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Capítulo 61

Fulhif avançou como um touro descontrolado, segurando a arma com tanta força que os músculos do braço tornaram-se rígidos. Poderia correr mas isso indicaria a minha estratégia de luta, por isso optei por ficar parada. Quando ele estava próximo o suficiente para jogar a lança, virei o corpo para o lado deslizando os pés pela areia.

A lâmina passou centímetros do meu rosto e, naquele momento, tudo girou em câmera lenta.

Não dou tempo para o meu oponente, abaixando-me o suficiente para lançar uma rasteira. Para o meu azar, Fulhif saltava para atrás e já corria em direção à sua arma. Não posso deixar que tenha essa vantagem!

Corri o mais rápido que pude a tempo de vê-lo segurar a lança e se virar em minha direção. Estávamos próximos demais e qualquer movimento falho seria meu fim. Mas não temi quando ele ergueu a arma pronto para desferir outro golpe. Segurei o cabo de sua lâmina iniciando uma batalha meramente física.

Algo tão primitivo mas era a única opção no momento.

— Sua miserável! Acha mesmo que possui mais força do que eu?

Sorrio entredentes como um selvagem sedento por sangue.

— Não, mas pelo menos eu sou mais inteligente.

Aproveito que Fulhif direcionava toda sua força para um único ponto e paro de puxar o cabo. Ele cambaleia em minha direção e, valendo-me do seu desequilíbrio, dou um chute certeiro em sua barriga. O homem recuava alguns passos em busca de ar e, enquanto isso, ergo a perna o mais alto que posso ao mesmo tempo que giro entorno do próprio eixo.

O chute em seu maxilar o leva ao chão.

A plateia está tão surpresa que posso ouvir os murmúrios de incredulidade diante do silêncio.

— Subestimar um guerreiro de Icarus é o seu maior erro, Fulhif! — grito o mais alto que posso. O meu principal objetivo é atrair a atenção do público para mim. — Somos justos e, mesmo tendo sido enganada pelo seu rei sobre as condições da luta, não recuei em nenhum momento. E olhe quem está no chão!

O guerreiro erguia-se cuspindo no chão e encarando-me com escárnio. Em resposta, levanto a cabeça em sinal de superioridade.

Ele escolheu uma péssima oponente para humilhar.

— Faça alguma coisa, porra! — exclama o rei apoiando-se na amurada. — Não pode perder para uma mulher!

Fulhif girava a lança jogando-a de uma mão para a outra. Era um movimento para confundir os meus sentidos, mas aprendi com Lorcan a como não cair nesse truque. Por isso, espero o guerreiro se aproximar o suficiente para abaixar o corpo rápido o suficiente para não dar tempo de um contragolpe do inimigo. Em seguida, seguro um punhado de areia e a jogo no seu rosto.

Ele recuava coçando os olhos com a mão livre. Dou um soco com toda a força, sentindo os dedos doerem. Mas disfarço a expressão de dor com um sorriso de canto.

— Eu ofereci um sistema de agricultura produtiva para Cartelli. Lorcan quer ver o crescimento do seu povo mas Vossa Majestade, o rei Barton, não quer perder o apoio do reino em que contrabandeia mercadorias. Por que será? Deve ser porque há um desvio de moedas para a coroa!

O povo começa a comentar entre si, claramente eufórico. O meu plano estava dando certo. Eu sabia que Barton nunca negociaria com Icarus, então o forcei a uma luta pública onde eu teria a atenção da população e, assim, poderia expor toda a verdadeira podridão do reino. Por outro lado, Leofrick encontrava-se aos arredores da arena garantindo que nenhum guarda viesse atrapalhar a luta.

O objetivo nunca foi negociar com o rei, e sim derrubá-lo do poder para que Lorcan pudesse assumir.

E agora eu sou o centro das atenções, desviando com agilidade dos golpes furiosos da lança de Fulhif.

— Não deem ouvidos à essa puta! — gritava Barton. — Guardas!

Mas nenhum guarda apareceu. Todos estavam inconscientes ou mortos por um dos maiores guerreiros que já conheci.

Enquanto isso, alguns golpes da lança atingiam superficialmente meu corpo causando cortes rasos. O sangue banhava o branco da camisa mas isso não me impediu de continuar desviando e muito menos falando.

— O povo de Cartelli continua pobre enquanto o rei está cada vez mais rico. Não acha isso oportunista, majestade? — debocho. — Icarus é uma terra de fartura e está disposto a ajudar esse reino, mas o senhor nunca aceitaria esse acordo. Se o antigo rei de Velorum desagradou o povo e caiu, por que não fazer o mesmo aqui?

À essa altura, as pessoas já gritavam indignadas e jogavam objetos em direção ao rei. Se ele não estivesse no andar mais alto, tenho certeza que seria facilmente atingido.

Em um movimento descuidado de Fulhif, dou um chute de baixo para cima na sua mão o desarmando. Então, pego a lâmina no ar e a aponto para o pescoço do homem.

— Fuja antes que sua cabeça esteja nessa lança. Seja o bom covarde que você é.

Ele engolia seco e vejo o seu pomo de Adão oscilar. Os nossos olhares se encontram e ele murmura alguma ofensa antes de sair correndo, sob o véu de inúmeras vaias.

— Eu mesmo cuidarei disso! — dizia Barton puxando sua espada e saindo do meu campo de visão. Em poucos minutos, ele surgia na arena com um olhar sanguinário. — Você não vai instaurar o caos em Cartelli.

Dou nos ombros.

— É um pouco tarde para isso, Majestade.

A multidão saltava de seus assentos e já se dirigia ao centro da arena. Barton tentava um golpe horizontal mirando em meu pescoço mas, girando a lança, consigo desarmá-lo em um piscar de olhos. Inconformado, ele avança segurando meu pescoço e o apertando com força.

O ar sumia gradativamente conforme balanço os pés suspensos no ar.

— Nunca deveria tê-la deixado pisar os pés em Cartelli, sua desgraçada! Eu sou o rei, não aceitarei nenhum insulto à minha pessoa, principalmente vindo de uma vagabunda como você!

Mesmo sem ar, consigo abrir meu melhor sorriso antes de forçar o quadril para cima e, assim, empurrar o braço dele com a ponta do pé. Quando o homem afrouxa o aperto, dou um cruzado em seu rosto o vendo cambalear. E para finalizar, executo uma perfeita rasteira em Barton.

O povo revoltado estava próximo o suficiente para destroçar o homem, mas sussurro para que apenas ele ouça:

— Você pode ser o rei, mas sou eu quem tem o poder em minhas mãos.

***

O palácio estava lotado com soldados de fardamento distinto. Um azul marinho com detalhes brancos. O brasão dourado representava uma quimera imponente. Os guerreiros passavam por mim e Njal fazendo reverências respeitosas antes de seguir caminho para os fundos do castelo. Ao adentrarmos no salão principal, repleto de empregadas limpando o local, uma voz masculina ecoa:

— Diane!

Aloys vinha em minha direção, abrindo os braços com um largo sorriso. Diferente de quando o encontrei, após ser resgatado da cela, as músculos estavam mais evidentes. Sem a barba, sua expressão era jovial e descontraída. A pele morena reluzia graciosamente e os fios castanhos e lisos balançavam a cada passo dado. Os seus olhos cor de mel possuíam uma amabilidade que não condizia com a afiada espada presa em sua cintura.

Ele trajava um uniforme militar azul com o mesmo brasão que vi anteriormente.

— Aloys, quanto tempo!

O rei de Valfem apertava-me carinhosamente em seus braços. Quase sou sufocada por sua muralha de músculos se o moreno não se afastasse, dando uma brecha para recuperar o fôlego.

— Algo me diz que a negociação com Valfem deu certo. — murmura Njal ao meu lado.

Aloys cumprimenta com um balançar breve de cabeça e o ruivo retribui o gesto. Em seguida, ele retorna a atenção para mim e o seu sorriso aumenta.

— Recebi os termos do tratado. Então, decidi fazer uma visita à Velorum para definir o acordo entre os dois reinos e firmar de uma vez por todas essa tal constituição que todos falam. Sabia que Lorcan, apesar da cara emburrada, é muito receptivo?

Não contenho a risada. É bom saber como todos mudam de opinião ao conhecer o duque melhor.

— Ele é um amor de pessoa.

Ele franze o cenho em uma careta engraçada.

— Não é para tanto, Diane.

— Onde Lorcan está? — questiona Njal, já dando os primeiros passos para longe do rei.

— No seu escritório.

— Ficará por muito tempo, Aloys?

— Ficarei até a consolidação dessa tal "constituição". Nossa! Unir reinos com uma folha de papel é uma ideia maluca!

Sorrio sem mostrar os dentes, assentindo antes de seguir Njal pela escadaria revestida por um belo e felpudo tapete vermelho.

Ao adentrar no escritório, encontro Lorcan lendo alguns relatórios sobre a mesa mas seu olhar, de maneira instantânea, volta-se para mim quando o cumprimento. Percebo como segura a vontade de ir para os meus braços, apertando a folha em suas mãos até deixá-la amassada. Njal nota sua reação e dá uma curta risada.

Lorcan pigarreia para retomar à postura séria.

— Então, conseguiram uma negociação com Cartelli?

— Sim, eles aceitaram se fundir à Velorum.

— Isso é maravilhoso. Um acordo pacífico com Barton era tão improvável.

— Defina melhor a palavra "pacífico". — resmunga Njal.

O duque arqueia a sobrancelha antes de se levantar. Os seus passos lentos ecoam pelo escritório e cessam quando ele está na nossa frente, apoiando as mãos nas costas.

— Como assim?

— Você assumiu imediatamente o poder de Cartelli à partir do momento em que o rei foi... Er...

Buscava as palavras em minha mente, tentando não lembrar dos membros retorcidos de Barton e o sangue espalhado pela arena. Mas Njal, sem filtro nenhum, diz:

— Esquartejado. Bem, é o que acontece quando uma soldada de Icarus deixa a população revoltada com a situação do reino.

Sem mover a cabeça, o olhar de Lorcan encontra-se com o meu.

— A missão foi para provar que Icarus também consegue ser uma terra de paz, e vocês mataram o rei?

— Matar é uma palavra muito forte, nós apenas o entregamos para a morte.

Dou uma discreta cotovelada no guerreiro ao meu lado.

— Calado, Njal.

Ele resmunga algo antes de cruzar os braços, emburrado.

— O que ele quer dizer, Lorcan, é que influenciamos amigavelmente o povo a se rebelar contra o rei. Barton não estava aberto à negociações, ele queria nos humilhar em público e acabou provando do próprio veneno.

— Certo. Eu gostaria de saber realmente o que aconteceu. — Lorcan profere com a sua costumeira máscara de frieza antes de olhar o ruivo ao seu lado. — Njal.

O guerreiro entende o recado, fazendo uma breve reverência e se retirando da sala. Quando estamos à sós, solto um longo suspiro e digo:

— Desculpa ter mudado os planos. Não quero que pensem errado sobre Icarus, é que-...

A minha fala morre ao puxada para um forte abraço. Ele repousa o rosto na curva do meu pescoço, inspirando com tanta profundidade que fico arrepiada. Diferente do gesto esmagador de Aloys, o abraço de Lorcan possui um carinho acolhedor e puro.

— Pouco me importo com os métodos, Natasha. Eu só estou feliz em saber que está bem.

Retribuo o abraço o apertando com força. Também estava com saudades dele, cada segundo longe da minha alma gêmea é sufocante.

Quando Christian me enviou para ser espiã em Icarus, a sua primeira preocupação ao retornar era saber se obtive informações importantes. Mas Lorcan age de maneira totalmente contrária. Para ele, tudo o que importa sou eu.

— Sabia que lidaria com o idiota do Barton, mas me dói imaginar que tipo de ofensas você precisou ouvir. — comenta ao afastar ao rosto, encarando-me com tristeza.

— Não muitas. Ele se afogou em sua própria arrogância e no próprio sangue antes de falar tudo o que queria.

Sua expressão se suaviza e vejo um sorriso de canto despontar de seus lábios.

— Preparada para a abertura do parlamento amanhã?

— Sim, será um evento e tanto. É minha segunda preocupação.

— E qual seria a primeira?

Toco gentilmente seu rosto, acariciando-o com a ponta do polegar.

— Aproveitar um pouco mais desse momento.

E então, sou recepcionada por um beijo tão caloroso quanto o seu abraço.

***

A sala de reuniões estava lotada. Cada monarca trouxe consigo, ao menos, seu conselheiro e um guarda de confiança. Lorcan encontrava-se na ponta da mesa enquanto eu e Raven estávamos em pé ao seu lado. Njal optou por passar o dia ao lado do seu marido e Katlyn estava cansada demais de sua tarefa, como instrutora no treinamento, para comparecer.

Aloys gesticulava com ânimo, declarando todas as vantagens de Valfem para os demais. Ele tinha um brilho no olhar ao falar do próprio povo e, por respeito ou medo de serem ameaçados, ninguém ousou tocar no assunto do golpe sofrido pela própria família do moreno.

Eleonor era uma boa ouvinte. Ela bebericava o vinho sem tirar os olhos do jovem rei que, animado, expressava sua ansiedade para unificar os reinos. Por outro lado, William demonstra uma seriedade assustadora e costumeira de um guerreiro. Iris segurava a mão do marido, vez ou outra, lançando um sorriso malicioso quando alternava o olhar entre mim e o duque.

Fanfiqueira maldita.

— Hoje iniciaremos uma nova era no continente. — pontua Lorcan. — Espero que tenham escolhido muito bem os seus representantes.

— Sim. Mas eu gostaria de saber mais sobre esse sistema.

— Claro, William. Deixarei que minha soldada explique melhor.

As minhas bochechas ruborizam ao ser o centro das atenções, porém mantenho a cabeça erguida e a postura rígida. E tudo vai por água abaixo quando Lorcan se ergue, apontando a cadeira para mim.

— Mas... É seu lugar. — murmuro, surpresa.

— Você merece esse lugar tanto quanto eu, Natasha.

Contenho a vontade de beijá-lo enquanto me sento na ponta da mesa, recebendo a atenção de todos os monarcas. Para não ruborizar mais ainda, ignoro o olhar penetrante de Iris.

— Os representantes serão chamados de parlamentares. Eles serão escolhidos pelo rei mas devem vir de todas as classes existentes, das mais pobres até as mais ricas. Qualquer decisão que vá afetar o povo ou a participação do reino em alguma guerra, precisa da aprovação da maioria dos parlamentares.

Faço questão de detalhar a minha ideia o máximo possível, pois sei que é difícil para a mente de alguém na Era Medieval entender a complexidade da participação popular. Porém, surpreendentemente, todos estão complacentes com a ideia. Até mesmo Iris faz um "joinha" para mim.

Pigarreio voltando a falar.

— Os impostos serão unificados, além de todos os exércitos. Como exposto para os senhores... — comento apontando para os relatórios nas mãos deles. Era o rascunho da nossa Constituição. — O treinamento será de responsabilidade de Icarus e o nome do reino unificado será Velorum.

— Não sei se é uma boa ideia usar o nome de um reino "sujo". — dizia Aloys. — Sabem o que eu quero dizer, certo? O antigo rei não era muito bem visto pelo restante do continente.

— Sei da fama de Erick mas precisamos seguir em frente. Se estivermos presos ao passado, nunca sairemos do lugar.

Aloys apoia a mão no queixo, pensativo, e segundos depois acena em concordância. Permito-me suspirar de alívio antes de retornar à explicação.

— O parlamento precisa de um líder que exercerá a função de um segundo rei. Ele será o responsável por regular as finanças para o exército e fazer negociações pacíficas com outros reinos. Todos de acordo?

Minutos antes do início da reunião, os monarcas leram a Constituição com cuidado. Eles tinham ciência de que a capital seria Icarus e que o Tratado de Corvus iria reinar por um continente inteiro. Era uma lei rígida e um pouco brutal, mas garantiu a paz no ducado. E estava na hora de aplicá-la em um número maior.

— Claro, querida! Eu e meu querido Will estamos ansiosos para fazer parte dessa grande família! — exclama Iris.

Raven abre um sorriso atravesso.

— Uma família que irá decapitar qualquer um que desobedecer a Constituição.

William arregala os olhos.

— Como é?

Lanço um olhar repreensivo para o espião mas, linguarudo do jeito que é, ele continua a falar.

— Não leram o tratado? Corvus será aplicado caso haja o descumprimento de qualquer termo e garanto que não seremos tão bondosos se vocês nos decepcionarem.

Os monarcas trocam olhares assustados mas nenhum ousa questionar. A fama de Raven se espalhou entre os quatro cantos do continente e a decisão mais sábia era não contestar a palavra do jovem.

— Conte com Valfem para o que precisar. — dizia Aloys erguendo-se e apoiando a mão no peito, fazendo uma respeitosa reverência. — Eu e meu povo estamos em dívida com Icarus.

— Digo o mesmo sobre Aryan. — profere Eleonor imitando o mesmo gesto do moreno. — Que as estrelas abençoem essa Constituição e que a paz reine em Velorum.

Iris erguia-se puxando o seu marido e ambos se reverenciam.

— Contem conosco, meu caro amigo. — pronuncia William.

Raven e Lorcan também se reverenciam, por isso fico de pé para acompanhá-los. E em meio ao silêncio respeitoso, o espião comenta:

— Sabe a melhor forma iniciar um império?

Aloys inclina a cabeça, curioso.

— Não. Como?

— Com uma festa!

***

A comemoração ocorreu no palácio, mas todo o povo de Velorum foi convidado. Por não caber tanta gente, a maioria se encontrava no jardim onde faziam bom proveito das comidas e bebidas oferecidas pelo novo rei. O povo aceitou positivamente a união dos povos, acreditando que finalmente os tempos de paz chegaram para todos.

Raven saltitava no meio do vasto salão, dançando com homens e mulheres. Mas toda a sua atenção voltou-se para um certa ruiva que, timidamente, o convidou para dançar. Ele aceitou sem pensar duas vezes e, ao analisar a valsa de ambos, senti que havia um inexplicável sentimento os unindo.

Mesmo um pouco desanimada por causa da morte de Martha, Cherly não recusou a comemoração e até compartilhou três danças com Katlyn. Em seguida, elas foram para um corredor escuro sob o olhar curioso de Iris.

Essa mulher vive em uma eterna fanfic.

Christian não compareceu à comemoração, mas mandou uma carta felicitando a nossa conquista.

Mason dançou com uma guerreira do exército de Aloys e pude jurar ver uma troca de olhares entre os dois. Iris puxava William a cada dança e o homem revirava os olhos, mas nunca recusava a vontade da sua esposa. Enquanto isso, Aloys fugia da legião de moças apaixonadas que queriam uma única dança com o rei de Valfem. Pelo visto, ele é um homem reservado.

Lorcan apoiou-se na amurada do segundo andar, observando a comemoração. Em silêncio, fico ao seu lado também admirando todo aquele ambiente de alegria. Alguns convidados erguiam o olhar e acenavam para nós dois. As pessoas de Velorum, aos poucos, estavam sendo bem receptivas com o novo monarca. E era sempre adorável ver como Lorcan reagia surpreso com toda essa amabilidade.

Repouso a minha mão sobre a sua.

— Você merece, Lorcan.

Eu sabia que, em sua mente quebrada, ele questionava se era digno de todo esse amor. No fundo, tenho ciência de que o fantasma de Sirius ainda o perseguirá por muito tempo. Mas ele não precisa lutar essa batalha sozinho.

Lorcan sorria fraco, depositando um beijo demorado na minha mão.

— Obrigado por tudo, Natasha.

Deito minha cabeça em seu ombro, inspirando profundamente o aroma amadeirado do homem.

— Quero que saiba da sua própria força. Quero que reconheça a beleza que há dentro e fora de si.

— Graças à você, eu reconheço.

— Então... Seguiria em frente sem mim, se um dia for preciso?

Ele dava um passo vacilante, quebrando o nosso contato físico. Posso ver o medo e a surpresa estampados em sua face.

— Nós não vamos nos separar, Natasha. Eu esperei minha vida toda para encontrá-la e não permitirei que nada nos separe.

Seguro sua mão, antes que se afaste de novo, entrelaçando nossos dedos. Dou um leve puxão fazendo seu corpo se chocar contra o meu. Seus músculos rígidos transmitindo um calor agradável ao entrar em contato com o decote do meu vestido vinho de veludo. Os olhos azuis descem brevemente para a região mas logo focam em meus lábios tingidos de vermelho.

— Eu sempre vou fazer o possível para protegê-lo, Lorcan. — murmuro enquanto sentia suas mãos quentes segurarem meu rosto. — E eu nunca me afastaria de você a menos que fosse necessário.

— Mas não é. Você é a minha força, Natasha.

Fecho os olhos no momento em que ele beija minha testa.

— Sou...?

— Há um ditado no exército que diz "antes de iniciar uma guerra, é bom saber pelo o que está lutando". Saiba que você é a razão pela qual eu luto... A razão que vim procurando desde que ergui uma espada. Então, se for necessário declarar guerra contra todos por você, eu farei isso com prazer.

Meus olhos enchem-se de lágrimas enquanto o encaro com um sorriso bobo. Lorcan dava um breve selinho e limpava as lágrimas sem tirar a ternura do seu olhar.

— Agora entende o meu medo de perdê-la?

— Sim... Não se preocupe, eu sempre estarei ao seu lado.

Se uma mentira será o pilar desse homem, tudo bem. É o máximo que posso oferecer no momento.

Quando estou mais calma, Lorcan puxava-me para uma lenta valsa e aproveito para repousar a cabeça em seu peito. As batidas do seu coração são como um calmante, afastando qualquer preocupação. Os passos são lentos e, mesmo com os olhos fechados e entorpecida pelo calor de seus braços em minha cintura, consigo acompanhá-lo.

— Eu quero congelar o tempo, Lorcan.

O seu aperto se intensifica.

— Eu também, mas não podemos nos privar dos momentos futuros que virão. E eu garanto que serão bons.

A música chega ao fim e, antes da banda iniciar outra, o duque se aproxima da amurada. O seu olhar é direcionado à Aloys, dando um recado silencioso. O rei de Valfem tirava uma pistola do bolso e atira para cima. Em seguida, apontava para o duque enquanto guardava sua arma sem tirar o sorriso amistoso dos lábios.

Todo o palácio parou a comemoração para focar nas palavras do futuro rei. Lorcan posicionou as mãos nas costas, estufando o peito e erguendo a cabeça. Ele queria mostrar superioridade, respeito e, acima de tudo, confiança.

— Hoje, Velorum é um império. Não permitiremos que nenhum outro reino nos humilhe ou tente nos atacar. Nós somos a força de um continente inteiro. E para representar a vontade do povo, selecionamos representantes dos quatro cantos do continente. Recepcionem os integrantes do nosso parlamento!

Os líderes escolhidos por cada monarca erguem, simultaneamente, suas taças e são aclamados por um chuva de aplausos. As pessoas cochichavam animadas enquanto compartilhavam desse momento de alegria, onde Velorum se erguia como o primeiro império e, com toda certeza, o mais forte de todos que virão.

Raven assobiava, alegre. O seu braço envolta do braço de Tanandra que, corada, aplaudia junto com os demais. Cherly batia palmas com um sorriso enquanto lágrimas rolavam por sua face. Katlyn encontrava-se ao lado de Njal, ambos eufóricos com o pronunciamento. Iris saltitava contente sendo contida por seu marido que segurava a esposa pela cintura, rindo. Aloys deu uma breve piscada em minha direção, como um gesto positivo quanto ao pronunciamento de Lorcan. Eleonor gritava junto com boa parte das pessoas, segurando seu filho no colo e apertando a mão da sua filha mais velha.

Era um momento de euforia e comemoração.

— Para garantir a funcionalidade desse novo sistema, uma pessoa guiará a equipe. Ela irá liderar todo o parlamento. — pronuncia Lorcan virando o rosto em minha direção ao mesmo tempo que estendia a mão. — Eu saúdo à vocês, Diane Scarbrough, a representante maior do povo.

Estava sem palavras. Em passos vacilantes, parei ao lado de Lorcan ouvindo um coro de aplausos direcionados apenas à mim. Um sorriso involuntário surge em meus lábios. Encarava todos com a cabeça erguida e, internamente, jurei à mim mesma que nunca a abaixaria para ninguém. Nunca mais.

Esse é o início de uma nova era.

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