____ Olívia - Ouvi uma voz suave  sussurrar no meu ouvido, abri os olhos e vi o Pablo.

____ Tá fazendo o que aqui? Como entrou? - Perguntei assustada

____Anda logo, a gente tem que fugir daqui.

____ Como? - Esfreguei os olhos

____ Já consegui os passaportes - Disse empolgado - Meu amigo tá esperando a gente lá na fronteira.

Aos poucos um sorriso foi se abrindo no meu rosto, eu ainda estava um pouco confusa.

Como o Pablo entrou aqui se eu nem consigo sair.

Essa casa é toda moderna.

____ E o Dom?

____ Esquece ele, vamos logo.

_____Tá bom.

Levantei da cama às pressas e segurei em sua mão.

Quando saímos lá fora, tinha um carro nos esperando.

Suspirei aliviada.

____ Amor precisamos ir agora - Pablo me puxou e só aí fui perceber que estava parada no tempo.

Eu não pensei em mais nada, só em fugir com o Pablo para bem longe onde ninguém pudesse nos encontrar.

E iríamos viver felizes para sempre, como nos contos de fadas.

Corremos até o carro estacionado, Pablo deu a volta rapidamente e assumiu o volante.

Sentei feliz da vida e ofegante no banco do passageiro, e dei um beijo carinhoso em seu rosto, e ele olhou pra mim e sorriu radiante.

Seguimos pelas ruas pouco iluminadas da cidade, eu nem sabia que hora era.

Não sabia que carro era aquele e nem para onde estávamos indo de fato.

Mas eu confiava no Pablo, do lado dele eu sentia que ninguém poderia nos alcançar.

O carro avançava rapidamente e parecia que a gente tinha acabado de assaltar o banco.

Bom, os passaportes eram falsos, então tinha motivos pra fugir da polícia.

Assim que chegamos na fronteira tinha outro carro estacionado nos esperando.

Pensei que podia ser o amigo do pablo.

Mas a expressão tensa dele me convenceu do contrário.

____  Quem é?

____ Não sei, fica aqui que eu vou lá ver - Pablo disse sério e o meu sorriso se  desmanchou.

_____ Pablo - Agarrei o braço dele apavorada

Ele me deu um selinho certificando de que iria ficar tudo bem, mas eu não tinha tanta certeza.

____ Não sai do carro - Ordenou.

____ Está bem.

Enquanto ele conversava com o homem estranho, eu fiquei dentro do carro esperando, apreensiva.

Já tinha roído todas as unhas das mãos, nervosa e com os olhos vidrados neles.

Meu corpo inteiro tremia de medo, meu coração estava acelerado e eu não conseguia respirar.

_____ Vai dá tudo certo, a gente vai conseguir - Repeti para mim mesma.

Mas de repente o  homem sacou uma arma e apontou para o Pablo.

Meu coração parou.

Pablo implorou para o homem, deixar a gente ir, mas não adiantou.

Fechei os olhos.

Em seguida ouvi um disparo, estremeci.

E quando olhei vi que havia um corpo sobre o chão.

Entrei em desespero.

O homem lançou um olhar na minha direção, depois passou por ele e veio na minha direção com a arma em punho.

Arregalei os olhos.

Tentei fugir mas a porta do carro não abria.

Parecia um verdadeiro filme de terror.

Conforme ele ia chegando mais perto sua face ia se revelando na escuridão.

E quando ele finalmente chegou perto do carro vi que que era uma pessoa conhecida.

Dom.

_____ Eu te avisei Liv - Ele apontou a arma na minha testa, comecei a ofegar sem parar - Você me desobedeceu agora você vai sofrer as consequências.

Ele destravou a arma, fechei os olhos esperando o pior, e como imaginei, ele não pensou duas vezes e disparou.

O susto fez com que eu despertasse subitamente e percebesse que tudo não passou de um pesadelo terrível.

Meu coração estava acelerado e minha respiração ofegante.

Olhei em volta e percebi que estava no mesmo quarto.

Meus olhos se encheram de lágrimas meus labios tremeram.

E eu estava na cama, não lembro de ter ido deitar.

Tenho a impressão de que fui deixada na cama pelo Dom.

Ele só pode ter dupla personalidade.

Não quero ficar aqui, depois da forma que ele me olhou, eu não quero mais desafia-lo, sinto que estou lidando com um homem perigoso, e depois desse pesadelo então, não tenho mais dúvidas.

Bom, pelo menos não estou presa em nenhuma corrente.

Ah, como sinto tanta falta do Pablo, o abraço dele seria a melhor coisa agora.

Se alguma de coisa de ruim acontecer com o Pablo  eu vou  morrer de desgosto.

Não iria conseguir viver sem ele.

E essa não é a primeira vez que eu deixo ele esperando sem explicação.

Eu só tenho o decepcionado, e isso faz eu me sentir mal, mas eu ainda não tenho coragem de dizer a verdade pra ele.

Ele vai me odiar.

Olhei na direção da porta e vi que ela estava aberta.

Será outro pesadelo?

Levantei sorrateira e fui até lá, mas quando dei alguns passos escutei o Dom e o Joe rindo na cozinha.

Que porra.

Nunca vou sair daqui.

Decidi tomar um banho para relaxar, entrei no banheiro e por pouco não me perdi lá dentro de tão grande que era, parecia mais um quarto.

Depois de tomar banho, fui até o croset e vi que não havia nenhuma roupa minha e isso me irritou.

Se ele pensa que vou me vestir igual uma patricinha está muito enganado.

Desci as escadas de toalha e descalça e fui até a cozinha, pingando.

Assim que me viu, Joe se engasgou com o café.

____ Liv, por que não está vestida? -  Dom perguntou

_____ Cadê minhas roupas?

_____ Estão no croset.

____ Aquelas não são as minhas roupas.

____  Agora são.

____ Eu não vou me vestir como uma patricinha mimada.

_____ Liv você é minha mulher, vai se vestir como eu quiser.

_____ Não - Rosnei e cruzei os braços emburrada.

_____Bom, se nāo quer se vestir, tudo bem, mas vai ter que passar o dia todo pelada pois suas roupas antigas eu doei para a caridade.

_____ Você fez o que?

Ele levou a xícara até a boca e sugou o café calmamente.

Achei um desaforo muito grande.

Então deixei a toalha cair na frente dele e do Joe que virou o rosto constrangido.

Dom bateu a xícara na mesa e arrastou a cadeira irritado.

Veio na minha direção e se colocou na minha frente bloqueando a visão do Joe.

_____ Não me provoca - Ameaçou - Você não sabe do que eu sou capaz.

Aproximei o rosto do dele e olhei dentro dos seus olhos.

_____Eu não tenho medo de você.

_____ Pois deveria - Disse entre os dentes.

Em seguida pegou a toalha do chão e empurrou contra o meu corpo, violentamente.

Lancei um olhar mortal pra ele, depois me enrolei na toalha e recuei.

Ele estava tão furioso que ofegava, e isso me fez sorrir maliciosamente.

Adoro brincar com fogo.

Mas não sei por quanto tempo vou poder brincar assim.

Fiquei um tempo pelada no quarto até que me cansei e fui procurar uma roupa.

Nunca tive tanta opção do que vestir. Era tantas cores, tantas peças que chegava me dá dor de cabeça ao ter que escolher.

Mas eu sentia falta das minhas roupas, elas faziam parte de quem eu era, e agora vou ter que me vestir como uma riquinha mimada.

Peguei um vestido qualquer lá e me vesti.

Fiquei no quarto um tempo mas daí a fome veio então eu decidi descer pra comer alguma coisa.

Mas encontrei apenas o Joe lá em baixo.

____ Onde está o Dom?

_____ Foi trabalhar, mas não se preocupe, ele vai voltar a noite.

____ Não estou preocupada, quero que ele morra - Falei despreocupada e Joe se assustou com o meu tom de voz

____Vou... preparar um sanduíche pra gente - Ele se apressou

_____ Pode ir, estou morrendo de fome.

Ele fez um sanduíche e me serviu com um copo de leite gelado e sentou pra me fazer companhia.

Devorei todo o sanduíche, e ainda comi o dele, e ele ficou me olhando de mãos vazias sem saber o que fazer.

Eu estava morrendo de fome e um sanduíche só não servia, se ele quiser que faça outro.

_____ Então você é o faz tudo dele? Quebrei o silêncio

_____ Eu não me chamaria assim, Dom e eu somos amigos.

_____Se fosse seu  amigo, não te colocaria pra fazer tudo por ele.

_____ Dom, já fez muito por mim.

_____ Tipo o que?

Ele desviou o olhar, um pouco incomodado com a minha pergunta,  depois se levantou da cadeira e a empurrou de volta para o lugar.

_____ Você quer mais alguma coisa, senhorita?

_____ Quero ir embora daqui - Levantei os olhos furiosa em sua direção.

Ele me encarou por um tempo, mas depois desviou o olhar e soltou um suspiro.

_____  Bom, eu estarei pela casa, qualquer coisa que precisar e só me chamar - Disse calmamente depois  passou por mim.

Fiquei acompanhando ele com olhos até sumir de vista, depois fiquei um pouco pensativa.

Ele agiu muito estranho quando fiz aquela pergunta.

E por que o Dom age daquele maneira, quando desobedeço ele?

Tem alguma coisa de errado com esses dois, e eu vou descobrir.