19
Levantei às pressas da cama e fui até a porta, mas antes de passar por ela, Dom me puxou com força fazendo meu corpo se chocar com o dele.
Nossos olhos se encontraram novamente, esqueci até como era respirar.
____ É melhor você não ir até lá, deixa que eu vou - Aconselhou, passando a mão por mim e fechando a porta sem desgrudar os olhos dos meus
____ Mas - Suspirei, olhando para sua boca e depois para o seus olhos vermelhos
É normal em um momento tenso você sentir vontade de beijar alguém?
Ele agarrou o meu rosto com as duas mãos e me empurrou contra a parede, colando seu corpo no meu.
____ Fica aqui - Ordenou um pouco transtornado - Eu já volto
Balancei a cabeça hipnotizada pelo azul intenso do seu olhar, depois fiquei ofegante sem entender o porquê.
Qual necessidade dele fazer isso, agora estou sentindo umas coisas que não era pra sentir, não nesse momento.
Caminhei novamente até a porta, mas quando girei a maçaneta, percebi que ele havia me trancado.
Porra, Dom!
Passei a mão pelos cabelos e suspirei preocupada.
Eu também quero saber o que está acontecendo, pô.
Quando se ouve um tiro no meio da noite, não pode significar boa coisa. E o único quarto que fica próximo do nosso é o da Ruby.
Por favor, que não seja o que eu estou pensando.
Dom voltou e destrancou a porta, olhei pra ele, assustada.
O homem mal parava em pé.
Ele suspirou pesadamente.
____ É a Ruby, ela...
Ele nem precisa terminar a frase, já tenho uma ideia do que possa ter acontecido, porém precisava ver pra crer.
Sai pela porta e me deparei com uma pequena movimentação ao redor do quarto da Ruby.
Paralisei ao ver Tim saindo do quarto carregando o corpo dela, o vermelho havia tomado conta da sua camisola branca, e se espalhado pela roupa dele que parecia bastante abalado, embora tentasse esconder.
No meio dessa tragédia, eu só pensei onde poderia estar as crianças, o bebê continuava chorando e não tinha ninguém tentando consolar ele.
Eu tenho que fazer alguma coisa.
____ Não - Dom agarrou o meu braço, antes de eu dar o primeiro passo
Encarei ele, aflita.
____ O bebê está chorando, preciso ver onde ele está - Choraminguei
____ Deixe que os outros cuidem disso - Disse sem nenhuma emoção - Vamos voltar pra cama
Fuzilei ele com os olhos.
____ Eu não costumo esperar pelos outros, Dom, eu mesmo vou lá e faço - Puxei o meu braço de volta, depois segui para o quarto da Ruby.
Chegando lá, encontrei o bebê aos plantos em cima da cama. Seu rostinho estava coberto de sangue, e ele estava a um passo de cair da cama.
Como ninguém percebeu isso.
Claro, são um bando de curiosos e insensíveis.
Olhei ao redor, e percebi que o outro filho da Ruby, estava sentado em um canto com os olhos fechados e tampando os ouvidos.
Se eu tivesse presenciado uma cena dessa, também iria desejar não ter visto e nem ouvido nada.
Peguei o bebê no colo e balancei ele afim de acalma-lo, mas isso fazia ele chorar cada vez mais, pois ele queria algo que eu não podia trazer de volta.
A mãe.
Quando finalmente ele parou de chorar, fui até o outro garotinho e agachei na frente dele.
____ Ei - Toquei nele, fazendo ele se assustar e abrir os olhos.
Ele olhou pra mim com um medo tão grande que fez meu coração se partir em mil pedaços.
____ Tá tudo bem, já acabou - Estendi a mão e ele demorou um pouco pra segurar
Por fim peguei em sua mão e o tirei daquele cenário horrível, havia sangue por toda parte.
Tinha muitas pessoas reunidas do lado de fora do quarto, mas da família do Dom, só tinha o Tim.
Ele não parecia bem, mas estava lutando para não deixar transparecer, até que chegou uma hora que não aguentou mais e acabou vomitando.
Fiquei preocupada com o seu estado, aposto que estava se contendo por conta do Dom que pro alívio dele nem percebeu que ele tinha passado mal.
Parece que é errado demostrar sentimentos por aqui.
Encarei o Dom com tanto ódio, que se ele for dormir agora é perigoso nem acordar.
Eu não acho que as pessoas têm que conter suas emoções por conta dos outros, eu já fiz muito isso e sei como é horrível.
A gente tem que deixá-las fluírem livremente, e é até melhor.
____ Deixa que eu cuido deles - Donna disse pegando o bebê dos meus braços, e o outro garotinho que se agarrou a ela como se não fosse mais soltar.
Eu nem percebi que estava estagnada no corredor, fiquei tão chocada com a reação do Tim, que eu mesma não consegui reagir.
Esfreguei os olhos para me certificar de que não era um pesadelo.
Que noite horrível, acho que nunca vou me esquecer dela.
Mas ainda faltava achar o outro garoto, que no meio do tumulto acabou fugindo, procurei por todo canto, até avista-lo distante do grupo de pessoas.
Me encarando.
Me assustei com a forma como ele olhava pra mim.
Com muito ódio no coração.
Tentei tirá-lo dali, mas ele se recusou a sair, queria ser levado junto com a mãe, e aquilo doeu em mim.
Por fim, as babás conseguiram tirar ele dali aos berros.
Enquanto Dom estava preocupado com os inimigos do lado de fora, outros estavam crescendo dentro da sua fortaleza. Esse garoto é grande o suficiente pra entender toda a injustiça que fizeram com a mãe, e com certeza vai querer se vingar no futuro.
Após a tragédia todos retornaram para a suas camas, pois ainda era de madrugada, e muitos ali sequer tinham dormido.
Assim como eu.
Deitei minha cabeça no travesseiro, mas não consegui dormir, sempre que fechava os olhos me via aquela cena horrível na cabeça, sem contar que o sangue dela estava na minha roupa, suas palavras soavam a todo instante no meu ouvido.
" Até o fim dessa guerra, muitos vão morrer".
Será que ela previu isso?
Quem mais vai morrer, espero que não seja o Dom, espero que não seja eu.
Aquela mulher estava pedindo socorro, e eu não a ajudei, mas como eu iria ajudá-la se estou praticamente mantida como prisioneira nesse lugar.
Lágrimas escorreram dos meus olhos e uma dor se instalou no meu peito.
Eu queria poder mudar tudo pra melhor, mas o Dom é o poderoso chefão aqui, e eu não posso ir contra a vontade dele.
Será que tem como eu mudar o pensamento dele?
Que bobagem, quem sou eu na fila do pão? Sai de uma favela, nem terminei os estudos, o que posso saber sobre liderar uma facção criminosa?
Meu Deus, o que será dessas crianças, sem pai, sem mãe, e vivendo em lugar como esse?
O dia amanheceu diante dos meus olhos. Dom se levantou e foi até o banheiro, tomou um banho quente, e se arrumou como se fosse um dia normal.
Não sei como ele consegue.
Eu não consigo nem levantar da cama, sinto um peso enorme, uma vontade de chorar, mas as lágrimas estão entaladas, esperando o momento certo pra cair.
Mas tenho que reunir forças pra ir pelo menos no enterro dessa pobre mulher, é a única coisa que posso fazer por ela.
Levantei e caminhei relutante até o banheiro, tomei um banho, e me vesti de preto da cabeça aos pés.
Desci pra sala e encontrei Dom e os outros se preparando pra sairem, estavam todos de preto, mas não pra simbolizar o luto e sim a guague da qual eles fazem parte.
Escorei na parede, e cruzei os braços, observando eles.
Não estão nem aí pra Ruby e suas crianças que vão ficar órfãs, tudo o que importa pra eles é dinheiro e dinheiro, nada mais.
Dom veio até mim com toda a sua elegância e beleza.
____ Você está bem, meu anjo? - Perguntou, me fazendo olhar pra ele e erguer as sobrancelhas, surpresa.
Olho só, ele se importa comigo.
____ Não como você, mas estou bem.
____ Ótimo.
Ele segurou meu rosto e depositou um beijo na minha testa depois retornou para o seu grupo.
É impressão minha ou quando ele bebe além de alegre, fica mais carinhoso. Porque o que eu vi lá dentro do quarto foi uma demonstração exagerada de carinho.
Cada dia que passa estou descobrindo mais coisas sobre ele.
____ Cadê o Tim? - Ele perguntou pros os outros.
Eu não tinha percebido que Tim não estava com eles. Quando o Dom está no meu campo de visão, eu não vejo mais nada, na verdade eu não queria que ele fosse trabalhar, eu queria ficar deitada sobre o peito dele reclamando das minhas dores mais profundas, mas vou ter que me acostumar a não tê-lo sempre por perto.
Já que ele deve ser líder de uma seita violenta, e tem que está o tempo todo matando pra sobreviver.
____ Esta pregado na cama, não sai de lá por nada, eu já tentei de tudo - Billy falou
____ A mulher comete o suicídio, e é ele quem morre - Demetrio comentou
E que comentário infeliz, só podia ter partido dele.
____ Acho que você deveria pelo menos respeitar o sentimento dos outros - Repreendi
Ele me encarou e o sorriso sumiu rapidamente do seu rosto.
____ Bom dia, Olivia, não tinha percebido você aí, tão pequena que às vezes nem dá pra notar - Disse com um tom de deboche
Eu tinha esquecido de mencionar que todo mundo é alto nessa casa, e olha que eu nem sou tão baixa assim.
____ E você se nota pela grande falta de noção - Retruquei e os outros começaram rir, até mesmo o Dom.
O olhar de Demétrio me intimidou um pouco, mas não recuei.
____ Não se mede a competência de uma mulher pelo seu tamanho, irmão - Meg comentou o fazendo ficar ainda mais furioso
____ Tim só está mal, porque bebeu demais gente - Joe defendeu - Talvez seja melhor deixá-lo descansar
Demétrio se aproximou dele e olhou dentro dos seus olhos o fazendo murchar.
____ O único motivo para faltarmos os nossos compromissos é só se estivermos mortos - Rosnou
____ Deixe o nosso pistoleiro descansar, sua indisposição só irá atrapalhar os negócios, amanhã acredito que ele vai está melhor - Dom por fim falou, fazendo todo mundo automaticamente concordar, exceto o Demétrio que o encarou irado.
____ Se colocar os seus soldados pra descansarem, não vai conseguir vencer essa guerra, irmão - Demétrio soltou entre os dentes
Dom o ignorou e seguiu até a porta, os outros fizeram o mesmo, mas antes de sair, Demétrio me lançou um olhar vingativo que fez meu corpo arrepiar.
.....
Fui até o salão onde estava acontecendo o velório da Ruby. Havia poucas pessoas, a maioria delas eram funcionários da casa.
Pessoas normais que se compadecem com a dor do outro, até porque eles também são vítimas nisso tudo, pagas para trabalhar e manterem a boca fechada.
Me aproximei da Donna que estava próxima ao caixão.
____ Onde estão as crianças? - Cochichei
____ Foram mandadas para um orfanato - Ela disse tranquilamente, alisava o rosto pálido da Ruby sobre o véu.
____ O que? - Questionei, indignada - Então é isso que eles fazem, as mães morrem e eles mandam os filhos para um orfanato? porque eles não podem ficar aqui, já que carregam o tal sobrenome.
Donna terminou sua oração e olhou pra mim.
____ Já temos crianças traumatizadas demais por aqui, Olivia
Suspirei arrasada, e as lágrimas continuaram entaladas, provocando uma angústia muito grande em mim.
Eu estava inquieta, meu coração estava muito acelerado, e não conseguia respirar.
____ Eu não sou como o Dom, pra mim você pode chorar - Donna disse agarrando as minhas mãos.
Olhei para suas mãos e depois pra ela, e automaticamente meus olhos se encheram.
Minha mãe nunca disse que eu podia chorar, ela sempre falava pra mim engolir o choro, parar de frescura, e ouvir isso da Donna me deixou mais aliviada.
Suas palavras foram a gota d'água para que eu pudesse transbordar, eu a abracei forte e senti um conforto tão grande, como se ela fosse a minha mãe, me pedindo perdão por ter me dito que era feio chorar, e que eu não precisaria mais chorar mais escondido.
Dói tanto ter uma mãe e ao mesmo tempo não ter.
____ Nada é justo aqui, e sempre que quiser chorar, tem o meu ombro, querida - Consolou
____ Tá, obrigado - Suspirei, limpando as lágrimas dos olhos e me recompondo - Sabe onde o Tim está?
____ Ele não foi trabalhar? Então provavelmente deve estar morto, eu vou verificar.
____ Não - Segurei em seu braço e forcei um sorriso - Eu vou, fica aqui caso mais alguém precise do seu ombro
Eu senti que essa conversa com o Tim vai ser longa e profunda, depois do que presenciei mais cedo, e ele não vai conseguir se abrir com um membro da família presente.
E afinal de contas, eu sou uma boa ouvinte, muitos dos homens que eu acompanhava, me pagavam só para poderem desabar sobre suas vidas monótonas, e no fim das contas, era até melhor.
____ Ok - Donna sorriu fraco - No final do corredor à esquerda, número cento e trinta e dois.
Caminhei pelo longo corredor procurando de porta em porta até achar o número correspondente ao que Donna falou.
A porta do quarto estava entreaberta, e pouco não levei um tiro.
Tem razão ele ser o pistoleiro, nunca erra, mesmo desolado.
Aquela bala iria acertar a minha cabeça em cheio se eu não tivesse empurrado a porta primeiro ao invés de entrar de uma vez.
Depois do que eu vi a Meg fazer, decidi ser mais cautelosa.
____ Tim, sou eu, Olivia - Falei calma, levantando as mãos em rendição
____ Tá fazendo o que aqui? - Perguntou ainda apontando a arma pra mim
____ Eu só vim saber se você está bem, eu te vi vomitando mais cedo, não se preocupe eu não vou contar nada pro Dom, pode confiar em mim.
____ Eu estou bem - Disse irado, enquanto uma lágrima ameaçava cair dos seus olhos
Na verdade, aquela lágrima parecia ser a última, já que seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar.
Ele estava largado no chão, completamente bêbado e desolado, contado somente com a cama como escora pra não cair.
Acompanhado por garrafas vazias e um grande sentimento de culpa
Fechei a porta devagar, e andei na direção dele.
____ Não se aproxime - Disse entre os dentes, me fazendo parar
____ Tim, o que houve?
____ Nada - Cuspiu as palavras
____ Como nada, olha o seu estado? Eu entendo que você gostava da Ruby, mas não imaginava que fosse tanto.
Dei mais alguns passos até ele.
____ Eu disse que não é pra se aproximar, caralho - Gritou e as lágrimas saltaram dos seus olhos
____ Tim, eu estou do seu lado, não vou contar nada, eu prometo.
Vendo que havia demonstrado mais do que deveria, ele acabou cedendo, deixando a arma cair pesadamente ao lado do seu corpo.
Ele agarrou os cabelos e se espremeu dolorosamente, depois me olhou ofegante e com os seus olhos azuis mergulhados em lágrimas.
____ Eu a amava - Franziu as sobrancelhas, arrasado - Tínhamos um caso
Ele encarou suas mãos trêmulas e ensaguentadas, e eu me sentei do seu lado, surpresa e ao mesmo tempo comovida com o que ele acabou de revelar.
____ Meu defeito é sempre cobiçar o que não é meu, e com a Ruby não foi diferente - Ele me olhou
____ Tim, eu sinto muito.
Seu rosto se desmanchou em dor.
____ Temos um filho - Confessou amargamente
____ Qual deles? - Perguntei sem conseguir conter as lágrimas
____ O que eu peguei no colo.
Tampei a boca chocada, ao me lembrar do garotinho que encontrei sentado em um canto do quarto.
____ Meu Deus Tim - Suspirei - Eles tiveram outro bebê após isso
____ Sim, a Ruby me fez manter isso em segredo por um tempo, assim como o nosso caso, mas eu não aguentava ouvir o meu irmão chamando ele de filho, e simulando a família feliz que eles não eram, quando ele espancavam a ruby, e maltratava o meu filho, minha vontade era de encher a cabeça dele de bala, eu sentia minhas mãos formigando, e agradeço que alguém tenha feito isso por mim.
____ Que horror.
____ Mas agora meu filho foi tirado de mim, e com que direito? - Rosnou, arremessando a garrafa contra a parede me deixando assustada.
Os cacos se espalharam pelo chão, e ele pegou um e apertou contra sua mão.
____ Tim, não faz isso, você vai se machucar - Be
____ E daí, não existe dor no mundo pior do que essa - Me olhou, arrasado - Ele acha que pode mandar em tudo, punir todo mundo, e eu não posso nem sofrer, não pude impedir que meu filho fosse levado de mim, pra que eu sirvo?
Ele começou a quebrar tudo o que tinha no quarto dominado por um fúria incontrolável.
Me levantei do chão, e esperei ele canalizar toda a sua raiva pra poder intervir, ou eu poderia ser a próxima vítima da sua ira.
____ Sim, eu te entendo, e lamento muito que você tenha que passar por isso, eu não consigo imaginar a dor que você está sentindo agora...
Ele parou e olhou pra mim, irado.
____ Era o meu filho, porra - Apontou para si mesmo com os olhos encharcados - Meu, e se tinha alguém que tinha que cuidar dele era eu, eu não consigo nem olhar pro Dom.. eu não sei lidar com essa dor, tá tudo quebrado dentro de mim, tá tudo quebrado há muito tempo, e tudo o que eu fiz foi juntar os cacos e enfiar debaixo do tapete, mas agora tá tudo espalhado e eu não estou conseguindo juntar, e sempre que eu tento, eu me corto, e dói..
Ele me mostrou a sua mão cortada, e o sangue escorrendo entre os seus dedos, isso fez chorar.
Eu sinto pena dele, ele perdeu uma pessoa que amava muito, isso deve doer pra caramba, mas se não estivesse se envolvido com a mulher dos outros, isso não teria acontecido.
Ele traiu o irmão, e isso deve ser algo muito grave pra eles, se não, não estaria sofrendo tanto, sendo que isso é algo que acontece o tempo todo nas melhores famílias.
____Viver não tem nenhum sentido pra mim agora - Suspirou
Peguei uma gravata no seu guarda roupa e enrolei em sua mão para estancar o sangue, depois peguei a sua outra mão e encarei seus olhos profundamente.
____ Eu sei que é difícil viver quando tiram uma parte de você, mas pense pelo lado bom, seu filho foi mandado para um lugar onde ele terá a possibilidade de encontrar uma família de verdade, que vai acolher ele com amor, ele vai poder andar pelas ruas sem medo, não vai precisar ser retalhado na escola por conta do sobrenome que carrega, ele terá a oportunidade de crescer longe de dessa loucura toda, e um dia ele vai querer conhecer o pai de verdade, vai querer saber sua história de vida, e você vai poder olhar ele nos olhos e contar tudo, vai ver que ele não se tornou um jovem traumatizado, e verá que suas mãos não estão sujas de sangue, e você claramente vai se orgulhar dele por isso, mas pra isso meu amigo, é preciso que você fique vivo.
Ele sorriu em meio às lágrimas e balançou a cabeça positivamente.
Eu sei que posso está errada, mas pelo menos isso trouxe uma esperança pra ele.
____ Fique vivo, por favor, precisamos de você, você é o nosso pistoleiro que nunca erra - Sorri agarrando suas mãos firmes, e ele riu em meio as lágrimas
Ele correu os olhos pelo meu rosto, depois brincou com uma mecha do meu cabelo.
____ Tá bom? - Procurei seus olhos
Ele apenas balançou a cabeça, como se estivesse dominado por uma emoção que nunca tinha sentido antes.
Ele parece não
____ Agora vem cá - Puxei ele para um abraço, e suspirei pesadamente, mas depois percebi que esse abraço estava ficando apertado demais, então eu o empurrei, e percebi o sorriso descarado crescendo em seu rosto.
____ Você não aprende mesmo, não é?
____ Eu não sei se vou ter outra oportunidade como essa, então resolvi aproveitar - Disse com um sorriso malicioso me fazendo rir
Em seguida ele pegou a sua arma do chão e passou por mim indo em direção a porta, mas antes de sair, ele se virou e me encarou.
____ Obrigado - Sorriu fraco - Me sinto bem melhor agora, vou jogar uma água no rosto e sair para estourar umas cabeças.
Ele piscou pra mim, depois saiu.
Fiquei parada com sorriso no rosto, me sentindo realizada por ter conseguido ajudar alguém, mesmo sendo a pessoa que mais precisa de ajuda.
Eu sempre me senti inútil, sempre achei que não prestava pra nada, e ouvir esse simples obrigado, significou muito pra mim.
Parece que estou começando a gostar dessa vida, isso é preocupante.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro