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capítulo único

Opa!!
É época de festa junina e eu não podia deixar isso passar em branco, então fiz uma fic de bsd com esse tema!

Obs: Eu sou mineira e queria colocar alguma cidade de Minas aqui. Inicialmente, pensei em colocar a minha própria, mas aqui não tem muita festa, então resolvi colocar Juiz de Fora. Dito isso, nunca parei lá realmente, só passei por lá, então as descrições não serão precisas!

Enfim, era só isso que eu queria dizer, aproveitem! <3

-

Dazai bocejou por um momento, antes de olhar para fora da janela do avião em que se encontrava, percebendo que o solo ficou cada vez mais próximo até que eles aterrissassem. Ele logo fez um movimento que perturbou o homem que dormia em seu ombro.

O moreno olhou para o lado, encarando Nakahara Chuuya, admirando brevemente suas madeixas laranjas, seus olhos se demorando em seus lábios sem sua permissão. O ruivo piscou para ele, seus olhos ainda nublados de sono, antes que um barulho de descontentamento deixasse seus lábios.

— Já chegamos? – Murmurou com uma voz cansada.

Dazai retribuiu um sorriso divertido. — Olhe e descobrirá. – Respondeu, apontando para fora.

Uma voz veio do banco atrás de si. — A resposta é sim! – Era Ranpo, degustando mais um de seus pirulitos.

Chuuya foi rápido em se endireitar, dando um suspiro. — Ainda não entendo o porquê de precisarmos de tanta gente para essa missão.

Ah sim. A Agência havia concordado em fazer uma parceria com a Máfia do Porto para essa missão, uma vez que o fugitivo que procuravam era um de seus traidores - o próprio Dazai era um, mas ele sabia que ninguém podia fazer nada sobre isso - que fugiu com alguns documentos importantes da Máfia. Haviam pedido específicamente que o moreno resolvesse o caso - com uma quantia generosa de dinheiro -, mas ele havia pedido que fosse acompanhado por Chuuya. E Ranpo veio de penetra, mas não era exatamente indesejado.

Dazai foi tirado de seus pensamentos quando viu os passageiros do avião começando a descer e ele logo fez um movimento para seguí-los, sendo também seguido por seus dois colegas. Assim que saiu, estremeceu ligeiramente ao sentir o ar frio bater em seu rosto, uma diferença gritante em comparação ao ar quente do verão que o cumprimentava no Japão durante aquele mês. Ele supõe que fazia sentido, uma vez que estavam literalmente do outro lado do mundo.

Eles estavam desembarcando em Juiz de Fora, cidade localizada no estado de Minas Gerais, Brasil. Ao que tudo indicava, seu alvo havia fugido para essa cidade, talvez porque a polícia  local estava muito ocupada com crimes locais para se importar com o passado de um estrangeiro e não queriam gastar tantos recursos com isso.

Felizmente, todos os três sabiam pelo menos um pouco de português:

Dazai era um pouco melhor, uma vez que, como ex-Executivo da Máfia, era bem visto que ele fosse fluente ou quase fluente em diversas línguas, então ele se aprimorou nisso: era fluente, além do japonês, em inglês, russo e francês e era bom o suficiente em português, espanhol, mandarim e algumas outras. Ajudava também o fato de que ele ficava rapidamente entediado e gostava de aprender línguas novas por diversão.

Chuuya, sendo um executivo, passava pela mesma coisa, mas ainda aprendia de forma um pouco mais lenta que o prodígio. O ruivo era fluente em inglês e francês e sabia manter um diálogo em português e espanhol. Ele fez questão de estudar um pouco mais de português antes da missão para que não houvesse falhas na comunicação.

Ranpo, semelhante ao próprio Dazai, achava divertido aprender outra língua quando estava sem nada para fazer, e isso culminou em uma fluência em algumas línguas e, assim como os outros dois, decência em português.

O moreno saiu de seus pensamentos quando chegaram ao desembarque e logo procuraram suas bagagens. Após encontrá-las, eles começaram a se dirigir para seu quarto de hotel, mas não sem antes parar em um banco para trocar o dinheiro. Trezentos mil ienes haviam virado cerca de dez mil reais. Dazai achava que era muito dinheiro para a curta estadia - eles tinham uma previsão de voltar em quatro ou cinco dias, no máximo -, mas ele não reclamaria, muito pelo contrário: aproveitaria o máximo possível.

Eles andaram rapidamente para o hotel, já que eram aproximadamente sete horas da noite e o banco não ficava tão longe do local que iriam passar os dias.

— O que será que 'tá acontecendo? – Ranpo perguntou curiosamente, de repente, enquanto passavam por uma praça que ficava no caminho.

Dazai e Chuuya desviaram o olhar para onde o outro detetive estava encarando e avistaram a praça decorada com diversas bandeiras coloridas, algumas barraquinhas - algumas ainda sendo montadas - e uma pilha de madeira no centro que o moreno imaginava que seria usada como uma fogueira.

Dazai ergueu uma sombrancelha. — Não sei. – Respondeu, antes de se iluminar ao ver algumas pessoas andando por lá. — Podemos perguntar!

Chuuya fez um barulho irritado. — E em que isso nos ajudaria em nossa missão? – Indagou, cruzando os braços.

— Eles podem ter alguma informação, oras! – Dazai retrucou com uma voz irritantemente alegre, antes que ele suspirasse. — Mas ainda estamos com nossas malas, não seria melhor guardar antes?

Ranpo e Chuuya assentiram. — Realmente. Temos que diminuir as chances de sermos roubados. – O primeiro disse. Todos os três estavam com suas respectivas mochilas - normalmente, Chuuya as carregaria com Upon the Tainted Sorrow, mas não podiam arriscar usar suas habilidades em público quando não sabiam se era algo normal para a população local ou não, não poderiam causar um alvoroço desnecessário.

Com isso, os três seguiram seu caminho e não demorou muito para que eles chegassem ao hotel. Após fazer check-in e entrarem no quarto reservado, foram rápidos em fazer uma varredura pelo local para garantir que não havia nenhuma câmera ou escutas. Felizmente, estava livre de tais dispositivos.

Olhando para as camas, Ranpo deu um sorriso malicioso, antes de rir. — Parece que há apenas duas camas, uma de solteiro e uma de casal... – Ele falou em um tom de deboche. — A de solteiro é minha! – Disse, antes de pular na cama que declarou ser sua.

Dazai e Chuuya se entreolharam, com os rostos ligeiramente corados.

— Não vou dormir com esse filho da puta! – O ruivo gritou, apontando para o mais alto.

— Você me feriu, Chibi! – O moreno choramingou. — É só dormir! Não vai arrancar pedaço nem nada... – Falou, sentindo-se divertido ao ver a irritação do outro.

— Prefiro dormir no chão... – Chuuya murmurou, mas colocou sua mochila em cima da cama do mesmo jeito. Ele se virou para Dazai, estendendo a mão. — Me dê a sua também, seu maldito desperdício de bandagens.

O moreno deu um sorriso divertido ao lhe entregar a mochila. — Que cavalheiro~

O sangue correu para o rosto do ruivo. — Cala a boca antes que eu jogue pela janela! – Ameaçou, mas Dazai apenas riu, sabendo que a ameaça não seria realizada. A janela era - infelizmente, diga-se de passagem - protegida por grades para que não houvesse nenhum acidente. Ranpo havia escolhido um quarto com esse justo ajuste devido às tendências de seu colega de trabalho.

Ranpo soltou uma risada. — Devemos ir logo se ainda quisermos encontrar alguém naquela praça. – Ele os lembrou, se levantando.

Após pegarem seus celulares, saíram rapidamente do hotel com o objetivo de visitar aquela praça e talvez encontrar mais informações sobre o alvo.

Assim que chegaram no local, viram que ainda haviam pessoas, mas menos do que anteriormente. Eles se aproximaram de uma mulher de meia idade de longos cabelos castanhos ondulados - muito semelhantes aos de Dazai - que estava terminando de arrumar uma das barraquinhas.

— Olá, senhorita. – Dazai começou, fazendo com que a moça o encarasse. — Se você não se importa que eu pergunte, o que vai acontecer aqui? – Resolveu ir direto ao ponto. Ele planejava perguntar primeiro se ela gostaria de cometer suicídio duplo com ele, mas o olhar afiado de Chuuya em sua nuca o impediu.

A mulher o encarou com as sobrancelhas erguidas, antes de sorrir. — 'Cê não é daqui, né? – Perguntou.

— Não. Somos do Japão. – Chuuya respondeu no lugar de Dazai, fazendo questão de não mencionar a cidade por ora, apenas por precaução.

— Que legal! Vocês falam português muito bem. – A mulher respondeu, seu sorriso se esticando. — Pra responder sua pergunta, estamos arrumando tudo pra festa junina! – Ela exclamou, mas se apressou a explicar ao ver a feição confusa dos homens. — A festa junina é a comemoração de alguns santos, mas o principal é São João e vai ser dia vinte e quatro. Há muita comida gostosa, danças, roupas típicas, brincadeiras e tudo de bom! A gente vai fazer um estilo mais tradicional do nordeste, mesmo que aqui seja Minas. 'Cês deveriam vir também. – A morena sorriu ainda mais, sua voz jovial transbordando de animação.

Dazai sorriu para os outros dois homens. — Que tal participarmos? É daqui a dois dias.

Ranpo sorriu e estava prestes a confirmar, mas Chuuya o interrompeu com uma tosse.

— Temos algo mais importante pra cuidar, lembra? – Ele falou cuidadosamente em japonês, já que a mulher ainda os observava.

— Vamos pensar sobre isso, senhorita...? – Ranpo respondeu por eles, encarando a mulher.

— Laura! – Ela respondeu alegremente. — Quais são seus nomes? Vou procurar vocês, se vocês vierem!

— Eu sou Nakahara Chuuya, ele é Dazai Osamu e esse é Edogawa Ranpo. – O ruivo apresentou, apontando para cada um enquanto falava.

A mulher pareceu confusa por um momento. — Nahakara... Nararaha...? – Tentou pronunciar, claramente falhando. — Foi mal, não sei pronunciar nomes japoneses.

Dazai soltou uma risada. — Pode nos chamar da maneira que achar mais fácil. – Ofereceu.

— Ok, Chuuya, Dazai e Ranpo. – Laura tentou mais uma vez. Embora a pronúncia ainda estivesse incorreta, os demais não insistiram.

— Se a senhorita não se importar, temos mais algumas perguntas. – Ranpo disse.

A mulher soltou uma risada. — Não precisam ser tão formais! – Exclamou. Ela deu uma olhada para a barraquinha que estava arrumando, antes de se voltar para eles novamente. — Posso responder mais algumas perguntas, contanto que seja até oito e meia.

Dazai pegou seu distintivo que mantinha no bolso do casaco e mostrou para Laura. — Eu e Ranpo-san somos detetives e estamos tomando conta de um caso que veio parar aqui, espero que possa nos ajudar.

A mulher olhou o distintivo de perto, como se estivesse inspecionando a veracidade dele, antes de sorrir. — Claro, manda bala.

Chuuya pegou seu telefone e o levantou, a tela mostrando a foto do alvo. — Você já viu esse homem por aqui?

A tela mostrava um homem pardo com olhos levemente puxados, cabelos pretos penteados para trás - claramente cheios de gel - e um bigode ralo. Ele usava as costumeiras vestes pretas da Máfia. Não era nem um homem bonito e nem feio, e sim um sólido mediano. Se fosse no Japão, não seria tão difícil assim reconhecê-lo dependendo do local que ficasse, mas, no Brasil, que é um país de mestiços, seria um pouco mais difícil.

Laura apertou os olhos levemente, parecendo pensativa enquanto encarava a foto, antes que seus olhos se arregalassem e um olhar preocupado adornasse suas feições.

— Eu me lembro de ver alguém parecido montando uma das barraquinhas aqui durante o dia, mas ele já foi embora e só vai 'tá aqui de novo no dia da festa. Infelizmente, não lembro qual barraca ele 'tava montando e nem sei do que é. – Ela falou rapidamente, o que fez com que fosse um pouco difícil para os homens entenderem o que foi dito - Dazai percebeu que ela falava cortando algumas palavras, mas não comentou -, mas mesmo assim entenderam a essência disso. A mulher os fitou com um olhar receoso. — Ele é alguém perigoso? Devemos cancelar a festa?

Ranpo deu um sorriso vitorioso. — Muito pelo contrário, senhorita! – Exclamou. — Ele é, de fato, alguém perigoso, mas você terá os melhores aqui no dia da festa para protegê-los e capturar esse cara! – Ele disse orgulhosamente, tentando acalmar Laura. A morena parecia prestes a dizer mais alguma coisa, mas, como se lesse sua mente, o detetive menor se adiantou. — Não há necessidade de chamar a polícia, podemos lidar com isso.

— Parece que teremos que participar dessa festa, afinal de contas. – Chuuya murmurou sob a respiração.

— Nós teremos que nos misturar! – Dazai cantou alegremente, olhando para a mulher. — Laura, você pode nos dizer onde encontrar roupas adequadas para a ocasião?

A preocupação da mulher parecia ter sido momentaneamente apaziguada. Ela deu um sorriso hesitante para eles. — Me encontrem amanhã nessa mesma praça às nove horas da manhã, vou levá-los a uma loja boa daqui. – Ela ofereceu, antes que seu telefone tocasse. Laura o pegou, seus olhos arregalando ao perceber que já passava das oito e vinte. — Tenho que arrumar minhas coisas pra ir pra casa, não é muito seguro ficar andando por aí essas horas. Tomem cuidado, viu? – Ela disse, antes de começar a se afastar.

— Ah! – Dazai exclamou, fazendo com que a mulher se virasse e olhasse para ele interrogativamente. — Não conte para ninguém, não queremos que o fugitivo saiba de nossos passos antes da hora, certo? – Pediu com um sorriso encantador.

A mulher lhe deu um sorriso tranquilizador, embora um pouco nervoso. — Fica tranquilo sô, não vou contar.

Depois disso, eles se despediram da mulher e se separaram. Assim como pedido por Laura, eles tomaram cuidado no caminho de volta, mas, felizmente, não tiveram nenhum problema.

— Isso foi um pouco fácil demais. – Chuuya falou assim que entraram no quarto do hotel. — O que será que esse cara 'tá planejando? – Se questionou, antes de se sentar na beira da cama.

— O que você acha, Dazai? – Ranpo perguntou, deitando-se em sua cama.

O dito homem se sentou na cama que dormiria, se encostando na cabeceira. — Ele quer passar esses documentos que roubou para alguém e precisa ser discreto. – Ele pensou consigo mesmo. — Só não entendi o porquê de fazer isso em uma festa no Brasil.

O detetive mais velho encarou o teto. — Essa é a última peça restante do quebra-cabeça. Tenho certeza que iremos descobrir eventualmente.

Dazai se levantou repentinamente, esticando os braços, antes de pegar sua mochila. — Bem, isso é um problema para o meu eu do futuro! O eu de agora vai tomar um longo e merecido banho. – Falou, antes de correr para o banheiro.

Ranpo e Chuuya se entreolharam.

— Ele vai ficar lá pelas próximas uma hora e meia, não vai?

— O que você acha, ruivinho?

— Filho da puta.

-

Chuuya piscou, passando o edredom suave e quente por seus dedos e encarando o rosto do homem em sua frente. O ruivo esticou a mão e colocou uma mecha de cabelo de Dazai atrás de sua orelha, admirando silenciosamente seus longos cílios castanhos e observando o subir e descer calmo de seu peito.

Ele mesmo não estava com sono - havia dormido bastante no caminho até o Brasil -, mas duvidava que Dazai tivesse dormido em algum momento dos últimos dois dias. Chuuya notou, tardiamente, que nenhum dos três havia comido qualquer coisa além de pequenos lanches antes de ir dormir, mas ele se preocupava um pouco mais com o moreno em sua frente - afinal, o homem já comia pouco.

Chuuya permitiu que um pequeno sorriso suave surgisse em seu rosto quando Dazai se aproximou de sua mão. Seu ex-parceiro era um poço de paranóia e máscaras bem colocadas, mas eram esses pequenos momentos que o mostravam a verdadeira face do moreno.

Ele é como um gato, o ruivo percebe. Arisco e irritável, esguio e ágil; calmo e, ao mesmo tempo, caótico; além de seu quase que instintivo ódio por cachorros. Todas essas são características que ele atribuiria a um gato, por mais paradoxais algumas poderiam ser. Simplesmente fazia sentido quando se tratava de seu parceiro.

Chuuya estava um pouco surpreso pelo fato de Dazai ter dormido tão facilmente, mas não estava reclamando - muito pelo contrário, ele esperava que o homem pudesse dormir durante toda a noite. Porém, sabia que, ao contrário de suas esperanças, o moreno dormiria pouco -. O ruivo simplesmente o conhecia.

Dazai o irritava até a morte, pegando em seu pé desde que eram apenas adolescentes insuportáveis, chamando-o de todas as variações de "baixinho" que conseguiria pensar. Em troca, Chuuya só o provocava por seus olhos de peixe morto e suas bandagens. Apesar de todas as desavenças, o moreno era o mais próximo de amigo que o ruivo possuía e ele admitiria, a contragosto, que gostava um pouco demais dele.

O que ele não admitiria, no entanto, é que Chuuya sentia falta de seu parceiro. Ele ainda se sentia meio amargurado, pensamentos sobre o porquê de Dazai ter o abandonado permeavam sua mente de tempos em tempos. Mesmo assim, ele não podia odiar o moreno por sair daquele ambiente tóxico. Embora Chuuya fosse cem porcento leal à Máfia do Porto, ele reconhecia que não era o ambiente ideal para se estar e ficava genuinamente feliz por seu ex-parceiro por ter achado alguma razão para sair.

No geral, Dazai parecia mais feliz, mais radiante. Seus olhos mortos ainda faziam aparições ocasionais, mas eram muito mais disfarçados.

Um ronco vindo da cama ao lado o assustou para fora de seus pensamentos. Encarando o relógio que repousava em uma das paredes do quarto, notou que já eram duas e vinte e um da manhã.

Ele suspirou, fechando os olhos e desejando que o sono viesse com facilidade.

Felizmente, não demorou muito para que seu pedido fosse atendido.

-

Dazai sorriu, pegando um cabide com uma roupa que atraiu sua atenção. Tanto Ranpo quanto Chuuya já haviam escolhido um look para si mesmos e estavam experimentando, enquanto o moreno ficou olhando as opções por mais um tempo.

— Posso experimentar esse? – Perguntou para a atendente e para Laura, piscando inocentemente. As duas mulheres o encararam com confusão, mas a atendente logo assentiu e o guiou para uma cabine.

Dazai se atrapalhou um pouco para colocar a roupa, demorando apenas um bocado - talvez isso fosse um eufemismo, se os barulhos aborrecidos de Chuuya do lado de fora fossem alguma indicação -. Felizmente, não demorou muito para que o moreno estivesse totalmente vestido com a roupa que havia escolhido.

Satisfeito com sua própria aparência, Dazai abriu a cortina da cabine e deu um amplo sorriso. — Como eu fiquei?

Chuuya o encarou fixamente, olhando-o de cima a baixo, enquanto Ranpo parecia apenas divertido - como se já esperasse por isso.

— Que porra é essa. – O ruivo falou simplesmente em japonês, confundindo as duas mulheres.

O motivo do choque de Chuuya? É que Dazai havia escolhido um vestido! Era de um quadriculado azul e preto acompanhado de uma espécie de espartilho ajustável, babados, alguns laços e mangas bufantes que deixavam os ombros à mostra. O ex-mafioso havia, honestamente, escolhido aquele em específico só para mexer com Chuuya e nem planejava realmente comprá-lo para usar no dia, mas ele admitiria que acabou gostando, mesmo com suas bandagens mais amostra que o normal. Ele se sentia gostoso pra caralho nessa roupa, diga-se de passagem.

Chuuya e Ranpo estavam mais simples. O ruivo optou por uma camisa quadriculada vermelha e preta, acompanhada de jeans e um cinto marrom - foi sugerido por Laura que ele comprasse um chapéu de palha, mas ele absolutamente se recusou a abrir mão de seu próprio chapéu. O pensamento de que o ruivo estava muito bonito passou pela mente de Dazai, mas ele foi rápido em balançar a cabeça para tentar se livrar do mesmo.

O outro detetive, por outro lado, foi mais atraído pelo tecido tradicional da festa junina - o chitão. Ele havia escolhido uma camisa vermelha com flores azuis e uma calça jeans - e ele planejava, com toda certeza, desenhar um bigode e uma barbicha no rosto.

Dazai se aproximou de Chuuya, jogando os braços ao redor de seu pescoço. — Não 'tô lindão, Chibi? – Cantou, sorrindo amplamente ao sentir a irritação do homem menor. O que ele não notou, porém, foram as bochechas rubras do ruivo. Ranpo, que estava atento a tudo, trocou um sorriso conhecedor com as outras mulheres, que assistiam a cena com sorrisos divertidos.

— Me larga! – Chuuya o empurrou para longe, antes de cruzar os braços. — Não vou mentir, ficou bom. Mas ainda sinto que falta alguma coisa.

A atendente se aproximou um pouco. — Que tal uma bota longa?

O sorriso de Dazai se esticou quase que impossivelmente. — Eu quero a bota com maior salto que você tiver!

— Ele não quer. – Foi o que os outros dois homens disseram em uníssono.

O moreno olhou para eles com um beicinho, antes de suspirar. — Pode ser uma bota sem salto então. – Falou, cabisbaixo. — Bando de estraga prazeres. – Ele murmurou baixinho, embora o sorriso tivesse voltado ao seu rosto.

Depois disso, eles foram rápidos em finalizar suas compras - felizmente, não havia ficado tão caro, já que estavam apenas alugando. No final, as únicas adições às roupas que já haviam escolhido eram botas e, no caso de Dazai e Ranpo, chapéus de palha. Laura lhes deu algumas dicas sobre como arrumar sua aparência antes que eles seguissem caminhos separados, prometendo se encontrarem na noite do dia seguinte.

Enquanto estavam a caminho de um restaurante para almoçar, Dazai cutucou Ranpo. — Você acha que deveríamos investigar um pouco mais ou todas as nossas respostas estarão na festa amanhã? – Perguntou, soltando um bocejo logo depois.

Ranpo balançou a cabeça, ostentando um pequeno sorriso. — Não sei porquê você 'tá me perguntando se já sabe a resposta.

O maior retribuiu o sorriso. — Só pra ter certeza. – Respondeu, cruzando os braços.

Chuuya olhou para os dois, dando um grunhido de irritação. — Gênios malditos que não se comunicam direito... – Sussurrou para si mesmo, mas a risada dos outros dois o fez perceber que havia sido ouvido.

— Não preocupe sua linda cabecinha com isso! – Dazai cantarolou, dando tapinhas leves na cabeça do ruivo, que o fitou com um olhar afiado. Se olhares pudessem matar, o moreno estaria a seis palmos abaixo da terra. — Tudo que precisamos fazer é prestar atenção amanhã.

Chuuya ajeitou seu chapéu, seguindo em frente com uma carranca de desagrado. — Eu espero que você esteja certo.

O ex-mafioso deu um sorriso cheio de dentes. — Quando eu não estou?

-

Chuuya olhou ao redor com os olhos arregalados. Ele já tinha ouvido falar que o povo brasileiro era um povo animado, mas isso era um nível totalmente novo para ele e, olhando para os outros dois homens que o acompanhavam, ele não era o único com essa percepção. Estavam espalhados por todos os lugares pessoas dançando e cantando, crianças correndo alegremente entre os adultos enquanto brincavam com seus amigos, todos aproveitando ao máximo a noite.

O ruivo de repente se sentiu sendo puxado e, ao olhar para o lado, viu que era Ranpo, os guiando para uma barraquinha específica.

— Tem alguma pista? – O mafioso perguntou rapidamente quando pararam em frente ao local. Entretanto, Ranpo apenas sorriu para ele.

— Não! Mas olhe! Eu queria alguns doces. – Ele falou, antes de se virar para o dono da barraquinha. — Que doce é esse aqui? – Perguntou, apontando para um pequeno quadrado envolto em um plástico amarelo e branco com a palavra "paçoquita" escrita.

O atendente levantou uma sombrancelha pelo sotaque de Ranpo, mas deu um sorriso amigável para ele. — É paçoca! – Exclamou. — É de amendoim, é bem docinho e esfarela na boca. Eu amo! 'Cê deveria experimentar.

O detetive sorriu. — Vou querer! E esse outro aqui? E aquele? – Foi apontando para vários alimentos em exibição na mesa. Chuuya observou, com aborrecimento, que o atendente suou um pouco, mas começou a listar seu cardápio lentamente.

O ruivo estava prestes a externalizar seus sentimentos, mas foi interrompido por um braço coberto por bandagens sendo cruzado com o seu e o puxando para longe.

Dazai o arrastou pela multidão, cantarolando junto com a música que tocava — falava sobre uma tal de Carolina. Chuuya permitiu que seu olhar fosse para cima e para baixo, analisando, mais uma vez, a aparência do outro e ele corou quase que imediatamente. O mafioso não pôde deixar de admirar o jeito que o vestido abraçava quase que perfeitamente a figura de Dazai. A peça de roupa era meio curta, mas, felizmente, o outro homem usava uma calça preta colada por debaixo do vestido. O chapéu de palha estava colocado firmemente em seus cachos castanhos, sem ser ameaçado de ser derrubado pelos ventos gelados do inverno. Ele também havia desenhado três pequenos pontos em cada uma das bochechas, representando sardas - e ele havia feito Chuuya fazer o mesmo.

No geral, Dazai estava esplêndido, de tirar o fôlego.

Mas Chuuya, logicamente, preferia morrer engasgado com sua própria saliva do que admitir isso.

O moreno continuou o arrastando até que parassem em frente à uma grande fogueira. Dazai a encarou com os olhos parecendo estarem brilhando, antes que se voltassem para o mafioso.

— Vou me jogar na fogueira! Aposto que vou queimar rapidinho! – Exclamou, começando a correr em direção às chamas.

Em resposta, Chuuya apenas suspirou e o puxou de volta pelo pulso. — Se comporte, idiota. – Ele pediu - ou melhor, mandou.

Dazai fez beicinho. — Qual é, já faz alguns dias que eu não tento me matar. – Reclamou, antes de levar um tapa leve na nuca. — Ai!

— Vamos começar a investigar... – O ruivo começou, mas foi interrompido pela aparição de duas pessoas.

Eram Laura e um homem desconhecido - que se parecia muito com ela.

— Oi!! Dazai, Chuuya! – A mulher exclamou, se aproximando, enquanto o homem ao seu lado dava um pequeno aceno. Chuuya o viu encarando Dazai - assim como muitos outros já haviam feito naquela noite -, mas lhe direcionou um olhar que o desafiava a dizer qualquer coisa ruim. — 'Cês vieram mesmo. Onde 'tá o Ranpo?

— Ele foi comprar alguns doces. – Dazai respondeu com um sorriso amigável, antes de olhar para o desconhecido com uma sombrancelha levantada. — E quem seria esse?

O sorriso de Laura se esticou. — É meu irmão, João! – Apresentou, antes de se virar para o dito homem. — Esses aqui são Dazai e Chuuya, dois dos caras que eu 'tava te contando sobre ontem.

João sorriu calorosamente e estendeu a mão para que cada um deles pudessem apertá-la. — Prazer em conhecê-los. Espero que estejam gostando da festa.

— Acabamos de chegar na verdade. – Chuuya falou.

Antes que mais alguém pudesse dizer alguma coisa, a música mudou. Com isso, Laura e João trocaram um olhar animado.

A mulher se voltou para os outros dois homens. — Vocês já dançaram essa? – Perguntou, antes de bufar, não dando chance para eles responderem a pergunta. — Óbvio que não. 'Cês nem são daqui. – Sussurrou para si mesma, antes de puxar seu irmão. — Observem e aprendam!

Chuuya observou enquanto os dois irmãos valsavam em torno do outro em harmonia, girando um ao outro em certos momentos e controlando os passos propositalmente. Parecia... Divertido.

Laura e João se afastaram após um tempo, ambos com sorrisos no rosto. A mulher logo lhes deu um joinha. — Tentem!

O ruivo hesitou, mas viu Dazai se aproximando e oferecendo uma mão para ele. Chuuya aceitou a mão e iniciou a dança, embora o pensamento sobre a missão deles passasse rapidamente por sua mente, mas fosse descartado.

Em movimentos rápidos e atrapalhados, eles se esticaram e depois puxaram um para o outro, trocando de lado, antes que Chuuya fosse girado em torno de si mesmo. A ação foi repetida, mas, dessa vez, Dazai é quem foi girado - embora o ruivo precisasse ficar nas pontas dos pés para conseguir girá-lo.

O mundo ao redor pareceu diminuir, como se sobrassem apenas os dois no local, apesar de estarem cercados por muitas pessoas. Olhos azul cerúleo estavam travados com olhos cor de chocolate, ambos parecendo compartilhar um entendimento mútuo inimaginável para a mente humana.

Eles continuaram dançando de forma desordenada, mas ambos estavam com sorrisos em seus rostos - que se aproximavam cada vez mais. Apesar de todo o barulho ao redor, Chuuya sentia uma sensação de paz e calma. Vagamente, ele escutou o refrão da música - dizia "Vem morena pros meus braços" e ele achava que, de alguma forma, encaixava perfeitamente com o que ele sentia naquele momento.

Eles pararam um em frente do outro, os narizes quase se tocando, levemente ofegantes. Chuuya continuou admirando o poço sem fundo de chocolate que eram os olhos do outro, quase que sentindo a doçura em suas papilas gustativas apenas de observar.

— Cuidado com esse olhar, cachorrinho. Vai ficar parecendo que você se importa comigo. – Dazai falou, tirando-o de seus pensamentos, embora sua voz estivesse meio trêmula.

O ruivo franziu a testa. Dazai era um dos caras mais inteligentes que ele conhece, mas não conseguia ver que Chuuya se importava com ele? Mesmo assim, ainda não era algo que seu orgulho lhe permitia admitir. A saída do homem da máfia ainda estava fresca em sua mente.

— Do que você está falando, bastardo? – Foi o que Chuuya resolveu responder.

Aparentemente, isso foi um erro, porque Dazai imediatamente se desvencilhou dele, o sorriso caindo lentamente de seu rosto. Chuuya percebeu que os irmãos haviam desaparecido na multidão, provavelmente teriam desistido de conversar com eles quando estavam tão perdidos em seu próprio mundo. O ruivo abriu a boca para falar alguma coisa, subitamente arrependido, mas nada saiu.

— Vai ser mais produtivo se nos separarmos. – O moreno falou inexpressivamente após um momento de silêncio. — Vou procurar o alvo por ali. – Ele apontou para um canto mais afastado, antes de apontar para o outro lado. — Você vai por lá. Pode ser?

Chuuya apertou os lábios em uma linha fina. Era quase como se Dazai estivesse o afastando propositalmente agora. Ele abriu a boca para protestar, mas desistiu, sabendo que seria uma batalha perdida naquele momento. — Ok...

Ambos seguiram caminhos separados com os corações pesados, mas não olharam para trás.

-

— O que eu fiz!? – Chuuya exclamou, enquanto era arrastado por dois homens altos com trajes de policial.

Cerca de trinta minutos após se afastar de Dazai, o ruivo foi abordado por esses dois homens, que afirmavam que ele estava sendo procurado e que ele deveria ser preso. Naquele momento, Chuuya pensou que a missão tinha ido por água abaixo e que, de alguma forma, havia vazado para as autoridades que ele era da Máfia. Seu primeiro pensamento foi fugir - usar sua habilidade não era uma opção -, entretanto, antes que ele pudesse, foi pego pelos dois braços pelos homens e foi arrastado para algum lugar.

E era assim que ele chegou em sua situação atual.

— Senhor, tudo que você disser pode e será usado contra você. – Um dos homens informou. Chuuya sentiu uma veia em sua testa saltar e fez o melhor de si para não usar Upon the Tainted Sorrow para enviar esse cara para a exosfera. Isso era, com toda certeza, uma frase clichê de um filme policial.

O ruivo tentou olhar ao redor, buscando alguém para pedir ajuda, mas aqueles que encontravam seu olhar apenas riam dele, como se soubessem de algo que ele não sabia.

De repente, os homens que o arrastavam pararam, antes de o empurrar para dentro de uma caixa meio espaçosa. Ele tropeçou para dentro, mas não caiu. Sem dar nenhuma outra explicação, os oficiais fecharam a porta.

— Filhos da puta! – Chuuya xingou em japonês, felizmente, a caixa estava bem iluminada, então ele ainda conseguia ver a porta com clareza. Ele se aproximou dela. — Deixem-me sair!

— Você é realmente um cachorro raivoso, né, Chibi? – Uma voz com tom divertido veio de trás dele.

Os pelos do ruivo se arrepiaram e ele se virou, dando de cara com Dazai. — Você! – Ele apontou um dedo na cara do outro homem. — É claro que você tinha um dedo nisso. Como nós saímos daqui?

O moreno levantou as mãos em um gesto pacífico. — Dessa vez eu não tenho nada a ver com isso. – Afirmou, embora ainda sorrisse. — Mas tenho uma impressão de que sei quem nos mandou para cá.

Chuuya soltou um barulho de descontentamento, antes de chegar perto da porta. — O que temos que fazer aqui? – Grunhiu.

Um farfalhar veio do outro lado da porta. — Vocês tem duas opções. Ou vocês pagam a fiança, ou vocês se beijam. – Respondeu uma voz grave através da madeira, de maneira direta.

Os dois homens se entreolharam, o sangue correndo para o rosto.

— O que!? – Chuuya gritou. — Você quer que eu beije esse desgraçado!?

O rubor de Dazai diminuiu, um sorriso surgindo em seu rosto, embora não alcançasse os olhos do ruivo. — A ideia de me beijar é tão ruim assim, Chuuya? – O moreno perguntou honestamente, em japonês. O mafioso não pôde deixar de notar o uso repentino de seu nome.

O ruivo engoliu em seco. A resposta era não, não era. Muito pelo contrário, na verdade, ele adoraria. Contudo, haviam tantas camadas de desentendimentos e mágoas há muito enterradas que teriam que ser tratadas após isso. Chuuya não queria lidar com as consequências disso.

Parecendo interpretar seu silêncio como sim, o ex-mafioso direcionou seu olhar para o chão. — Eu sei. Eu não mereço seu afeto, de qualquer forma.

Chuuya apertou os punhos. — Pare com isso.

— Não quero que se sinta pressionado. Vamos pagar a fiança. – Dazai continuou mesmo assim, se aproximando da porta, já com uma das mãos na carteira que mantinha em um pequeno bolso da calça.

O ruivo se aproximou do moreno, olhando-o diretamente nos olhos. — Me deixe falar antes, idiota.

O moreno mordeu o lábio antes de suspirar, parando. — Vá em frente.

— Sinto muito por ter feito você pensar que eu não me importo com você. Após anos de parceria, eu imaginava que você soubesse que eu confio em você com cada centímetro do meu ser e me preocupo com você. – Ele bufou, como se doesse fisicamente admitir isso. Ele viu que os olhos de Dazai se arregalaram comicamente com a bruta honestidade e parecia prestes a dizer algo, mas Chuuya não o deixou. — Mas você tem que entender, você também me machucou. Você me trouxe para a máfia, apenas para me abandonar alguns anos depois. Você nem me perguntou se eu queria ir junto, nem me contou que estava indo. – Ele terminou, com os punhos tremendo levemente.

Dazai cruzou os braços. — Eu entendo e sinto muito por isso também. – Respondeu e foi a vez de Chuuya ficar surpreso. Dazai Osamu? Pedindo desculpas? Essa era nova. — Mas seja sincero, Chuuya, você iria junto comigo? Você não tentaria me impedir se soubesse antes? – O moreno continuou.

O ruivo respondeu com um momento de silêncio, mas que já parecia ser resposta o suficiente para o moreno. — Por que você explodiu o meu carro? – Resolveu perguntar em resposta.

— Você seria o primeiro que seria investigado pela Máfia por sua proximidade comigo. Eu precisava fazer com que eles deixassem você em paz e não suspeitassem de você. – Foi a resposta que Dazai deu e Chuuya percebeu que eles nunca haviam sido tão cruamente genuínos um com o outro como agora.

— Você nunca foi tão legal assim... – O ruivo falou calmamente.

Todo o comportamento de Dazai pareceu suavizar. — Você encontrou seu lar na Máfia. Eu não. E eu não podia permitir que você perdesse isso por minhas próprias ações egoístas.

Chuuya sentiu a familiar umidade nos olhos, mas se obrigou a manter as lágrimas bem guardadas. Ele ainda se sentia amargurado, mas não podia deixar de pensar... Que talvez as coisas tivessem corrido o melhor possível. Entretanto, Dazai estava com o olhar baixo.

— Osamu. – O rosto de seu ex-parceiro se ergueu, choque em suas feições ao ouvir seu primeiro nome ser pronunciado - e era justificado, Chuuya nunca havia feito isso antes. — O que quer que tenha feito você pensar que eu não me importo com você, está completamente errado. Você pode me irritar o tempo todo, mas eu diria que encontrei um certo... conforto em nossa dinâmica. – Ele sentiu suas bochechas esquentarem levemente, antes de sorrir. — Dito isso...

Chuuya pegou o rosto de Dazai em suas mãos e puxou para o seu, conectando seus lábios em um beijo casto. O ruivo sentiu os braços de Dazai rodeando seus ombros enquanto aproveitava o toque suave e doce que envolvia os lábios do moreno. Eram como se fogos de artifício estourassem em sua própria cabeça, as borboletas em seu estômago dançavam alegremente.

Eles ficaram assim por um tempo, até que se afastaram. Eles se encararam, palavras que não precisavam ser ditas sendo trocadas com apenas um olhar.

— Eu acho... Que entendi. – Dazai disse e Chuuya sentiu seu estômago esquentar com o sorriso contente que surgiu em seu rosto. O moreno pegou sua mão e entrelaçou os dedos. — Vamos sair daqui, temos uma missão pra cumprir.

-

— Vejo que deu tudo certo. – Ranpo falou com um sorriso enquanto comia um pedaço de bolo cujo sabor eles não conseguiam identificar apenas com o olhar.

— Isso foi obra sua, não foi? – Dazai o encarou, mas sem soltar a mão do ruivo.

O sorriso do outro detetive apenas se esticou. — Culpado da acusação! – Exclamou, apontando para si mesmo. — Mas parece que eu consegui o que eu queria. Além do mais, consegui informações sobre o cara que estamos procurando. Me sigam.

No caminho, eles perceberam que haviam bem menos pessoas que antes na festa. Olhando para o horário em seu telefone, Chuuya percebeu que já eram nove horas da noite. O tempo havia passado rápido demais para seu gosto.

— Então... O que você descobriu? – Dazai começou, se dirigindo a Ranpo.

— Eu me encontrei com Laura e perguntei se havia algo nessa festa que poderia se passar por documentos e ela mencionou que existe algo chamado "cordel". – Disse e se apressou para explicar quando viu os olhares confusos dos outros dois. — Geralmente, são poemas populares com rimas em folhetos que ficam pendurados, mas dessa vez parece que o autor os fez em folha A4 para vendê-los. Conveniente demais, você não acha? – Ranpo perguntou com um sorriso conhecedor.

Dazai retribuiu com um sorriso incisivo. — Entendi. O nosso alvo provavelmente é quem está vendendo esse cordel. – Afirmou, ganhando um aceno de cabeça de Ranpo.

Antes que pudessem perceber, avistaram uma barraquinha com alguns papéis em exibição e, com um olhar para o homem atrás do balcão, perceberam que era quem eles procuravam.

Chuuya começou a se aproximar, mas foi impedido por um leve puxão na parte de trás de sua camisa, que o fez voltar. O ruivo olhou para Dazai e Ranpo interrogativamente. — O que estamos esperando? Podemos terminar essa missão rapidamente, aqui e agora.

O moreno maior sorriu. — Você 'tá certo, Chuu. – Disse e o dito homem sentiu suas bochechas corarem com o apelido. — Mas quero ver quem é esse para quem ele venderá os documentos. Tenho um palpite e quero ver se eu 'tô certo.

Com isso, eles se esconderam atrás de uma grande árvore e esperaram. Por um bom tempo, nada aconteceu e eles estavam prestes a ir na direção do alvo - que estava com um pacote fechado nas mãos -, mas logo pararam ao avistar um familiar cabelo preto oleoso, ushanka branco fofo e olhos carmesim afiados. Dazai suprimiu uma risada ao ver as roupas quadriculadas de festa junina que o homem usava - o ushanka já o fazia se destacar como um polegar machucado.

Era Fyodor Dostoyevsk.

Eles apertaram o passo, parando bem atrás do alvo. Fyodor, que estava na frente deles, os encarou com um sorriso leve.

— Vocês finalmente chegaram. – O russo disse, antes de olhar para Dazai. — Escolha de vestimenta interessante, Dazai, mas eu não diria que é ruim. Suponho que seja a sua cara. – Nenhum deles conseguia decifrar se era um elogio ou não, principalmente vindo desse homem.

Dazai deu um sorriso de escárnio em resposta. — Bem que eu senti o cheiro de rato de esgoto por aqui. O que lhe trouxe aqui, no Brasil de todos os lugares, Demônio Fyodor? – Perguntou, dando ênfase em seu título.

O homem entre eles os olhava com medo em seus olhos, suando profusamente. Ele começou a andar em passos lentos, tentando se afastar, mas foi interrompido por um aperto forte nos ombros.

Chuuya o encarou, apertando um pouco mais sua mão. — Onde você pensa que vai? – Falou baixinho, mas com um tom ameaçador que pôde ser facilmente identificado, antes de retirar o pacote das mãos do homem que ameaçava.

Ele virou o olhar para Ranpo, que entendeu imediatamente o que ele quis dizer. O detetive se aproximou e começou a algemar o homem enquanto Chuuya abria o pacote e verificava se todos os documentos estavam lá. Felizmente, foi capaz de determinar que sim, estava tudo ali.

Seu olhar pousou em Dazai, que estava com os ombros tensos, parecendo pronto para atacar, sua postura se espelhando à de Fyodor. Pareciam duas víboras, uma enrolada no pescoço da outra, esperando que o outro cometa o menor deslize possível para realizar o bote.

Com essa percepção, o punho de Chuuya brilhou em vermelho. Ele sabia que não deveria usar toda a extensão de sua habilidade naquele local, mas não podia evitar de se preparar caso precisasse lutar contra Fyodor. Ele sentiu sua garganta se fechar apenas com o pensamento, sabendo que ele não sabia quase nada sobre o russo.

Para sua felicidade - ou infelicidade - um portal surgiu bem atrás de Fyodor. Dazai o encarava com a sombrancelha franzida enquanto o russo desaparecia sem deixar vestígios.

— Poderíamos ter lutado, éramos três contra um... – Chuuya murmurou, deixando que o brilho carmesim de seu punho desaparecesse.

O moreno balançou a cabeça, encarando seus colegas. — Viram o portal? Nikolai Gogol estava aqui também. E não devemos subestimar o Dostoevsky, podemos não saber quase nada sobre ele, mas de uma coisa eu sei: esse cara equivale a pelo menos cinco homens adultos. – Falou, com a testa franzida, antes de olhar para o alvo. O homem estava com a cabeça baixa, mas a palidez e tensão de seu rosto era palpável. — Vamos entregá-lo para as autoridades locais? – Perguntou.

Ranpo assentiu. — Ele provavelmente será deportado de volta para Yokohama e então o governo de lá pode lidar com isso. – Afirmou, antes de dar um olhar de canto de olho para Chuuya. — Você não acha que vamos deixar você resolver isso no estilo da máfia, certo?

O ruivo bufou, cruzando os braços. — Não pensei nisso nem por um segundo.

Depois disso, eles foram rápidos em ir para a delegacia mais próxima, evitando ao máximo os olhares curiosos que lhes eram dirigidos. Após entregar o homem e provar seus atos - eles encobriram a Máfia dizendo que era um órgão governamental muito importante para a cidade, mas ninguém além deles precisavam saber disso.

Eles haviam decidido voltar para a festa depois disso e não demoraram muito para reencontrar Laura, que perguntou como tudo havia corrido. Após explicar a situação de forma superficial para a mulher, ela lhes ofereceu um sorriso aliviado antes de começar a lhes apresentar as festividades: áreas de pesca - Dazai havia conseguido um peixinho parecido com o Nemo! -, comidas tradicionais, como bolo de carimã e dedo de moça - Ranpo já havia experimentado ambos e danças frenéticas ao redor da fogueira - Chuuya havia realmente gostado dessa parte.

Eles festejaram até tarde da noite - e, no caso de Dazai e Chuuya, encheram a cara.

Seria eufemismo dizer que no hotel, na manhã seguinte, eles estavam com ressacas horríveis enquanto Ranpo ria deles.

Depois disso, eles aproveitaram o Brasil por mais um tempo antes que precisassem voltar para o Japão. Em sua terra natal, Dazai e Chuuya tiveram uma longa e necessária conversa entre eles para esclarecer seus sentimentos com precisão - Ranpo os incentivou a comunicarem mais o que sentem.

A última coisa que eles esperavam dessa viagem era que saíssem namorando um ao outro, mas, bem, não era uma surpresa indesejada.

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O Ranpo lá de vela, coitado kkkkk Eu ia incluir o Poe, mas desisti no meio por não saber escrever ele muito bem!

Sobre o Dazai usando um vestido, vi um vídeo no tiktok em que ele usava um e eu pensei: por que não?

Perdão, o final foi meio rushado porque eu queria postar hoje (dia 24) e porque eu não queria que ficasse muito longo!

De qualquer forma, obrigada por ler!! <3

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