Capítulo 5 - 📄Encruzilhada Cruel📄
Aviso!
"O capítulo a seguir contém cenas picantes e momentos de intensidade emocional. Recomendado para maiores de 18 anos. Prepare-se para uma leitura envolvente e carregada de paixão!"
Elisa entrou em casa quase tropeçando nos próprios pés, o coração batendo acelerado como um tambor descontrolado. Sentia o suor frio em sua nuca e o ar lhe faltando. Havia fugido da presença de Artur, o CEO Feiticeiro, carregando no peito o peso de uma descoberta amarga. Assim que bateu a porta, foi recebida pelo som abafado de soluços que vinham da cozinha.
Ela se virou e viu sua mãe, Marta, sentada à mesa, com os ombros curvados e o rosto afundado nas mãos. Era uma visão devastadora: Marta, sempre tão forte e implacável, agora ali, reduzida a uma figura vulnerável, quase quebrada.
- Mãe? O que aconteceu? Por que está chorando? - Elisa perguntou, com uma urgência que ela mesma não entendia, atravessando a sala até a mesa.
Marta levantou o rosto. Os olhos dela estavam inchados, e na mesa havia uma pilha de documentos, contratos, fotos, provas. Elisa pegou uma das fotos. Sentiu o ar se comprimir nos pulmões ao encarar a imagem nítida da mãe envolvida em transações obscuras. Era verdade.
- Não acredito que você fez essas coisas, mãe! - Elisa disse, com a voz oscilando entre a dor e a incredulidade. Um tremor se formou em suas mãos.
- Estou envolvida até o pescoço. - Marta sussurrou, encarando-a com olhos molhados, como se as palavras pesassem mais do que podia suportar. Elisa se sentou ao seu lado. Os seus pensamentos estavam em um turbilhão.
- Isso só pode ser alguma armação. Esses documentos... são falsos, não são? - A voz de Elisa tentava soar firme, mas a dúvida estava ali, dolorosa e implacável.
Marta balançou a cabeça lentamente, desviando o olhar com uma sombra de vergonha caindo sobre ela.
- Seu pai... ele... você sabe como ele é. Se eu não fazia o que ele pedia, ele se irritava. - Marta parecia desmoronar um pouco mais com cada palavra, e Elisa sentiu um aperto no peito.
- Ele nunca deveria ter te colocado nessa situação, mãe. Ele que arque com as consequências sozinho! - A indignação de Elisa transbordava, misturando-se à frustração e à decepção.
- Mas é tarde demais, filha... - Marta soltou um suspiro doloroso com os olhos voltados para um ponto perdido. - Você vai se casar com Artur. É a única saída. Eu não suportaria... eu não posso imaginar... passar o resto dos meus dias numa cela. - Sua voz era apenas um fio trêmulo, e Elisa viu o desespero profundo por trás daquele olhar.
Elisa sentiu o chão fugir sob seus pés. A ideia de um casamento arranjado, de estar atada a um homem perigoso e controlador, era como uma corrente fria apertando ao redor de seu pescoço.
- Não comece com isso de novo, mãe! Vocês querem ficar livres enquanto eu fico presa... presa a um... bruxo! - A última palavra saiu quase em um grito, carregada de amargura.
Marta tentou sorrir, mas era um sorriso vazio.
- Ele não é bruxo, filha. Isso são só boatos, uma coisa que inventaram para assustar as pessoas.
Elisa deu uma risada amarga.
- Eu não quero estar lá para descobrir! - O grito ecoou pela sala, reverberando contra as paredes. Marta fechou os olhos, como se a dor tivesse atingido o limite.
- Pense em mim, filha. Casar com um CEO milionário não é tão ruim assim... você não estará presa de verdade. Terá liberdade, poderá ir e vir...
- Chega, mãe! - Elisa bateu a mão na mesa, o barulho seco fez Marta estremecer. - Minha resposta já é definitiva! Não vou assinar contrato algum! Não há nenhuma chance!
Marta puxou o ar com dificuldade, com os olhos embaçados.
- E você quer ver sua mãe... sua mãe, filha... passar o resto dos dias atrás das grades?
Elisa sentiu o golpe, mas se recusou a demonstrar fraqueza.
- Não use chantagem barata, mãe! - Levantou-se, endurecendo a postura, mas a voz era um sussurro dolorido. - Vou tomar um banho. Miguel me ligou... vou encontrar o homem da minha vida. Com ele, sim, eu vou me casar por amor. - Ela lançou um último olhar para a mãe, que agora chorava em silêncio. E com um ar de alívio, subiu as escadas, enquanto Marta se afundava ainda mais na cadeira, tomada pela dor e culpa.
[...]
No banheiro, Elisa deixou a água quente correr sobre seus ombros, as lágrimas se misturavam com o vapor. Não conseguia se livrar das palavras de sua mãe. O dilema era um veneno, uma escolha impossível: sacrificar a própria liberdade ou ver sua mãe definhar atrás das grades.
O eco dos soluços de Marta a assombrava, o peso das decisões que pairavam sobre a família Medeiros era como uma faca no peito. Enquanto a água escorria, Elisa fechou os olhos e, com o coração pesado, sabia que estava numa encruzilhada cruel.
E mesmo ao tentar se refugiar nos braços de Miguel, uma certeza cruel insistia em lhe atormentar: o quanto ela estaria disposta a sacrificar para salvar quem ama?
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Mais tarde, Elisa saiu de casa com o coração inquieto, mas a aparência impecável. Usava uma túnica de linho floral que lhe caía perfeitamente, leve e fluida, ressaltando suas curvas de forma discreta, mas marcante, sobre uma calça jeans casual. O decote da Túnica ombro a ombro, realçava o pescoço e o colo, onde uma fina corrente de ouro brilhava com o sol da manhã. Seus cabelos castanhos, longos e ondulados, estavam soltos, caindo sobre os ombros como uma cascata. Ela havia prendido algumas mechas atrás das orelhas, destacando o rosto delicado e os lábios tingidos de um tom rosado. Com 1,65, Elisa era uma moça consideralmente baixa, mas aos 20 anos, sua beleza ofuscava qualquer outro detalhe sem importância.
O som de cascos ecoou na rua quando Miguel se aproximou montado em um cavalo. Ao vê-la, ele puxou as rédeas, e o cavalo relinchou, jogando a cabeça para cima com energia. Miguel observou-a por um momento com o olhar se suavizando, como se aquele fosse um momento único, onde o tempo parava apenas para admirar a beleza dela.
- Você está deslumbrante, Elisa! - disse ele, descendo do cavalo, ainda com os olhos fixos nela.
Elisa sorriu, um sorriso que iluminava o rosto e lhe dava um brilho nos olhos.
- Ah, isso é você que acha. - brincou, divertida, mas um leve rubor tomou conta de seu rosto. — Thank you, Miguel. And may I say, you look absolutely handsome today.
Miguel inclinou levemente a cabeça, franzindo o cenho em uma expressão de curiosidade brincalhona.
— O seu inglês está cada dia mais fluido, Elisa. Espero que isso não seja um insulto disfarçado. — Ele disse com um sorriso travesso, tentando esconder a intensidade de seu olhar.
Elisa soltou uma risada suave, com o som parecendo tão delicado quanto a brisa ao redor deles. Ela deu um passo à frente, aproximando-se apenas o suficiente para que sua voz saísse quase como um sussurro.
— Obrigada, Miguel. E posso garantir que não é um insulto. Você está absolutamente charmoso hoje... e, para ser honesta, sempre esteve.
Os olhos dela se prenderam aos dele por um momento que pareceu eterno. Um sorriso nasceu em seus lábios, mas havia algo mais profundo, algo que fazia seu coração acelerar de maneira irreversível.
Miguel era o tipo de homem que dominava qualquer ambiente sem precisar dizer uma única palavra. Seus cabelos escuros e lisos caíam suavemente sobre a testa, emoldurando um rosto marcado por traços firmes e uma barba rala, de tom castanho-claro, que lhe dava um ar maduro e irresistivelmente masculino. Alto e imponente, com seus 27 anos, tinha um corpo forte e definido, resultado de anos de trabalho árduo, e mãos grandes e firmes, que pareciam capazes de transmitir tanto força quanto cuidado.
Naquela tarde, ele vestia uma camisa azul xadrez, com as mangas dobradas até os cotovelos, revelando antebraços robustos e ligeiramente bronzeados pelo sol. A calça jeans escura, justa, realçava suas pernas poderosas e, sem que ele percebesse, destacava sua virilidade de forma provocante. Nos pés, um par de botas de cowboy gastas, que pareciam carregar a essência de sua vida simples, mas cheia de propósito. Miguel exalava uma energia bruta e natural, um magnetismo que fazia Elisa lutar contra cada impulso para não ceder à presença daquele homem tão charmoso e viril. Ele era a personificação de tudo o que ela desejava e, ao mesmo tempo, a maior razão para ela manter firme sua decisão de não assinar contrato algum.
Apesar de sua delicadeza, Elisa sempre soube que o tipo de homem que a atraía não tinha nada a ver com os pretendentes frescos e polidos da cidade grande. Homens sem pegada, sem aquela masculinidade crua que fazia o coração dela disparar, nunca despertaram nela o menor interesse. Em Miguel, ela enxergava o que sempre buscou: um homem de verdade, que soubesse como tomar o que desejava, com força e paixão.
Mesmo sendo retraída e tímida em sua postura, Elisa não era alheia às suas próprias fantasias. Pensamentos indecentes já haviam cruzado sua mente mais vezes do que gostaria de admitir. Ela imaginava o dia em que, sem reservas, entregaria a Miguel não apenas seu corpo, mas também sua pureza, confiando que ele a tomaria com intensidade, sem hesitação. Em suas fantasias, ele não era apenas um amante; era o homem que a faria se sentir viva, desejada, amada.
Mas, por enquanto, ela guardava esses pensamentos para si, tentando manter as emoções sob controle, enquanto a força da presença de Miguel testava cada limite de sua determinação.
Miguel permaneceu em silêncio por um instante, com os olhos buscando algo nos dela, como se tentasse decifrar se aquele elogio escondia mais do que palavras bonitas. Finalmente, ele deu um passo adiante, diminuindo ainda mais a distância entre eles.
Miguel não resistiu; puxou-a para um beijo, e os lábios dela tinham um gosto doce e familiar. Era como o reencontro com algo seguro, um abrigo. Quando se afastaram, ele exclamou, em tom orgulhoso:
- Existe homem mais sortudo do que eu, em Brisa Nova? Olha a namorada que eu tenho!
- Miguel, chega de tantos elogios! Você vai acabar me deixando sem jeito. - disse ela, mordendo os lábios com um leve constrangimento esculpido em sua expressão.
Ele apenas sorriu e, ao perceber o constrangimento dela, a puxou para mais perto, ignorando as palavras de falsa modéstia. Havia uma cumplicidade entre eles, uma leveza que parecia natural.
- E então, onde quer me levar? - Elisa perguntou, curiosa, acariciando a face do animal.
Ele a ajudou subir.
- Meu pai ficou com a caminhonete, então restou o velho Thunder para nos levar. - disse Miguel, referindo-se ao cavalo com uma expressão travessa.
— Ele é lindo...
Ela riu, adorando o tom despreocupado dele. Em pouco tempo, eles estavam a galope, sentindo o vento, o cheiro de mato que se misturava ao perfume doce de Elisa. O mundo ao redor parecia se apagar, restando apenas a liberdade e o desejo de fugir, ainda que temporariamente, das preocupações que cercavam Elisa.
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Miguel cavalgava pela estrada de terra batida, guiando o cavalo com confiança enquanto Elisa seguia atrás dele, segurando-se com firmeza à sua cintura. O sol iluminava os campos, e ao longe, podiam ver Beto e Hélia, inclinados sobre o trabalho árduo de plantar milho.
Beto foi o primeiro a notá-los. Endireitou-se, apoiando-se no cabo do enxadão, e sorriu para os dois. Hélia, ao seu lado, levantou o rosto, protegendo os olhos com a mão para enxergá-los melhor.
— Pai! Mãe! — Miguel gritou, erguendo uma das mãos em um aceno caloroso. Um sorriso largo se espalhava pelo seu rosto.
— Seu Beto, Dona Hélia! — Elisa completou, acenando com entusiasmo enquanto um brilho animado dançava em seus olhos.
Ambos responderam com acenos igualmente alegres, com as expressões suaves e orgulhosas.
— Não vão parar pra dar um oi? — Beto perguntou, com a voz ecoando pelo campo, enquanto descansava a ferramenta no ombro e esboçava um sorriso bem-humorado.
— Na volta a gente chega! — Miguel respondeu em tom alto, com a alegria evidente na voz.
Beto ergueu o polegar em um gesto de aprovação, e Hélia, ao seu lado, soltou uma risada baixa. Ficaram ali, parados, observando o casal se afastar a cavalo, até que eles desapareceram mais adiante na estrada poeirenta.
— Eles formam um casal bonito, não é? — Hélia comentou, com um sorriso afetuoso nos lábios.
— Bonito demais! — Beto concordou, com o tom de voz carregado de admiração.
— Posso até imaginar os netos que eles vão nos dar correndo por esses campos — comentou com um sorriso largo, com sua voz grave carregando um tom caloroso.
— Ah, isso vai demorar! — respondeu Hélia, arqueando as sobrancelhas finas e gesticulando suavemente com a mão. — Eles ainda querem se casar... depois das eleições, claro.
Beto soltou uma risada divertida, com seus olhos brilhando com malícia enquanto encarava a esposa.
— E quem disse que precisam se casar primeiro para nos dar netos?
Hélia estranhou a sugestão, mas não conteve o riso. Seus lábios delicados se curvaram em um sorriso enquanto ela balançava a cabeça, com os cabelos castanhos claros brilhando sob a luz do sol.
— Ai, Beto... Elisa não é dessas, não!
— Você também não era... — provocou Beto, rindo baixo antes de dar uma palmada firme que ecoou nas nádegas da esposa. Hélia soltou um suspiro surpreso, mas risonho, enquanto ele a puxava para um abraço por trás, com suas mãos grandes segurando a cintura fina dela com firmeza.
Beto era um homem de meia-idade, robusto e com ombros largos que demonstravam o vigor de alguém que passara a vida trabalhando duro. Sua barba rala e ruiva emoldurava um rosto marcado pelo tempo, mas cheio de energia e charme.
— Que isso, homem?! — Hélia exclamou, revirando os olhos, mas sem esconder o sorriso. — Tenha compostura, estamos ao ar livre!
— Então... o que acha de entrarmos? — sugeriu ele, com sua voz carregada de intenção enquanto a envolvia ainda mais em seus braços.
— Entrarmos? Mas nem terminamos com o trabalho! — disse ela, embora já sentisse a pele aquecer sob o toque dele.
— Vamos parar mais cedo hoje, a gente merece! — murmurou ele, inclinando-se para morder de leve a orelha da esposa.
— E o que faremos, senhor apressado?
— Bem... podemos começar tomando um banho juntos.
Hélia, com sua beleza natural, era esguia e cheia de graça. Seus olhos pequenos e castanhos traziam um brilho que só alguém na flor da juventude possuía, e seus movimentos tinham a leveza de quem não precisava de esforço para encantar. Ela riu da provocação do marido, mas já sentia o coração acelerar com as intenções claras de Beto.
Mesmo com as diferenças de idade, o casal parecia estar em perfeita sintonia, um equilíbrio entre o vigor de Beto e a sensualidade delicada de Hélia, uma combinação que incendiava qualquer momento entre os dois.
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O cavalo parou próximo a uma casa simples, em um sítio afastado, rodeado por vegetação verde e alta. Miguel amarrou Thunder a um poste e virou-se para ela, com um brilho de entusiasmo no olhar.
- Não olhe ainda... - disse ele, cobrindo os olhos dela com as mãos, enquanto a guiava até a entrada.
- Prometo que não vou espiar! - ela respondeu, rindo.
Quando Miguel finalmente retirou as mãos, Elisa abriu os olhos e se encantou com o que viu. Era uma casinha modesta, de madeira antiga, com janelas azuis que contrastavam com o tom acinzentado das paredes desgastadas pelo tempo. Ao redor, havia pequenos canteiros com flores silvestres; margaridas, girassóis e outras coloridas que formavam um jardim rústico. O vento trazia o cheiro de lavanda, que crescia ao redor da varanda.
- Meu amor... que linda essa casinha! Eu adorei! Olha essas flores, olha esse lugar! - Elisa exclamou, com os olhos brilhando.
- Meus tios se mudaram para outra cidade, e deixaram a casa. Vamos poder morar aqui por um tempo, de graça! - disse Miguel, sorrindo de leve.
- Seus tios são adoráveis! - Elisa respondeu, emocionada. Ela podia imaginar uma vida tranquila ali, longe dos escândalos e das ameaças que pairavam sobre sua família.
- Venha, vou te mostrar por dentro - disse ele, segurando a mão dela com firmeza e guiando-a pela casa.
Lá dentro, tudo era simples, mas acolhedor. Os móveis eram antigos, cheios de histórias. Havia uma poltrona gasta perto da lareira, e cortinas desbotadas que balançavam com a brisa suave. Miguel falava com empolgação, descrevendo como seria viver ali, enquanto Elisa se perdia em seus pensamentos, lutando para esconder a inquietação que começava a crescer em seu peito.
De repente, ele a puxou para um beijo, e o toque quente dos lábios dele a trouxe de volta ao presente.
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Alguns minutos depois, Miguel estava sentado num taburete na varanda dos fundos, concentrado em reparar uma cadeira quebrada que encontrara por ali. Ele ajustava um parafuso com uma chave de fenda, com os movimentos firmes e seguros de suas mãos fortes refletindo sua habilidade. O som metálico da ferramenta ecoava suavemente no ambiente, misturado ao canto dos pássaros e ao leve sopro do vento que balançava as cortinas da cozinha.
Elisa estava na cozinha escorada na mesa de costas, com as mãos apoiadas no tampo rústico, o esperando terminar o serviço. Seus olhos estavam cravados em Miguel, observando cada movimento dele com fascínio. Era quase hipnotizante ver como ele parecia tão à vontade naquela tarefa simples, o sol destacava os contornos de seu rosto e os músculos de seus braços enquanto trabalhava.
De repente, como se sentisse o peso do olhar dela, Miguel ergueu os olhos e a pegou em flagrante. Elisa se sobressaltou, com o coração acelerando.
— O que foi? — Ele perguntou, com um sorriso travesso, parando com o aperto.
— Nada... — Ela respondeu, tentando disfarçar, mas o sorriso que abriu era tão lindo e sincero que parecia desmentir qualquer palavra que dissesse.
— Por que está me olhando assim? - Ele perguntou com semblante de riso.
— Assim como? Não posso te olhar? - Ela respondeu num tom brincalhão.
— Pode, claro... — Ele estreitou os olhos, com o tom provocador.
— Continue com o trabalho, ou não vai receber sua comição! - Falou com uma falça bronca.
Elisa sorriu novamente, e dessa vez, o sorriso era quase um convite. Um chamado silencioso que fez algo despertar em Miguel.
— Quero provar se a comição é realmente boa! — Ele murmurou, largando a chave de fenda de lado com um movimento brusco e se levantando de forma rápida.
Elisa sabia o que viria. Seu corpo inteiro se preparou, e ela remexeu-se nervosa, com os olhos arregalados enquanto via Miguel cruzar a varanda em direção a ela. Havia algo em seu caminhar e na pressa determinada, que era ao mesmo tempo intimidador e irresistível.
Antes que pudesse reagir, ele estava diante dela, segurando o rosto delicado dela com as duas mãos firmes. Seus olhos se encontraram por um breve instante, cheios de intensidade e desejo, antes que ele inclinasse a cabeça e começasse a beijá-la profundamente.
O beijo foi arrebatador, carregado de paixão e urgência. Elisa retribuiu, sentindo-se dominada por uma onda de calor que parecia irradiar de Miguel e invadir todo o seu ser. As mãos dele desceram para sua cintura, puxando-a mais para perto, até que seus corpos estavam completamente alinhados.
Aos poucos, Miguel a ergueu pela cintura e a sentou sobre a mesa, como se ela não pesasse nada. Elisa sentiu o frio da madeira contra as pernas enquanto ele se posicionava entre elas, apertando-a contra seu corpo forte. A pressão do membro dele, rígido e inconfundível, roçou sua intimidade, mesmo por cima das roupas, arrancando dela um suspiro involuntário.
Miguel desceu os lábios até o pescoço dela, beijando e mordiscando com fervor. Elisa inclinou a cabeça para o lado, cerrando os olhos enquanto os dedos dele deslizavam por suas coxas, subindo devagar e provocando arrepios. O cheiro dele, uma mistura de suor e um perfume cítrico e algo inebriante, a envolvia completamente, deixando-a atordoada.
Ela prendeu Miguel entre suas pernas, puxando-o ainda mais para perto, sentindo a urgência nos movimentos dele espelhar a sua própria. O desejo que crescia entre eles era palpável, quase como uma terceira presença na cozinha, tão forte que parecia consumir o ar ao redor.
Quando as mãos de Miguel subiram para seus seios, acariciando-os com delicadeza e firmeza, Elisa interrompeu, colocando as mãos sobre as dele.
— É melhor pararmos por aqui, Miguel... — Sussurrou, com a voz trêmula, enquanto ele continuava a beijar o seu pescoço.
— Não me peça pra parar agora, Elisa... — Ele murmurou, com os lábios deslizando até o lóbulo de sua orelha, com sua voz rouca e cheia de desejo. — É tarde de mais!
Ela tentou argumentar, mas era quase impossível pensar com clareza.
— Alguém pode chegar, Miguel... Seu pai, sua mãe... a Aninha! — O nome da criança saiu mais alto, como uma tentativa desesperada de controlar a situação.
Miguel suspirou profundamente, recuando apenas o suficiente para encará-la. Seus olhos estavam sombrios, ardendo com um desejo intenso, mas também carregados de frustração.
— Estamos sozinhos, Elisa. Ninguém vem aqui.
Ele voltou a beijá-la, desta vez com ainda mais fervor, com as mãos voltando a explorar seu corpo com precisão. Mas Elisa colocou as mãos sobre o peito dele novamente, forçando-o a parar.
— Miguel, é melhor não...
Ele parou, ofegante, encostando a testa na dela, com os dois ainda presos em um abraço apertado.
— Você não quer? — A pergunta saiu como um sussurro, carregada de dúvida e vulnerabilidade.
— Quero... Quero muito ser sua. Mas vamos fazer as coisas direito, com calma.
Ele suspirou, com a frustração evidente, mas também tinha o respeito por ela.
— Tudo bem... — Murmurou, encostando os lábios na testa dela em um gesto carinhoso.
Mas antes que pudessem dizer mais alguma coisa, uma voz alta interrompeu o momento:
— Miguel! Vocês estão aí, filho?!
Era Hélia. Ambos se afastaram apressadamente, como se a realidade os atingisse de repente. Elisa ajeitou os cabelos e limpou o batom borrado, enquanto Miguel fechava os botões da calça e passava as mãos pelos cabelos bagunçados.
— Estamos na cozinha, mãe! — Ele gritou, tentando soar natural.
Elisa lançou um olhar para ele, meio nervosa, meio cúmplice. Ele retribuiu com um sorriso malicioso, inclinando-se para sussurrar antes que Hélia entrasse:
— Depois... continuamos.
O tom dele fez Elisa estremecer, e ela sabia que a tempestade entre eles estava apenas começando.
Helia e Ana, entraram com sorrisos discretos, carregando uma travessa coberta por um pano de prato.
- Mãe, Aninha! - Miguel exclamou, surpreso.
- Espero não estar atrapalhando nada! - disse Helia, rindo, e trocando olhares cúmplices com Ana.
- Imagina, mãe! - Miguel respondeu, tentando disfarçar o rubor.
- Claro que não, dona Helia. - disse Elisa, sorrindo para a futura sogra.
Helia colocou a travessa sobre a mesa, enquanto Ana servia o café.
Miguel puxou a cadeira para mãe se sentar e Elisa para Ana. Elisa colocou as mãos na outra cadeira para puxá-la, mas Miguel interrompeu tomando a frente e a puxando gentilmente para ela que sorriu grata.
Helia começou a arrumar a passadeira da mesa que estava quase no chão, e Elisa levantou o arranjo de flores caído sobre ela. Helia os observou rápido, más o suficiente para reparar os cabelos deles um pouco desgrenhados, o baton de Elisa borrado, a gola de sua túnica torta e a camisa do filho com uma enorme mancha de baton e perguntou num tom brincalhão:
— O que houve por aquí, um maré-moto? - A pergunta saiu cheia de subtexto, enquanto ela trocova olhares com a filha.
Elisa e Miguel trocou olhares cumplices .
— Foi o vento! Deve ter entrado pela janela aberta. - Falou nervosamente. Elisa tentava disfarçar com o olhar, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Fizemos um bolo de fubá fresquinho, achei que poderiam estar com fome. - disse Helia sorrindo. — Queria deixá-los a sós, mas Ana insistiu para que viéssemos.
- Fizeram muito bem em vir. Eu adoro seu bolo de fubá, dona Helia! - Elisa exclamou, animada.
A conversa á mesa foi leve e animada, até que Ana mencionou, casualmente, sobre a política local e a eleição próxima.
- Acho que o Píriz tem chance de ganhar. - comentou com um sorriso travesso.
— Lá vem você de novo filha... essa menina tem a política no sangue, assim como o pai. - Helia comentou sorridente.
Elisa olhou para baixo e, sem pensar, confessou:
- Seria melhor que meu pai perdesse! - disse, em um tom baixo.
Miguel a encarou, confuso.
- Por quê? Achei que você sempre apoiava o seu pai.
Elisa desviou o olhar, tentando esconder a verdade que latejava dentro dela. Havia uma angústia crescente, um desejo de confessar, mas as palavras ficaram presas.
- Mais uma para o nosso lado! - Ana comentou animada. Mãe, se não se importar eu já vou indo, preciso contar isso a papai, a própria filha do prefeito está connosco! - Falou animada e ansiosa saindo pela porta.
- Espere aí, filha, não vá sozinha!
Todos riram da euforia da menina.
— Vou ter que ir atrás dela, pode ser perigoso andar pelo bosque sozinha, algum urso, pode estar por aí a espreita.
— Tudo bem, dona Helia... - Elisa respondeu sorrindo simpática.
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Miguel e Elisa ficaram ali mais um pouco depois que Helia e Ana foram embora.
Enquanto Miguel gesticulava animadamente, rindo de um caso engraçado, Elisa parecia perdida em outro mundo, observando a dança suave das folhas sob o vento. As palavras dele entravam e saíam de sua mente como uma música distante, uma melodia sem letra que não conseguia prender sua atenção.
- E então? - Miguel perguntou, ao final de sua história, com os olhos cintilando de expectativa.
Elisa piscou, voltando à realidade como alguém que desperta de um sonho. - An... o quê? - respondeu, sem esconder sua confusão. Tentando se recuperar, comentou algo completamente fora do contexto, uma tentativa desajeitada de parecer presente.
— Sim... pode ser, claro...
Miguel franziu o cenho, inclinando-se levemente para ela, preocupado. - Está tudo bem, Elisa? Parece distante.
Ela esboçou um sorriso suave, aquele sorriso que aprendeu a usar para esconder suas inseguranças. - Estou bem. Só estava me perguntando se lembrei de colocar água para o nosso passarinho... - mentiu, a voz saiu levemente hesitante. Então, com um suspiro, confessou: - Mas confesso que estou muito cansada. Podemos ir?
Miguel assentiu, mas havia algo mais em sua expressão. Ele parecia prestes a tomar uma decisão. - Claro. Vamos. Mas antes, tem uma última coisa...
Ele enfiou a mão no bolso da calça, e Elisa sentiu o coração disparar antes mesmo de ver o brilho da pequena caixa preta em sua mão. Miguel se ajoelhou aos pés dela, com o rosto carregando uma seriedade quase sagrada.
Elisa prendeu a respiração. Era um momento que sonhara tantas vezes, mas, de repente, parecia surreal, ameaçador, como se o futuro que ela imaginava estivesse em um fio tênue.
Miguel segurou sua mão, seu toque quente contra os dedos frios dela, contrastava. - Elisa Medeiros, aceita se casar comigo? - A voz dele era cheia de convicção, um sorriso leve iluminou o rosto, como se tivesse absoluta certeza da resposta que estava por vir.
Ela sentiu um aperto no peito, uma maré de emoções conflitantes tomavam conta. "Sim", queria gritar. "Sim, mil vezes sim". Ele era o homem com quem sonhava dividir sua vida, mas, ao mesmo tempo, o peso do segredo que escondia se ergueu como uma sombra entre eles. A ameaça em volta da família, a possível prisão da mãe... O futuro que imaginava com ele se desfazia, como areia escapando entre os dedos.
Elisa desviou o olhar, incapaz de encará-lo. Lágrimas brotaram em seus olhos, transformando a vista em uma aquarela borrada de tons cinzentos e quentes. Sua voz saiu baixa, entrecortada, um fio quase inaudível de dor.
- Meu amor... isso é tudo o que eu mais queria, mas... eu não posso me casar com você. - Soutou as lágrimas presas que desceram fazendo uma trilha em seu rosto.
A expressão de Miguel desmoronou. Ele ficou pálido, e um misto de incredulidade e desespero tomou conta de seu rosto. Por um instante, o silêncio entre eles foi absoluto, como se o próprio mundo tivesse parado para ouvir a resposta dela.
Miguel engoliu em seco, tentando assimilar aquelas palavras que não faziam sentido algum para ele. Ela estava ali, o amor da sua vida, e, ainda assim, recusava a vida que ele oferecia.
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