será a primeira vez que faço algo que eu realmente gosto. Não sei como reagir!
— Divirta-se, mas traga meu sorvete antes
— OK, Ace Cream!
Quando o sorvete chegou, algumas pessoas me encararam com certa desarmonia. E, bem, acho que não pensei direito, mas isso não me fez largar o sorvete, apenas fingi estar com frio foi o suficiente para as pessoas desordenadas esboçarem sorrisos muito bem debochados.
Após beber todos os chás sugeridos pelo “Garçom Alegre” e esperar até Nicholas compreender a política do local e negociar suas horas de trabalho, fomos embora. Na rua, a neve foi limpa por caminhões enormes. A vista de Santiago é sempre de tirar o fôlego, até mesmo de Nicholas, que já esteve em lugares mais enormes que esse. As montanhas pálidas quase ausentes entre as nuvens fazem turistas olharem para cima, com seus celulares no lugar dos olhos.
— Parece que não somos os únicos novatos por aqui — digo, sorrindo. Os crepúsculos sempre foram as horas preferidas de Nicholas, a hora das bruxas lhe trás lembranças estranhas que ele tenta esconder. Estando no inverno, porém, é difícil ter um fim de tarde colorido como os que ele admira em pinturas à óleo.
— Não vai me ajudar com isso? — Nicholas estendeu algumas das sacolas com marmitas sortidas.
Algumas mulheres que passavam encararam Nicholas com risos nos lábios e nos olhos.
— Olha só, olha só. Nicholas, o descongela corações — peguei as sacolas que me foram estendidas.
— Cala essa boca, boneco de neve!
— Está com tudo, hein bonitão?
— Seu moleque! — recebi um tapa da nuca e um sorriso tão imenso quanto o mundo.
E a felicidade estranha e inesperada estendeu-se universo afora.
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