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Capítulo 4 - 📄Nas Mãos Do Feiticeiro📄

Mais tarde, a sala de jantar da casa simples, mas espaçosa estava iluminada pela luz amarelada de uma única lâmpada pendurada sobre a mesa de madeira rústica. As paredes de tijolos aparentes e a lareira acesa davam um ar acolhedor ao ambiente, apesar do vento frio que soprava lá fora, uivando através das frestas da janela.

Miguel comia com voracidade, como se não tivesse se alimentado em dias. À sua frente, havia uma refeição simples: arroz soltinho, feijão temperado com alho e cebola, e carne de panela, com pedaços suculentos e macios que derretiam na boca. O cheiro era reconfortante, e o vapor subia dos pratos, criando uma sensação de calor que contrastava com a noite fria.

Helia observava o filho com um sorriso suave, balançando a cabeça.

- Filho, que fome é essa? - perguntou, rindo, e logo os outros na mesa a acompanharam na risada.

Miguel deu de ombros, ainda focado na comida.

- Estou faminto! - disse com a boca cheia, sem tirar os olhos do prato.

Todos soltaram uma risada cúmplice. Quando o silêncio tomou o ambiente, Helia o quebrou:

- Se tem certeza que Elisa te ama, precisa marcar logo esse casamento... assim você sossega e para de nos deixar preocupados. - Ela tentou sorrir, mas seus olhos ainda carregavam medo.

Miguel soltou uma risada curta.

- Depois das eleições... - murmurou, olhando para o teto. Sua mente estava longe, já projetando um futuro que talvez fosse mais complicado do que ele imaginava. - Renato Medeiros vai vencer, e depois disso, eu e Elisa nos casamos. Vai ser maravilhoso, vocês vão ver. - Ele tentou brincar, passando o olhar em todos á mesa, mas sua voz soava distante, quase sonhadora.

Ana, sempre pronta para provocar, soltou uma risada divertida.

- Vai sonhando! - Ela se mexeu na cadeira, cheia de energia. - Fernando Píris vai ser o novo prefeito de Brisa Nova, e eu vou estar lá, tirando uma foto com ele no dia da vitória! - Ela olhou buscando o apoio do pai, e ele, sorrindo, piscou para ela enquanto mastigava com o tarlher em mãos, compartilhando a certeza da vitória de Píris.

Miguel riu, mas havia algo em seu olhar que mostrava que ele não estava tão seguro quanto queria parecer.

- Isso é o que vamos ver. - O tom de desafio na sua voz era claro, mas o desconforto continuava, invisível, no fundo, da sua mente.

O assunto acabou naturalmente e a mesa voltou ao silêncio, apenas o barulho dos talheres batendo nas louças era ouvido.

Beto, o pai de Miguel pigarreou, chamando a atenção de todos à mesa.

- Tenho uma boa notícia pra te dar, filho.

Miguel parou, o garfo no ar, e olhou curioso para o pai, que parecia saborear a antecipação do que estava prestes a dizer.

- Como sabe, seus tios... Patrick e Ângela, se mudaram pra cidade. A Ângela vai cuidar da mãe, que teve um derrame.

Miguel começou a mastigar mais devagar, com o talher em suspenso, enquanto digeria as palavras do pai.

- Vocês vão poder morar na casa deles, sem precisar pagar nada por isso. - Ana, sempre apressada em falar, soltou a notícia antes do pai terminar. Beto lançou-lhe um olhar que misturava reprovação e diversão, mas já era tarde. Ana riu, jogando o cabelo para trás, e Miguel piscou, atônito.

- Vocês estão falando sério? - perguntou Miguel, ainda incrédulo. Ele largou o garfo e olhou para todos na mesa. Seus olhos brilharam com uma mistura de alívio e empolgação.

- Sim, filho. - Helia confirmou, sorrindo com o orgulho típico de uma mãe que vê o filho finalmente encontrar seu rumo. - A casa é pequena e modesta, mas será um bom começo pra vocês.

Miguel balançou a cabeça, tentando absorver tudo.

- Nossa... meus tios são demais! Amanhã mesmo vou ligar pra eles e agradecer! - Ele olhou para o prato, agora esquecido. - Elisa e eu... já temos onde morar. - Seus olhos estavam cheios de planos, mas sua voz carregava o peso da responsabilidade que vinha com essa nova fase.

Foi então que Ana, com sua habitual franqueza, soltou uma observação que cortou o clima de celebração.

- Acha mesmo, Mi, que o prefeito vai deixar a filha dele morar num fim de mundo como o nosso? - Ela ergueu as sobrancelhas, desafiadora, surpreendendo todos com sua maturidade além dos 12 anos.

- Filha! - Helia repreendeu, mas não havia raiva, apenas surpresa pela perspicácia da menina.

Ana continuou, determinada.

- Não se enganem. No mínimo, o prefeito vai arranjar uma bela cobertura no centro da cidade pra vocês morarem. E, claro, vai te arranjar um baita emprego na prefeitura!

A mesa ficou em silêncio por um instante, e então todos começaram a rir da lógica implacável de Ana. Miguel balançou a cabeça, rindo também, mas sentindo o peso da verdade escondida nas palavras da irmã.

- Seria um sonho, Aninha! - Ele disse, bagunçando os cabelos loiros e lisos da menina com carinho. Ela sorriu, se afastando de leve, e de repente, saltou da cadeira.

- E viva o Nacional! - Ana gritou, colocando um adesivo de Fernando Piris no peito e levantando uma pequena bandeira que havia pego no armário. A bandeira era azul e verde, com o nome "Píris 2025" escrito em letras brancas que destacavam sob o tecido vibrante.

- Fernando Píris é o melhor! Ele vai vencer o Renato Medeiros! - Ela começou a marchar em volta da mesa, balançando a bandeira com entusiasmo.

Beto olhou para Helia e depois para Miguel, e todos riram da energia contagiante de Ana. Mas, enquanto a risada ecoava pela sala, uma tensão sutil permanecia. Miguel observou a irmã e, por um momento, se permitiu sonhar com um futuro brilhante ao lado de Elisa. Contudo, a realidade sempre pairava sobre ele como uma nuvem carregada. O soco que recebera era apenas o começo de algo maior, mais sombrio, algo que ele sabia que teria que enfrentar de frente. Mas, por agora, ele aproveitaria o momento.

- Isso é o que vamos ver, Ana. - Miguel disse, finalmente, com sua voz cheia de um misto de confiança e incerteza. Ele sabia que os dias que viriam trariam desafios maiores do que ele podia prever, mas naquele instante, cercado pela família, tudo parecia possível. E, de alguma forma, ele acreditava que poderia conquistar tudo o que sonhava, mesmo que o preço fosse alto.

Miguel olhava com um olhar perdido agora para a irmã, com o pensamento vagando, e enquanto a menina continuava a girar com sua bandeira, ele sentiu o peso de tudo o que estava em jogo. O casamento, as eleições, os perigos ocultos... A vida estava prestes a mudar.

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A madrugada ainda pesava sobre a cidade de Brisa Nova, e o silêncio frio das ruas vazias parecia ecoar dentro da cabeça de Marta Medeiros. Ela caminhava pela casa como uma sombra, com as mãos trêmulas ao redor da xícara de café que há muito esfriara. O relógio na parede fazia um tic-tac monótono, implacável, lembrando-a do tempo que escapava de suas mãos como areia fina.

Ela olhou para a janela, onde o primeiro vestígio de luz começava a tingir o céu de um azul pálido, e suspirou. Não havia dormido nem por um instante. Como poderia? As palavras do seu marido a respeito do casamento arranjado ecoavam em sua mente, rodopiando como um redemoinho. Artur, o CEO feiticeiro, ele sabia. Sabia de tudo. E agora, estava nas mãos de Elisa.

A ideia de perder tudo a deixava sufocada. Não era só a eleição de Renato que estava em jogo. Ela sabia que, se Fernando Píris vencesse, haveria uma devassa. Seu envolvimento nos esquemas sujos com empresários locais viria à tona, e Renato... Deus, ele seria destruído. Mas, pior que isso, seria ver Elisa mergulhada naquele mar de lama. A culpa pesava sobre seus ombros como uma corrente invisível.

Com passos lentos e arrastados, Marta caminhou até a porta do quarto da filha. Suas mãos suavam ao tocar a madeira fria da maçaneta. A pequena parte dela que ainda esperava encontrar Elisa dormindo serenamente desapareceu ao virar o trinco.

- Filha... está acordada? - A voz saiu mais frágil do que pretendia, como um sussurro quebradiço.

O silêncio foi a única resposta. Marta empurrou a porta, e o vazio a recebeu. A cama estava perfeitamente arrumada, sem sinal de que alguém havia passado por ali na noite anterior. Seu coração deu um salto, batendo forte no peito, acelerado pelo medo irracional que subitamente a dominou.

Ela respirou fundo, tentando acalmar a mente. Caminhou até a cozinha, onde o cheiro de café requentado ainda impregnava o ar, uma lembrança das tantas xícaras abandonadas durante a noite. Pegou o celular, com as mãos ainda trêmulas, e notou uma notificação.

Um áudio de Elisa.

Com um toque hesitante, apertou o play e a voz suave de sua filha encheu o ambiente, cortando o silêncio de maneira quase surreal:

- Mãe, perdi o sono e saí para fazer minha caminhada mais cedo. Logo estou de volta para te ajudar com os serviços da casa.

Marta fechou os olhos e soltou um suspiro de alívio, mas aquele nó na garganta não se desfez. Elisa estava lá fora, livre e inconsciente da tempestade que se aproximava. Cada passo que ela dava na calçada vazia, Marta sabia, a levava mais para perto de uma armadilha da qual não conseguiria escapar sozinha. Como poderia Elisa, com seus sonhos e sua bondade, enfrentar um homem como o Feiticeiro?

A verdade era que Marta não temia apenas pela exposição de sua própria corrupção. Temia por Elisa, pela alma da filha, pela escolha que ela teria de fazer, uma escolha que poderia despedaçar tudo.

Marta observou a cozinha ao redor. O ambiente, uma vez tão familiar, parecia distante e opressivo. A madeira escura dos armários, sempre tão polida, agora parecia manchada com algo invisível, como os segredos que ela carregava. O som distante de carros passando na rua fez com que seus olhos se fixassem na janela, mas tudo o que viu foi o reflexo cansado de uma mulher que havia perdido o controle da própria vida.

E agora, talvez perdesse também a confiança da única pessoa que ainda a via com alguma pureza.

Ela levantou-se devagar, caminhou até a janela e encostou a testa no vidro frio. O céu continuava a clarear, mas a luz não parecia trazer consolo. No fundo, sabia que, quando o dia terminasse, algo seria quebrado. Algo que talvez não pudesse mais ser consertado.

Então, Marta se virou, olhou para o celular e, sem hesitar, enviou uma mensagem curta, mas carregada de intenções não ditas.

"Elisa, quando você voltar, precisamos conversar."

O destino já estava traçado. O que ela não sabia era se conseguiria salvar a filha ou se, no processo, as duas seriam arrastadas para o fundo do abismo que ela mesma havia ajudado a cavar.

A campainha tocou. Marta congelou. O som ressoou pela casa como um tiro no silêncio. Não era comum alguém aparecer tão cedo, e ela sabia que, naquela cidade, o inesperado raramente trazia boas notícias. O pavor que a acompanhara a noite toda voltou com força total. Ela caminhou em direção à porta com passos pesados, com uma sensação sombria tomando conta de seus pensamentos.

Ao girar a maçaneta, uma onda fria a atingiu. O que quer que estivesse do outro lado, tinha o poder de mudar tudo.

E ela não estava pronta.

Marta abriu a porta devagar, com o coração martelando no peito, esperando encontrar uma figura sombria ou uma presença ameaçadora. Mas em vez disso, era apenas um menino, de no máximo uns doze anos, com uma expressão indiferente no rosto.

- Senhora Marta? - Ele perguntou, estendendo-lhe um envelope pardo, tão neutro quanto o tom de sua voz.

- Sim, sou eu... - Marta respondeu, desconfiada, pegando o envelope com mãos trêmulas.

O garoto nada disse. Simplesmente virou-se e foi embora, deixando para trás apenas o som de seus tênis desgastados arranhando o chão. Ela ficou parada por um momento, incapaz de se mover, encarando o envelope como se ele fosse uma bomba prestes a explodir.

Finalmente, Marta fechou a porta com um movimento seco, e o clique da tranca ecoou pela casa. Cada som parecia mais alto que o anterior. O silêncio agora a envolvia como uma neblina densa. Caminhou até a mesa da cozinha, com os pés pesados como chumbo, e se sentou na cadeira com um suspiro profundo.

Seus dedos deslizaram pelo papel, sentindo a textura áspera do envelope. Abriu-o lentamente, como se temesse que seu conteúdo fosse trazer uma verdade que ela já sabia, mas ainda não estava pronta para encarar. Ao deslizar os documentos para fora, seu coração saltou à garganta.

Primeiro, havia uma série de extratos bancários com seu nome, mostrando depósitos vultuosos e frequentes, vindos de contas offshore. Eram números que Marta reconheceu de imediato, fruto dos esquemas com empresários de obras públicas. Ela sempre fora cuidadosa, acreditando que as transações estavam longe dos olhos curiosos, enterradas sob camadas de anonimato. Mas ali estavam, expostas como feridas abertas.

Depois, um contrato de licitação falsificado, com sua assinatura claramente visível no final da página, vinculando a prefeitura a uma empresa fantasma. Marta sentiu o sangue se esvair do rosto. Aquele contrato nunca deveria ter saído das sombras. Ela e Renato haviam manipulado as licitações com a ajuda de empresários locais, desviando fundos sob o disfarce de obras que nunca foram concluídas. E agora, tudo aquilo estava ali, diante de seus olhos.

Havia também fotos, algumas tiradas de longe, mas perfeitamente nítidas. Em uma delas, Marta estava sentada em um restaurante elegante, em uma reunião discreta com dois homens de terno. O momento exato em que um deles deslizava um envelope recheado de dinheiro por baixo da mesa, e ela o aceitava com um olhar furtivo. Em outra, Marta era vista entrando em um prédio de escritórios com uma expressão séria, onde, em seguida, um empresário conhecido da cidade a recebia, sorridente. O contexto era claro: propinas, acordos sujos, subornos.

Por último, prints de conversas de mensagens. Trocas entre Marta e empresários, negociando com frieza e precisão. Ali estavam as promessas de contratos futuros, favores trocados e os pagamentos devidamente combinados. Cada palavra era uma lâmina afiada, cortando qualquer tentativa de desculpa.

Ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha. As mãos suavam e tremiam tanto que mal conseguia segurar os papéis. Ali, em sua frente, estava tudo. Tudo o que podia destruí-la. As provas de sua corrupção, acumuladas ao longo dos anos, agora resumidas em um punhado de documentos. Não havia escapatória.

Marta deixou os papéis caírem sobre a mesa, e o som oco que fizeram ao bater no tampo ressoou como um veredito final. Ela apoiou as mãos na cabeça, com os dedos entrelaçados no cabelo, tentando conter o pânico que ameaçava tomar conta.

A vida que ela construíra estava prestes a desmoronar. E a única pessoa que poderia impedir isso era sua filha.

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O céu estava de um azul intenso, sem nuvens, e a brisa leve da cidade trazia consigo o cheiro do mar, misturado ao aroma fresco dos pinheiros espalhados pelo parque. Elisa aproveitava a calmaria da manhã para sua caminhada diária.

Ela vestia uma calça legging preta, confortável e ajustada, combinada com uma camiseta de tecido leve em tom pastel, que realçava sua pele. Nos pés, um par de tênis esportivos brancos com detalhes discretos, perfeitos para a caminhada, e uma jaqueta corta-vento cinza, ideal para proteger do clima fresco. Para completar o visual, usava um boné preto onde seus longos cabelos castanhos em um rabo de cavalo, atravessava o Strapback.  Também levava consigo uma garrafa de água reutilizável presa ao cinto, pronta para se manter hidratada durante o percurso.

Os pensamentos sobre a pressão de seu pai e a campanha eleitoral que dominava sua vida latejavam em sua mente, mas ela tentava afastá-los com o ritmo cadenciado de seus passos. A cidade parecia respirar em sincronia com ela, até que algo quebrou o padrão.

Um pequeno cão surgiu entre as árvores, correndo em sua direção. Era um beagle, com olhos grandes e expressivos, orelhas caídas e pelo marrom e branco. Ele abanava o rabo freneticamente e parecia perdido. Elisa parou e se abaixou, estendendo a mão para o cãozinho.

- Ei, você está perdido? - perguntou com uma doçura natural, acariciando a cabeça do animal que, sem hesitar, saltou em seu colo. - Quem é o seu dono, hein? - Elisa o abraçou, sentindo a textura macia do pelo e o calor reconfortante do corpo pequeno. Ela sorriu para o cachorro, afagando-o com carinho. - Vou te chamar de Bolota, o que acha?

Nesse momento, uma voz masculina a tirou de sua bolha de ternura.

- Ah, então é aqui que você estava... - A voz era firme, mas com uma pitada de alívio. - Merlin, seu fujão! Obrigado por tê-lo segurado. - ele acrescentou com um sorriso amplo, o tipo de sorriso que transbordava confiança. - Estou há horas atrás dele.

Elisa levantou os olhos e seu corpo ficou tenso. A imagem à sua frente a pegou de surpresa: um homem alto, de músculos evidentes. Suas coxas malhadas estavam à mostra por causa do shorts esportivo justo, e os braços, especialmente os tríceps, pareciam esculpidos. Ele usava uma camiseta de corrida que se moldava ao peito firme e destacava sua figura atlética. Mas o que a fez engolir em seco não foi apenas a imponência física; foi o rosto. Ela o reconheceu.

Artur, o homem que estava no comício de seu pai um dia atrás. Naquela tarde, ele vestia uma camisa fina, sofisticada, observando a multidão com um olhar indecifrável. Agora, parecia outra pessoa, mais casual, mas ainda assim emanava a mesma aura de controle, como se nada fugisse ao seu alcance.

- Eu o segurei... mas não sabia que era seu. - disse Elisa, tentando parecer indiferente, mas seu coração batia acelerado.

- Bom, agora você sabe. - Ele riu baixo, com a voz cheia de uma tranquilidade estranhamente sedutora. - Você o salvou de mais uma escapada épica.

Elisa tentou devolver o cãozinho sem encará-lo diretamente, mas foi inevitável. Quando seus olhos se encontraram, ela sentiu um frio percorrer sua espinha. O perfume amadeirado que ele exalava, com toques de sândalo e algo mais indecifrável, a envolveu de forma quase hipnótica.

Ele estendeu a mão para pegar o cachorro, mas ao fazê-lo, os dedos dele roçaram na pele de Elisa, que se encolheu sutilmente. Artur, percebendo o movimento, sorriu de canto.

- Você está bem? - perguntou, com a voz levemente provocativa.

Ela recuou um passo. O toque dele ainda queimava em sua pele, como uma faísca que acendia algo que ela não sabia nomear.

- Estou, sim. - respondeu com pressa, e o olhar agora mais atento. As peças começaram a se encaixar. Artur. O homem misterioso do comício. O CEO Feiticeiro. Ele era o homem com quem seu pai pretendia forçá-la a casar.

- Então você gosta de cães... - ele comentou casualmente, mas havia algo mais no tom de voz, algo que sugeria que ele sabia mais do que estava dizendo. Elisa o encarou, tentando entender o que ele queria. Seria uma simples coincidência ou ele já estava orquestrando cada movimento dela?

O ar entre eles pareceu ficar mais denso. Cada detalhe daquele encontro se gravava na mente de Elisa. O jeito como ele a olhava como se soubesse que, em breve, ela seria sua de um jeito ou de outro. Mas ela também sabia. E a certeza de que aquele homem estava envolvido em seu destino, contra sua vontade, a fez sentir um calafrio que subiu pela nuca.

- Eu... eu preciso ir! - disse abruptamente, com o desconforto tomando conta dela. Antes que ele pudesse responder, ela girou nos calcanhares e começou a se afastar, rápida demais para parecer casual.

Artur ficou parado por um momento, observando-a se distanciar. Seus olhos se estreitaram, e um sorriso ligeiramente torto formou-se em seu rosto. Não era de surpresa, mas de interesse renovado. Ela havia fugido dele, sim, mas isso apenas tornava o jogo mais interessante.

Quando Elisa se afastou o suficiente para sentir que estava longe do olhar intenso de Artur, fez o sinal da cruz, com o coração ainda disparado.

"É ele. Artur, o famoso Feiticeiro!"

Pensou, com um nó se formando em sua garganta.

"Depois de hoje, preciso me benzer. Dizem que ele hipnotiza as pessoas, que sempre consegue o que quer. Mas não comigo... Não mesmo!"

Ela acelerou o passo, tentando ignorar a sensação de que, mesmo sem olhar, ele ainda estava lá, de alguma forma, observando seus movimentos.

Artur, por sua vez, ficou no parque por mais alguns segundos, antes de murmurar para si mesmo, satisfeito:

- Ah, Elisa... o jogo apenas começou.

O suspense no ar parecia palpável, como o prelúdio de algo grande que estava por vir.

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