50
Depois do disparo, o cara começou a rir sem parar, e eu fiquei me perguntando porque eu ainda estava ouvindo a risada dele se eu estava morta, então abri os olhos e percebi que eu ainda estava naquele maldito depósito.
Ele havia atirado na parede ao invés de mim, mas eu não percebi, porque eu estava ocupada demais morrendo de medo. Quando ele apertou o gatilho, eu automaticamente fechei os olhos e esperei, esperei até que fosse tomada pela completa escuridão e o silêncio total, mas não, eu estou viva e não sei se isso é bom ou ruim.
Minhas pernas tremiam por conta do susto e o meu coração batia descompassado, eu não conseguia respirar, nunca havia sentido tanto medo em toda a minha vida. Sentir a morte de perto é uma sensação que não desejo nem pro meu pior inimigo.
O cara se afastou e guardou a arma no paletó. Eu ainda estava de joelhos no chão, então levantei os olhos e o encarei com todo desprezo do mundo.
Sorte a dele, eu estar amarrada, se não eu teria quebrado os dentes dele e ainda teria feito ele engolir.
—– Eu adoraria te matar, Olivia, mas não vou fazer isso, pelo menos não ainda, tem uma pessoa que quer que você esteja viva, pois o seu sofrimento interessa muito a ela. Quanto ao seu amigo ali... — Ele olhou para o Billy e meu coração disparou — Se eu matá-lo, estarei fazendo um grande favor, então vou deixar que sofra mais um pouco, e que ele mesmo faça isso, porque duvido que ele vai querer continuar vivendo sem sua alma gêmea. Fique atenta ao telefone pois vamos te ligar.
Ele deu de ombros e o desespero me tomou de repente.
—– Por favor, só fala onde está o meu filho, eu te imploro
Ele me ignorou e saiu andando, e isso me fez gritar de raiva já que eu não podia socar a cara dele até a morte, essa era a minha única forma de estravazar.
Gritei até não ter mais voz, depois chorei, chorei até sentir que não tinha mais lágrimas pra chorar. E então me calei quando vi que não iria adiantar.
Deitei de cara no chão atormentada pelos meus pensamentos barulhentos, fiquei pensando sobre quem poderia estar interessado no meu sofrimento, provavelmente alguém que me odeia de graça.
Porque eu não lembro de ter feito tanto mal a alguém a ponto de merecer isso.
Então lembrei da minha mãe, ela é a única pessoa que sente prazer em me torturar, ela é a única que sabe onde dói em mim, e aposto que ela tá com o meu filho agora e quer que eu acredite que ele está morto, mas eu não vou acreditar, só vou acreditar quando o corpo dele estiver em meus braços.
Até lá vou seguir negando.
Minha mãe é perversa, ela sabe que isso doeria em mim mais do que qualquer outra coisa e por isso armou todo esse plano maquiavélico.
Mas se ela encostar em um fio de cabelo do meu filho, eu não vou hesitar em acabar com ela mesmo que isso vai doer em mim.
Cansei de sentir pena de quem não merece.
Olhei pro Billy, e vi que ele tinha se arrastado até o corpo do irmão e se debruçado sobre ele, e não pude evitar de sentir pena.
Isso deve doer pra caralho, mas não tanto quanto vai doer na Donna quando ele souber que mataram o filho dela, isso vai destrui-la.
Sou a única que posso entendê-la, nenhuma mãe quer perder o filho ainda mais sob essas circunstâncias cruéis, mas pelo menos ela vai saber onde o filho dela estar, enquanto eu não sei onde está o meu e isso me tortura a cada segundo.
Só de imaginar já começo sofrer por antecipação, imagino coisas horríveis que podem está acontecendo com o meu filho, e eu aqui amarrada, sem poder fazer nada.
Não tenho forças pra me levantar do chão, pra lutar contra essas amarras que me prendem e sinto que a qualquer momento vou me afogar nas minhas próprias lágrimas e afundar.
O único fio de esperança que eu tinha acabou de voar pelos meus olhos.
O sol tinha ido embora e a noite se aproximava, logo o lugar vai ser tomado pelo breu.
Eu já senti frio, fome e medo, mas nenhuma dessas sensações se iguala a que eu sinto agora.
Me sinto como um animal que foi agredido e deixado pra morrer, agonizando, gritando por ajuda mesmo sabendo que ninguém irá ajudá-lo.
Mas pelo menos eu não estou só, meu medo sempre foi morrer só, eu sempre estive só na minha vida, mas não quero está só na minha minha morte. Isso me trás uma sensação de abandono e desamparo e tudo o que eu queria é ser amada e compreendida, sinto uma necessidade de ter alguém do lado cuidando de mim, como uma mãe que eu nunca tive.
Mas eu ainda tenho o meu bebê, eu sei que ele ainda está aqui, eu sinto, é ele que está me mantendo viva, ele que está me dando essa força, pois de onde mais eu tiraria forças, se a única coisa que me mantém lutando é o meu filho Noah, e ele não está aqui.
Tiraram o meu filho de mim.
Eu estava prestes a adormecer quando ouvi um barulho que me fez despertar subitamente.
Me sentei no chão e olhei ao redor, mas não avistei ninguém, então o barulho continuou, como se alguém estivesse invadindo.
Eu não sabia quem era, mas estava esperançosa que fosse alguém da minha família.
Alguém que sentiu a minha falta e veio me buscar.
Finalmente.
—– Olivia — Alguém me chamou distante
Eu reconheci a voz como sendo a do Joe, isso encheu o meu coração de alívio.
—– Estou aqui – Gritei, mas a voz não saiu, eu não tinha forças nem pra gritar
—– Olivia — Ele chamou dessa vez mais perto
—– Joe – Balbuciei, mas senti seus passos se distanciarem, então chutei uma lata vazia que estava perto de mim, não chutei tão forte, mas o som dela rolando pelo chão foi o suficiente pra chamar atenção dele.
Ouvi os seus passos rápidos se aproximando, e logo o seu rosto se revelou na penumbra me devolvendo o fio de esperança que eu havia perdido.
Ele veio até mim e tentou desatar o nó da corda, porém não conseguiu, pois ele era muito firme, então ele tirou uma pequena faca do seu paletó e começou a cortar a corda desesperadamente.
—– A Meg me disse que é sempre bom levar uma faca com a gente, pois nunca sabemos quando vamos precisar - Disse agitado
Assim que ele me desamarrou e o abracei e desabei sobre os seus ombros.
—– Ela pegou o meu filho, Joe - Chorei
—– Ela quem?
—– Minha mãe..
—– Como sabe que é ela? Pode ter sido o Pablo
Me afastei e encarei seus olhos verdes que tinha sido tomado pela ira.
—– Por que diz isso?
—– Por que o Dom estava com ele, e agora os dois desapareceram..
—– Não, não — Choraminguei — Isso só pode ser um pesadelo
Joe agarrou o meu rosto e fitou os meus olhos encharcados.
—– Não vamos pensar no pior, o Dom é esperto, ele vai sair dessa e vai conseguir trazer o Noah de volta - Ele assegurou
—– Tomara
—– Ele se separou da gente em um certo ponto, Tim e eu ficamos presos com um bando de animais, se é que podem ser chamados assim..
—– E o Tim onde ele está?
—– No carro, levou um tiro, mas vai ficar bem
—– Que pena que não podemos dizer o mesmo do Jonny...
O Joe olhou pra trás e suspirou arrasado. Ele entrou correndo na escuridão e nem percebeu que Jonny estava ali.
–— Aquele filho da puta matou ele — Soltei, revoltada
Ele voltou a olhar pra mim com os olhos cobertos de ira.
—– Olivia, você sabe que se o pablo estiver metido nisso...
—– Sei, sei sim, mas não temos provas disso ainda, vocês não podem condenar um inocente não é mesmo?
Ele concordou calado, mas a desconfiança prevalecia em seu olhar.
—– Vamos dar o fora daqui — Disse
Fomos até Billy que estava deitado de barriga pra cima com os olhos vidrados no teto.
Ele estava imóvel, como se ele também estivesse morto, e acredito que uma parte dele tenha morrido junto com o irmão.
A dor foi tanta que ele paralisou.
—– Billy – Joe o chamou, mas ele não respondeu - Sou eu, primo, o Joe
Eu não consegui parar as lágrimas que jorravam dos meus olhos, eu estava realmente revoltada com o que aconteceu.
Essas pessoas são a minha família, se eles sofrem eu sofro junto, mesmo que eles tenha escolhido o caminho errado, ainda acho que não merecem sofrer.
—– Billy, o Jonny tá morto, mas você não - Joe endureceu as palavras - Você precisa está vivo pra vingar a morte dele, vamos atrás do filho da puta que fez isso e vamos acabar com ele, no estilo Billy de ser, eu sei que está doendo, eu sei irmão, eles querem isso, ferrar o nosso psicológico, mas não vamos abaixar a cabeça, vamos mostrar pra eles que eles não tem esse poder.
Billy desviou os olhos para Joe e o encarou arrasado.
—– Vamos tirar o Jonny daqui e dar um entero digno pra ele, e depois mostrar pra esses arrombados que é que manda nessa porra
Absorvi as palavras do Joe e senti o desejo de vingança crescer dentro de mim.
Uma unica lágrima escorreu dos olhos do Billy.
Joe desamarrou ele, e ele se levantou e apanhou o irmão no colo e saiu levando ele cuidadosamente até a porta de saída do depósito.
Ele o colocou no porta malas do carro e depois entrou no mesmo se sentando ao lado do Tim que agonizava no banco de trás.
Ambos tinham dores diferentes pra compartilhar, mas comparada a dor de levar um tiro, acredito que perder um irmão é pior.
—– Porra, isso dói para um caralho — Tim disse levantando a camisa mostrando o buraco em seu abdômen
Ele olhou para o Billy e riu como se levar um tiro fosse uma conquista, mas o sorriso deixou seu rosto rapidamente.
—– Ei irmão, que cara é essa, onde está o Jonny?
Ninguém disse nada, mas pela a cara de velório de todo mundo acho que ele já deve ter deduzido.
Seguimos no meu Bentley até a mansão. O carro era o único que não havia sofrido danos e era tão simples que ninguém quis leva-lo embora.
Sorte a minha.
Chegando lá, eu desci do carro e caminhei com passos relutantes até a entrada. Eu estava esgotada física e mentalmente.
Meu corpo dói, meu coração dói, e sinto que não vou aguentar por muito tempo, mas quando abro a porta sinto minhas forças se renovarem ao ver o meu filho juntamente com o Dom.
Ele realmente cumpriu a promessa dele, trouxe o meu filho de volta.
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