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Mais tarde Noah e eu fomos ao shopping comprar o presente do Call e eu fiquei em dúvida sobre o que comprar, afinal ele não é mais uma criança, não tem como comprar brinquedos, nem nada do tipo.
Noah sugeriu que eu comprasse uma caixa de cigarros pra ele, e eu perguntei porque ele sugeriu isso, e ele disse que o Call costuma roubar uma do zelador da escola, mas ele não fuma, só gosta de pôr entre os dentes, não gosta do cheiro da fumaça e não gostava de quando o pai fumava.
Eu achei isso bem estranho, e disse a ele que não iria incentivar um garoto de quatorze anos a fumar, porque isso era errado.
Mas no fim acabei comprando, porque não encontrei nada melhor, é difícil encontrar algo que combine com a personalidade dele, eu gosto do Call, mas nunca procurei saber do que ele gosta, nem conhece-lo a fundo, e isso faz eu me sentir uma farsa.
Um maço de cigarro não é um presente decente para se dar para uma adolescente em plena fase de crescimento, mas é melhor do que ele continuar roubando, pelo menos ele vai ter uma só dele.
Que o Dom nunca saiba disso.
Ele não ascende porque tem plena consciência de que faz mal, e se um dia ele resolver ascender nao será culpa minha e sim, afinal eu não incentivei ninguém.
Eu dei a arma, mas é ele quem decide se vai se matar ou não.
Em casa fizemos uma pequena celebração, sem muito enfeites e com poucas pessoas pra não assusta-lo.
Call está passando por uma fase difícil e está evitando o máximo de contato possível com as pessoas, e até hoje eu não entendo por que mudou da noite pro dia.
Assim que ele chegou da escola e reparou na surpresa que fizemos, ele ficou sem reação.
Deixou a mochila cair no chão, em seguida se aproximou um pouco retraído e se sentou de frente para o bolo.
Ele virou o rosto e olhou pra mim que estava atrás dele e seus olhos transbordaram.
Mas não parecia ser de emoção e sim de tristeza.
Mesmo assim eu tentei deixá-lo o mais confortável possível.
____ Vai, faz um pedido - Incentivei, e ele se assustou um pouco com o tom da minha voz
Depois ele correu os olhos por todos que estavam presentes e começou ofegar, apavorado.
Não tinha muita gente, só a Milena, Noah e a Donna, pessoas que ele convive todos os dias e mesmo assim se sentiu acuado na presença delas.
Tem alguma coisa errada, ele não é assim.
Isso me deixou confusa e preocupada ao mesmo tempo, eu não esperava que ele fosse reagir assim, pensei que ficaria feliz.
____ Call, você está bem ? - Toquei nele, mas ele se levantou subitamente e saiu correndo
Olhei pra Donna sem entender nada, e ela encolheu os ombros, também confusa.
____ Vai atrás dele, eu fico aqui com o Noah - Milena assegurou
____ Obrigada - Sorri fraco pra ela, depois peguei o presente e fui atrás do Call que subiu as escadas, desesperado.
Quando eu entrei em seu quarto, notei que ele chorava sem parar, e me deu muita pena, porque eu não entendia porque ele estava assim.
Não sabia onde estava doendo pra poder ajudar.
Me aproximei com passos lentos e coloquei o presente sobre a mesa de cabeceira e me sentei do seu lado.
____ Call, o que houve? Porque está assim? - Perguntei aflita
Ele não respondeu, e continuou chorando e soluçando.
____ Não gostou da surpresa, hoje é seu aniversário, achei que iria gostar de comemorar.
Ele me ignorou outra vez, então resolvi dar um pouco de espaço pra ele.
____ Se precisar de mim, eu vou estar lá embaixo - Suspirei fundo e fiz menção para levantar, mas ele agarrou o meu braço, subitamente.
Olhei para o meu braço e depois pra ele, e estranhei que ele tinha parado de chorar tão rápido.
Voltei a me sentar, e absorvi um pouco do seu silêncio.
____ Eu tenho pensamentos estranhos - Ele confessou, seriamente
Meu coração acelerou subitamente, porque embora ele ainda não tenha dito, eu posso ter uma noção de como são esses pensamentos.
____ Sobre o que?
Ele hesitou um pouco e depois olhou pra mim com os olhos encharcados.
____ Garotas - Ele sussurrou como se tivesse me contando um segredo - Eu não quero machuca-las, mas não consigo evitar, é mais forte do que eu
Isso me deixou horrorizada, mas tentei manter a calma diante dele, porque não iria adiantar de nada ficar assim.
Engoli a seco.
____ E você já machucou alguma garota?
Tive tanto medo de sua resposta que por um momento desejei ser surda, mas ao invés de dizer.
Ele balançou a cabeça em negação, e isso me fez suspirar aliviada.
____ Mas tentou?
Ele enterrou a cabeça no meu colo e voltou a chorar, descontrolado.
Chorei um pouco com ele, mas depois respirei fundo e acariciei os seus cabelos afim de acalma-lo.
____ Calma, vai ficar tudo bem - Assegurei um pouco em choque
Eu sei que não vai ficar nada bem, porque um garoto que mal entrou na puberdade tendo pensamentos assim, e o pior reagindo a eles, não é um bom sinal.
____ Não, vai não - Choramingou - Tio Dom, vai me matar igual fez com o meu pai
____ Quem te disse isso?
Ele levantou a cabeça e me encarou, irado.
____ Ninguém, mas eu sei que quando as pessoas vão para o porão, elas não voltam mais, e o meu pai foi pra lá
Fiquei sem palavras.
Eu não podia inventar uma desculpa pra justificar o sumiço do pai dele, ninguém contou o que de fato aconteceu com ele e nem o porquê, mas não cabe a mim dizer.
Mas eu tenho que contar pro Dom, já que ele é o responsável pelo garoto, ele tem o direito de saber o que está acontecendo com ele, acredito que ele vai tomar melhor decisão possível.
Porque eu não sei o que fazer em uma situação como essa, se eu pudesse, guardava ele dentro de um potinho e não deixava ninguém chegar perto, mas eu não posso.
Não sei o que a mãe dele faria no meu lugar, acredito que se ela estivesse viva não deixaria tirarem o filho dela, ela lutaria com unhas e dentes pra defende-lo.
Mas não sou a mãe dele, e tenho que tomar uma decisão.
Como vou assumir um cargo de chefe se não sei tomar decisões difíceis, imagina se eu tivesse que mandar matar alguém, e pior se eu tiver que matar com as minhas próprias mãos.i
Essa vida não é pra mim.
Levantei e encarei o garoto, duramente.
____ Você sabe que vou ter que contar isso pro Dom, não sabe?
____ Não, por favor - Ele suplicou se agarrando a mim
Meu coração se partiu em milhões de pedaços, mas se eu não falar, isso pode acabar se agravando e eu não quero que pessoas sejam prejudicadas no futuro, como eu fui.
____ Sinto muito.
Ele suspirou e abaixou a cabeça, eu me senti a pessoa pessoa mais horrível do mundo.
Então agarrei o seu rosto e levantei sua cabeça.
____ Mas já te adianto que não vai acontecer nada - Assegurei, olhando nos seus olhos - Porque você não fez nada, entendeu? Você é só um garoto, está confuso e passando por mudanças, não tem que se sentir culpado..
Ele estudou meus olhos e sorriu fraco, depois me abraçou.
Assim que ele se acalmou, eu peguei o presente e entreguei pra ele.
____Toma, comprei pra você
Ele desembrulhou rapidamente o presente, e me olhou surpreso.
____ Um maço de cigarro?
____ Espero que você nunca precise ascender um, um dia
Ele abriu a caixa e tirou um palito de cigarro de dentro, em seguida colocou entre os dentes e tragou, depois olhou para o mesmo e sorriu impressionado.
____ É dos bons - Disse olhando pra mim - Obrigado, Olivia.
Sorri, mas depois esse sorriso se converteu em lágrimas, pois eu sei que depois o Dom vai tirar ele de mim, e eu não quero que isso aconteça, mas também não posso impedir.
E isso me deixa muito mal.
Porque mesmo que esse menino tenha idade pra ser o meu irmão mais novo, eu o considero como se fosse o meu filho mais velho.
____ Está chorando por que? - Ele perguntou, ingênuo
____ Por nada, vem cá - Puxei ele para um abraço, depois soltei rapidamente, e sai do quarto às pressas
Não queria que ele me visse tendo uma crise de choro.
Chorei horrores, e passei o dia pensando em uma saída pra essa situação, mas não encontrei nenhuma.
E depois que o Dom chegou, eu o chamei pra conversar no quarto e contei tudo.
Depois de pensar um pouco, ele suspirou
____ Eu conheço uma clínica que o procedimento...
____ O que? - Interrompi ele, horrorizada - Você vai castrar ele?
____ Olivia, vai ser melhor pra ele.
____ Não, deve ter outro jeito, vamos contratar um psiquiatra, sei lá, algum que vai conseguir curar ele - Atropelei as palavras - Tem que ter outro jeito
Eu prometi pra mim mesma que não iria surtar, mas depois do que o Dom sugeriu foi impossível me controlar.
Dom agarrou o meu rosto e me fez parar e olhar pra ele.
____ Amor, não tem cura pra isso - Ele falou, me fazendo suspirar pesadamente - Eu errei uma vez, não vou errar de novo
____ Ele é só um garoto inocente - Sussurrei, quase sem ar
____ Demétrio também era e veja no que deu, e foi bom que Call tenha te contado isso e nos poupado de muitos problemas, é preciso cortar o mal pela raiz
Eu não concordei totalmente com a decisão tomada pelo Dom, mas resolvi respeitar, afinal, tomar decisões por aqui ainda não cabe a mim.
Doeu demais deixar ele fazer isso, mas eu não tive escolha.
Como as coisas costumam andar rápido por aqui, no outro dia bem cedo, Call já estava dentro de um carro pronto pra ir para um lugar que ele não conhecia, com pessoas más que vão espetar ele o tempo todo com agulhas.
E aposto que ele vai sentir muito medo, mas pelo menos lá ele não vai machucar mais ninguém.
Eu sei que ele não pode ficar aqui, só que eu não consigo me conformar que um garoto como ele tenha que passar por isso.
Essa é uma doença muito triste, e destrutiva, e ele teve o azar de herda-la do pai.
Não tive forças pra ir lá fora me despedir, só de pensar, minhas pernas travava.
Então fiquei da janela do meu quarto assistindo sua triste partida.
Ninguém foi se despedir dele, ele estava sozinho, desamparado, e isso me deixou ainda mais triste.
Mas antes do carro arrancar ele levantou os olhos e olhou pra mim da janela e sorriu.
Sorri fraco, sentindo um aperto no peito por não ter conseguido ficar do seu lado no último momento.
Ele colocou um palito de cigarro entre os dentes, e depois acenou.
Acenei de volta, e depois que o carro saiu, colei as mãos na janela e acompanhei ele com os olhos até sumir completamente.
Depois voltei pra cama e me sentei nela, em choque.
____ Vou entender que se você não quiser treinar, hoje - Dom disse
Sua voz grave por um momento me fez despertar.
Eu nem notei que ele estava no quarto.
____ Vou sim - Suspirei, depois fui para o banheiro
Eu queria chorar, mas não chorei, pois sei que não vou aprender nada chorando pelos cantos, nem lamentando por coisas que não tem como eu controlar.
Eu queria muito que fosse diferente, mas como não sou eu quem decido isso, só resta me conformar.
Joguei uma água fria no rosto e me olhei no espelho.
Você é forte, e nada te abala.
Repeti isso várias vezes pra mim mesma, até senti que estava começando fazer efeito.
Depois respirei fundo e abri a porta, e olhei pro Dom.
____ Vamos
Ele ficou tão surpreso em me ver tão determinada que, simplesmente, estagnou.
Geralmente ele está acostumado me ver fazendo corpo mole todas as manhãs, e hoje quando justamente é pra eu estar na cama, insisto em treinar.
____ Não vou chamar de novo - Falei, ele finalmente se mexeu
Seguimos até o carro, ele foi dirigindo enquanto eu fiquei olhando a paisagem pelo caminho para distrair os meus pensamentos turbulentos.
O treino foi intenso e cansativo, mas pelo menos eu consegui estravazar um pouco.
Treinar tem sido uma terapia e tanto.
Amanhã eu nem vou estar pensando muito nisso, cada dia aqui é uma emoção diferente e às vezes nem dá tempo de digerir tudo.
E cabe a nós, aceitar e seguir em frente como se nada tivesse acontecido.
É como levar uma pancada forte e fingir que não doeu.
Sem tempo pra sofrer, pra se lamentar, aqui você cai e tem que levantar na mesma hora.
Coragem, é pra poucos, são poucos que arriscam suas vidas pra proteger as pessoas que ama.
Minha mãe jamais pularia na bala por mim, e eu fico surpresa em dizer que também não pularia por ela.
Depois de tudo que ela me fez, acho que pra ela, a morte é pouco.
Mas pelo meu filho, sim, por ele eu sou capaz de tudo.
Admiro que muitos aqui ainda estejam de pé depois de sofrerem perdas irreparáveis, porque se eu perdesse o meu filho, não sei se iria suportar.
Mas nada vai acontecer com ele, pois eu não vou deixar, pra isso terão que me matar.
Eu vou treinar incansavelmente até conseguir alcançar o resultado desejado, e não importa quantas vezes eu cair, sempre vou me levantar, pois não nasci pra ficar na sombra de ninguém, nasci pra lutar.
E quero que a minha mãe veja que eu não sou uma inútil, que eu não dependo mais dela, nem de ninguém pra conseguir o que eu quero.
Dom precisou fazer uma breve viagem, ele não disse pra onde ia, mas disse que assim que voltasse a gente iria sair pra jantar fora.
Em casa eu resolvi ir pra sala de jogos, porque era o único lugar onde eu poderia treinar sem distrações e ficar um pouco sozinha, já que sou a única aqui que está sentindo profundamente a perda do Call.
Todos estão agindo como se fosse um dia normal na vida deles, mas eu não consigo ser assim.
____ Tá botando pra quebrar cunha - Meg disse, aparecendo do nada
Parei de socar o saco de pancada e olhei para ela.
____ Só estou me aquecendo - Falei, ofegante
Ela arremessou uma maçã na minha direção, e eu a peguei no ar.
____ É, e o reflexo também tá bom - Ela elogiou, me fazendo sorri satisfeita
____ É, eu estou melhorando
Ela mordeu a maçã e ficou me encarando por um tempo, com seus olhos puxados e inexpressivos.
____ Está fazendo o que aqui?
____ Vim te buscar, vamos escolher o seu vestido de noiva - Falou com a boca cheia
Fiquei tão animada que por um instante a tristeza sumiu.
____ Sério? Uma tarde só das garotas, isso é incrível..
____ Eu não ia não, mas aquela sua amiga maluca me obrigou..
____ Fico feliz que você aceitou vir com a gente, quando for a sua vez, pode ter certeza que..
Ela empurrou a maçã na minha boca fazendo eu me calar, e depois aproximou o rosto do meu.
____ Anda logo antes que eu mude de ideia - Disse ríspida
Assenti balançando a cabeça, depois mordi a maçã.
Corri para me trocar, eu estava tão empolgada.
Eu estava mesmo precisando me distrair um pouco e nada melhor do que sair com as minhas amigas.
Não acredito que daqui alguns dias eu vou me casar.
Parece um sonho.
Quando saí lá fora, avistei Milena dentro de um mustang branco de escape aberto, toda se sentindo.
Essa é a vida que ela sempre quis.
____ Bora logo piranha - Gritou, buzinando várias vezes
Abri um sorriso do tamanho do mundo e acelerei os passos, animada.
Meg saltou a porta do carro e sentou no banco de trás, e eu me sentei no banco da frente.
A tristeza que eu estava sentindo parecia ter evaporado, dando lugar para uma ansiedade absurda.
Eu não via a hora de entrar no meu vestido de noiva e sair desfilando pelas ruas para que todo mundo soubesse que eu ia me casar.
Seguimos pela cidade cantarolando no carro, menos a Meg, que estava com a cara emburrada e os ouvidos tampados.
Na loja, foram me apresentados alguns vestidos luxuosos e eu pude esperimentar todos.
Um em especial chamou bastante a minha atenção.
____ E então meninas, o que acharam? Perguntei me virando pra elas
____ Eu gostei - Milena disse
____ Tá parecendo um bolo - Meg disse logo em seguida
____ Olhando melhor, não é que parece mesmo - Milena disse, depois começou a rir
Suspirei desanimada.
____ Espera
Milena se levantou às pressas da cadeira e foi até um vestido que estava pendurado no cabide.
____ E que tal esse? - Ela sugeriu trazendo o vestido até mim
____ Ela vai se casar não fazer um cospray de noiva - Meg resmungou
____ E o que você sugere então, Meg?- Perguntei já impaciente
____ Aquele - Ela apontou
Segui seu dedo até um vestido tomara que caia e decotado, estilo rabo de sereia.
____ Sério, esse vestido sem graça - Milena reclamou
____ Sem graça é você - Meg rebateu e a Milena fechou a cara na hora
Meg se levantou e arrancou o vestido das minhas mãos e me empurrou até o espelho.
Em seguida, ela colocou o vestido sobre o meu corpo.
____ Ele pode parecer sem graça por não conter um monte de brilho e renda, mas tem seu próprio brilho e beleza, e nada que alguns acessórios e um belo coque não ajude, deveria dar essa chance pra ele, tenho certeza que ele vai ficar perfeito em você.
Nunca vi a Meg falar tão bem de um vestido, ela nem gosta de vestido.
____ Por que você não experimenta? - Sugeri, entregando o vestido pra ela - Acho que vai ficar melhor em você
____ O que? - Ela riu incrédula - Não, esse é o seu momento, eu não quero estragar
Ela empurrou o vestido de volta pra mim.
____ Esse é o nosso momento, você também vai se casar, porque não aproveita que estamos aqui e escolhe um vestido também
Ela hesitou um pouco, e depois acabou pegando o vestido.
Depois que ela saiu do provador vi que aquele vestido ficou melhor nela do que em mim, apesar de eu não ter experimentado.
Sabe quando um vestido é feito especialmente pra você, então ele foi feito para a Meg.
A levei pra frente do espelho, juntei os seus cabelos e fiz um coque improvisado, e combinou perfeitamente.
Ela se olhou no espelho e ficou muito contente com o que viu, apesar de tentar esconder.
A Milena por outro lado não ficou tão contente, mas forçou um sorriso, e disse que o vestido tinha ficado bonito.
Mas eu a conheço, e sei que por dentro ela deve estar morrendo de inveja.
Eu já estava quase desistindo de procurar um vestido quando finalmente encontrei um que não só me agradou, mas também as meninas.
Isso me deixou aliviada.
Depois foi a vez de escolher uma lingerie pra usar na noite de núpcias.
Do jeito que o Dom é, é capaz dele nem reparar, mas eu quero que seja especial, afinal vai ser nossa primeira noite como casados, e tem que ser inesquecível.
____ Branca ou preta? - Perguntei para as meninas
____ Preta - Milena disse
____ Branca - Meg disse depois
____ Branca, então
Milena bufou de raiva e cruzou os braços
____ Minha opinião pelo visto não está valendo nada aqui - Ela falou, enciumada
____ Ela perguntou e eu respondi, não tenho culpa se ela prefere a minha opinião ao invés da sua - Meg rebateu
____ Eu sou amiga dela..
____ E quem perguntou?
Milena se sentiu ofendida e resolveu partir pra cima da Meg, mas antes mesmo dela dar o primeiro passo, a Meg já tinha colocado uma faca no pescoço dela.
Ela arregalou os olhos e engoliu a seco.
A moça da loja ficou olhando pra gente, assustada.
____ Ok, é melhor a gente sair daqui - Falei, baixando a mão da Meg
Ela tinha um olhar tão focado que nem mesmo o meu toque foi capaz de desconcentrar ela, ela continuou encarando a Milena como se pudesse mata-la só com o olhar.
Milena também a encarava, mas o medo era bem visível em seu olhar, ela estava tremendo.
Depois disso, eu me desculpei com a moça da loja, e saí de lá, furiosa.
Fui andando na frente, enquanto as duas ficaram para trás, levando as sacolas como castigo pelo o que fizeram.
Coloquei o óculos escuros, depois abri a porta do carro e me sentei no banco do motorista.
____ Ei, eu que vou dirigir - Milena resmungou surgindo na porta
____ Cala a boca - Falei, brava
Ela bufou de raiva e entrou no carro, Meg ficou tirando sarro da cara dela.
Mas eu olhei torto pra ela, e ela parou de rir na mesma hora e entrou no carro também.
O clima ficou nebuloso dentro do carro, mas quando chegou na metade do caminho voltou ao normal.
Logo nós estávamos fazendo piada com a situação.
Não tem como ficar com raiva dessas garotas por muito tempo, o engraçado é que elas se odeiam, e mesmo assim concordaram em sair juntas só pra me deixar feliz.
Chega ser comovente.
Se não fosse trágico seria cômico
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