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Bem vindos meus bolinhos! Se preparem para ler o primeiro capítulo de uma história que narra o fim dos tempos! Aproveitem bem, pois essa fic pode deixar de ser ficção e se tornar realidade.

Pois ela é inspirada em fatos reais! 

Boa leitura (◍•ᴗ•◍)❤

~🖤~

Jeon Jungkook

O mundo não era mais o mesmo que há cinquenta anos, quando não existiam tantas preocupações, uma sociedade onde as pessoas deitavam a cabeça no travesseiro sem ter medo de ter que acordar no dia seguinte com um contagiado com os dentes fincados em seu pescoço, ou com pessoas que eram a sombra do que um dia já foram, que agora eram apenas selvagens sedentos por poder prontos para matar a qualquer momento. Na nova sociedade, se você for fraco, você não é nada além de um obstáculo que o novo mundo se livraria em um piscar de olhos com alguma de suas muitas ameaças, fossem elas contagiados, doenças ou o pior de todos os males, os humanos.

Jungkook às vezes imaginava como era a realidade anos atrás, se era um pesadelo como era hoje, mas ele logo ria de si mesmo pela ingenuidade, se tem uma coisa que a vida no novo mundo o ensinou, é que não importa a situação, os humanos sempre teriam algo para reclamar, nunca nada estaria bom o suficiente. O passado devia ser bom, sem perigos a cada metro quadrado, sem contagiados e sem humanos treinados para sobreviverem às circunstâncias mais assustadoras que o mundo poderia oferecer, mas reclamar era melhor do que aceitar que as coisas poderiam estar piores. Tinha certeza que mesmo quando não havia um perigo a cada metro quadrado, as pessoas reclamavam sem saberem o quão sortudas eram.

A frase "as coisas não tem como ficar piores" não se encaixa mais depois da contaminação mundial, as coisas sempre podem piorar, os humanos aprenderam isso depois da aparição das variantes, animais contagiados pelo vírus, doenças desconhecidas e o ódio entre os agrupamentos dos sobreviventes. O mundo era um sonho comparado ao pesadelo que vivia no presente, reclamar não iria ajudar em nada, chorar não adiantaria nada, o que restou foi apenas uma única alternativa, sobreviver. Mas Jungkook não pensou que esse ditado ia se tornar um eufemismo, pois ao olhar para o homem na sua frente, sua vontade era de apertar seu pescoço até ele agonizar até a morte e isso com certeza tornaria as coisas piores, pois o homem que queria matar não era ninguém menos que o Líder dos Sussurradores, seu chefe.

— O senhor não pode estar falando sério! — Jungkook cuspiu as palavras, sentado em sua cadeira no conselho, lugar conquistado com muito esforço. — Ela é apenas uma criança!

— Uma pequena ladra — ele o corrigiu como se aquilo fosse acusação suficiente para mandar uma criança de sete anos para o exílio. — Lei é lei, pode ser apenas uma criança, mas não a isenta das punições da nossa legislação Jungkook, construímos essa resistência com sangue, suor e leis, moldadas para evitar o caos de uma nova civilização sem rédeas curtas.

— Está acusando-a como se ela fosse uma assassina — disse entredentes, olhou para os rostos de todos os outros membros do conselho, queria que eles vissem e entendessem sua indignação. — Alguns membros desse conselho nunca saíram da proteção dos nossos portões, não sabem como é ter que lutar contra um contagiado ou quantos dos nossos perderam a vida lá em cima, acham mesmo que ela vai sobreviver lá fora? Ela sequer terminou os estudos, condená-la ao exílio é o mesmo que mandá-la para a morte.

— Sua objeção é óbvia Jungkook, mas infelizmente, não podemos absolvê-la da sentença sem causar uma comoção entre nós, nunca fomos misericordiosos com infratores, não podemos fazer isso agora — Joseph disse com uma expressão cansada.

— Com licença senhor — a voz rouca ecoou pela sala, o que fez Jungkook direcionar seu olhar para Taehyung, outro membro do conselho. Em qualquer outra ocasião reviraria os olhos somente ao ouvir sua voz, mas dentro daquela sala não havia ódio mútuo entre os dois. — Mas eu concordo com o Jungkook, não está sendo muito severo com ela? O crime que ela cometeu é um delito mínimo, que pode facilmente ser corrigido com uma reprimenda, seus tutores podem fazer isso por ela.

Jungkook teve conter o ímpeto de arregalar os olhos e deixar seu queixo bater no chão, Taehyung e ele tinham os mais diversos motivos para se odiarem, passaram grande parte de seu tempo como rivais, discordavam em quase tudo, mas o decoro do conselho pedia um padrão de comportamento e eles não eram exceção à regra. Porém vê-lo concordar consigo era algo extremamente bizarro, mesmo dentro daquela sala, eles não trocavam palavras ou olhares, um acordo mútuo de que não iriam deixar as desavenças atrapalharem seu trabalho, mas agora além de concordar com seu argumento o ajudou a moldá-lo para convencer Joseph.

— Afinal de contas, o que foi que ela roubou? — Seokjin, que normalmente apenas ouvia os debates, se pronunciou.

— Ataduras — Namjoon disse com um descontentamento grande em sua voz e olhou para o homem ao seu lado. — Apenas roubou ataduras e analgésicos.

— Recursos extremamente importantes e difíceis de produzir — um outro membro do conselho pontuou. — Qualquer outra pessoa seria mandada ao exílio por esse delito.

— Não uma criança de sete anos! — Jungkook apertou os punhos por debaixo da mesa. — Temos regras e leis, elas favorecem as crianças por serem uma base importante para o crescimento da nossa população, mandaremos uma delas para o exílio por um delito tão pequeno? Sua tutora nos disse que Liz é uma ótima aluna, um pouco tímida e retraída, nunca saiu da linha ou deu dores de cabeça a ela.

— Parece uma aluna exemplo, sem motivos para fazer o que fez — Namjoon disse, mais para si mesmo do que para os outros membros. — Alguém por acaso pensou no porquê de ela ter roubado utensílios médicos da enfermaria?

— Não é relevante — Joseph suspirou. — Não importa quais são os motivos, em casos de crimes, os fins não justificam os meios e todos sabemos disso, se ignorarmos um delito em breve teremos mais infratores, já que deixamos um deles passar por dó. Em breve pode ser uma grávida ou um idoso, irão ignorar seus crimes por conta disso? Entendo que é uma criança e que a sentença dela foi péssima, mas ao criarem as leis, todos sabiam que haveria situações confusas e conflitantes como essa, haveriam momentos em que a lei deveria ser aplicada apesar das consequências. — Ele deu uma pausa e encarou Jungkook, que contraiu a mandíbula em raiva, pois não havia argumentos contra aquilo. — Jungkook eu entendo seu ponto, você é um sentinela, sabe como é o mundo lá fora melhor do que ninguém, o destino da Liz será trágico, mas infelizmente não poderá ser evitado, nós mesmo criamos as leis e temos que cumpri-la, mesmo que ela seja cruel. Seria injusto ignorarmos o caso dela e prender o próximo infrator que vier a julgamento, isso causaria uma revolta entre os Sussurradores, as leis impedem que nos voltemos uns contra os outros e vocês sabem disso.

E mais uma vez ele estava certo, Jungkook odiava Joseph por ser estupidamente coerente em tudo o que dizia, podia ser um homem insuportavelmente egocêntrico, mas era um ótimo líder e era justo, sabia que não podia impedir que Liz fosse acusada, apesar de Taehyung ter dado uma ótima alternativa para a pena dela, ela não seria absolvida sem um ótimo álibi, o que seria impossível, já que ela admitiu o que fez. Era cruel, mas não fazia muito tempo que condenaram uma adolescente por ter usurpado remédios para fabricar drogas, ela havia sido condenada ao exílio e isso trouxe revolta, se absolverem Liz, os moradores da resistência iriam se rebelar por não terem poupado a adolescente também. Todos que estavam sentados na mesa suspiraram, não havia como ignorar o que Joseph disse, uma revolta seria uma catástrofe e isso não era difícil de acontecer.

— Mesmo que seja uma decisão difícil, precisamos votar — Joseph disse calmamente e levantou a mão direita. — Levante a mão quem é a favor da pena de Elizabeth Miller.

Jungkook sentiu sua determinação minar completamente ao ver que todos levantaram a mão, não havia alternativas, era lidar com um crime cometido por uma criança com a mesma sentença que um adulto, ou submeter o frágil equilíbrio da população dos Sussurradores que vivia em atrito por conta dos escassos recursos. Por isso, sentiu-se derrotado por mandar uma garotinha para a morte, mas levantou sua mão, o amargor tomou conta de sua boca e soube que era o pior ser humano do mundo, em peso sua culpa era por conta de ter um irmão da mesma idade de Liz, que era colega de classe dela, ele ficaria arrasado quando descobrisse que uma de suas coleguinhas não voltaria mais para a aula.

— Precisamos buscá-la, explicar a ela o que acontecerá a partir de agora, mesmo que ela definitivamente não vá sobreviver lá fora — Namjoon disse pesaroso, nitidamente o peso da decisão pesava em suas costas também.

— Eu vou — Jungkook se levantou junto a um suspiro e caminhou para fora da sala.

O clima na sala estava tenso, não conseguiria ficar muito tempo dentro dela de qualquer forma, por isso preferiu ir até Liz e tentar conversar um pouco com ela antes de arrastá-la para seu malfadado e cruel destino. Conforme avançava pelos labirintos de corredores do laboratório onde moravam, observou as pessoas que caminhavam pelas passagem junto a ele, estava no primeiro piso, onde apenas membros do conselho e sentinelas tinham acesso, era uma área restrita por ser o primeiro andar que os separava da superfície e os contagiados. Era um andar que, se invadido por contagiados, não colocaria a vida de pessoas jovens e vulneráveis em perigo.

Caminharia até o último piso, onde ficavam as crianças, grávidas e idosos, onde Liz provavelmente estava confinada junto a sua tutora, que se dispôs a cuidar dela durante o julgamento do conselho. Alguns sentinelas bateram continência ao vê-lo passar por eles, Jungkook apenas acenava com a cabeça para cada um deles, já que era o Líder do esquadrão de sentinelas, apesar de jovem, seu otimos resultados foram avaliados e aprovados pelo próprio Joseph, que reconheceu sua aptidão em combate e o condecorou como líder do esquadrão de sentinelas, responsável por treinar e habilitar os jovens para se tornarem tão bons quanto ele.

Quando chegou ao elevador apertou o botão e suspirou, seu título foi conquistado com louvor, mas com ele veio as responsabilidades e fardos que eram em diversas situações; pesados demais para carregar sozinho, mas ele dava o seu melhor para desempenhar sua função com nada menos que perfeição. Quando enfim as portas se abriram, ele vestiu sua máscara profissional e escondeu tudo o que sentia, era uma tarefa fácil depois de assumir seu cargo, assumir um papel de soldado sem emoções, por isso apenas caminhou por entre as pessoas com uma feição impassível, se sentia uma pedra.

Comprimentou algumas pessoas e caminhou até as salas onde as crianças estudavam, Jungkook estudou muito o mundo antigo, o que eles tinham era muito próximo ao que chamavam de escola, porém, aquilo não era apenas um lugar para ensinar as crianças, elas eram criadas ali, as tutoras tinham o papel de cuidar e ensinar as crianças o máximo de conhecimento que tinham. Muitas das crianças criadas ali faziam parte do sistema de aumento da população, não tinham pais e nem precisavam, muitas crianças dali nasceram de genetrizes, mulheres que dispunham seus corpos para dar a luz a futura geração de Sussurradores.

Mulheres que não queriam fazer parte dos sentinelas, médicos, ou qualquer outra especialização, podiam dispor dos benefícios de ser uma genetriz, como ter acesso a um dormitório próprio, uma maior porção da comida racionada e luxos que somente pessoas do conselho teriam. Era um método de agradecimento por elas oferecerem seus corpos e suas saúdes em prol do aumento da população dos Sussurradores, davam a elas também a escolha de assumir ou não a criança, as genetrizes não eram obrigadas a se tornarem além das progenitoras, as mães, pois as tutoras seriam o que as crianças precisassem.

Muitas tutoras acabavam se apegando emocionalmente as crianças por conta disso e se tornavam a mãe que elas precisavam durante sua infância, muitas crianças não nasceram em uma família "tradicional", com um pai ou uma mãe, todas cresceram tendo umas às outras e suas tutoras, que lhes davam o máximo de liberdade que uma criança conseguiria em uma resistência. Jungkook teve uma mãe, embora não tivesse interesse em saber quem era seu pai e durante um tempo achou que nunca saberia, já que a grande maioria dos homens doavam seus espermas para as genetrizes.

Jungkook encontrou com algumas delas no caminho, elas ostentavam suas enormes barrigas enquanto andavam e conversavam entre os corredores, sorriu para elas, que retribuíram e continuaram seu caminho. Quando chegou até a sala da Liz, respirou fundo e entrou, observou um monte de crianças que corriam e brincavam pela sala, procurou pela tutora e a encontrou no canto da sala, com um livro nas mãos, ela lia para quatro crianças, então caminhou até ela. Quando se aproximou viu Junghyun, seu irmão, entre as crianças, ele ouvia as histórias que a tutora contava.

— Com licença Lia — Jungkook chamou sua atenção após se aproximar, o que também atraiu a atenção de algumas crianças, inclusive seu irmão, que sorriu para ele e acenou.

— Olá Jungkook, veio buscar o Hyun? — Ela perguntou com um sorriso gentil.

— Não, não, irei buscá-lo no horário normal, vim pela Liz, preciso levá-la para a sala do conselho — tentou ao máximo conter sua expressão de tristeza, mas não foi tão bem sucedido, já que a expressão Lia murchou um pouco.

— Ah... Sim — ela sorriu fraco e se levantou. — Conversou com o pai dela?

— Ele não veio aqui para ver ela? — Jungkook franziu o cenho.

— Não, a Liz está meio estranha desde ontem, tá abatida e quieta, ela sempre foi tímida, mas sempre brincava com as outras crianças — Lia indicou com a cabeça em direção a Liz, que estava sozinha. — Estou preocupada, agora que você está aqui estou mais ainda...

— Não consegui absolver ela da pena — deixou sua tristeza transparecer e Lia o encarou aterrorizada, ela sabia o que aquilo significava. — Ela será exilada hoje, foi unânime...

— Unânime?! — Ela o encarou em choque. — É uma criança!

— Inocentar ela de um crime que ela admitiu cometer, seria expor nossa frágil estabilidade a uma revolta, já que algumas famílias já perderam filhos e amigos por crimes que nós condenamos, infelizmente não pude ir contra o Joseph, ele estava certo, haveria um motim.

— Não há mais nada a fazer?

— Infelizmente não.

— Vou me despedir dela então — Lia caminhou até um canto da sala, onde Liz estava sentada toda encolhida. — Oi meu amor, o tio Ggukie veio buscar você. — Disse com seu costumeiro sorriso gentil, mas seus olhos marejaram ao ajoelhar na frente de Liz, ela deixou um beijo carinhoso sobre a testa dela.

— E a Lila? — Liz direcionou o olhar para Jungkook.

— Lila? — Ele perguntou confuso.

— É a irmã mais nova dela — Lia esclareceu, ela limpou a lágrima que escorreu por sua bochecha e se recompôs. — Ela é uma das crianças da Jisoo, tem quatro anos.

— A Lila tá doente, ela não acorda mais para comer — Liz disse com a voz embargada e o coração de Jungkook se despedaçou em diversos caquinhos. — Ela estava sangrando, eu tentei fazer parar...

O mundo de Jungkook desabou quando ele entendeu o que tinha acontecido.

— Liz... — Jungkook ajoelhou na frente dela e segurou suas mãos, ela o encarou com os olhos banhados em lágrimas. — Você roubou as coisas da enfermaria para ajudar a sua irmã? — Ela assentiu e o peito de Jungkook se apertou ainda mais. — O que aconteceu com ela?

Liz se retraiu ainda mais em sua cadeira, parecia menor do que realmente era, aquilo fez um calafrio subir por sua espinha e temeu o que ouviria, ela havia dito que a irmã dela estava sangrando e foi isso que a levou a cometer o crime do qual o conselho realizou o julgamento, ela seria jogada para morte por tentar ajudar a irmã mais nova. Lia parecia aflita ao seu lado também, os dois esperaram que Liz contasse o que havia acontecido, mas quando ela finalmente contou o que houve, Jungkook deixou que uma de suas emoções passasse por sua máscara.

A raiva.

(...)

Jungkook estava em completo estado de torpor, o ódio o cegou de tal maneira que sequer se reconheceria no espelho caso visse o próprio reflexo, sentia-se uma casca oca preenchida com o mais puro e maciço sentimento de ódio, mas o que corroia seus ossos era a imagem de Lila em seu colo, a pequena irmã de Liz, de apenas quatro anos. Ela vestia um vestidinho florido e estava descalça, sua cabeça estava no peito de Jungkook enquanto a levava até a sala do conselho, onde todos esperavam que ele voltasse com Liz e não Lila, mas o rumo das coisas mudaram depois do que ouviu a pequena lhe contar.

Ouviu os passos de San atrás de si, um de seus melhores e mais fiéis Sentinelas, caminhava junto a ele, o pai de Liz e Lila, mas Jungkook não ousava desviar o olhar de seu caminho, pronto para provar que a garotinha que eles queriam condenar havia motivos mais do que plausíveis para ter feito o que fez. Assim que chegou na sala do conselho, abriu a porta e caminhou com Lila nos braços até a grande mesa que todos estavam sentados, todos os olhares se voltaram para ele e seu Sentinela, nitidamente eles estranharam a situação. O que tinha a dizer mudaria completamente a visão deles sobre o acontecido com a pequena Liz e sua demonstração desesperada de socorrer a irmã.

— Jungkook o que é isso? — Joseph perguntou confuso ao encarar o pai de Liz e Lila junto a San.

— Lila? — Taehyung perguntou com o cenho franzido enquanto olhava para a criança deitada em seus braços. Todos os olhares se voltaram para Taehyung após sua fala, ele rapidamente olhou para Joseph, para explicar. — Ela é a irmã mais nova da Liz, minha irmã é tutora dela e por conta disso a conheço, acabei me afeiçoando a ela também, uma criança muito dócil.

"Por isso defendeu Liz, provavelmente a conhece" Jungkook pensou, mas afastou os pensamentos assim que percebeu o que aquilo significava.

— Meus pêsames — Jungkook disse a ele e seus olhos se arregalaram assim que a frase saiu por sua boca.

O clima pesou quando todos entenderam o que aquilo significava, Taehyung se levantou às pressas e caminhou em sua direção com os olhos fixos em Lila, que estava mórbida e imóvel em seus braços. Quando estava a sua frente, ele colocou dois dedos no pescoço dela e tentou sentir sua pulsação, mas quando não encontrou nenhuma, seus olhos encontraram os de Jungkook, eles transpareciam as mais diversas emoções, como a tristeza, confusão, medo e raiva. Lila estava morta, gélida e rígida em seus braços, morta há algumas horas provavelmente, mas esse detalhe eles descobririam depois.

— Como...? — Taehyung perguntou ao descer o olhar para Lila, havia apenas dor estampada em suas feições, que normalmente eram inexpressivas.

— Liz estava tentando curar a irmã, por isso roubou ataduras e analgésicos da enfermaria, ela sequer sabia o que estava roubando, apenas sabia Lila estava doente e precisava de ajuda — travou a mandíbula em ódio, somente em lembrar o motivo.

— É o pai delas? — Namjoon apontou para o homem que San segurava pelo braço. — O que aconteceu com ele? — Talvez sua dúvida fosse sobre os diversos hematomas e edemas espalhados sobre o rosto e o supercílio cortado, Jungkook constatou o óbvio com desdém.

— Esse homem não pode ser chamado de pai — Jungkook cuspiu as palavras com tanto ódio que todos lhe encararam com o cenho franzido. — Liz me contou sobre o estado da irmã, quando eu perguntei o que tinha acontecido com Lila, ela disse que o pai dela tinha colocado "a coisa de homem para fora e levantou o vestido da Lila", ela chorou ao tentar contar o que ele tinha feito com a irmã, mas ela nem precisou terminar. — Deixou Lila nos braços de Taehyung, que a segurou com uma feição triste e uma delicadeza dolorosa de assistir, enquanto Jungkook foi para cima do Adam, pai das meninas e o puxou com força pelo cabelo e o jogou no chão. — Esse imundo deixou a Lila na cama sangrando após abusar dela como maldito pedófilo que ele é, a pobre da Liz assistiu tudo, por isso roubou as coisas da enfermaria, ela queria cuidar da irmã morta na cama, em sua inocência disse que ela não estava acordando para comer.

— Como você pôde fazer isso com uma criança seu nojento?! Sua filha! — Taehyung gritou em direção a Adam, que mal conseguia levantar o rosto depois da surra que levou de Jungkook.

— E-eu não fiz nada... — Ele balbuciou com os lábios inchados.

— Me diz que o sangue no vestido dela não foi causado por seu ato abominável então? — Jin perguntou ao se aproximar de Taehyung, ele analisou o vestido de Lila e notou que estava sujo. Seokjin era um médico, ele era além do responsável pela enfermaria como era também por ensinar os outros que queriam seguir seus passos. Ele tocou em uma outra mancha no vestido que ela usava. — E que isso não é prova do seu crime. — Disse com um olhar enojado e limpou a mão logo em seguida. — Não teve nem a coragem de limpar seus rastros repulsivos dela, seu porco!

— Acho que isso é prova suficiente para absolver Liz da pena dela — Namjoon disse sem conseguir encarar Adam, tinha uma veia saltada em sua garganta, mostrando que ele estava a ponto de explodir.

— Tire esse merda da minha frente Jungkook — Joseph disse com um ódio palpável.

— Com todo prazer — Jungkook respondeu após sacar a arma de sua cintura e apontar para a cabeça de Adam, sentiu uma satisfação tremenda quando ele lhe encarou com os olhos banhados em terror antes de atravessar uma bala em sua cabeça. — Faço questão de limpar a bagunça.

— O que faremos com Liz? — Namjoon perguntou a Joseph, sem ligar para o corpo desfalecido de Adam sob os pés de Jungkook.

— Deixe-a sob os cuidados da irmã de Taehyung ou Lia, as duas saberão dar a ela o que ela precisa, ajudaremos com o que ela precisar e com o funeral de Lila — Joseph disse junto a um suspiro pesaroso. — Não deixem essa informação vazar, vai prejudicar Liz, digam apenas que o pai dela era o culpado pelo roubo e pela morte da irmã, mas evitem que isso chegue aos ouvidos de Liz.

— Liz também foi abusada? — Taehyung perguntou de repente, enquanto olhava para Jungkook com uma fúria gritante.

— Não sei, ela estava abalada demais para que eu tentasse arrancar mais informações dela, fale com sua irmã e Lia, talvez ela se abra com as duas — respondeu com pesar, podia odiá-lo, mas não era insensível a ponto de não ver como a morte de Lila o afetou.

— Jogue o corpo dele no esgoto ou queime até não sobrar um osso sequer — Taehyung disse antes de se virar e caminhar para fora da sala com Lila nos braços, com Jin em seu encalço.

— San chame mais um sentinela, vamos sair para nos livrarmos do corpo em segurança — Jungkook disse para seu parceiro. — Vou preparar o Vendetta.

— Jungkook tem certeza disso? — Namjoon interviu de repente, o que atraiu seu olhar. — Faz menos de duas semanas que saíram pela última vez, os efeitos da droga ainda estão em sua corrente sanguínea, os efeitos colaterais virão mais fortes, você terá que ficar afastado das patrulhas até se recuperar.

— Iremos sem o Vendetta então — olhou para San, para confirmar que ele iria mesmo sem a proteção da droga. — Você vem comigo?

— Sempre senhor — San respondeu prontamente.

(...)

A primeira vez que Jungkook sujou suas mãos com sangue, foi durante sua inicialização, para entrar para o esquadrão de Sentinelas você deve passar por testes, um deles é usar tudo o que aprendeu durante o treinamento contra um contagiado de verdade, ficar cara a cara com um e sobreviver. Jungkook passou no teste, perfurou a cabeça do contagiado com uma faca de combate, seus dedos tremiam e sua mente girava na imagem do contagiado morto por suas mãos e desfalecido aos seus pés. Foi um choque, mas após tantos anos enfrentando essa realidade, após tanto lutar contra sobreviventes sedentos por sangue, matar não era mais um problema.

Com o tempo o peso em suas costas desapareceu, o medo se foi e a culpa também, era fácil se sentir melhor, dormir tranquilo enquanto culpava o mundo hostil do qual viviam, mascarou a verdade de que na realidade eles haviam se tornado assassinos, com a desculpa que era para sobreviverem. Jungkook, San e Hoseok estavam no elevador, os três rumo ao laboratório subterrâneo onde viviam, os outros dois estavam quietos, pois sabiam que não era o melhor momento para conversar a julgar pelo semblante nada amigável do líder entre eles.

Jungkook estava estressado, estava com o sangue de Adam nas mãos, devia estar feliz por ter vingado a morte de Lila e os traumas que ele havia deixado em Liz, mas seu ódio estava concentrado no fato de que a morte era pouco para ele, deveria tê-lo feito sofrer, mas sabia que se fizesse o que sua ânsia por sangue queria, ele perderia um pedaço muito importante seu e não estava disposto a sacrificá-lo por Adam. Naquele momento ele estava ao lado de seus dois Sentinelas mais confiáveis, seus parceiros em tudo, seus amigos de longa data, não eram somente seus subordinados, eram praticamente da família.

Haviam se livrado do corpo de Adam há alguns minutos, incineraram todo o corpo dele para que não houvesse riscos de ele voltar como contagiado para matá-los, era uma precaução a mais do que um tiro na cabeça, pois já houve casos do tiro na cabeça não matar o contagiado por atingir uma área "segura" do cerebelo, um milagre como muitos diziam. Agora eles tinham que tirar suas roupas antes de entrar no laboratório novamente, precisavam se livrar de qualquer coisa contaminada antes de entrarem em um local seguro, por isso assim que as portas do elevador se abriram, eles começaram a se despir.

Ficaram apenas com suas roupas íntimas antes de entrarem na área de descontaminação e receberem um jato frio e forte de sanitizante, criado pelos cientistas do laboratório, para matar qualquer microorganismo danoso que parasitasse em seus corpos. Vestiram as roupas das quais haviam deixado separadas antes de subirem para superfície e caminharam em direção a real entrada do laboratório, onde havian dois sentinelas de guarda, eles bateram continência ao vê-lo e ganharam um aceno como resposta.

Quando enfim puderam deixar para trás a fachada profissional, eles suspiraram aliviados, se despediram e cada um foi para uma direção, dispostos a descansar em seus próprios dormitórios e com ele não seria diferente. Jungkook caminhou para seu dormitório com uma expressão cansada, parecia que a cada passo mais perto de sua casa era um cansaço maior em suas pernas, a exaustão ameaçava levá-lo ao chão, mas se manteve firme até estar no conforto de sua cama e nos braços de Hailey, sua noiva. Quando chegou em seu dormitório, abriu a porta e respirou fundo, mas não foi uma boa ideia, pois o cheiro de vômito embrulhou seu estômago de imediato.

— Hailey? — Jungkook a chamou assim que entrou no quarto, viu ela sair apressada do banheiro, mas fez uma careta e voltou correndo para dentro dele novamente. Ele pôde ouvir de onde estava, ela vomitar no vaso sanitário. — Amor está tudo bem? — Perguntou preocupado e caminhou até o banheiro, ela estava de joelhos na frente do vaso, enquanto seu estômago se contraia continuamente.

— Acho que aquele creme de queijo com leite de cabra não me fez bem — ela vomitou novamente, mas saiu apenas saliva e água. Jungkook segurou seus cabelos e fez leves carícias em suas costas.

— Eu falei para você não comer a gororoba da minha mãe — ele riu, enquanto ela soltou um muxoxo.

— Eu não ia fazer desfeita, ela ficou tão feliz quando a gente foi jantar com ela.

— Mas agora o creme de queijo tá voltando para fazer você se arrepender das suas escolhas — sua piada ruim a fez rir pelo menos, o que o tranquilizou.

— Acho que não tem mais nada para voltar agora — Hailey se levantou, mas fez uma careta quando estava de frente para ele. — Você está fedendo.

— Seu hálito também não é dos melhores — ela riu alto.

— Vamos fazer o seguinte — o sorriso não saiu de seus lábios. — Eu escovo os dentes, você toma um banho e nós dois vamos assistir um filme que eu peguei emprestado.

— Que filme? — Jungkook perguntou desconfiado, os Sentinelas sempre levavam para a resistência alguma coisa útil, às vezes encontravam filmes e livros, usavam o sistema de aluguel para que todos pudessem usar. Mas Hailey tinha um péssimo gosto para filmes.

— Juro que esse é legal!

— É sobre o que?

— Vampiros e lobisomens — Jungkook fez uma careta. — Ah, qual é? Você já está julgando antes de assistir!

— Não falei nada — levantou os braços em sinal de rendição e riu.

— E precisou? — Ela fez uma cara de "brava", mas sorriu quando Jungkook deixou um beijo em sua bochecha.

— Tudo bem, vamos assistir. Mas vai escovar os dentes logo, eu quero beijar você e não o creme de queijo — fez uma careta, ganhando um tapa fraco em seu ombro. Mas Hailey assentiu.

— E eu quero abraçar meu noivo, sem meus olhos arderem com o fedor do cloro — piscou, fazendo Jungkook sorrir ainda mais.

Com apenas um aceno em confirmação, Jungkook começou a retirar suas roupas novamente, sob o olhar atento de Hailey, que o devorou com seus olhos de predadora, o sorriso inocente que estava em seus lábios foi tomado por um repleto de malícia. Ele caminhou para o banho antes de que ela o atacasse, como sempre fazia quando o via sem camisa. Pegou o balde onde eles deixavam a água para o banho pronta, o banho era frio, para não gastarem muita energia para aquecer a água, no frio era horrível, mas ao menos tinham como se banhar, coisa que outros não tinham a possibilidade de fazer.

O laboratório funcionava com energia solar, graças às imensas placas que havia na superfície, eles não precisavam se preocupar com energia, mas a água já era uma história diferente. Comida, água, medicamentos e outros recursos extremamente importantes eram racionados, entregues em quantidades contadas para cada um. Para não haver perigo de alguém acabar recebendo mais do que o outro, todos tinham um colar de identificação, que garantia que cada um recebesse sua quantia contada de alimento.

Jungkook tirou seu colar — com uma numeração — para tomar banho, tirou o restante de suas roupas, pegou também a água com um pequeno baldinho e a jogou sobre seu corpo, a água fria o arrepiou, mas sentiu-se limpo quando passou a aplicar o sabão caseiro por todo o seu corpo, livrou-se do cheiro de cloro do sanitizante e de qualquer rastro de sangue ou sujeira da superfície, que sempre impregnava na pele como uma doença. Quando terminou seu rápido banho, pegou a toalha e secou-se, pronto para deitar-se e não se levantar por nada.

Hailey já havia escovado os dentes e estava sentada no sofá do dormitório deles, ela olhava para o banheiro, onde ele estava terminando de se secar, antes de amarrar a toalha em sua cintura e caminhar até o quarto que eles dividiam. Os dois estavam juntos há três anos, haviam se conhecido por acaso durante um almoço no refeitório, ela era uma das cozinheiras que fez o almoço para os Sentinelas. Hailey admitiu a ele que era preguiçosa demais para ser Sentinela, queria ser tutora, mas mudou de ideia quando viu o tanto de crianças que teria que cuidar.

Ela disse a Jungkook uma vez que se não fosse por ele, ela seria uma genetriz, mas que agora estava tranquila sendo apenas uma cozinheira, já que tudo o que ela queria era um bom lugar para dormir e alguém para dividir essa paz com ela. Coisa que Jungkook atendeu com prazer, pois ser um Lider e um dos conselheiros, lhe davam luxos que nem todos tinham acesso, como um bom dormitório e recursos a mais. Mas não conseguia deixar de se sentir mal por Hailey, por não poder dar o que ela mais queria.

Quando saiu do quarto deles, já vestido e pronto para uma sessão de filmes e amassos com sua noiva, esqueceu-se dos problemas, Hailey tinha o poder de fazer ele se esquecer que era um Líder, ele não precisava usar sua máscara com ela. Por isso passaram a noite assim, eles conversaram, assistiram, se beijaram e esqueceram que fora daquele dormitório eles tinham papéis a serem interpretados. E foi daquela forma tranquila que ambos foram acabar na cama, a noite havia sido agitada, Hailey era insaciável e Jungkook não reclamava nem um pouco daquilo.

Acordou no meio da madrugada cheio de sede, por isso levantou-se da cama com muito cuidado e caminhou para fora do quarto, disposto a matar aquilo que estava pronto para matá-lo também. Caminhou até o interruptor da cozinha, que era conectada com a sala e acabou por tropeçar no escuro, xingou baixinho ao notar que espalhou o lixo pelo chão. Suspirou pesaroso e acendeu a luz, caminhou até o lixo para recolher tudo o que havia derrubado, fez uma careta desgostosa ao ver a sujeira que seu desastre causou. Mas um envelope chamou sua atenção.

O envelope estava com o nome de Hailey e de uma médica na parte de trás escrito a mão, o que o fez franzir o cenho e se levantar com o envelope em mãos, um arrepio subiu por sua espinha, normalmente envelopes como aquele eram entregues quando tinham alguma doença , era um diagnóstico médico, por isso sentiu medo. Quando pegou o papel que havia dentro, começou a ler. De início não entendeu muita coisa, mas quando seus olhos encontraram a palavra chave daquilo, seu coração acelerou em seu peito, estava escrito em letras garrafais, POSITIVO. Aquilo fez seu interior se revirar por completo, uma tristeza sem tamanho o tomou, juntamente com a mais profunda e dolorosa decepção.

Era um teste de gravidez.

Junto com um misto de angústia e raiva ele sentiu vontade de rasgar o papel, não queria acreditar no que estava vendo, mas não tinha como não sentir o tapa da realidade ao ver que o nome da médica era Rosé, a obstetra da resistência, ela era de confiança, jamais errava em seus resultados. Sentiu vontade de chorar, de gritar, de quebrar alguma coisa, mas tudo o que fez foi caminhar até o quarto, com uma calma assustadora. Acendeu a luz e viu Hailey se encolher e resmungar, mas abriu os olhos e o encarou com o cenho franzido.

— O que aconteceu, que horas são?

— Hora de você me contar a verdade — foi direto ao ponto, odiava enrolações.

— Hã? — Ela sentou-se na cama e o encarou de maneira confusa.

— Você está grávida? — Levantou o envelope na altura de seus olhos, mostrou para que ela não tivesse a chance de mentir. Seus olhos quase saltaram das órbitas e uma expressão assustada tomou sua face, aquela reação era tudo o que ele precisava. Era verdade.

— Jungkook eu posso explicar... — Ela se levantou às pressas, caminhou em sua direção, mas ele se afastou de suas mãos quando ela ameaçou lhe tocar.

— Então explique — cruzou os braços, o aperto em seu peito só aumentou ainda mais ao vê-la morder os lábios de maneira nervosa.

— Eu conversei com Rosé, para saber se não existia uma chance... E teve! Ou melhor, tem! — Ela tocou sua barriga. — É seu Jungkook!

— Sim, claro que é — riu desacreditado, sentiu vontade de socar a parede atrás dele com força suficiente para quebrar seus dedos. — Se é realmente meu, por que não me contou? De acordo com esse papel, você descobriu a gravidez duas semanas atrás.

— Eu estava com medo da sua reação, eu sabia que não acreditaria em mim! — Ela começou a chorar e aquilo o desarmou por um instante, antes de sua guarda se reerguer novamente.

— Por que será né Hailey? — Perguntou com um sarcasmo imenso, não conteve o olhar decepcionado. — Você sabe o que o Vendetta faz conosco, eu sou estéril desde os meus vinte anos, desde que eu usei a droga pela primeira vez!

— Mas a Rosé disse...

— Não adianta mentir Hailey — a interrompeu. — Eu fiz o exame mês passado, não há qualquer possibilidade desse filho ser meu, pois o Vendetta mata meus espermatozóides, assim como algumas células do meu corpo. Mas você sabia disso, por isso você não queria me contar, porque esse filho não é meu!

— Jungkook... — Ela chorou ainda mais.

— Quem é?

— O que? — Perguntou confusa.

— Quem é o pai dessa criança? — Não sabia se queria ou não ouvir aquilo, mas precisava saber, não conseguiria dormir se não soubesse. Ela abriu os lábios para falar, mas Jungkook foi mais rápido. — Não minta, eu já sei da sua traição, apenas seja verdadeira comigo, ao menos uma única vez. — Deu para notar que aquilo a atingiu, pois ela mordeu os lábios e as lágrimas escorreram por suas bochechas.

— Daniel — ela disse entre o choro, tão baixo que se estivesse mais um centímetro longe não ouviria. — Ele é um tutor.

— Dê os parabéns a ele por mim, pela família linda que vocês irão construir — Jungkook disse com nada mais que decepção pura na voz, não iria chorar e não iria se exaltar. Ela não merecia vê-lo se humilhar. — Pegue suas coisas, não quero você aqui.

— M-Mas! — Ela se desesperou e segurou em seus braços, Jungkook não se afastou, apenas a encarou com a agora tão familiar decepção. — Estamos juntos há três anos, íamos nos casar! Sei que o que eu fiz foi errado, mas você irá jogar toda a nossa história no lixo?

— Você já fez isso por nós dois Hailey — se desvencilhou de seus toques. — Eu vou sair, espero que quando eu voltar, nem você e nem suas coisas estejam mais aqui.

— Você vai mandar uma mulher grávida para fora? Para onde eu irei? — Ela perguntou com a voz embargada.

— Vai morar com o Daniel, minhas felicitações ao novo casal — Jungkook caminhou para fora do quarto, ouviu ela chamá-lo enquanto a deixava para trás. — Adeus Hailey, espero que ele seja um bom pai, pois já que você me trocou por ele, um bom amante eu sei que ele é.

Saiu de casa após fechar a porta atrás dele com mais força do que deveria, ele sentia um gosto horrível em sua boca, o bolo em sua garganta e seus olhos marejados eram a prova de que seu treino e a vida perigosa não conseguiram o tornar inabalável, algumas coisas conseguiam balançar os muros de concreto que ergueu sobre suas emoções, talvez fosse por isso que Hailey o traiu, porque ele era uma pedra. Mas recusou-se a pensar mais um minuto sequer naquilo, caminhou pelos corredores, preferiu descer as escadas de emergência do que a usar os elevadores, já que estavam no toque de recolher e não queria acordar ninguém.

Caminhou até o dormitório de sua mãe Doyeon e seu irmão Junghyun, iria dormir com eles, no conforto dos braços de sua família, pois sentia que desmoronaria e não queria fazer aquilo na frente de Hailey, para que ela visse o quanto havia conseguido atingi-lo. Quando chegou até o dormitório de sua mãe, após descer vários lances de escadas, bateu na porta delicadamente para não assustá-los e esperou com os braços cruzados sobre seu peito, ouviu o som de passos atrás da porta e uma mulher com olhos cansados e cabelos bagunçados abriu a porta, seus olhos estavam inchados de sono e havia uma marca vermelha em seu rosto, provavelmente do travesseiro.

— Ggukie? — Ela perguntou confusa e frisou o olhar. — Eu to sonâmbula ou você tá mesmo na minha porta?

— Você não está sonâmbula mãe — riu fraco. — Posso dormir aqui hoje?

— Claro — ela deu passagem para que ele entrasse, com o cenho franzido. — O que houve, porque está com essa cara?

— Hailey está grávida — olhou para suas mãos, mas levantou o olhar quando sua mãe não disse nada.

— Grávida? Mas como... Você não... — Ela estava confusa, Jungkook conseguia ver que as engrenagens giravam em sua cabeça.

— Não é meu — sua voz falhou por um momento e Jungkook viu o momento em que as peças se encaixaram em sua cabeça, pois ela lhe encarou surpresa e depois com condescendência.

— Oh meu amor, eu sinto muito — ela se aproximou e o envolveu com os braços. Doyeon era bem menor que Jungkook, mas isso não deixou de ser um ótimo consolo, por isso ele retribuiu com muita satisfação. — Ela não te merecia.

— Acho que não fui bom o suficiente para ela.

— Nada disso — ela se afastou e segurou em suas bochechas, como fazia quando ele era criança depois de lhe dar uma bronca. — Você é um homem e um marido incrível, eu te criei bem e você é mais do que um orgulho pra mim, se ela não enxerga isso, azar o dela, encontre alguém a sua altura. Nunca se diminua Jungkook, ela não era a mulher da sua vida, você vai encontrar a pessoa que vai valorizar tudo em você e que vai te aceitar, com ou sem filhos, não se cobre tanto.

— Dói mais do que deveria — Jungkook suspirou e abraçou sua mãe novamente.

— Um amor de três anos não vai se apagar da noite para o dia Ggukie — ela disse calmamente e fez carinhos em suas costas. — Eu nunca gostei dela mesmo, quem já viu não gostar do meu creme de queijo?

— Ela não sabe reconhecer seu excepcional talento culinário — Jungkook riu, se sentia mais leve.

— Não é? — Ela riu, mas os dois se assustaram quando mais uma pessoa se juntou ao abraço.

— Porque vocês estão se abraçando em vez de ir dormir? — Junghyun perguntou aos sussurros.

— Estava com saudades de vocês — Jungkook riu e bagunçou os fios lisos do caçula. — Posso dormir com você?

— Pode, mas se você roncar eu te empurro da cama — Junghyun sorriu. Ele caminhou até sua cama e abriu espaço para Jungkook entrar debaixo dos cobertores.

— Amanhã depois do almoço conversamos tá bom? — Doyeon disse com um sorriso ameno.

— Acho que não terei tempo amanhã.

— Por que? — Ela caminhou até a própria cama.

— Amanhã eu irei treinar os novos Sentinelas — Jungkook se deitou com Junghyun. — E acho que eu precisarei de uma ótima noite de sono e um calmante para aguentar o dia de amanhã.

— Os novos Sentinelas são tão ruins assim? — Ela riu.

— Os Sentinelas não, mas o Especialista que irá treiná-los comigo sim — suspirou pesaroso e sentiu Junghyun se aconchegar em seu peito.

— Quem? — Ela perguntou confusa, por ser uma biomédica, Doyeon conhecia quase todas as pessoas do conselho e Sentinelas.

— Kim Taehyung, o estrategista especialista em contagiados.

~🖤~

Olá bolinhos, o que acharam?

Para que vocês não me xinguem depois, venho avisar que essa fic é MUITO mais pesada que Z.O.

Todas as mortes que eu não narrei, todas as desgraças que eu não coloquei e toda a tensão que eu não escrevi, será colocada aqui. Amo vocês :)

As atts não tem datas definidas, então vai ser de surpresa. Espero que gostem dessa Other Side.

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