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-30²

Para vocês terem uma ideia de como as coisas nessa fic estão pesadas, essa foi a reação da fakelove_luv ao ouvir o que eu faria em Vendetta:

Enfim, se preparem :)

~♥️~

Jeon Jungkook

Jungkook poderia dizer que respondeu Taehyung de forma apropriada, que disse tudo o que estava entalado em sua garganta, mas a realidade é que por mais que quisesse dizer o quanto ele estava errado, sua voz ficou presa na garganta junto com suas palavras, que fez companhia com o bolo que se formou entre ela. Estava abalado pelo que houve com Hailey, sua cabeça ainda estava confusa e seus sentimentos uma bagunça, estava sobrecarregado com a reviravolta que sua vida teve de uma hora para outra, estava tudo acumulado em seu peito e Jungkook não sabia lidar com o peso que fora colocado em suas costas.

Entendia que Taehyung estava chateado com o que havia acontecido no passado, entendia que foi realmente trágica a maneira como os dois ficaram após o acontecido, por isso, embora eles discutissem a maioria do tempo que estavam juntos, nunca o julgou por guardar ressentimento, já que realmente havia motivos para tal. Mas isso não deixava de doer, não deixava de fazê-lo mal, porque nunca imaginou que Taehyung podia ser tão frio com uma pessoa que errou ao tentar acertar, que podia ser tão frio com ele, Jungkook sabia o que fazia na época, estava triste também, mas se tivesse a oportunidade, não faria nada diferente.

— Pode dizer o que quiser, me machuque mais do que eu já estou machucado, jogue sal na minha ferida, ria da forma que eu fui traído — Jungkook segurou o choro, embora não conseguisse impedir que seus olhos ficassem marejados. — Se ver eu me sentindo miserável vai fazer você se sentir melhor então continue, porque foi por isso que eu fiz o que fiz, eu abri mão da minha felicidade para você ter a chance de ser feliz. Então não aja como o injustiçado quando eu tive que largar tudo para te proteger!

— Eu não pedi que você fizesse nada disso Jungkook — respondeu com ressentimento nítido.

— Eu não queria que você tivesse que escolher — virou-se de costas, não queria demonstrar o quão vulnerável estava naquele momento. — Então eu fiz esse sacrifício por você.

— Muito obrigado por isso Jungkook, realmente foi a melhor decisão a ser tomada! — Taehyung disse com puro sarcasmo, se não estivesse com as mãos ocupadas ele com certeza bateria palmas.

— Vendo o seu comportamento de hoje, eu tenho certeza disso — virou-se para encará-lo uma última vez. — Se fosse isso que eu receberia caso eu não tivesse feito o que fiz, o arrependimento teria sido muito maior, porque a forma que você me trata agora mostra que eu tomei a decisão certa.

Suas palavras pela primeira vez pareceram atingir Taehyung, pois a rigidez de sua expressão sumiu e deu lugar a uma que Jungkook não soube decifrar, mas ele não esperou por uma resposta, apenas continuou seu caminho sem olhar para trás. Sabia que sua decisão iria magoar Taehyung na época, mas não teria feito nada daquilo sem um motivo, esperava que ele fosse esquecer depois de um tempo, mas passou-se três anos e ele o tratava como o pior dos seres humanos. E embora seu objetivo tenha se concretizado, a maneira que Taehyung o tratava mostrava que não valia a pena contar o motivo de seus atos, ele não era mais homem que conhecia anos atrás.

Não importava mais.

Caminharam até o arsenal em total silêncio, pegaram mais caixotes com armas e proteções antes de fazer o caminho para o elevador, o clima entre os dois se possível estava mais tenso que o normal. Jungkook estava com um caixote nas mãos e olhava para qualquer coisa que não fosse a pessoa ao seu lado, já Taehyung havia adotado um silêncio mórbido que não combinava com ele. Normalmente ele sempre dizia algo para irritá-lo ou o provocava enquanto atirava farpas sobre o passado, por isso Jungkook soube que havia conseguido atingi-lo, ele estava quieto demais.

Quando a porta dupla do elevador foi aberta os dois saíram juntos, estavam no último andar, apenas uma câmara, uma escada e portão de aço os separavam da superfície e dos perigos dela, ali era uma salinha que no passado provavelmente era um tipo de escritório ou recepção, mas que os Sussurradores transformaram em uma base. San, Hoseok, Minjae e Lisa estavam de pé, de braços cruzados e com uma feição séria, enquanto os novos Sentinelas estavam todos agrupados em um canto como crianças de castigo, o que o fez segurar o riso.

— Trouxemos tudo — Jungkook disse ao se aproximar de uma mesa e colocou os caixotes sobre ela. — No canto da sala tem armários, San e Hoseok darão a vocês casacos e botas.

— Lisa e Minjae lhes darão as proteções e as armas — Taehyung completou, após colocar a caixa que segurava sobre a mesa também.

Jungkook caminhou até os armários, pegou um casaco e uma bota, os vestiu e se certificou que estavam bem abotoados e amarrados, sentia o olhar de Taehyung sobre ele e embora estivesse em silêncio, sabia que queria dizer algo, mas Jungkook não estava nem um pouco curioso para ouvir o que ele tinha a dizer. Caminhou até as caixas, colocou uma faca no bolso de sua calça, uma pistola em seu coldre e amarrou as placas de aço em seus antebraços, enquanto todos à sua volta faziam o mesmo com a supervisão dos Sentinelas, para que todos estivessem devidamente protegidos.

Ele precisava se concentrar, vidas estavam em jogo, inclusive a sua, não podia se dar o luxo de se distrair com os próprios problemas quando um erro dele poderia causar diversas mortes, todos tinham alguém para quem voltar, não podia se distrair e acabar resultando na morte de alguém. Por isso, quando estava completamente equipado com todas as armas e proteções esperou que os outros também terminassem, entregou os inibidores a cada um, incluindo seus parceiros e Taehyung, que não fez contato visual quando chegou sua vez.

— Apliquem quatro borrifadas, uma no peito, uma no pescoço e uma em cada pulso — Jungkook enquanto aplicava em si mesmo, para demonstrar. — Preparem-se, o cheiro é bem desagradável.

Todos seguiram suas instruções e aplicaram em si mesmos, as caretas quando o fedor forte inundou suas narinas foi inevitável, era tão desagradável que embrulhava até mesmo o próprio estômago de Jungkook, que já estava acostumado com o odor fétido. Os inibidores tinham um cheiro forte de carne apodrecida, causava um desconforto imenso ao olfato, alguns ficaram enjoados com o odor forte, mas não havia maneira melhor de despistar um Espreitador. Quando todos pareciam ter se acostumado um pouco com o cheiro, Taehyung e seus parceiros se colocaram em posição, na frente da câmara de desinfecção.

— Nós agora vamos passar pela câmara de desinfecção — Taehyung explicou. — Não toquem em absolutamente nada lá dentro, mesmo que estejam de luvas, tudo lá dentro foi descartado para evitar a contaminação. Quando voltarmos tudo o que estiver com sangue ou qualquer fluido de fora, será deixado lá dentro.

— A limpeza dos materiais é feita a cada duas semanas, tempo que o vírus morre sem um hospedeiro vivo — Jungkook explicou após colocar seus óculos de proteção e todos fizeram o mesmo.

— Esse é o tempo necessário caso queiram tocar em algo sem se infectar também — Taehyung destravou sua arma, seus parceiros e Jungkook fizeram o mesmo. — Antigamente a câmara faria o trabalho de descontaminar vocês usando jatos de sanitizante, mas ela só é usada em casos extremos, então nós mesmos faremos o trabalho dela. Não entraremos em nossa resistência com nada vindo de fora.

— Todos prontos? — Jungkook perguntou, observou quando todos os novos sentinelas assentiram. — Não façam nenhum ruído lá fora sem uma ordem expressa, qualquer barulho pode colocar nossas vidas em risco, todos entendidos?

— Sim, senhor! — Disseram em uníssono.

Jungkook assentiu e caminhou até a porta que levava a câmara, quando a abriu revelou roupas, armas e proteções sujas com sangue de contagiados, caminhou até a outra saída e deixou que Hoseok fechasse a porta atrás deles. Todos atrás dele, pareciam assustados com a quantidade de sangue nas vestes e proteções, mas eles veriam a partir daquele dia que o que mais teriam em suas mãos seria sangue, teriam que se acostumar ou seriam mortos. Taehyung abriu a porta que os levaria a escadaria, ela os levava para a saída do laboratório, após todos saírem da sala, Hoseok fechou o vetor feito de titânio que os impedia de entrar em um local seguro.

Estavam agora na frente do portão de aço que os deixava a salvo dos perigos da superfície, havia uma tranca giratória na porta, ela era pesada e grossa, a prova de balas, foi feita para suportar altos calibres e desastres naturais, tudo para manter o laboratório seguro. Jungkook se perguntava o que eles faziam naquele laboratório no passado, para precisar de uma porta que suporta uma bala de canhão, uma proteção muito exagerada para algo feito pelo governo. Se não houvesse documentos que falassem sobre isso no laboratório, com certeza cogitaria a hipótese do vírus ter saído de lá.

Taehyung lhe encarou antes de caminhar até a porta, uma troca de olhares que trazia muitos significados, mas a maioria deles sempre significavam a mesma coisa: "lá fora não há ressentimentos", fora do laboratório existia apenas companheirismo. Quando a porta foi aberta todos se puseram em alerta, Jungkook como sempre foi o primeiro a sair, ele olhou em volta, observou com atenção a mata densa e com muita cautela deu passos pequenos e silenciosos, olhou atentamente para todos os arredores com desconfiança e cuidado extra, certificou-se de que não havia ameaças próximas que os colocasse em perigo.

Deu passos maiores e cautelosos para fora, com a faca tática em mãos, pronto para se defender caso precisasse, olhou em cima da colina onde a porta ficava e certificou-se que não havia nenhuma criatura pronta para emboscá-los no alto. Não havia nenhum som suspeito, apenas o cantar dos pássaros e do vento que batia nas folhas, sem qualquer sinal de contagiados ou sobreviventes, por isso sinalizou para Taehyung, seu gesto dizia silenciosamente que estavam seguros por hora, o que o fez assentir e pedir que os outros o seguissem.

Jungkook quis elogiar os novos Sentinelas pela eficiência em se colocarem em posição de defesa assim que pisaram fora da área segura, mas ficou em silêncio e se colocou à frente deles. Sendo o líder dos Sentinelas e Especialista em combates, ele sempre ficava à frente do grupo, para ser a defesa e o ataque do grupo, Taehyung ficava logo atrás, enquanto seus parceiros se colocavam na retaguarda. Todos ficaram em completo silêncio enquanto caminhavam para longe do laboratório.

O caminho até a cidade levava uns vinte minutos por um caminho mata adentro, pois o laboratório que viviam era como um abrigo subterrâneo, escondido de olhos curiosos, sendo assim, um esconderijo perfeito para sobreviver longe do perigo. Enquanto caminhavam mantinham os ouvidos e os olhos atentos, pois mesmo que fosse raro haver um contagiado perdido no meio do mato, poderia haver animais à espera de uma vítima desatenta aparecer. Mas conseguiram passar pela trilha sem quaisquer problemas, quando chegaram até uma estrada, que dava para uma cidade não muito longe de onde estavam, todos pararam.

— Nós iremos caminhar pela estrada agora, estaremos à vista, por isso estejam ainda mais atentos aos arredores — Jungkook disse ao virar-se para encará-los. — Nós estamos indo em direção ao shopping, onde nos dividiremos em dois grupos. — Após sua fala um garoto levantou a mão e pediu permissão para falar. — Sim?

— Sobre o caminho até o shopping, iremos pelo centro ou pegaremos vias alternativas? — Ele perguntou um pouco tímido. Os Sentinelas haviam ensinado-lhes sobre os mapas da cidade, por isso sabiam onde era e como chegar ao shopping.

— No centro da cidade há muitos contagiados, evitamos ao máximo passar por lá — Taehyung respondeu por Jungkook, que assentiu.

— Iremos contornar o centro, entraremos pelo estacionamento do shopping — Jungkook esclareceu e o garoto assentiu.

Segurou sua faca com mais firmeza e então Jungkook caminhou na frente, seguiu até o final da estrada atento a qualquer movimentação estranha, todos andavam em silêncio, tentavam fazer o mínimo de ruído possível com seus passos. O tempo estava nublado, havia névoa por todo o lado e isso dificultava a visão, a estrada estava molhada devido à umidade, então estava um pouco frio graças ao vento e a névoa, o que fez Jungkook praguejar mentalmente, não era um bom dia para sair. Quando chegaram enfim à cidade, todos se esgueiraram por trás de carros e usaram a névoa a favor deles.

O shopping não era longe de onde estavam, por isso não levariam muito tempo para chegar, estava apenas preocupado com a curiosidade dos novos Sentinelas na cidade, pois era a primeira vez que viam o lado de fora. Jungkook havia ficado daquela maneira ao sair pela primeira vez, a vegetação havia tomado conta de todo o espaço, muitas coisas haviam se deteriorado com o tempo, mas não deixava de ser bonito olhar para os grandes prédios e imaginar como era a vida antes dos contagiados. Porém, era uma distração perigosa.

— Bem-vindos a Seattle — Jungkook disse baixinho.

Quando chegaram ao estacionamento do shopping, após passar por diversos becos e ruas alternativas, encontraram apenas dois contagiados desgarrados pelo caminho, mas foram neutralizados sem demora por Jungkook e San, por isso chegaram ao seu destino sem mais problemas. Agora seria a hora de tomarem precauções extras, estavam justamente a caminho de um lugar com diversos contagiados para testar os novos Sentinelas, mas podiam haver mais do que apenas Corredores lá dentro, por isso suspirou, esperava que tudo desse certo e não perdessem ninguém.

— Chegou a hora — Jungkook disse a Taehyung, que assentiu.

— Dividam-se em dois grupos — Taehyung pediu e os Sentinelas se dividiram, cada grupo ficou de frente para um líder. — Será por pouco tempo. — Ele disse e Jungkook franziu o cenho, mas entendeu assim que viu o casal de namoradas assentir antes de se separarem.

— Ótimo — virou-se para Taehyung. — Vou deixar um dos meus Sentinelas com você, por precaução, pode ceder um de seus Especialistas?

— Claro — ele virou-se para seus companheiros. — Lisa, pode acompanhá-los?

— Claro — ela concordou e caminhou até estar ao lado de Jungkook, que pediu a Hoseok para acompanhar o grupo de Taehyung.

— Cuide-se — Hoseok pediu a Jungkook, enquanto caminhava até Taehyung.

— Nos encontramos no ponto de sempre quando terminarmos — Jungkook disse para Taehyung, que assentiu.

Os dois apenas trocaram um olhar um tanto demorado antes de seguirem caminhos separados, Lisa e San estavam na retaguarda, para cobri-los, enquanto Jungkook caminhava na frente. A passagem por onde entrariam seguiria pelos corredores usados pelos funcionários, eles já haviam limpado a área anteriormente e trancado as portas, por isso não havia perigos ali. Todos estavam novamente em silêncio, Jungkook sabia que Lisa precisava de silêncio e concentração para trabalhar, assim como Taehyung e Minjae.

Quando passaram por alguns corredores viram alguns rastros de morte, como esqueletos que um dia já foram corpos de muitos anos, totalmente decompostos no chão e manchas pretas nas paredes, prova de que um dia aquilo já foi o sangue de alguém. Chegaram até uma porta, onde Jungkook teve que tirar a madeira que usavam para bloqueá-la, tentou fazer o mínimo barulho possível com o ato. Após colocar a madeira no chão, ele encarou os Sentinelas e os viu apreensivos, sabiam o que esperava por eles atrás daquela porta. Jungkook queria poder dizer que ficaria tudo bem, mas nem mesmo ele sabia se voltaria para casa vivo naquele dia.

— Depois que eu abrir essa porta, vocês estarão à minha frente — Jungkook disse enquanto passava o olhar por cada um. — San, Lisa e eu só iremos intervir por vocês caso apareça alguma classe que não seja de Corredores. Lisa irá fazer o reconhecimento enquanto vocês entrarão em combate. Estão prontos?

A feição de todos dizia que não, estavam apavorados e loucos para fugir, mas não fariam isso ou morreriam, deveriam ter desistido quando estavam na segurança da resistência, ali havia perigo a cada metro quadrado. Jungkook não esperou por uma resposta, apenas abriu a porta e observou os seis Sentinelas respirarem fundo, todos ergueram suas facas e caminharam para fora em pose de defesa, seguidos por Jungkook e seus parceiros. Assim que passou pela porta Jungkook observou o lugar, estavam em uma espécie de corredor, haviam várias lojas, ou seja, vários lugares para contagiados se esconderem.

— Continuem andando — San disse baixinho quando percebeu que não havia nenhum contagiado pelo corredor. — Não se deixem enganar, esse lugar nunca está vazio.

— Olhos no teto — Lisa completou, mas seu olhar chamou a atenção de Jungkook.

— Algum problema? — Ele perguntou preocupado, o que chamou a atenção de San, que se aproximou para ouvir.

— Estão vendo aquelas marcas de garras? — Ela apontou para uma das lojas, os vidros estavam quebrados, mas no letreiro da loja havia diversos arranhões. — Um Corredor não faria isso, seria provável que fossem Empilhadores, mas eles não têm garras para isso. Só uma criatura é capaz de deixar uma marca como aquela.

— Um Cuspidor? — Jungkook perguntou e Lisa assentiu. Praguejou baixinho para não chamar atenção dos recrutas, eles já estavam assustados demais.

— A prova é este corredor vazio, as classes mais avançadas de contagiados são territorialistas, então as classes mais baixas saem quando há um mais forte presente. É a lei do mais forte, o território é dele, então ele deve estar aqui, em algum lugar.

— Teremos que cuidar dele então — San disse atento aos arredores.

— Mas não podemos descartar a hipótese de ser outro. Embora aquelas marcas sejam com certeza de um Cuspidor, ele pode ter ido embora caso tenha aparecido outra classe superior, faz tempo que nós não viemos aqui — ela focou o olhar em seus olhos. — Mas é certeza que não há somente corredores neste shopping.

— Merda! Era tudo o que precisávamos mesmo — revirou os olhos e suspirou, mas logo voltou a focar nos Sentinelas. — Olhos abertos, não quero enterrar corpos hoje.

Lisa e San assentiram e caminharam atrás dos Sentinelas, que andavam na frente em posições defensivas, assim como foram ensinados a fazer, estavam atentos a barulhos e sinais de movimentos. Jungkook sabia que estavam com medo, mas estavam sendo ótimos em esconder aquele fato, pois suas posturas eram perfeitas, mesmo que fossem iniciantes, ele esperava apenas que essa postura não mudasse quando o primeiro contagiado aparecesse. O que não demoraria a acontecer, já que o shopping era um ponto de passagem de diversos contagiados.

Quando chegaram ao final do corredor de lojas onde estavam, se depararam com uma área com apenas bancos e plantas, havia uma claraboia em cima de suas cabeças, que iluminava um pouco o lugar, apesar de o céu estar encoberto pelas nuvens, o vidro permitia que a fraca luz deixasse o espaço menos sombrio. Mas o que chamou a atenção de todos foram os infectados, havia no mínimo uma dúzia espalhados pelo lugar, o que Jungkook praguejar novamente, não era para ter tantos reunidos em apenas um lugar, mas eles conseguiriam lidar com todos se cada Sentinela se encarregasse de um.

— Chegou a hora — Jungkook disse a todos e em seguida colocou seu indicador e polegar nos lábios, assoviou e chamou a atenção dos contagiados. — Cada um cuidará de um, deixe o restante conosco.

Jungkook não demorou a avançar e os outros fazeram o mesmo, Lisa e San se dividiram, cada um foi para uma extremidade enquanto ele corria para o centro. Os contagiados começaram a rosnar e correr em direção a eles, Jungkook contou enquanto se aproximava, haviam... Dois, quatro, seis, oito, dez, doze... Treze contagiados. Estavam todos espalhados, então não seria tão difícil de contê-los, já que estavam se espalhando para pegar o sobrevivente mais próximo, ou seja, ele mesmo. Jungkook desviou de alguns com destreza e os deixou para os Sentinelas em treinamento.

Deixou passar exatamente seis contagiados, se abaixou, desviou e derrubou os que não conseguia evitar e correu em direção àqueles que estavam mais atrás, durante o percurso pôde ver pela visão periférica que Lisa e San os cercaram no centro do lugar. Os Sussurradores eram como lobos, sempre andavam em grupo, jamais se separavam de sua alcateia, eles cercavam suas presas e as continham como os exímios predadores que eram, era exatamente isso que fizeram naquele momento.

Quando Jungkook alcançou o primeiro contagiado que devia conter, colocou seu antebraço na frente de seu corpo e viu o momento em que o contagiado enfiou os dentes na placa de aço, era fácil contê-los quando estavam sempre focados em arreganhar a boca e mordê-los, por isso não hesitou em afundar a lâmina de sua faca na cabeça dele, o derrubou e respirou fundo, para recuperar seu fôlego. O corpo desfalecido do contagiado caiu aos seus pés enquanto se permitiu olhar para os lados por um instante, viu os seus parceiros neutralizarem dois contagiados sem dificuldade.

— Faltam apenas quatro — Jungkook disse ao olhar para frente, os contagiados corriam em sua direção.

Limpou a lâmina de sua faca na roupa do contagiado no chão, então Jungkook correu em direção a eles, sentiu a adrenalina correr por seu sangue, que trouxe aquele tremor e aquele frio na barriga sempre que estava cara-a-cara com a morte. O medo o deixava mais veloz, mais forte e mais atento, o medo movia seu corpo mais do que a coragem, era o combustível perfeito para sobreviver, o medo o impedia de cometer burrices como a coragem fazia, os mais corajosos sempre morrem no final. Os contagiados gostam de pessoas corajosas, que correm em direção ao perigo.

Apenas idiotas não temem um contagiado sedento por sangue.

Jungkook não era um idiota, ele temia não voltar para sua família, temia se tornar um deles e machucar aqueles que amava, por isso ele nunca deixou de temer, apenas aprendeu que mesmo com medo ele precisava sobreviver. Quando enfim conseguiram conter os contagiados adjacentes, Jungkook olhou para trás, observou alguns Sentinelas em combate, alguns olhavam para os corpos no chão e dois ainda lutavam com um contagiado, apenas um deles estava no chão, com o Contagiado em cima dele. Queria ajudar, mas ele teria que sair daquela situação sozinho.

Os que estavam de pé conseguiram apunhalar seu adversário, eles jogaram no chão enquanto respiravam de maneira ofegante enquanto tentavam recuperar o fôlego, eles e seus colegas direcionaram o olhar para o que ainda estava no chão com o contagiado, pareciam agoniados. Jungkook já esteve na posição dele, era difícil reverter a situação, mas não impossível, bastava apenas um pouco de força e uma faca afiada, o garoto possuía os dois. San e Lisa se puseram ao seu lado e observaram a cena, pois parecia que ele não iria conseguir sair dali, essa hipótese incomodou uma garota, que se levantou do chão para ajudá-lo.

— Não! — Jungkook chamou sua atenção, ela parou e o encarou. — Ele precisa sair dessa situação sozinho ou ele vai falhar no teste.

— Mas... — Ela parecia aflita. — Ele vai morrer...

— Acredite, ele vai preferir morrer do que voltar sem hesito em seu teste — San disse pesaroso. Era verdade, Joseph o renegaria, ele não seria nada mais do que "o cara que falhou em servir nossa resistência", seria ridicularizado pelo resto da vida, nessa parte, Jungkook odiava o líder.

— Confie nele — Lisa disse com um sorriso gentil por entre sua respiração descompassada.

Todos voltaram sua atenção para o garoto no chão, que junto a um grito — que Jungkook não soube decifrar se era de medo ou obstinação — usou a proteção de aço eu seu antebraço para golpear o contagiado, que causou a distração necessária que ele precisava para aplicar um chute preciso em seu estômago e o jogou no chão com violência. Jungkook suspirou em alívio quando o viu subir em cima do contagiado e perfurar a cabeça dele com a faca, ele ficou alguns segundos paralisado enquanto encarava o — agora — cadáver embaixo dele. Caminhou até ele e estendeu sua mão, enquanto sorria de maneira orgulhosa.

— Parabéns — Jungkook viu o garoto fazer uma careta para conter o choro e sorriu quando ele aceitou sua mão para se levantar.

— Obrigado — ele abaixou a cabeça, provavelmente para não chorar diante de suas vistas.

— Isso serve a todos, parabéns, vocês passaram no teste com louvor — Jungkook olhou para todos os garotos e garotas que ainda estavam assustados. — A partir de hoje, vocês são oficialmente meus Sentinelas.

Todos suspiraram aliviados, parecia que Jungkook tirou uma bigorna das costas deles, o que o fez sorrir, mas voltou seu olhar para a saída do corredor que estavam, pois notou uma movimentação estranha. Baixou a guarda quando viu Taehyung aparecer com seu grupo, todos também pareciam assustados, mas bem, alguns estavam banhados de sangue, outros traziam suas facas pingando aquele líquido escarlate que assombrava o pesadelo de muitos. As duas garotas que haviam sido separadas sorriram e correram em direção uma à outra, elas se abraçaram e se beijaram, expondo sua felicidade a qualquer um que quisesse ver.

Não soube explicar bem o porquê, mas ver aquela cena lhe causou uma dor aguda em seu peito, sentiu-se sozinho, ele também tinha alguém para quem voltar, para abraçar e beijar, porém, pela segunda vez o universo não o deixou ser feliz por muito tempo e o tirou essa pessoa. Suspirou pesaroso e desviou o olhar, tentou focar em outra coisa que não fosse o casal de namoradas, acabou por encontrar o olhar de Taehyung, que lhe media de cima a baixo, parecia preocupado. Notou somente naquele momento a situação em que se encontrava, estava banhado de sangue de contagiado, sua luva e faca estavam encharcadas com o líquido infectado.

Taehyung pareceu extremamente aliviado quando notou que aquele sangue não era seu, o olhar dele desviou de si para ir até os corpos dos contagiados no chão, parecia contá-los e ergueu as sobrancelhas ao perceber que havia mais do que o esperado naquele lugar. Quando enfim seus olhos se encontraram, Jungkook sentiu aquele frio na barriga sempre que o encarava, aquele olhar cheio de significados que não sabia descrever quais eram. O grupo de Taehyung já estava reunido com os novos Sentinelas de Jungkook, eles conversavam sobre o teste enquanto Lisa, Minjae, San e Hoseok cuidavam de manter-se em alerta.

Jungkook teria desviado o olhar como sempre fazia, mas algo atrás de Taehyung chamou sua atenção, aquilo o fez arregalar os olhos e a adrenalina tomar sua corrente sanguínea com força novamente. Um medo absurdo tomou seu corpo e por conta disso sua razão ficou em segundo plano, correu em direção a Taehyung como nunca correu antes, sentiu seu coração bater freneticamente em sua caixa torácica, a ponto de uma taquicardia. Ele pareceu confuso com sua ação, mas arregalou os olhos quando Jungkook parou repentinamente, ergueu sua faca e a atirou com força em sua direção, a faca passou a centímetros da cabeça dele, o que o deixou estático.

— CORRA! — Jungkook gritou enquanto corria às pressas em direção a ele novamente.

Taehyung nem sequer olhou para trás para entender o motivo de seu alarde, apenas correu, quando enfim Jungkook passou correndo por ele, não olhou para trás, correu diretamente para o Espreitador, que se movia cautelosamente para trás com a faca cravada em seu peito. Jungkook praguejou, graças ao sangue em sua faca ele não conseguiu mirar corretamente, era para acertar sua cabeça e não o peito, mas ela escorregou de sua mão e aquilo foi o melhor que conseguiu. Ouviu o grito de Taehyung, que tentava impedi-lo de correr em direção a um Espreitador desarmado, mas agora estava próximo demais para parar para pegar sua pistola no coldre.

Quando os corpos colidiram um no outro, a primeira coisa que Jungkook fez foi usar o aço de seu antebraço para bater no rosto do Espreitador, para impedir que ele o mordesse. Os dois foram ao chão, por conta da velocidade que seu corpo colidiu ao dele, o cheiro de carne podre tomou seu olfato, os olhos vidrados e dilatados dele estavam fixos aos seus, o que o deixou ainda mais assustado. Um diferencial dos Espreitadores era a inteligência, eram caçadores furtivos, mas também eram estrategistas, por isso devia ter previsto que ele reagiria ao seu ataque.

Os Sussurradores tinham informações privilegiadas sobre os contagiados, sabiam como eles se comportavam por conta de um dossiê vindo diretamente da Coreia do Sul, o pico da infecção décadas atrás. Sua mãe havia lhe explicado como o vírus se manifestava nas pessoas, sabia que cada um teria uma característica diferente, por isso era de conhecimento geral que os Espreitadores eram os mais perigosos, pois a parte menos afetada pelo vírus eram as memórias. Por isso eram tão inteligentes e mesmo inertes pelo vírus, o cérebro deles tinham áreas ativas, como as lembranças. Então era óbvio que Jungkook era azarado o suficiente para enfrentar um provável lutador desarmado.

Mesmo que estivesse seguro dos dentes do Espreitador, as mãos dele estavam livres, por isso Jungkook gritou de dor ao sentir um soco extremamente forte em suas costelas, aquilo o fez se curvar de imediato. E claramente o espreitador usou sua dor e distração a favor dele, ele conseguiu se livrar do peso de Jungkook sobre si e o derrubou. Mas mesmo ferido, Jungkook se ergueu novamente, pronto para se defender, sua face demonstrava a dor aguda que sentia, mas ele não morreria ali, definitivamente aquele não seria o dia em que seria enterrado.

Ouviu passos, o que significava que alguém corria em sua direção, provavelmente um de seus parceiros a caminho de seu socorro, mas foi ao usar a aproximação deles como distração que Jungkook conseguiu agir, o Espreitador desviou sua atenção para encará-los, o que lhe deu a brecha que precisava. Sem perder tempo, Jungkook aplicou uma rasteira no contagiado e o levou ao chão em segundos, novamente se abaixou e assim ele caiu de barriga para baixo, permitiu que Jungkook o segurasse pelos ralos fios de seu cabelo. O corpo de um contagiado infectado há muito tempo se torna putrefato, o que inevitavelmente o tornava extremamente fácil despedaça-lo.

E foi isso que Jungkook fez.

Com as próprias mãos ele afundou a cabeça do Espreitador com toda a força que tinha contra o chão do shopping, despedaçou sua cabeça e seus ossos podres, espalhou seus miolos por entre os dedos e o chão. Ouviu alguns engasgos e sons de ânsia, provavelmente seus novos Sentinelas enojados pela cena grotesca, mas não teve tempo para se distrair com isso, pois a dor em sua costela o atravessou como um tiro. Retirou sua luva cheia de sangue e restos do Espreitador, colocou a mão sobre a lateral de seu corpo e gemeu de dor com o mais delicado toque sobre ela.

O vírus levava o corpo humano ao limite, o que incluía sua força, por isso o soco deles era mais que o suficiente para quebrar todos os ossos do corpo humano, se atingidos nos lugares certos, poderiam matá-los sem muito esforço. Mas a putrefação extrema do corpo deles faziam seus ossos se partirem também, então era um método usado como último recurso, era um modo de se defender, como o ferrão das abelhas, usado apenas uma vez durante toda a sua vida. Jungkook perdeu um de seus Sentinelas e amigo dessa forma, pois ele foi atingido por um soco no peito e por conta dos ossos pútridos do contagiado, eles se partiram e atravessaram o tórax dele.

A fratura exposta do contagiado foi usada como uma faca para apunhalá-lo e matá-lo.

— Jungkook! — Taehyung foi o primeiro a lhe alcançar, ele se abaixou para poder enxergá-lo melhor. — Você foi ferido?!

— Acho que ele esmagou minhas costelas — disse com dificuldade, a dor o deixou ofegante, doía respirar. Fez um esforço imensurável para não chorar.

— Acha que consegue se levantar? — Hoseok perguntou preocupado. Jungkook resmungou, ele precisava se levantar, não podia ficar ali ou estariam em perigo, ainda não estavam em uma zona segura.

— A-Acho que sim — respondeu e prendeu o fôlego, para tentar se erguer, mas a dor que sentiu fez todo seu corpo estremecer, parecia que enfiaram uma faca flamejante em seus órgãos.

— Ele não vai conseguir andar dessa maneira — Lisa constatou o óbvio, igualmente preocupada.

— Me ajudem a colocá-lo nas minhas costas — Taehyung virou seu corpo para o lado oposto de Jungkook.

— N-Não! Eu vou deixá-lo lento — Jungkook tentou impedir Lisa e Hoseok de tentar levantá-lo. Taehyung precisava de agilidade, com ele nas costas ele ficaria lento, um alvo fácil.

— Não vou deixar você aqui Jungkook, nem que eu tenha que carregar você nos braços — Taehyung olhou em seus olhos, deixou claro que ele não estava aberto a discussões. — Coloquem ele nas minhas costas.

Jungkook não conseguiu conter as lágrimas com tanto êxito quanto antes, pois a dor foi demais para ele poder suportar sem demonstrar, foi erguido por Hoseok e Lisa, que o fez quase gritar por conta da fratura em suas costelas. Quando sentiu as costas de Taehyung em contato com seu peito, tentou conter o grito ao ser erguido por ele, circulou seu braço esquerdo entre os ombros e o pescoço dele, enquanto buscava por sustentação para não cair. Naquela posição não conseguia sequer mover seu braço direito sem sentir suas costelas repuxar a dor por todo seu tronco, o que aumentava a sua agonia.

— Vamos precisar de vocês agora — ouviu San falar, mas não o encarou, estava com a cabeça encostada entre seu braço e o pescoço de Taehyung. Mas deduziu que ele estava falando com os novos Sentinelas.

— Um dos nossos está ferido, precisamos de ajuda para levá-lo de volta — foi a primeira vez em horas que Jungkook ouviu a voz de Minjae.

— Ficaremos um pouco lentos, precisamos que vocês nos ajudem a protegê-los durante o caminho, acham que podem fazer isso? — San continuou, mas Jungkook não ouviu a resposta, pois Taehyung apenas começou a caminhar, o que lhe arrancou alguns resmungos por conta da dor.

— Não se preocupe — Jungkook se assustou ao ouvir e sentir as vibrações da voz de Taehyung, que caminhava enquanto ele mantinha os olhos fechados, para se distrair da fratura. — Logo estaremos em casa.

(...)

Jungkook queria poder dizer que o caminho de volta foi tranquilo, mas não foi, embora não tenham tido problemas com contagiados pelas ruas, o caminho foi tortuoso, a cada passo ou a cada vez que Taehyung lhe dava um pequeno impulso para segurá-lo com mais firmeza, sua agonia aumentava. O caminho até a fortaleza foi mais lento que o normal, mas conseguiram chegar sem mais problemas, o grande obstáculo foi quando chegaram à câmara de desinfecção e tiveram que tirar tudo que estava contaminado por sangue infectado.

Taehyung tentou ser o mais delicado possível ao tirar suas vestes sujas, mas Jungkook não conseguiu conter as lágrimas quando seu casaco foi retirado e o deixou somente com sua camiseta preta. Quando as proteções e botas também foram retiradas, Taehyung aproveitou o momento para levantar sua camisa e averiguar o machucado, ele fez uma careta ao constatar que estava bem feio. Jungkook nem precisou ver para saber que estava inchado e provavelmente a parte atingida estava com a coloração arroxeada, a dor dizia por si só o quanto estava ruim.

Quando deixaram para trás tudo o que haviam sujado, lavaram suas mãos em uma bacia e Taehyung o ajudou a se limpar também, dessa vez o pegou no colo quando terminaram, por isso apenas fechou os olhos com força e prendeu o lábio inferior entre os dentes, enquanto as lágrimas deixavam mais rastros por sua bochecha. Queria que aquela tortura tivesse fim, queria ser apagado para que não tivesse mais que sentir suas costelas quebradas repuxar a dor por toda a lateral de seu corpo. Temia que tivesse perfurado algum órgão, porque se isso tivesse realmente acontecido, ele estaria em maus lençóis, uma fratura no osso era mais fácil de curar do que uma lesão a um órgão.

Taehyung exercia um esforço imenso para carregá-lo, Jungkook sabia que era pesado graças a toda a massa muscular que adquiriu com os exercícios constantes, mas ele apenas o carregou pelo laboratório sem reclamar. Quando chegaram enfim a enfermaria, foi colocado sobre uma das macas delicadamente, ele tomou muito cuidado para que não o fizesse sentir dor, mesmo que fosse inevitável. Jungkook apenas deitou a cabeça no travesseiro e agradeceu estar em um lugar confortável e imóvel, pois assim a dor era mais fácil de suportar, por isso suspirou em alívio ao sentir ela diminuir um pouco por conta da falta de movimentação.

— Chamem a doutora Louise e a doutora Doyeon, por favor — Taehyung pediu a alguém, provavelmente um enfermeiro. Sua mãe teria uma síncope ao vê-lo daquela forma. — Podem ir, eu ficarei aqui com ele.

— Nos dê notícias, ok? — Hoseok pediu.

— Ok, podem avisar minha irmã onde eu estou? Diga que eu não poderei voltar a tempo.

— Certo, vamos pessoal — Hoseok chamou os outros e Jungkook pôde ouvir os passos se distanciarem, antes de a porta ser fechada.

— Eu devo ter parecido ridículo para eles — Jungkook suspirou pesaroso, abriu os olhos e viu que Taehyung lhe encarava com o cenho franzido. — Eu deveria ser um exemplo e olha o que aconteceu.

— Você fez o melhor que conseguiu devido às circunstâncias, embora correr para um Espreitador desarmado não tenha sido a melhor ideia — Taehyung suspirou e cruzou os braços. — Eu tentei atirar nele antes de você ser atingido, mas ainda bem que eu não fiz, você teria sido baleado, eu não podia arriscar. Agora você está ferido por minha causa.

— Não tinha como você saber que ele iria te seguir.

— Esse é o meu trabalho Jungkook — abaixou a cabeça, estava nitidamente frustrado. — Eu estava mais preocupado em examinar você do que averiguar os arredores, eu devia ter desconfiado. Onde nós estávamos antes de chegarmos lá não havia contagiados, era escuro e úmido, perfeito para ele, eu devia ter previsto que ele iria nos seguir até encontrar a chance perfeita.

— Mesmo assim, qualquer um podia ter sido uma vítima — fechou os olhos novamente. — Se eu não tivesse errado a mira eu teria acertado a cabeça dele e não estaríamos aqui, agora meus novos Sentinelas devem pensar que eu sou um fracasso como líder.

— Você está de brincadeira né? — O tom de voz debochado de Taehyung o fez abrir os olhos novamente. — Você não ouviu eles cochichando o caminho todo?

— Não?

— Estavam dizendo o quão incrível você foi ao lutar com um Espreitador desarmado e ferido, mesmo quando estava lento devido à fratura você conseguiu matar ele com as próprias mãos — disse para logo em seguida revirar os olhos. — Foi imprudente, mas não deixa de ser impressionante para eles.

— Não foi impressionante para você? — Não conseguiu conter, precisava perguntar.

— Já vi você fazendo muitas coisas Jungkook, sei das suas capacidades, sabia que você conseguiria reverter a situação de qualquer maneira — olhou para os pés, tudo para evitar o seu olhar. — E você nunca deixa de me surpreender.

— Essa foi a coisa mais legal que me disse em três anos — Jungkook disse com um sorriso pequeno, nostálgico de uma conversa sem discussões com ele.

Taehyung lhe encarou com um olhar melancólico, parecia que iria dizer algo, mas foi impedido pelo barulho da porta da enfermaria, que se abriu abruptamente, sua mãe e a doutora Louise entraram às pressas na sala, elas caminharam até sua maca com feições preocupadas. Sua mãe sempre temeu por sua vida quando saia da segurança do laboratório, por isso não se surpreendeu ao ver seus olhos marejados, provavelmente ela havia imaginado o pior. Já a doutora Louise estava preocupada porque ele era um dos pilares da resistência, tinha uma dívida com ele, pois ela era mãe de San, que quase morreu em um ataque de um Demolidor, Jungkook o salvou no último momento.

— Bom, se você está aqui com certeza não foi mordido — Louise constatou o óbvio e o encarou de cima a baixo.

— O que houve? — Doyeon perguntou preocupada.

— Não foi nada demais — Jungkook respondeu com um sorriso fraco.

— Um Espreitador esmagou as costelas dele — Taehyung respondeu por ele, o que o fez suspirar. Louise se aproximou, levantou sua camiseta e fez uma careta logo em seguida.

— Isso aqui não foi nada demais? — Ela lhe encarou com a sobrancelha arqueada.

— Meu deus Jungkook — sua mãe pareceu sentir uma dor solidária. Suas reações o fizeram olhar para a fratura, sua pele branca estava manchada de vermelho e roxo, fora o inchaço.

— Não parecia tão ruim... — Tentou justificar e Taehyung lhe encarou também com a sobrancelha arqueada.

— Não há muito o que fazer — Louise caminhou até uma escrivaninha, a abriu e pegou alguns frascos antes de ler os rótulos de cada um. — Eu vou lhe dar alguns analgésicos e anti-inflamatórios, seu corpo irá se curar sozinho, mas vamos ter que ficar de olho caso você comece a tossir sangue. Se algum órgão foi atingido, teremos que fazer uma cirurgia e fazer isso em nossas circunstâncias atuais seria no mínimo, perigoso. O ruim é que eu tenho muitos pacientes para tratar, não posso ficar aqui para ficar de olho em você.

— Eu também não posso ficar aqui — Doyeon praguejou. — Estou tentando fazer remédios eficazes com o que temos para tratar os casos da nova doença.

— Está tudo bem, eu posso...

— Eu ficarei de olho nele — Taehyung interrompeu a fala de Jungkook, que o fez revirar os olhos.

— Certo, fico mais tranquila — Louise sorriu e separou alguns frascos, mas parou para lhe encarar. — O quanto dói?

— Pouco — Jungkook respondeu.

— É sério isso? — Foi a vez de Taehyung revirar os olhos. — Ele mal consegue se mover, gritou de dor somente em ficar de pé.

— Ele está exagerando — tentou tranquilizá-las.

— Não, não estou — disse sério.

— Certo, muita dor então — ela disse e pegou outro frasco. — Eu uso seringas apenas em casos muito graves, como você nem consegue se mexer, o seu se encaixa nele, eu vou aplicar em você uma dose de morfina. Ela com os outros remédios que eu vou aplicar vão te dar sonolência, você não vai conseguir ficar acordado, então encontre a melhor posição para dormir.

— Tudo bem — Jungkook tentou se mover, mas fez uma careta quando notou que ele não conseguiria mudar de posição sem sentir uma dor horrível. — Acho que eu vou ficar assim mesmo...

Louise não discutiu, apenas aplicou as doses dos remédios, disse que iria sair por um momento para buscar uma compressa de gelo. Sua mãe deixou um beijo em sua testa e disse a ele para nunca mais assustá-la daquele jeito, ela sorriu em sua direção antes de voltar ao seu trabalho. Ficou um silêncio estranho quando Taehyung e Jungkook ficaram sozinhos novamente, mas permaneceram assim, imersos em seus próprios pensamentos até Louise voltar. Ela lhe entregou a compressa e o fez pressionar em cima do inchaço para que diminuísse, ele se encolheu e resmungou, mas fez pressão para que melhorasse logo apesar da dor. A dor era tamanha que não conseguia tirar os vincos da testa em momento nenhum.

Enquanto estava deitado observou Taehyung com a cabeça baixa, observou também as pessoas que entravam e saíam da enfermaria até que começou a ficar sonolento, deixou que o sono o levasse para o mundo dos sonhos e adormecesse completamente. Quando mergulhou na inconsistência, sonhou com diversas coisas estranhas e sem sentido, nada conexos com a realidade ou contínuos, apenas estranhos, mas o que começou como um sonho, terminou como um pesadelo. De início parecia tranquilo, Taehyung e ele caminhavam por um laboratório, esconderam-se de contagiados enquanto caminhavam por um corredor.

Tiveram que fugir quando fizeram barulho e acabaram por chamar a atenção deles, então correram e fecharam a porta que os separava com uma máquina de refrigerantes, tudo até aquele momento parecia bem. Caminharam juntos por corredores vazios, onde os contagiados estavam presos em salas, até que uma porta entre os dois se fechou e os separou. Jungkook assistiu Taehyung lutar com diversos contagiados para sobreviver, que haviam sido libertados das salas onde estavam presos, enquanto Jungkook tentava de todas as formas abrir ou quebrar a porta para ajudá-lo.

Jungkook sentia uma dor lancinante no peito, junto ao desespero angustiante da impotência, por vê-lo fazer de tudo para sobreviver enquanto ele estava seguro do outro lado da porta. Taehyung aguentou bem, conseguiu eliminar muitos contagiados, mesmo que muito cansado, então estava com esperanças de que ele conseguiria sair daquela situação. Mas quando restaram apenas dois contagiados, suas esperanças morreram quando um deles conseguiu derrubá-lo no chão. Enquanto presenciava aquela cena, Jungkook batia contra o vidro da porta com as próprias mãos, a ponto de esfolar seus dedos na tentativa de quebrá-lo.

Nunca pensou que sentiria algo como aquilo na vida, pois no momento em que um dos contagiados afundou os dentes na perna dele, seu mundo desabou completamente. Não soube colocar em palavras o quão desesperado ficou quando notou que Taehyung se transformaria em uma daquelas coisas assassinas, que não voltaria a vê-lo lúcido. Jungkook apenas desabou, deixou que a dor atravessasse seu peito sem a mínima delicadeza, o impacto foi tão forte que o deixou sem ar por alguns instantes ao ver Taehyung conseguir golpear os dois últimos contagiados que permaneceram de pé. Quando ele se levantou e mancou até a porta, Jungkook apenas sentia dor e culpa, a sensação era tão ruim que queria morrer com ele.

Taehyung mesmo nitidamente dolorido sorriu por entre as lágrimas e colocou sua mão sobre o vidro, ele o encarou com ternura, pois dabia que aquele seria o último momento dos dois. Jungkook apenas conseguiu chorar, incapaz de fazer qualquer coisa para ajudá-lo, levou sua mão machucada para o vidro, enquanto tentava sentir seu calor através dele, mas sem conseguir sentir absolutamente nada. Os dois sabiam que aconteceria, então não podiam fazer nada além de imaginar como tudo teria sido se tivesse dado certo, como tudo seria se eles não tivessem que dizer adeus naquele momento, dos momentos que eles não teriam mais juntos. Tudo o que podiam fazer, era memorizar o rosto um do outro, como última lembrança.

"Fique vivo", foi a última coisa que Taehyung disse antes de cair no chão. Jungkook ficou tão despedaçado, que soltou um grito angustiante e doloroso, pôde sentir sua razão de viver morrer com ele.

Jungkook acordou assustado, abriu os olhos abruptamente enquanto resfolegava baixinho, desesperado à procura de Taehyung, o procurou com o olhar e o viu sentado ao seu lado da maca enquanto sorria. Seu peito parou de doer no instante que o viu, um alívio imenso o tranquilizou de seu estado atônito, fechou os olhos e respirou fundo, para superar o susto. Foi tudo apenas um sonho, mas a sensação de agonia foi tão real que era assustador pensar em algo como poderia acontecer novamente, pois mesmo que não tivessem uma boa relação, Taehyung não deixava de ser alguém importante em sua vida. E como poderia não ser? Mesmo depois de tudo, Jungkook sacrificou sua felicidade para que ele tivesse a dele.

— Papai estou com sono — Jungkook franziu o cenho ao ouvir a voz infantil, diria até que um tanto manhosa.

— Vem cá — Taehyung pediu com uma ternura que não ouvia há anos.

Intrigado Jungkook voltou a abrir os olhos, viu o momento em que uma garotinha se aproximou e ergueu os braços, Taehyung se curvou para segurá-la e colocá-la sobre seu colo, ela a deixou de frente para seu peito, para poder abraçar seu pequeno corpo enquanto ela deitava a cabeça em seu peito. Confusão era pouco para descrever o que Jungkook sentiu naquele momento, a palavra "papai" não fazia sentido em sua cabeça, mas o fato da menina ser extremamente parecida com Taehyung não deixava dúvidas de seu parentesco com ele. As engrenagens em sua cabeça giravam sem parar para tentar entender, mas o olhar da garotinha focou-se nele, o que as fez parar de girar na hora.

— Oi — ela sorriu para ele e Jungkook piscou atordoado, mas sorriu também.

— Oi — ele respondeu, o que chamou a atenção de Taehyung.

— Você está bem? — Ele perguntou. — Parecia estar tendo um sono conturbado.

— Estou bem, foi apenas um pesadelo — olhou em seus olhos, lembrou-se de tudo o que sonhou e sentiu novamente o alívio inundar seu corpo ao constatar novamente que não era real. — Hã... Quem é? — Jungkook perguntou acanhado, mas seu olhar estava fixado na garotinha, que parecia sonolenta no colo de Taehyung.

— Chloe — ele respondeu ao focar a atenção diretamente em seus olhos. — Minha filha.

~♥️~

Teorias do pq o Tae tem uma filha sendo que todos os Sentinelas são estéreis?

Será que a Hailey estava falando a verdade quando disse que o JK era o pai do bebê?

No próximo capítulo teremos a belíssima participação de dois personagens muito queridos em Z.O.

Interajam comigo no twitter pela tag?

#vendettatk

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