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Capítulo 9

Uma voz distante me chamava. Ela se tornava cada vez mais alta, porém continuo encarando um ponto qualquer do enorme salão principal até sentir um fraco tapa em meu rosto. Em resposta, tenho um leve espasmo e projeto os braços para frente como forma de proteção, apesar de reconhecer que seria inútil levando-se em conta a minha força. Então, ao ter uma percepção melhor do ambiente, percebo estar lavando o piso do salão. Cherly estava ao meu lado com os braços cruzados e uma expressão nada amistosa.

— Er... Acho que passei tempo demais no meu devaneio, não é?

— Imagina. Eu só fiquei preocupada porque pensei que sua alma tinha saído do corpo. — ela ironiza. — O que deu em você, Diane? Desde hoje de manhã parece que está no mundo da Lua.

— Nada demais.

— Não pode mentir para a sua amiga. Isso é feio.

Apreensiva, mordo o lábio desviando o olhar. Eu nunca tive uma amiga para falar sobre garotos, então me sentia um tanto quanto envergonhada por iniciar esse assunto. Além do mais, não se tratava de uma pessoa qualquer, era do príncipe que estávamos falando. Por isso, olho para os lados certificando-me de que somos as únicas no salão e conto sobre a minha última noite com o Christian. Depois do beijo, ele se despede com um sorriso gentil deixando essa boba escritora sorrindo no jardim. E, desde então, estou suspirando pelos cantos.

Cherly escutava tudo alternando suas expressões conforme relato os acontecimentos. Os seus olhos quase saltam das órbitas quando narro o beijo e cubro a boca dela antes que um grito estridente ecoe por todo o palácio. Quando a empregada acalma os ânimos, segura as minhas mãos e comenta:

— Você virou a concubina dele, Diane!

— O que?! Não, não! Eu já disse que não sou nada disso! — exclamo totalmente indignada com a sua colocação. Tornar-se a concubina de Christian seria um tiro final em minha autoestima. Uma vozinha teimosa em meu interior diz que eu mereço mais do que isso. — Eu senti que havia um sentimento naquele beijo.

— Amor?

— Acho que é cedo para deduzir isso, mas quem sabe.

— Céus, eu ainda não acredito que minha amiga beijou o príncipe!

Rapidamente, pressiono o dedo indicador nos lábios em um pedido discreto de silêncio. Cherly o entende e assente com a cabeça.

— Perdão, eu me empolguei. Mas então, o que vocês são? Amantes?

— Eu não sei, mas prefiro não pensar muito nisso. — admito abaixando o olhar. — Deixarei que o príncipe decida, ele é a melhor pessoa para isso.

— Realmente. Você é muito avoada, tenho medo que complique a situação.

Uma risada escapa dos meus lábios e concordo silenciosamente.

— Eu posso ver seus olhinhos brilhando, isso é bom. A sua felicidade é a minha felicidade, Diane.

— Obrigada, Cherly.

A minha amiga — e agora digo com convicção essa palavra — abre um sorriso genuíno, apertando minhas mãos com ternura. Eu nunca recebi o apoio singelo de ninguém, exceto pelas poucas vezes em que Bryan me apoiava em meus novos livros, mas não se comparava ao pilar que Cherly tem sido para mim. E pensar que eu dei pouco destaque à essa personagem incrível na obra.

— Não está na hora de dar os remédios ao seu sogro? — ela questiona com um sorriso de canto e dou um leve tapinha em seu braço, rendendo em uma risada descontraída da sua parte. — O que? Eu só disse a verdade.

— Ora...

Mas ela estava certa, por isso trato de ajudá-la o mais rápido possível antes de correr para a cozinha onde preparo o chá e os remédios caseiros.

Erick encontrava-se com um vigor melhor do que ontem, tanto que já estava sentado na cama quando entrei no quarto. Como cumprimento, fiz uma breve reverência e recebi um sorriso caloroso do rei. Ele não era um monarca arrogante, sequer exigia um tratamento diferenciado por ser o homem mais importante do reino. Por isso, não demorou muito para que eu me sentisse mais à vontade com a sua presença.

— Bem que o remédio podia ter um gosto melhor. O que acha de colocar uma mistura de morango e creme? — ele brinca e rio baixo.

— Infelizmente, isso não é possível. Mas confie em mim, majestade. Eu já experimentei remédios piores.

Ele fazia uma breve careta virando o copo de uma vez e me entregando logo em seguida. É um alívio saber que o rei confia em minhas habilidades e, principalmente, o seu filho possui essa confiança em mim. Após depositar a bandeja na mesinha, caminho até o outro lado do quarto e abro as espessas cortinas, permitindo que a luz do Sol invadisse o cômodo. Erick estreita os olhos por causa do leve incômodo nas retinas, mas logo se acostuma.

— Sinto-me bem melhor depois de ontem. As suas habilidades são invejáveis, Diane.

Sorrio sem jeito e continuo a arrumar o quarto.

— Poderia fazer parte da equipe médica de Velorum.

É uma proposta tentadora, afinal poderia ajudar o reino de uma maneira que não envolve limpar todos os cômodos do castelo. Porém, lembro das palavras protetoras de Chrisitan, afirmando que era melhor deixar esse trabalho para outras empregadas. Por isso, nego com a cabeça sem tirar o sorriso dos lábios.

— Agradeço à proposta, majestade, mas gosto de servir à família real dessa forma.

— Pelo visto, você puxou a dedicação da sua mãe. — ele comenta em um tom nostálgico.

Franzo o cenho e me viro para o rei.

— O senhor a conhecia tão bem assim?

Eu não sei definir o sentimento no olhar misterioso do rei, mas senti um calafrio desagradável passar pelo meu corpo. Contudo, logo Erick estava com sua expressão suave e um sorriso descontraído.

— Ela serviu a família real por anos. Uma pena que aquela terrível doença a levou.

Okay. Acabo de descobrir que a mãe de Diane faleceu por causa de uma doença, já é uma informação a mais sobre essa personagem. E também suspeito que o rei saiba de mais detalhes, mas obviamente não contará.

Para não levantar suspeitas, fiz a minha melhor expressão triste antes de comentar:

— Ela está em um lugar melhor.

— Com toda certeza. Então, eu darei um passeio pelo jardim. Sinto-me mais disposto!

— Que bom, majestade.

— Poderia me acompanhar?

— Sim. Seria uma honra.

Enquanto saio do quarto, dando tempo para o rei se trocar, penso na forma súbita que ele mudou de assunto. É muito suspeito, depois irei investigar. Eu sei que não deveria me intrometer tanto na trama de Velorum, pois não passarei muito tempo aqui mas tenho um pressentimento sobre o passado de Diane. Talvez alguém nesse reino possa tirar as dúvidas sobre essa personagem desconhecia que reencarnei.

Quando o rei saiu do quarto, não deixei de analisar como a sua postura era mais jovial ao trajar roupas causais. A calça preta de montaria e a camisa bege combinavam com a bota preta que usava. Ele tinha estilo, não posso negar, além de parecer mais jovem quando sorria. O Christian tem o mesmo sorriso gentil do pai.

Erick dispensou a presença dos guardas no nosso passeio mas, ainda assim, pude ver dois deles na entrada do jardim. O rei olhava as flores ao nosso redor com um brilho único no olhar; um brilho apaixonado que eu conhecia muito bem por descrevê-lo em meus livros.

— Elas a lembram de alguém? — questiono deixando a curiosidade me guiar. — Perdão por perguntar, é que...

— Tudo bem, eu não me importo de responder. — ele sorria cordialmente. — A minha falecida esposa, Lilian, amava esse jardim. Ela cuidava dele todos os dias, provavelmente era um dos seus bens mais preciosos fora a família, é claro.

Lilian Hartley, uma doce mulher de longos cabelos loiros e olhos verdes. Christian puxou à beleza da mãe e, também, a sua gentileza. Quando a criei, coloquei uma personalidade agradável e acolhedora na rainha. Infelizmente, ela faleceu durante o parto do seu segundo filho, há doze anos atrás. Christian tinha apenas treze anos quando essa tragédia aconteceu e o coitado sofreu muito com a perda da mãe, a sua maior fonte de inspiração.

Perdoe-me, Christian. Eu precisei apelar para o clichê do protagonista sem um dos pais.

— Tenho certeza que ela era uma mulher muito gentil.

— Sim, eu apenas me arrependo de não ter aproveitado mais a sua companhia. — murmura suspirando com pesar, pegando uma rosa vermelha e a analisando. — Na época, estava tão ocupado em formar alianças junto com o antigo duque de Icarus que deixei a minha família de lado.

É mesmo. Ele e o pai de Lorcan eram próximos!

A minha língua coçava de curiosidade. Quando narrei essa aliança dos dois no livro, não a aprofundei em detalhes mas esse era o momento perfeito para compreender como ela exatamente funcionava.

— Ele era tão assustador quanto o filho?

Erick ria fraco antes de voltar a sua atenção para mim.

— Lorcan é um criança birrenta perto do pai. Sirius De'Ath foi o homem mais ardiloso que já conheci, mas era muito fiel à mim. Um bom general do exército e chefe de família. Com a sua ajuda, consegui tornar Velorum o maior reino do continente e ainda aumentar o meu poder militar.

Quanto às suas habilidades como general, não posso negar mas um bom chefe de família está fora de cogitação. Será que o rei pensaria a mesma coisa se soubesse das atrocidades que esse homem fez com o próprio filho? Como chicotear suas costas, cortar sua pele, humilhar a criança a cada refeição e, às vezes, trancafiá-lo no porão de sua mansão.

Céus, eu já havia esquecido desse passado fodido do Lorcan.

— Alguém mais assustador que o atual duque? Que medo. — brinco para disfarçar minha indignação.

O rei não sabe do passado do Lorcan e não serei eu a contá-lo. Afinal, isso não é problema meu.

— Lorcan é apenas um garoto que se coloca em cima de suas próprias expectativas, não tenho pena da sua rejeição por todo o reino. Além do mais, cá entre nós, eu já tive o desprazer de ver o seu pior lado enquanto fazíamos negociações. — Erick comenta com indiferença. — O meu filho tem um bom coração por manter esse monstro por perto. Às vezes, a ingenuidade do Chris em reatar essa amizade de infância me preocupa, mas não posso fazer nada. Ele é livre em suas escolhas.

Não sei explicar o porquê mas estava irritada. O rei falava daquela forma com o homem que salvou a minha vida. Em contrapartida, uma parte dominante de mim concordava com as palavras dele. Lorcan era um perigo, eu sabia disso, então não adiantava ter empatia por alguém assim só porque sofreu no passado. O único objetivo desse homem no presente é destruir a família real e tomar Velorum para si. Nada digno e nobre.

— Eles eram amigos de infância? — pergunto fingindo ser uma grande revelação. — Eu não sabia dessa.

— É uma informação que poucos sabem, mas sim. Eles viviam brincando por esse jardim quando eram pequenos, mas Lorcan precisou ir para a propriedade da sua família no Sul. O seu pai o instruiu a ser um general de verdade e, pelo visto, deu certo.

Ah, como deu. Tanto que ele quer ver toda a sua família morta. Belo general fiel ao reino temos aqui.

Continuo com o sorriso nos lábios, mal reconhecendo o tamanho nível de falsidade em mim. Se nada der certo como escritora, eu viro atriz.

— E quando ele voltou, estava assim?

O rei balança a cabeça em concordância.

— Ele estava tão indiferente que mal o reconheci. — ele dizia continuando a caminhada, dando as costas para mim. — Mas eu creio que todo esse ódio sem motivação seja autodestrutivo. Um dia, ele pagará por seus erros.

— É o que eu espero. — admito com sinceridade, pela primeira vez na conversa.

Como o previsto, o rei tratou de mudar de assunto enquanto sentia a brisa matinal em sua face. E, no final das contas, o melhor a se fazer era deixar isso de lado.

No outro dia, acompanhei o rei novamente em outro passeio e, desta vez, ele se manteve em silêncio durante a caminhada. Pela tarde, consegui uma "folga" e ajudei minhas amigas na cozinha ou tentei, pois Martha preferiu me mandar para limpar os quartos antes que, sem querer, eu colocasse fogo em todos.

Quando terminei minhas obrigações, comi algumas frutas roubadas da cozinha e fiquei nos fundos da mansão, descansando o corpo debaixo de uma árvore.

— Será que poderia dividir a maçã com esse humilde homem?

O meu coração quase salta para fora do corpo com a voz atrás de mim, mas não era de medo; e sim de nervosismo por reconhecer a gentileza e o leve tom cômico em suas palavras. Então, olho para o príncipe por cima dos ombros e, como o esperado, ele está com um sorriso capaz de derreter um iceberg.

— Claro, se bem que você deve preferir um banquete à isso.

— Para mim, a companhia é mais valiosa do que milhares de banquetes. — comenta esticando a mão e a seguro, sendo puxada para ficar de pé. — O que me diz de um passeio pelas terras do meu pai?

— Eu ficaria honrada.

O sorriso do príncipe aumenta, destacando as suas covinhas. Então, ele me guiava para o estábulo mantendo uma distância segura entre a gente para evitar conversas paralelas pelo castelo. Toda a preocupação do Christian é admirável, pois ele coloca a segurança de uma mera empregada em primeiro lugar. Se bem que, depois do beijo, estou valendo mais do que isso. Eu acho.

Pacientemente, espero fora do estábulo até que o rapaz surge em um belo cavalo branco. O animal representava força e classe em sua postura. Christian me ajuda a subir e, quando o cavalo aumenta o ritmo das galopadas, abraço sua cintura com força. O vento fazia cócegas em minha face. Senti vontade de soltar o cabelo apenas para presenciar a sensação de liberdade, mas me contive. O príncipe mantinha o olhar fixo no horizonte guiando seu alazão para além das muralhas do castelo, então começamos a passear por um vasto campo gramado. Sem árvores, flores ou animais; apenas uma grama verde e macia. O vento fazia a pequena vegetação "dançar" de um lado para o outro.

Então, o animal para subitamente e ouso olhar por cima dos ombros do loiro. A visão de toda a extensão do reino é de tirar o fôlego. Nós estávamos no topo de uma colina, onde podia ver todas as pequenas casas no horizonte e a floresta densa que cercava aquela região.

— É tão lindo...

Um sentimento de orgulho invade o meu coração. Velorum é mais lindo do que eu imaginava no livro. Era um lugar que facilmente eu o chamaria de lar, se ao menos sentisse a possibilidade de estar à vontade nesse reino.

Christian balança a cabeça em concordância com o meu comentário e completa:

— Quando as minhas obrigações me sufocam, eu tiro um tempo para vir a esse lugar e admirar o reino. O reino que, um dia, eu irei assumir e proteger. Ao ver as vidas que dependem da minha competência, sinto-me como se todo o cansaço fosse embora. É esse o meu lar e, com muito orgulho, dedicarei cada gota de suor à ele.

Involuntariamente, pressiono mais forte a cintura do príncipe em um abraço desajeitado. Ele percebe e apoia a mão sobre o meu braço, dando um aperto solidário.

— Velorum está em boas mãos. — murmuro repousando o queixo no ombro dele. — Como eu disse, não se pressione tanto. Você está no caminho certo, alteza.

— É o que eu espero, Diane.

***

Uma semana havia se passado e a rotina continuou a mesma. A saúde do rei melhorou consideravelmente e ele voltou a exercer suas obrigações. O povo de Velorum estava verdadeiramente feliz com o retorno de Erick tanto que ousaram fazer uma pequena comemoração nas ruas da cidade ao receberem a notícia. Como estava trabalhando naquele dia, não pude comparecer mas Martha disse que as pessoas dançavam e cantavam como se não houvesse amanhã.

Eu e o Christian mantivemos pouco contato depois do passeio pela colina, afinal nós dois tínhamos nossas próprias obrigações a serem cumpridas. Cherly continuou a fazer perguntas do nosso possível relacionamento mas, como sempre, neguei a sua existência. Não posso fazer nada que prejudique a imagem do príncipe.

Naquele dia, o duque havia visitado o castelo para a reunião rotineira e, desta vez, havia sido com o rei. Christian aproveitou a "folga" para me visitar às escondidas no meio do corredor. Quando eu o avistei encostado na parede com as mãos no bolso e um sorriso acolhedor, senti meu estômago se revirar de forma agradável. Após conferir se o corredor estava realmente vazio, ousei me aproximar sussurrando:

— Tem certeza que pode estar aqui?

— Não posso, mas queria te ver. — ele comenta e meu rosto esquenta. — O que acha de nos encontrarmos para tomar chá no jardim nesse final de semana?

Ah, se ele soubesse o chá que eu quero.

— Claro. Eu ficarei muito feliz em acompanha-lo. — respondo e, automaticamente, o seu sorriso se acende. — E a reunião com o duque, alguma novidade?

— O meu pai o obrigou a assinar um acordo de paz e uma declaração de que não virá ao baile de primavera esse mês.

— É uma sábia decisão, assim vocês podem evitar confusão e boatos indesejados com a presença do duque.

— De fato. Além de que ele nunca dança ou socializa, Lorcan só aparece no baile por mera obrigação ou para afugentar alguns nobres indesejados.

Às vezes, sinto como se a família real colocasse o duque na posição de "cão de guarda". É uma estratégia válida, levando-se em conta o poder de intimidação daquele homem. Contudo, acho que o rei e o seu filho esqueceram de um fator importante para ocupar esse cargo: lealdade.

— Mas fique de olho no duque, alteza. Por favor.

Christian ri diante da preocupação evidente e apoia a mão sobre o meu rosto, acariciando-o com ternura. O seu toque causa uma onda de calor agradável e, por um instante, fecho os olhos apreciando o momento.

— Não precisa se preocupar comigo, Diane. Os passos de Lorcan estão sendo vigiados pelos meus soldados.

Queria dar um belo spoiler para o príncipe, mas esse não era o momento para bancar a maluca que prevê o futuro. Então, apenas sorrio e assinto com a cabeça. Christian deposita um beijo demorado na minha testa e, em seguida, dá alguns passos para trás se afastando.

— Eu preciso ir. Espero que não esqueça do nosso encontro.

— Não ousaria esquecer, alteza.

Ele mostra o seu melhor sorriso e sai do corredor enquanto a palavra "encontro" ecoa em minha mente. Se não somos namorados, falta muito pouco para ocupar essa posição.

***

Antes do horário do almoço, a reunião entre o duque o rei se encerrou. Os empregados fingiam não se importar com a figura imponente passando pelo corredor, mas era evidente como não passava nem sinal de Wi-Fi ali. Eu devia fazer o mesmo, ignorar a presença daquele homem cruel e seguir minha vida.

Mas a gratidão faz parte dos meus valores.

Lorcan atravessava o jardim real em seu típico ritmo apressado, como se o mundo fosse acabar ali mesmo. Com muito esforço, consegui passar pelos corredores sem chamar atenção e segui pelo mesmo caminho que o duque, encontrando-o alguns metros de mim.

— Senhor De'Ath!

Ele continuava a caminhar, provavelmente não ouvindo o meu grito — ou se ouviu, fingiu ser apenas um mosquito zumbindo em seu ouvido — e berro novamente:

— Senhor De'Ath! Espere, por favor!

Era quase impossível seguir suas passadas largas e, cedo ou tarde, eu iria tropeçar no longo vestido de empregada. Ainda assim, continuo a acompanha-lo com o ar quase escapando dos meus pulmões. Infelizmente, o cansaço me atingiu mais rápido do que o esperado e parei de andar, tentando respirar.

— Obrigada! — grito ainda ofegante. — Por me salvar!

Lorcan interrompia a caminhada subitamente e vira o rosto em minha direção. Eu abria um sorriso de singela gratidão enquanto repetia as palavras.

— Obrigada.

Os olhos do duque se arregalaram brevemente e o seu corpo travou. A brisa primaveril beijou a face daquele homem, erguendo de maneira suave as mechas de seu cabelo. De certa forma, aquela havia sido uma imagem bela e única a qual gravaria em minha mente.

Merda! Será que eu o irritei?

Contudo, Lorcan limitou-se a usar a máscara de frieza novamente e dar as costas para mim. Ele retornou à sua caminhada frenética em direção à saída do castelo e, desta vez, não olhou para trás. 

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