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Capítulo 67

Os olhos de Avery mantiveram-se em nós dois, conforme seus três capangas se aproximavam com cordas. Porém, impeço de qualquer movimento seja feito ao sacar minhas duas espadas, adotando uma postura defensiva. Inicialmente, Lorcan piscava os olhos, confuso, tentando assimilar os atuais acontecimentos antes de se erguer, utilizando as poucas forças restantes.

— Chega de joguinhos, Avery! Vamos ter uma conversa de rei para rei.

O monarca de Velstand estala a língua no céu da boca. Bastou um único movimento com a mão que seus soldados recuem, mantendo uma distância segura de mim e de Lorcan.

— Não seja tolo, Lorcan. Eu nunca confiaria em outro rei depois do que o maldito Erick fez comigo.

— Eu e Lorcan não compactuamos com as atitudes do antigo rei de Velorum. — comento ainda segurando as espadas com firmeza. — O reino inteiro tem provas de que ambos são diferentes.

— Pouco me importa se há semelhanças ou não, garota. Eu jurei à mim mesmo de que destruiria Velorum, um reino com alicerce na arrogância e morte de inocentes. E boa parte do causador está bem diante dos meus olhos.

A troca de olhares entre Lorcan e Avery é curta, mas significativa. É quase palpável toda a tensão no ar e, ainda assim, me atrevo a dizer:

— Os seus atos nada nobres também não são referências de como um monarca deve agir.

Ele fuzila-me com o olhar.

— Em meu reino, mulheres não podem falar sem permissão.

Uma risada sombria explode de dentro de mim. Havia certa escuridão em meu ser, tanta escuridão desconhecida, que até Lorcan expressa uma — rápida e discreta — surpresa.

— Você será derrotado pelo reino onde uma mulher ascendeu. Estou imaginando o quão humilhado você irá se sentir. Bem, isso se eu for generosa o suficiente para permitir que um lixo como você possa sentir alguma coisa. — comento aproximando-me do rei em passos pesados. A chama raivosa do meu olhar cintilava mesmo no escuro do porão. — Porque vou fatiar a porra do seu corpo e usar a cabeça como presente para o meu povo!

De sua capa cinza, Avery puxava uma espada afiada que se chocava contra a minha. Giro o corpo tentando um ataque com a outra arma, mas o maldito consegue desviar, desvencilhando do contato direto das lâminas. Então, em um piscar de olhos, o homem avança mirando o golpe em minha jugular.

Por um instante, penso que abraçarei a morte mas uma flecha atinge o soldado ao lado de Avery, ganhando a sua atenção.

O som de passos descendo as escadas ecoa no breve silêncio entre nós.

— As estrelas estão do seu lado... Momentaneamente. — profere antes de apontar a lâmina contra o meu pescoço. Pela visão periférica, observo o Lorcan se aproximar com seu típico olhar voraz. — Mas eu vou moldar o meu destino. Não permitirei que nenhum rei ou rainha de Velorum amaldiçoe Velstand mais uma vez. — o seu olhar alterna entre mim e Lorcan. — Nos vemos no campo de batalha.

A resposta estava na ponta da língua. Infelizmente, o soldado restante de Avery jogava um pequeno saco de pano no chão. De forma instantânea, uma cortina de fumaça toma conta do local. Prendo a respiração forçando a visão para as duas silhuetas adentrarem algum tipo de passagem secreta no porão.

Quando finalmente Katlyn nos alcança, Avery já havia desaparecido.

— Para onde aquele miserável foi? — questiona a arqueira com os olhos de águia vasculhando o ambiente.

Ranjo os dentes.

— Fugiu, como um verdadeiro covarde.

A voz de Lorcan interrompe um palavrão da morena.

— Qual a situação da guerra?

— Conseguimos ditar o ritmo por um tempo, mas perdemos forças. — comenta Katlyn apoiando o arco nas costas. — Graças ao exército de Njal, o inimigo também teve perdas. Ambos os exércitos estão recuando, amanhã será uma nova batalha.

Em outras palavras, mais sangue derramado.

***

O acampamento improvisado foi criado na colina mais próxima. Mesmo com o fervor da guerra, os dois exércitos precisaram recuar para recuperar energias. Um dos espiões de Velorum veio com informações preocupantes. Avery, no outro dia, contaria com reforços dos reinos do oriente.

Mas quando a esperança quase sumia no horizonte, um jovem de cabelos bicolores e sorriso travesso segurou a fugaz fagulha, trazendo-a para a enorme cabana naquela noite.

— Desculpe o atraso. Foi difícil despistar os soldados de Velstand ao longo do caminho. — dizia o espião sentando no canto da mesa de madeira. A barraca improvisada balançava suavemente com a brisa noturna. — Enfim, trago boas notícias.

Após os devidos cuidados pela equipe médica, Lorcan já estava em condições para a batalha. Ele trajava uma calça cinza e camisa verde-escuro, combinando com o sobretudo preto sob seus ombros largos. O homem batia inquietamente a bota contra o solo, mantendo o olhar afiado no recém-chegado.

— Diga.

Raven faz um bico, dramático.

— Não ganho beijinho de boas-vindas? Que chato! Bem, eu vim mas não sozinho, trouxe comigo o exército de Cartelli.

Contenho a animação, quase saltando da cadeira e enchendo o rosto do rapaz de beijos. Njal suspira em alívio enquanto Lorcan continua neutro, como sempre.

— Ainda assim, estaremos em desvantagem.

— Eu sei, Lorcan, mas é o máximo que pude fazer. Os demais reinos não mandaram suas respostas e suspeito que Avery tenha cortado qualquer contato nosso com eles.

O rei deixa o ar escapar de seus pulmões em um longo suspiro.

— Não posso abandonar o meu povo, mas vocês devem se abrigar em Icarus e protegê-lo à todo custo.

Raven quebra o silêncio com uma risada.

— O que? E deixá-lo travar essa guerra sozinho? Acho que esqueceu quem somos, Lorcan.

— Por mais que doa admitir, Raven está certo. — comenta Katlyn do outro lado da mesa. — Não vamos permitir que enfrente Avery e seu exército sozinho.

— Vocês não estão entendendo. Essa guerra é suicídio!

— Nós sabemos. — pontua Njal. A sua voz é tão estridente que posso jurar ver a barraca tremer. — Mas escolhemos estar ao seu lado. Até o fim.

A forma como Lorcan piscava os olhos, franzia a sobrancelha e alternava a atenção para todos na mesa, evidenciava a sua confusão. Sorrio de leve apoiando a minha mão sobre a sua, e murmuro:

— Somos uma equipe. E ficaremos juntos até que tudo isso acabe.

Ainda surpreso, ele assentia antes de proferir:

— Então, vamos acabar com Avery de uma vez por todas. Não irei carregar o fardo dos erros de Erick, está na hora de dar à Velorum a paz que merece.

Todos concordam em um coro determinado para que, em seguida, o rei começasse a explicar o seu plano para a equipe. Lorcan erguia-se da cadeira e começa a contornar a mesa conforme gesticulava. O seu tom de voz tornou-se mais grosso e as expressão tão rígidas quanto diamante.

Naquele momento, só pude visualizar o homem que todos tinham medo. A "criatura" responsável pelos mais terríveis boatos. E a minha admiração por ele aumentou mais do que podia imaginar.

Ao final da reunião, saí da cabana alongando os braços. Restava-me poucas horas de sono e, ainda assim, não estava cansada. A adrenalina percorria cada parte do meu sangue, pedindo por mais batalha. Pedindo pela tão sonhada e quase impossível vitória.

— Vai ficar tudo bem, Natasha.

A voz suave de Lorcan afasta meus pensamentos. Ele saiu da cabana alguns minutos após e ainda esbanjava uma expressão rígida.

— Sobre a nossa última conversa, Lorcan. Eu...

— Enquanto estava na cela, pensei muito sobre as suas palavras. Tenho medo de ser o monstro que Sirius treinou. Tenho medo de dar razão à todos os boatos cruéis ao meu respeito. Mas nada disso importa. Não mais. Velorum e, principalmente, a sua segurança é mais importante do que qualquer coisa.

Pisco os olhos para afastar algumas lágrimas.

— Você não me odeia pelo que eu escrevi?

— No fundo, eu sabia que meu destino seria a morte. Eu sabia que a minha essência não era boa, só precisava da confirmação de suas palavras. É melhor aceitar do que relutar sobre quem eu sou.

Dou um passo para frente, quase colando meu corpo ao seu. Lorcan abaixava o olhar sem mover a cabeça, devorando-me com suas íris azuis. Pude perceber como minhas palavras continuavam a assombrar sua mente quebrada mas, nesse instante, não havia nada que eu pudesse dizer. Não podia mudar o passado, alterar o que escrevi, sendo que mal tinha controle sobre o futuro.

Mas de uma coisa eu tinha certeza. Farei o necessário para salvá-lo, nem que minha vida seja entregue nas mãos do destino.

— Sei que um pedido de desculpas não consertará tudo mas, mesmo assim, desculpe. Conforme ia conhecendo Velorum, descobri que ninguém é o que escrevi para ser e com você não foi diferente.

— Acha que eu pude ultrapassar o que a minha criadora escreveu sobre mim? Que sou capaz de alterar meu destino? Isso é ridículo!

— O nosso destino é reflexo de nossas escolhas. E eu pude perceber que toda escolha sua foi um sacrifício pessoal em prol de alguém. Se isso não for altruísmo, não sei o que seria.

Por um instante, ele desvia o olhar para a sequência de tochas no acampamento. O fogo criava uma sombra em sua face, tornando-a macabra.

— Não sei se é bem de altruísmo que precisamos agora. Eu não sou igual ao Christian, Natasha.

Abro a boca para rebater até escutar vozes próximas. Não queria ter essa conversa sentimental em público, por isso opto por ficar calada. Mason surgia nos cumprimentando com um largo sorriso antes de abraçar uma soldada. Ele desvia o olhar para um certa ruiva se aproximando e diz:

— Vejo que continua viva. Que milagre dos deuses!

Tanandra ria alto jogando a cabeça para trás.

— Vai ser preciso muito mais do que alguns soldados de merda para me derrubar, seu babaca!

— Também amo você, amiga!

Ela dá o dedo do meio enquanto ambos continuavam à rir. Mason sumia com a outra soldada em uma cabana e a ruiva vira o rosto em minha direção, dando um aceno tímido.

— Inteira e com o seu amor, estou feliz por você!

Escondo o rubor nas bochechas desviando o olhar. Lorcan arqueia a sobrancelha, mas não comenta nada. Pelo sorriso malicioso de Tanandra, provavelmente ela fará outro comentário embaraçoso mas a voz nos lábios dela some ao avistar o espião.

Penso que Raven vá sorrir descaradamente, mas ele está com uma expressão genuína de alívio. O rapaz ignora as pessoas ao redor para correr até Tanandra, abraçando-a como se fosse um ursinho de pelúcia precioso. Ele roça sua bochecha na dela sem conter o sorriso bobo.

— Você está viva! Viva! Viva! Eu a tenho por mais um dia!

As bochechas vermelhas de Tanandra quase se camuflam com seu cabelo solto.

— Sim, eu não vou morrer. Não irá me perder facilmente, bobinho. — murmura acariciando as mechas bagunçadas do cabelo dele.

Lorcan lança um olhar significativo para mim.

— Sinto como se tivesse perdido algo importante nesse tempo.

— Se serve de consolo, estou igualmente surpresa.

Raven demonstrando sentimentos? Isso é mais assustador do que a guerra.

— É melhor deixá-los à sós, Lorcan.

Ele anui silenciosamente e seguimos para a nossa cabana. Ela foi construída de forma rápida, por isso não passava de uma cama improvisada com feno e algodão, além de uma mesinha de madeira onde a vela acesa iluminava o local.

Lorcan retirou o longo sobretudo, sentando-se no colchão. Ele mantém o olhar focado nas chamas da vela e percebo seu pomo de Adão se mover. O único sinal de inquietude em sua alma.

— Lorcan, vai ficar tudo b...

— Como foi a minha morte no livro?

Engulo em seco. Não gostava de lembrar desse detalhe, pois trazia à tona a realidade cruel: o destino o qual amarrei este homem.

— Uma espada atravessa o seu coração.

Ele desvia a atenção para as cicatrizes nos dedos.

— Tantos anos de tortura, física e psicológica, para morrer dessa forma... Como um monstro sendo domado pela morte.

Rapidamente, sento-me ao seu lado e apoio ao mão no ombro dele. Dou um aperto sutil e significativo.

— Eu prometo que mudarei o seu destino.

— Eu não tenho medo da morte, só tenho medo de deixá-la. — sussurra lançando um olhar profundo e enigmático. — Sei que cuidará bem do reino, só que...

Pressiono o dedo indicador contra seus lábios, impedindo-o de falar.

— Não vamos tratar a morte como algo possível, porque não é. O homem mais forte do continente não irá cair.

Recebo um sorriso reconfortante antes dele apoiar a sua cabeça na minha. Lorcan fecha os olhos, inspirando profundamente enquanto sua mão busca a minha, entrelaçando nossos dedos ao encontrá-la. Permito-me relaxar um pouco, encostando no ombro largo dele. A sua respiração pesada é o único som a ecoar no silêncio reconfortante.

— Independente do que aconteça, juro que ficarei ao seu lado até o fim, Lorcan.

Não obtenho nenhuma resposta, apenas sinto o seu corpo se apoiar mais sobre o meu, e é isso que preciso para relaxar por completo.

Tudo o que necessito é senti-lo comigo.

***

As náuseas retornam ao ouvir o familiar som das espadas se chocando. A guerra havia voltado e, pelo visto, os guerreiros estavam mais fervorosos do que ontem. Talvez pela presença de Lorcan ou por sua equipe principal estar lutando com força total.

Além do grito dos guerreiros havia o som dos canhões, armas adquiridas de Cartelli. Os soldados desse reino, mesmo em menor número, lutavam com uma admiração invejável.

Njal girava o machado como se fosse um escritor manuseando sua pena. As cabeças a rolarem causariam calafrios em qualquer um. Mesmo sendo pesado, o homem deslizava pela grama da mesma forma que um surfista brincava entre as ondas. O sangue banhava o seu peitoral musculoso, algumas gotas misturavam-se com o vermelho de sua barba.

— Venham conhecer a minha fúria, seus fracos! — gritava girando o machado de uma mão para outra. — Descubram a força do gigante devorador de exércitos!

O ruivo cuidava da minha retaguarda enquanto atravesso a espada no peito de um soldado. Em um momento de descuido, não noto o guerreiro atrás de mim mas o grito de Njal chama minha atenção. A única imagem é um braço, segurando uma adaga, caindo aos meus pés. Ao erguer o olhar, Njal dá uma piscada amigável antes de sumir no caos ao nosso redor.

— É sempre bom reviver velhas lembranças, não acha?

A voz de Raven ao meu lado é tão suave e calma enquanto ele atravessa uma adaga no pescoço de um soldado. O sangue a banhar seu rosto juvenil pouco o incomoda. Ele não passa de uma criança divertindo-se nessa carnificina.

— Desde que sejam lembranças agradáveis, Raven.

— Quando era tenente do exército do Lorcan, travei as mais divertidas batalhas. — comenta girando o corpo entorno do próprio eixo, jogando suas facas em dois guerreiros que se aproximavam. As gargantas deles têm um péssimo encontro com as lâminas. — Mas a vida como espião me impediu de agir diretamente no combate. Por isso, estou feliz em estar de volta à diversão!

Não sei se diversão e morte combinam, mas não ouso questionar.

— Por falar no Lorcan, onde ele está?

Chuto a barriga de um homem e, em seguida, abaixo-me desviando de sua espada. Ao erguer o corpo, não penso duas vezes em acertar sua jugular com uma das minhas armas.

— Ele está muito contido. Isso é um problema.

Raven dava um mortal desviando do golpe astuto de uma guerreira. Uma pena que ela não consegue contra-atacar, não quando a adaga do espião encontra seu ventre. Entre os gemidos e súplicas do adversário, ele vira o rosto para a minha expressão confusa e acrescenta:

— Algo em suas palavras o deixaram temeroso em fazê-la presenciar o seu pior lado. Particularmente, eu acho atraente o jeito como ele degola suas vítimas, mas parece que o bobinho apaixonado tem medo de assustá-la.

Pisco atordoada diante de sua afirmação. A minha cabeça se vira na direção de um som conhecido, encontrando Lorcan em uma luta de espadas com outros soldados. Ele apenas bloqueava os ataques enquanto Katlyn finalizava com suas flechadas certeiras.

Lembro-me de como temia seguir o "destino" escrito por mim. Por isso, deve estar se contendo ao máximo para provar que podia ser mais do que um monstro ou aberração, tudo o que diziam sobre ele.

Preciso fazê-lo acreditar em sua bondade.

Mas algo quebra minha linha de raciocínio. Havia um silêncio reconfortante pairando no ar. Então, notamos que os soldados de Velstand recuaram graças às habilidades de Velorum e a ajuda de Cartelli.

É claro que os soldados de Cartelli e seu ataque impecável mereciam reconhecimento, mas nada se compara à persistência dos guerreiros de Icarus.

Abraço Raven em um reflexo involuntário. O espião acaricia minhas costas com um sorriso descontraído, mantendo o olhar no rei. Então, corro em direção aos braços do Lorcan, sendo acolhida por seu abraço caloroso.

— Vamos ganhar! Vamos ganhar!

— Acho que é cedo demais para comemorar, Natasha. — murmura com um fio de preocupação na voz. — Nada na guerra é tão fácil assim.

Katlyn diverte-se atirando em um soldado de Velstand que, inutilmente, corria das garras do inimigo.

— Vamos para a colina. Sinto que é necessário reagrupar nossos soldados. — ela comenta ao se aproximar.

Olho de relance ao nosso redor. Mesmo tendo virado o jogo, a quantidade de soldados restante é quase insignificante. Em silêncio, seguimos para o topo da colina onde descansamos ao lado dos canhões. O metal ainda está quente devido ao recente uso.

Ninguém do grupo principal sofreu graves machucados com a batalha, apenas alguns hematomas e arranhões.

Katlyn estica um copo com água para mim que, sem pensar duas vezes, bebo deixando que o líquido escorra por meu queixo. É uma boa forma de limpar o sangue no rosto.

— Calma. A água não sairá correndo.

Suspiro após terminar de beber, lançando um olhar nada amistoso para a arqueira.

— Desculpa não ter a sua resistência de anos de combate, mas acredito que estou bem para a primeira vez. — debocho.

Ela revira os olhos.

— Não fique convencida, Diane.

— Vossa Majestade para você.

A mulher me mostra o dedo do meio antes de sumir entre os guerreiros. Rio da sua reação até perceber a aproximação de Lorcan. Ele não tinha nenhum machucado e, estranhamente, nenhuma marca de sangue.

— Lorcan, pare de se conter. Eu não me importo se matará várias pessoas, só quero que saía vivo desse inferno.

Ele respira fundo antes de sentar ao meu lado. As suas pernas compridas e torneadas se retraem até tocar o peitoral musculoso.

— Não quero ser o monstro que dizem.

— Você não é.

— Como posso acreditar se já me chamou de monstro e doente?

Okay, ele tem um bom ponto.

Desvio o olhar para o horizonte, soltando um longo suspiro.

— Eu fui uma grande idiota por julgá-lo com base no que escrevi. Você é muito mais do que o personagem criado em meras linhas. Lorcan, a sua existência é muito importante.

Ele vira o rosto para mim, analisando-me com seriedade.

— Para a obra?

— Para mim... Sem você, eu nunca reconheceria a minha força interior. — sussurro sentindo as lágrimas arderem em meus olhos. — Devo muito à sua ajuda.

— Você sempre foi incrível, só precisava de um empurrãozinho para notar o óbvio.

Rio sem graça voltando a encarar o horizonte.

— Sem o seu apoio, eu continua sendo a mulher insegura dependente do Chri... Ah não.

— O que houve?

— Não! Não! Não!

Levanto-me em um sobressalto, apontando para frente. Lorcan parece confuso ao se erguer, mas logo entende meu susto quando encara o horizonte. O exército massivo se aproximando é capaz de destruir reinos em um único ataque. A quantidade de soldados é incontável e as lâminas afiadas em suas mãos é um convite silencioso para a morte.

E era Avery quem os liderava.

— É o fim. — dizia Njal dando passos pesados em nossa direção.

Obviamente, todos os soldados restantes notaram o que aquilo significa: Velorum cairá nas mãos do massivo exército de Velstand.

Katlyn permanece em silêncio, parando ao nosso lado. Enquanto isso, Raven deixa de cair aos beijos com Tanandra para se aproximar de Lorcan, dizendo:

— Você é inteligente. Sabe que qualquer atitude, fora a rendição, é suicídio.

Instantaneamente, sinto as pernas tremendo de medo. A morte, até então, nunca foi um tópico o qual dei a devida atenção. Mas agora, diante de um massivo exército pronto para me desmembrar, esse parecia um ponto a ser questionado. Iria perder todo o meu esforço e encerrar tragicamente minha jornada.

Contudo, ao encarar os demais guerreiros, determinados como deuses prontos para invadir o Olímpio, uma estranha animação se apossa do meu cerne.

— Acha mesmo que Icarus irá se render, Raven?

— Nunca, Lorcan. Nós fomos treinados para servir até a morte. Desistir agora é algo de covarde, coisa que não somos.

— Então, qual a sua decisão? — questiona Katyn, "desfilando" pelo gramado. O seu longo cabelo estava preso em um coque alto.

— Não posso obrigá-los a seguir esse caminho... É uma decisão única do rei. Eu preciso enfrentar as consequências sozinho.

Raven solta uma risada estridente ao se aproximar.

— Acha mesmo que perderíamos a diversão, Vossa Majestade?

Lorcan franze o cenho, confuso. Njal apoia o machado no ombro, abrindo um sorriso animado enquanto comenta:

Nós iremos lutar até o fim, lembra?

— Mesmo que tenhamos o mesmo destino, o que importa é estarmos juntos. Esqueceu que juramos cumprir o objetivo de ter Velorum? — questiona Katlyn apoiando as mãos na cintura. — Velorum será inteiramente nossa somente quando terminarmos essa guerra.

Alterno o olhar entre os guerreiros. Definitivamente, desistir não é uma opção. Não importa o quão assustador a morte seja, nada é mais assombroso do que uma vida sem eles. Uma vida sem os meus amigos.

Uma explosão ao nosso lado me assusta. Os olhares se movem em direção à Raven atrás de um canhão, sorrindo presunçoso após acender o pavio. A bala abriu caminho entre o massivo exército do inimigo, como se fosse um desfiladeiro.

Lorcan vira-se em nossa direção, já com a espada em mãos e um sorriso arrogante, dizendo:

— Estão esperando o que? O inimigo está bem ali.

— Avante, Velorum! — grito apontando para o horizonte.

Nós somos os primeiros a correr. Todos sorrindo e alegres.

Katlyn apontava as flechas, acertando os inimigos mais próximos. Njal e Raven riam enquanto faziam suas lâminas reluzirem o Sol da manhã. Eu e Lorcan corremos lado à lado, trocando olhares sem tirar o sorriso dos lábios.

Íamos morrer, isso é inevitável. Mas nunca cairemos sem lutar, pois representamos a força de Icarus.

A brisa batia em meu rosto, afastando as mechas soltas do cabelo. Por um momento, fecho os olhos abrindo os braços.

Somos vilões, sim. E por isso, vamos enfrentar a morte sem medo porque vivemos em prol dos nossos objetivos.

Ao abrir os olhos, o meu sangue ferve de animação. Solto um grito expulsando qualquer resquício de medo. Então, corro ao lado de Lorcan, Raven, Njal e Katlyn.

Corro junto da minha família em direção à morte.E não poderia estar mais animada.

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