Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 09| Você colhe o que você planta

O cantar dos passarinhos foram suficientes para despertar Pietro. Ele forçou os olhos quando escutou o barulho da chuva que caía desde a noite, olhou ao redor e reconheceu que ainda estava no quarto de Victor. Não foi aquilo que o espantou, mas sim a imagem do belo homem desfilando por ali, completamente descamisada, mostrando o abdômen bem definido.

── Victor! - Pietro rapidamente cobriu o rosto, virando ele para o lado. ── Não tem modos??

── Este ainda é o meu quarto Pietro, eu sempre ando por aqui sem camisa. As vezes até pelado. - falou em um tom provocativo.

── Cale a boca. - o garoto ralhou, olhando ele irritado. ── Você poderia pelo menos ter me avisado, assim eu teria saído daqui antes de ver essa cena!

Victor soltou uma risadinha anasalada e caminhou até o closet.
Inconscientemente os olhos de Pietro o seguiram, e ele até mesmo se arrastou na cama para o olhar com mais atenção. Todo aquele corpo era uma verdadeira obra de arte, quando Victor ergueu seus braços para vestir a camiseta cinza todos os músculos acompanharam o movimento. Pietro sequer percebeu que o encarava de uma forma devoradora, feito um alguém perdido em um deserto e que acaba de encontrar o oásis.

── Nós precisamos estabelecer algumas regras para que nossa convivência nessa casa seja a mais tranquila possível. - Victor falou se aproximando da cama, ja vestido. Ele sorriu internamente ao ver que Pietro não havia tirado os olhos dele enquanto se vestia. ── Estava me admirando?

── O que? - Pietro desviou sua atenção para o rosto de Victor, o vendo segurar a risada. ── É claro que não estava.

── Entendi. Pois bem, vamos as regras. - ele prosseguiu guardando as mãos nos bolsos. ── Regra número um; De agora em diante você vai poder andar pela casa livremente, mas não vai poder passar daquele portão.

── Me diga algo que não sei. - Pietro cruzou os braços.

── Continuando. Regra número dois; Vou permitir que você continue seus estudos, mas vou providenciar que todos eles sejam aqui em casa. Você não vai voltar para a faculdade, por enquanto.

── Oi? - de imediato Pietro acordou para a realidade. ── Como assim não vou voltar? Eu tenho planos sabia! A minha formatura, meus amigos. Você não pode destruir tudo isso assim como se fosse o dono da minha vida.

── Ratinho, é claro que eu posso. Já disse; Eu sou o dono da sua vida agora. - Victor ressaltou com tom de autoridade misturado com ironia. ── E a terceira regra e última é que eu quero que você trabalhe comigo, ao meu lado, em alguns negócios.

── Olha, eu tô fora de matar pessoas. - deixou claro erguendo as mãos.

── Não quero que você vire um assassino, só se quiser é claro. O que eu quero é que você me ajude a administrar os assuntos aos quais eu não lido muito bem, como o cassino e algumas coisas nos hotéis. Suas notas são ótimas, você é um dos alunos que está em destaque na sua turma.

── Andou pesquisando sobre a minha vida??

── Tem certeza que isso realmente importa agora? Saber se eu pesquisei sobre a sua vida pessoal é o menor dos seus problemas.

── É óbvio que isso é importante. - Pietro se levantou, fizando de pé em frente a Victor. ── O que mais você sabe sobre mim?

── Você é intolerante a lactose, tem alergia a pelo de gato e seu tipo sanguíneo é O negativo. Na infância ganhou um prêmio no colégio onde estudava por um projeto que você mesmo inventou e criou sozinho. Quer saber se eu sei mais alguma coisa? - desafiou. ── Podemos ficar nisso a manhã toda.

── Olha, eu realmente preferia estar morto agora. - Pietro retrucou, lamentando para si mesmo.

── Seria um desperdício para os meus propósitos matar alguém tão inteligente feito você Pietro. Vale lembrar que eu te fiz um favor ao te deixar vivo, então seja um pouco mais grato perante a minha compaixão.

── Eu não vou te agradecer por porra nenhuma. - xingou apontando o dedo para ele, ressaltando o que já havia deixado óbvio desde o dia em que chegou aquela casa. ── Você tem fodido a minha vida desde que me trouxe para cá, e não é no bom sentido! Ainda quer que eu te veja como um homem bondoso só por que não me matou? Sinceramente, vá a merda Victor. Aposto que ficar em baixo da terra deve ser muito mais prazeroso do que viver com alguém controlador feito você. - concluiu lhe lançando um olhar de desdém.

Victor se aproximou de Pietro e o segurou pelo queixo, fazendo-o afastar a cabeça para baixo para olha-lo. Ele apertou as bochechas do garoto de forma suave e desviou sua atenção para seus lábios, porém se controlou. Ainda não era hora para tentar aquele tipo de aproximação, ele queria ver o outro completamente rendido a si, a ponto e desejar por algo como aquilo tanto quanto ele desejava.

── Se você quiser algum tipo de prazer comigo é só me dizer, que eu vou realizar tudo o que você desejar com muito prazer Pietro. - sussurrou, deixando que sua voz saísse carregada de malícia.

── Sai. - Pietro ordenou se afastando de Victor. Ele pegou um travesseiro da cama e o ergueu. ── Sai daqui agora Victor!

Não houve tempo para uma resposta da outra parte. Pietro expulsou Victor do seu próprio quarto a travesseradas. Safira estava do lado de fora, ouvindo boa parte da conversa e morrendo um pouquinho com cada fala do patrão. A mulher sabia o quanto Victor queria ter Pietro por perto, mas desdenhava o modo como ele estava o tratando, tão rude e irredutível em suas decisões. Ele nunca teria para si o que realmente queria se continuasse agindo daquela forma. Quando notou a aproximação deles na porta ela saiu correndo para descer até a cozinha.

── Nossa conversa ainda não terminou. - Victor apontou já do lado de fora.

── Vá você, suas regras e seus planos todos plantar bananeira! - Pietro profanou fechando a porta na cara do outro com profunda delicadeza.

Irritado e se sentindo completamemte contrariado mais uma vez Victor caminhou em direção a cozinha, pisando fundo no piso de maneira. Quem quer que fosse, naquele momento deveria rezar para não cruzar o caminho daquele homem que estava fervendo de raiva por dentro. Ao chegar na cozinha Victor se deparou com Safira, ela preparava um chá como fazia todos os dias para si e não esboçou reação alguma quando viu ele esmurrar o balcão.

── Ja chega. - Victor bufou apertando as mãos. ── Eu vou acabar com o resto da porra da vida daquele garoto!

Safira pegou um pouco de açúcar com uma colher e a virou na xícara, se sentou e olhou para Victor.

── Ao menos parou para se ouvir? - questionou, sem esconder o tom de sermão. ── Você esta privando ele de fazer todas as coisas que ele gosta. E sendo bem franca Victor, qualquer um em sã consciência se afastaria de alguém como você depois de ouvir as barbaridades que saem dessa sua boca sem freio.

── Se esta insinuando que eu deveria afrouxar as rédeas, tire essa ideia da sua cabeça Safira.

── Viu só. Um ogro, como sempre.

── Não adianta! Com ou sem regra é impossível conseguir uma aproximação dele. Safira, Pietro está sempre na defensiva para tudo o que eu digo.

── Jura, não me diga. Por que será, não é mesmo? - ela debochou arqueando uma sobrancelha, completamente espantada com tamanha burrice e lerdeza. ── Você não precisa da minha ajuda, sabe muito bem o que ele quer.

── Negativo. - negou balançando a cabeça. ── Se eu der a Pietro a liberdade que ele tanto deseja, em dois dias não o vejo mais. Não posso me arriscar a perder ele e colocar em risco o meu império.

── Assim não está ajudando. Sério, as vezes eu esqueço e fico chocada com essa sua capacidade de não conseguir pensar nos sentimentos alheios. - Safira colou seu corpo no balcão para ficar mais perto de Victor. ── Meu anjo, você precisa parar de pensar com a cabeça e começar a agir mais com o coração em conjunto com a lógica. Não estou dizendo para dar tudo de uma vez, mas para começar aos poucos, assim ele vai perceber que você esta disposto a confiar nele. Você precisa ganhar a confiança dele e vice e versa, assim ambos saem ganhando.

── E o que mais?

── Seja menos bruto com as ações e palavras. Você o conhece desde que eram crianças, então com certeza você sabe tudo sobre o que ele gosta. Use isso como armas ao seu favor, e quando conseguir o que quer, ai sim dê a ele sua liberdade total! - Safira jogava as dicas com empolgação. ── Eu duvido muito que Pietro vai querer sair do seu lado se ele se sentir completamente grato e rendido por você.

── E se nada disso funcionar?

── Você tem um plano B? - indagou.

── Por enquanto não, mas muitas coisas se passam na minha mente.

── Então vai funcionar! Confie no que te digo, e na hora certa ele vai estar agradecendo por tudo o que fez por ele. E talvez, com muita sorte, Pietro até venha a se tornar alguém melhor ou pior que você Victor. - Safira sorriu lambendo o líquido na colher. ── Não é isso o que você deseja; Um parceiro na vida e na morte como todos da sua família? Até onde eu sei você é o único que ainda não se casou.

── Apenas se ele quiser, embora sim, eu queira muito isso. - Victor ressaltou, abrindo um pequeno sorriso de malícia. ── Tudo bem, obrigado pelos conselhos. Talvez eu os siga, mas agora vou treinar minha pontaria.

── Ainda esta chovendo muito la fora. - Safira avisou.

── Sem problemas. Isso é melhor ainda.

As gotas que caíam do céu haviam aumentado nos últimos minutos. Eu estava sentado perto da janela da sala lendo, mas meu foco permanecia-se dividido entre as letras minúsculas nas folhas e Victor.

Desde a manhã ele estava no jardim da frente, treinando sua pontaria com o arco e flecha. Mesmo de longe eu conseguia ver como ele acertava com maestria cada um dos alvos, todos no centro. Pelo tanto de furos que haviam neles, eu poderia julgar que ele treinava bastante. Enquanto o observava em dado momento Victor se virou e nossos olhares se encontraram, ele sorriu e ao notar que eu estava o olhando voltou a se virar de costas para a janela e retirou a camiseta toda ensopada.

── Mas que filho da.

── Biscoitos? - Safira perguntou ao se aproximar de mim com um pote cheio de biscoitos. Neguei com a cabeça. Ela abandonou o pote em cima da mesa de centro e se sentou no outro sofá. ── Meus olhos me enganam ou você estava observando ele?

── Nunca vi alguém treinar embaixo de chuva. - falei ignorando completamente a pergunta dela. Sequer virei meu rosto para olha-la. ── Ela vai acabar ficando gripado.

── Esta preocupado com ele agora?

── Não. - soltei olhando Safira, temendo não acreditar naquele não. ── Só estou alertando para o que pode vir a acontecer. Não que eu esteja jogando praga ou algo do tipo.

Safira me lançou uma expressão que dizia claramente que ela não tinha acreditado em nada do que eu disse. Não julguei sua reação nem revidei, nem eu mesmo havia acreditado em minhas palavras. Ela levantou em silêncio e se retirou.

O dia passou rápido embora tudo fosse monótono e lento, a noite caiu rápido e com ela uma notícia que eu não esperava. Nunca fui de prever acontecimentos, mas com o vento gelado da noite a conta chegou, Victor não desceu para jantar e presumi que ele realmente havia ficado mal depois de tanta chuva. Após o jantar eu subi para o meu quarto, ao passar em frente ao seu vi que a porta estava fechada, me aproximei e o ouvi tossir. Soltei uma risadinha baixa, mas ao invés de continuar meu caminho ignorei meus sentidos e, indo contra minha vontade própria entrei no quarto dele.

Victor estava enfiando de baixo das cobertas e dormia tranquilamente. Andei até a cama, retirei meus chinelos e me sentei com calma para não acorda-lo, observei com cuidado seu rosto e ele parecia diferente, talvez muito mais tranquilo e calmo. Realmente existiam males que vinham para o bem, pensei.

── O que está fazendo aqui? - a pergunta fez com que eu levantasse rapidamente de sua cama. Victor se levantou, ficando sentado.

── Pensei que estivesse dormindo.

── Eu estava, mas você me acordou ao abrir a porta.

── Estava fingindo esse tempo todo? Mas que.

── A minha pergunta. - Victor me interrompeu, voltando ao seu humot habitual de sempre. ── Ainda não respondeu ela.

── Você não desceu para o jantar. Eu estava indo para o meu quarto e como te ouvi tossir decidi vir ver como estava, mas já vi que esta ótimo! - expliquei, tentando não parecer tão rude.

── Para sua infelicidade estou perfeitamente bem. - após dizer aquilo, instantâneamente Victor cobriu a boca para conter um espirro. Ri.

── Jura é? Então, já que está bem, eu vou indo. - encerrei me virando para sair dali.

── Safira esteve aqui agora pouco. Ela me disse que você supôs que eu poderia adoecer devido a chuva. - parei e o olhei. ── Devo me preocupar com o que sai da sua boca a partir de hoje?

── Acredite; Se as minhas palavras tivessem tanta força assim eu já estaria bem longe daqui agora. - ironizei cruzando meus braços. Antes que Victor falasse algo, alguém bateu na porta e em seguida entrou.

── Senhor Bretonne, eu. - Alexa, assim que me viu alo, ficou surpresa e me encarou com uma cara feia. ── O que você está fazendo aqui?

── Eu moro aqui agora. Legal não é? - respondi em tom de deboche, segurando minha risada mas não contendo um sorriso.

── Como. Tá, isso não me interessa! Senhor Bretonne, aquele rapaz estrangeiro está na linha e quer falar com o senhor. - ela avisou passando por mim, fazendo questão de bater seu ombro no meu de proposito.

Victor pegou o telefone em mãos mas antes que pudesse dizer algo soltou mais um espirro seguido de uma tosse. Revirei meus olhos e me aproximei, tomando o aparelho em mãos.

── Tenha santa paciência! - reclamei levando o aparelho no ouvido. ── Hello! Who do I talk to? - perguntei, tentando fazer o meu melhor sotaque inglês para prosseguir com aquela conversa. ── Oh, nice to meet you, Mr Arnold. You don't know me but my name is Pietro Martínez. I would like to warn you that Mr Bretonne is in no better position to deal with business. In his name I apologize a thousand. - me desculpei com o homem, vendo o olhar atento de Victor sobre mim. ── Would you mind returning next week? So it's agreed! Have a good night. - finalizei, encerrando a ligação. Joguei o telefone na direção de Alexa e ela o pegou.

── Ele avisou que vai ligar novamente na semana que vem e desejou melhoras para você. - resumi a Victor o que haviamos conversado.

── Escuta, quem você pensa que é para fazer o meu serviço garoto? - Alexa questionou, visivelmente irritada comigo. ── E ainda por cima agir como se morasse aqui a anos! Aliás, como você começou a morar aqui?

── Se coloque no seu lugar! - falei aumentando um pouco minha voz. ── Em primeiro lugar, eu não devo satisfação para você. Em segundo, você faz seu serviço de uma forma péssima. E em terceiro, eu não acho nada ético entrar no quarto do seu chefe do modo como você entrou. Me parece até que você quer ter uma relação mais que profissional com ele. - insinuei. ── Agora, se nos da licença, você ja pode se retirar daqui.

── Não recebo ordens suas.

── Agora você recebe. - Victor interviu, fazendo Alexa olhar para ele. ── Você o ouviu Alexa, esta dispensada por hoje. - concluiu, reforçando minha autoridade que até pouco tempo eu sequer sabia que existia.

Alexa apenas me fuzilou com o olhar e saiu do quarto. Soltei o ar que estava preso e me virei para Victor, ele me encarava com um sorrisinho pequeno.

── Gostei de ver. Desde quando é assim, tão autoritário? Inclusive, estou curioso para saber onde aprender a falar inglês tão bem assim.

── Ainda criança a minha mãe me colocou em uma escolinha de inglês. Eu absorvi algumas coisas, então não foi um tempo gasto. - expliquei, indo até ele e o descobrindo.

── Et les Français? - ele perguntou enquanto eu apoiava seu braço sobre meu ombro, mesmo que tivéssemos uma diferença um pouco grande de altura.

── Bien sûr, je peux aussi parler français. Drôle. - Victor apenas riu. ── Agora chega de tentar descobrir meus segredos, você precisa comer algo bem forte se quiser voltar para sua vida normal. Não vou assumir suas coisas por um ou dois dias só porque esta doente.

Victor não contestou e apenas deixou que eu o guiasse até a cozinha. Dispensei a cozinheira e assumi o controle do lugar onde eu mais gostava de estar; A cozinha. Comecei a cortar alguns legumes para o preparo do prato que pretendia fazer, e enquanto fazia aquilo não pude deixar de reparar em como Victor analisava cada movimento meu, curioso com tudo o que eu fazia. Assim que finalizei tudo, levei a panela até a tábua de madeira que estava em cima do mármore e ergui a tampa.

── Aprecie a minha maravilhosa sopa de Mondongo. - falei pegando pratos e talheres em seguida. Victor encarou a panela por alguns minutos e fez uma expressão de repulsa ao se sentar.

── Sopa de tripas, você quis dizer.

── Então você conhece. Mas o que foi? - levei uma mão até minha cintura. ── Ah, ja entendi, você não esta acostumado a comer coisas assim. Perdão, eu me esqueci que gente fina só come aquelas comidas estranhas. Como é o nome mesmo? Ova de peixe, caramujo.

── Escargot, o nome é escargot. - ele interviu, me corrigindo.

──Bom, não me importa qual seja o nome daquilo. Mas me diga; Como é a sensação de ter que comer aquela parte gosmenta de dentro daquele bixinho sem lembrar que ele rasteja? - a cada palavra que eu dizia Victor sentia mais vontade de vomitar. Não consegui mais me segurar e comecei a rir.

── J'ai tellement envie de te tuer maintenant. - Victor resmungou levando a mão até o rosto.

── Não, você não quer me matar. - respirei um pouco e contive meus risos. ── Certo, vamos fazer um trato. Se você comer um pouquinho e ainda sim não gostar eu faço o que me pedir ainda hoje. - ele me encarou com uma expressão brincalhona.

── Qualquer coisa mesmo? - tive receio do que ele poderia pedir, mas sorri e me mantive firme na decisão.

── Sim.

Com muito esforço e insistência da minha parte Victor colocou um pouco de arroz no patro e despejou uma pequena quantidade de sopa ao lado. O observei misturar um pouco do caldo com os grãos brancos e em seguida levar o garfo até a boca, se impedindo rapidamente de gorfar na minha frente. Ele sequer conseguiu dar mais algumas garfadas e correu para o banheiro que ficava na parte de baixo, me deixando na cozinha aos risos.

No fim de tudo, ele preparou um sanduíche e o comeu, acompanhado de um suco de laranja. Ele insistiu para que eu deixasse ele limpasse a cozinha sozinho pois disse que certas vezes gostava de deixar as coisas do modo dele, concordei e esperei na sala até que ele terminasse de arrumar a bagunça. Eu já estava cansado e com sono quando o vi se aproximar com um cobertor fino em mãos.

── O que vai fazer com isso? - perguntei apontando para as coisas.

──Você disse que eu poderia pedir qualquer coisa. - respondeu me fazendo lembrar do que eu havia prometido.

── Ah, claro. Tudo bem, trato é trato. - me levantei. ── O que você vai pedir? - Victor não respondeu, apenas pegou na minha mão e me levou até o lado de fora.

Por um momento pensei que ele me levaria de novo até o porão, imaginando que ele tinha algum tipo de fetiche secreto, mas na verdade apenas nos deitamos em um sofá em formato oval perto da piscina.

── Minha mãe e eu costumávamos observar as estrelas juntos quando eu era criança. Era legal fazer isso. - ele contou enquanto olhava para o céu nublado acima de nós, com poucas estrelas.

── Por falar nisso, onde ela está agora?

── Viajando. Dominique é uma mulher que não costuma criar raízes em um lugar só. - explicou. ── Espero que você tenha o prazer de conhecer ela algum dia.

O silêncio deu as caras novamente, mas busquei por algum assunto para não ficarmos naquela situação.

── Sabe, eu tinha um jardim de rosas brancas no meu ateliê. Minha mãe sempre gostou de cultivar elas, dizia que traziam paz e que acreditava nisso. Quando ela morreu eu passei a curtivar também. - embora não estivéssemos nos olhando eu sabia que Victor estar me vendo e me ouvindo contar aquilo com muita atenção.

── Pietro, como a sua mãe morreu? Acho que você nunca me contou sobre isso.

── Nunca mesmo, na verdade, pra ninguém. - murmurei. ── Houve uma invasão na nossa casa, eles queriam matar o meu pai. Ela tentou me proteger e acabou sendo atingida por um disparo, direto no coração. - me levantei ficando de costas para Victor e mostrei a ele a cicatriz em minha nuca. ── Ainda fui ferido, e acabei ficando com um marca desse dia. - as pontas geladas dos dedos de Victor encostaram em minha pele e minha única reação foi me assustar, ao mesmo tempo que um arrepio me suabia a espinha. ── O que está fazendo? - indaguei em um sussurro, obtendo apenas um murmúrio e um suspiro vindo dele. Me virei para Victor e encostei minha mão em seu rosto, constatando que o vento gelado não estava o fazendo bem. ── Acho melhor voltarmos para dentro.

O ajudei a se levantar e caminhamos até seu quarto. Deitei Victor em sua cama e revesti seus pés com uma meia, cobrindo-o em seguida e ajeitando seus travesseiros. Antes mesmo que pudesse me virar para deixa-lo, sua mão agarrou meu pulso, fazendo-me olha-lo de novo.

── Fique. - pediu. ── Quero que durma aqui, se você quiser e puder.

Não houve um tom de ordem ou exigência nos seus olhos e naquele pedido, fora apenas algo dito de maneira despretenciosa por alguém que provavelmente estava beirando aos delírios de uma febre. Decidi ignorar a minha razão e dar folga para ela. Me ajoelhei no colchão e deixei que meus chinelos caíssem no chão, aconcheguei-me sobre o peito de Victor e logo o peso da mão dele recaiu sobre minha cabeça, me fazendo um afago. Não saberia dizer se conseguiria dormir, e certamente meus pensamentos não me deixariam fazer isso. Aquele homem estava começando a ultrapassar os limites das minhas barreiras.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro