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Capítulo 59

Durante toda a viagem de volta à capital, digeria as novas informações. O trote lento do cavalo garantiu um longo caminho de lamentações. Às vezes, lágrimas formavam-se em meus olhos ao lembrar do destino cruel ao qual havia amarrado meus personagens.

Não. Eles não eram personagens, eram pessoas com vidas reais. E eu me sentia um monstro por acreditar, em algum momento onde escrevia sobre Velorum, presa naquele apartamento minúsculo em Londres, que essas pessoas mereciam morrer para alavancar a trama.

Ao retornar para o palácio, deixando o cavalo nos estábulos, segui direto para o interior do castelo sendo recepcionada por um abraço forte de Cherly. Ela afirmou estar preocupada com minha ausência repentina e, em resposta, dei leves tapinhas em seus ombros antes de subir os degraus cobertos pelo tapete vermelho.

Estava devastada demais para uma conversa.

Quando chego no segundo andar, ouço passos firmes aproximando-se com rapidez. Parte de mim torceu para ser um soldado ou criado, mas eu já reconhecia os seus passos. Lorcan parou à minha frente, segurando delicadamente meu queixo e o erguendo. Seus dedos calejados e repletos de cicatrizes roçavam em minha pele, livres das luvas de couro. No exato momento em que fui alvo de seus amáveis olhos azuis, senti reviravoltas no estômago.

O homem diante de mim iria morrer. Os seus dias estavam contatos e não havia nada que pudesse ser feito.

Ainda em silêncio, segurei seu pulso com força deixando que um soluço escapasse do meu interior. Fechei os olhos permitindo que as lágrimas rolassem por minhas bochechas. Outro soluço escapa. E mais outro.

Ele não merecia morrer. Lorcan havia evoluído tanto, conquistado tanto. E sem perceber, arrancaria tudo isso em um piscar de olhos.

— Tenho certeza que sua amiga encontrou um lugar agradável ao lado das estrelas, Natasha. — dizia puxando-me para um abraço, onde apoiava a mão em minha cabeça.

Sofria por Martha, uma das poucas amigas verdadeiras que realmente tive. Mas também chorava pela morte inevitável do duque. Eram tantos sentimentos sufocantes em meu peito que estava sendo afogada pelos meus próprios pensamentos.

Nada disse. Apenas afundei mais ainda o rosto no peito dele, inspirando o seu aroma agradável. Os dedos de Lorcan desciam pelo meu longo cabelo emaranhado da recente cavalgada.

— Lorcan, eu gostaria de pedir algo.

Ele afastava-se um pouco, assentindo silenciosamente.

— Não saía do meu lado a semana inteira.

Mesmo sendo uma máscara constante de indiferença, o duque franziu o cenho. Mas não ousou questionar, apenas depositou um beijo no topo da minha cabeça.

— Desmarcarei todo e qualquer compromisso imediatamente.

***

Apesar da sua disposição em desmarcar sua agenda, impedi que cometesse tal erro. Não queria atrapalhar sua rotina, apenas estar presente. Por isso, segui o Lorcan durante o dia inteiro. Era difícil acompanhar seus passos largos, mas suspeito que ele diminuía o ritmo propositadamente quando notava minha respiração pesada. As reuniões eram extensas e chatas, sempre rendendo em uma alteração drástica de humor do duque. Nos momentos em que ele batia forte na mesa ameaçando desmembrar algum nobre, segurava o máximo a risada.

Ele era visto como aberração para alguns, mas eu sabia do seu coração amável.

Lorcan aproveitou para pedir minha opinião nas reuniões. No começo, os nobres demonstraram repulsa com a presença feminina, mas ninguém ousou questionar. Era difícil contrariar a vontade de um homem capaz de arrancar os dentes de cada um, usando as próprias mãos.

Sentia a presença do duque atrás de mim conforme dava minha opinião, como uma áurea sombria ameaçando silenciosamente os nobres.

Christian ficou feliz com minha presença, concordando com minhas ideias. Se era medo de uma facada ou a singela empatia, nunca saberei.

Quando não estávamos em reuniões cansativas, precisava acompanhar Christian por mais uma longa palestra sobre os deveres de um rei. Obviamente, Lorcan tinha conhecimento de cada uma de suas obrigações, afinal havia sido treinado em segredo para ocupar o cargo dele, e ainda assim demonstrou uma surpreendente paciência.

— Você precisa aderir à roupas brancas! Elas são o símbolo da realeza. — comenta Christian enquanto nós três andávamos pelo jardim do palácio. Lorcan, como futuro rei, não quis a presença de nenhum guarda o protegendo. Meio óbvio, ele sozinho é mais perigoso do que todo o exército de Veloum. — E trazem certa suavidade na sua presença.

Lorcan mantinha a postura ereta com ambas as mãos nas costas. O longo sobretudo preto dançava majestosamente conforme o vento o jogava, junto com suas mechas soltas. O olhar frio do homem atravessou Christian de maneira cortante.

— Não creio que nenhum enxoval branco possa suavizar a presença do homem mais sanguinário do reino, Christian.

Um ponto para o duque.

O loiro cruza os braços com um bico.

— Você também não colabora, Lorcan.

— Aposto que ficaria lindo com roupas brancas. — comento apoiando a mão no braço do duque. Automaticamente, a tensão em seus músculos desaparece e vislumbro um discreto sorriso em seus lábios. — Mas não sei se é uma boa ideia. O povo não engolirá essa mudança de personalidade em você, vão pensar que o novo rei não passa de uma farsa. Não queremos que Velorum seja construída sobre nenhuma mentira. Não mais.

— A Diane está certa. Eu não vou mudar o meu estilo para se adequar às vontades do povo, Christian. Eles que precisam se adequar ao novo rei.

Posso jurar que Christian rolaria os olhos sem parar com o comentário do duque.

— Terei um longo trabalho para torná-lo carismático.

— Boa sorte tentando. — ironizo.

O loiro ria fraco antes de iniciar outro discurso chato sobre táticas para agradar aos nobres. Lorcan o escutava sem interesse nenhum, o que me faz suspeitar que ele tem aceitado essas caminhadas matinais apenas para conversar um pouco com Christian. O duque passou quase toda a sua vida fingindo diálogos formais com o príncipe para derrubá-lo futuramente. Uma conversa saudável e verdadeira o faria bem.

Paro de andar observando as duas silhuetas se afastarem. De maneira súbita, a conversa com Circe invade minha mente. Quando a visitei na cabana, descobri da pior forma que o destino de Lorcan estava entrelaçado com a morte. Eu seria a responsável por matá-lo e nada poderia ser feito para mudar.

Ou quase nada.

Controlava à todo custo as lágrimas teimosas. Circe repousava um bolo de cenoura sobre a mesa, oferecendo-me uma fatia à qual recuso de imediato. Depois de saber que o duque irá morrer, não possuo apetite para saborear nem mesmo uma azeitona.

— Entrar em desespero não a ajudará em nada, jovem.

Suspiro com pesar, passando os dedos entre as mechas do meu longo cabelo.

— Eu não entendo. Eu ocupei o corpo da Diane para poder mudar a história.

— Você nunca ocupou o corpo da Diane. Esse corpo sempre a pertenceu.

Ergo rapidamente o olhar em direção à xamã. Uma linha de confusão em destaque na minha testa.

— Como assim? Eu não troquei de corpo ou algo do tipo?

A mais velha nega com a cabeça antes de ir até a sala, retornando com um livro amarronzado e velho em suas mãos. Ela folheia o livro, permanecendo em silêncio por instantes, até dizer:

— A Estrela Ponte dos Mundos conecta duas almas, não é responsável por possessão de nenhum corpo. A Diane é o seu "eu" desse mundo, mas ele estava sem alma. Então, digamos que a Diane antes do pedido era apenas uma casca vazia, esperando pelo retorno da sua essência. Há uma conexão entre as suas duas versões que, internamente, conversavam entre si.

Ajeito-me na cadeira, apoiando os cotovelos sobre a mesa em uma postura imponente e pensativa.

— Por isso eu tive a "ideia" de criar Velorum? O que nunca foi uma ideia da minha mente, apenas eram os acontecimentos vivenciados pelo "eu" desse mundo?

Recebo um aceno positivo em resposta.

— A empregada Diane vivenciou muitos acontecimentos em tempo real e, de certa forma, passou essas informações para você.

A lógica de Circe é plausível, o que significa que minha "criatividade" é um reflexo da minha experiência em outra dimensão. Isso também explicaria o porquê ter colocado Lorcan como vilão, pois Diane desse mundo teve uma visão limitada do duque. Ela não foi sequestrada para Icarus, então não tinha como saber do ducado repleto de bondade. Outro ponto é que ela também foi influenciada pelos boatos cruéis sobre Icarus, por isso via o local como o próprio inferno.

Mas ainda havia uma ponta solta.

— Como o "eu" de Londres conseguiu tamanho poder para alterar a história?

— Creio que a sua escrita foi feita com tamanha dedicação que ganhou poder. Mesmo que esse mundo exista de maneira complexa, não significa que não esteja subordinado às vontades de uma força superior.

— E mesmo assim, a Estrela acreditou que eu precisava de uma alma gêmea.

— Você mesma acreditou, mocinha. A Estrela apenas fez o trabalho de realizar o seu desejo. — comenta Circe sentando-se na cadeira do outro lado da mesa. — O criador também merece conhecer o amor.

O meu olhar recai sobre o próprio reflexo na xícara de café enquanto solto um demorado suspiro.

— Ainda assim, não há nada que eu possa fazer para alterar o destino.

— Há uma maneira de salvá-lo.

Nesse momento, um fio de esperança atravessa o meu peito. Olho para a xamã com um misto de desespero e ansiedade.

— Por favor, diga-me o que preciso fazer!

O meu coração falha nas batidas ao detectar a tristeza em seu semblante.

— Um grande sacrifício precisa ser feito, Natasha...

— Natasha, você está bem?

Desperto do meu devaneio ao ouvir a voz de Lorcan. Por longos segundos, apenas o encaro em silêncio como se pudesse gravar cada detalhe de seu belo rosto.

— Estou sim. Perdão, o que estava dizendo?

— Retornaremos para Icarus amanhã.

Minha tensão diminuiu um pouco. Nada melhor do que estar de volta ao lar para esquecer o futuro trágico que se aproximava.

***

As reuniões em Icarus eram menos exaustivas. Isso se dava pelo fato de Raven não conseguir passar cinco minutos sem contar algum piada. Ou Njal que, às vezes, relembrava o fato de aumentar a proteção na rua do ferreiro, o seu marido. Era bom que todos pareciam menos tensos, diferente da última reunião que tivemos.

Katlyn parou de lançar farpas, mas fazia o possível para sair da reunião o quanto antes e sequer olhava para mim.

Para a minha sorte, a sua presença pouco me afetava. Com ou sem Katlyn, tudo seguia normalmente.

Após o final de outra longa reunião, Lorcan convidou-me para uma cavalgada por todo o ducado. Não pensei duas vezes em aceitar e, em menos de uma hora, eu e o duque já estávamos em nossos cavalos seguindo pelas ruas de Icarus.

— Raven disse que Jonnathan se aliou ao Avery. Isso não o preocupa? Ele possui informações importantes sobre Velorum.

— As informações dele são as mesmas que eu extraí através do meu espião. Não é nada preocupante. Mas precisamos ficar atentos ao silêncio de Avery. É bem provável que o seu exército vá agir em algum momento de descuido.

Acaricio a crina de Polar, como se a nossa conexão pudesse expurgar parte da minha preocupação.

— Temos que consolidar esse império o quanto antes, Lorcan.

Ele assentia enquanto mantinha o olhar focado no horizonte. Conforme passávamos pelas ruas de Icarus, recebíamos acenos e cumprimentos alegres. A feira estava à todo vapor, mas os comerciantes tiraram um tempo para se curvarem diante de seu líder.

O respeito por Lorcan não se dava ao seu futuro título como monarca, mas sim pela sua proteção à Icarus na última batalha.

Um grupo de criança se aproxima para brincar com o cavalo do duque. Ele parava o animal e abaixava o olhar para os pequenos. Encaro de canto Lorcan, admirando a sua expressão facial relaxada. Era bom vê-lo apreciar os pequenos detalhes da vida, algo que nunca teve a chance na infância.

— Tão bonito! — comenta um garotinho, acariciando o animal ao ficar na ponta dos pés. — Tio, eu posso ficar com ele?

O duque se retrai arregalando brevemente os olhos. Começo a rir da sua reação e comento:

— Infelizmente, ele precisará do seu alazão para suas missões.

A criança faz um bico mas aceita a resposta. Uma garotinha se aproxima de mim com certa curiosidade no olhar.

— Você é a duquesa de Icarus?

— Eu nã-...

— Ainda não. — interrompe Lorcan.

Agora sou eu quem está de olhos arregalados.

Ouço uma risada rouca do homem antes dele abrir um sorriso de canto.

— O que me diz de uma corrida até aquela colina?

Os meus olhos brilham com o seu desafio.

— Prepare-se para perder.

A sua risada aumenta enquanto movimenta as rédeas do cavalo. Em contrapartida, faço o mesmo com Polar e nós dois iniciamos uma corrida frenética em direção à colina. O vento do inferno batia contra meu rosto, causando uma sensação inexplicável de liberdade. As pessoas abriam caminho enquanto desviávamos nossos cavalos dos obstáculos.

Lorcan teve um treinamento impecável na equitação, pois nem ele e seu cavalo estremeciam ao saltar pelas mesas e fardos de feno no meio do caminho. A brisa jogava seu cabelo e seu longo manto cinza para trás. As roupas de inverno caíam perfeitamente bem no homem.

— Não podemos perder para eles, Polar! Vamos!

Como se entendesse meu recado, a égua aumenta os passos alcançando o duque. Ele olhava para mim e vislumbro o seu mais radiante sorriso. Em resposta, sorrio também o que deixava o homem um pouco sem jeito.

Lorcan gritava para seu cavalo que corria mais rápido ainda, passando entre as árvores do início da floresta. Recuso-me a ficar para trás, acompanhando o duque sem perdê-lo de vista.

Flocos de neve começaram a cair, pintando mais ainda o ambiente ao nosso redor. O frio tornou-se evidente, mesmo usando um espesso casaco de pele. Mas uma estranha alegria inundava meu peito conforme desviava das árvores em cima de Polar, observando a silhueta próxima do duque.

Infelizmente, ele ganhou a corrida chegando no topo da colina. Porém, como o bom cavalheiro de era, ajudou-me a descer de Polar quando parei ao seu lado. A neve acariciou minhas longas botas enquanto a brisa procurava brechas no cabelo preso para atingir meu pescoço, causando-me calafrios.

— Você foi muito bem, Natasha.

Sorrio abertamente.

— Eu e Polar estamos melhorando muito.

— A conexão de vocês duas é visível.

— Foi uma boa jogada escolher a Polar para mim.

— É o animal que escolhe o seu dono, não eu.

Assinto em silêncio. Nós dois seguimos para a parte mais alta da colina, tendo a vista privilegiada do ducado. Os telhados das casas e as ruas estavam cobertas por neve. Ainda assim, o fluxo de pessoas era o mesmo, afinal o duque disponibilizou uma quantia favorável de roupas de inverno para o seu povo. Havia uma enorme fogueira no centro, onde muitas pessoas se aproximavam para desfrutar do calor.

Quando olho para Lorcan, noto que seu cabelo estava totalmente bagunçado e um montante de neve formava-se no topo da sua cabeça. Ele nota meu olhar, expressando confusão.

Uma risada calorosa explode do meu interior. Toda e qualquer preocupação é dissipada pelo vento invernal.

— Seu cabelo... Ele... — tento dizer mas a risada atrapalha.

O duque toca o cabelo com a ponta dos dedos, notando a neve. Então, ele também começa a rir. A sua risada é contagiante e sincera.

— O seu cabelo não me parece tão diferente, Natasha.

Noto que a neve também estava emaranhada em meu cabelo. A minha risada torna-se mais alta e, logo, parecemos dois idiotas rindo no topo de uma colina.

São pequenos e simples momentos como esse que guardarei para sempre em meu coração.

***

— Você tem vontades estranhas, Natasha.

Rio alto com seu comentário.

No meio da madrugada, acordei o duque para que me ensinasse a fazer os bolinhos de baunilha. Como o esperado, ele não recusou apesar do seu semblante cansado indicar que precisava de uma boa noite de sono. Nós dois seguimos para a cozinha, onde Lorcan vestiu um avental branco e começou a preparar os bolinhos.

Era engraçado ver o homem mais "cruel" de Velorum segurando uma bandeja enquanto batia a massa.

— Eu mal acredito que o temível duque de Icarus e futuro rei de Velorum é habilidoso na cozinha. — brinco passando o dedo na massa e sujando a ponta do nariz do duque. — Pensei que houvesse empregadas para isso.

Lorcan ria brevemente fazendo uma careta engraçada quando sentia a massa contra seu nariz. Provavelmente a Síndrome de Asperger o deixava inquieto com texturas estranhas. Ele virava o rosto em minha direção sem tirar o sorriso bobo dos lábios. Seus olhos encaravam-me de maneira intensa.

— Quando falhava em algum treinamento, Sirius me proibia de comer por vários dias. Mas havia uma empregada gentil que me ensinou a preparar esses bolinhos, caso fosse necessário.

Pisco os olhos, surpresa.

— Sério? Que gentil da parte dela! Quem é?

O semblante dele era distante.

— O nome dela era Annabeth.

Encontro-me genuinamente surpresa. Não fazia ideia de que minha mãe desse mundo e o duque se conheciam. De forma instantânea, uma lembrança invade minha mente.

— Mamãe, por que aquele garotinho não para de olhar para cá? — questiono apontando o pequeno dedo em direção à janela.

Estávamos no jardim retirando as ervas daninhas dentre as belas rosas. A senhora De'Ath gostava de deixar seu jardim impecável, mesmo que não passasse muito tempo admirando as flores. Mas sempre havia um garotinho apoiado na janela, observando a nossa movimentação. O seu curto cabelo negro acariciava as orelhas e havia uma curiosidade indescritível em seus olhos azuis.

— Ele se sente solitário, querida.

Desvio meu olhar para Annabeth, alternando-o entre a mulher e o garotinho.

— Ele não tem amigos, mamãe?

— Não, os pais dele não o permitem ter amigos.

Faço um bico.

— Gostaria de ser sua amiga. Ele parece legal.

Havia tristeza na face da minha mãe.

— Ele é um bom garoto. Eu o ensinei a preparar a sua comida favorita.

— Bolinhos de baunilha? Incrível! Quero que ele faça bolinhos para mim, mamãe!

Ela ria.

— Infelizmente, acho que isso é impossível. Nós iremos morar no palácio amanhã, querida.

Resmungo em desagrado, correndo para o outro lado do jardim ouvindo o seu chamado ao fundo. Mas ignoro Annabeth para me esconder atrás de uma cerca viva, abraçando minhas próprias pernas.

Quando ouço passo, levanto-me em um sobressalto. A figura diante dos meus olhos não é Annabeth, mas sim o garotinho de tristes olhos azuis. Ele brincava com os próprios dedos repletos de cicatrizes e cortes.

— Po... Posso pegar? — questiona apontando para algo atrás de mim. Olho por cima dos ombros para a bela rosa vermelha. — Charlotte deve gostar...

Volto minha atenção para o garoto, confusa.

— Você não a chama de mãe?

Ele mordia o lábio, recuando.

— Ela não gosta que eu a chame assim na frente de outra pessoas, disse que é uma grande vergonha ter um filho como eu.

Sinto um aperto em meu peito. Antes de ouvir outro comentário, retiro a rosa com força cortando minha mão e, em seguida, entrego a bela flor para o garoto. Ele parece desesperado ao ver o sangue e rio da sua reação.

— Não se preocupe, não dói tanto quanto parece.

— Mas... Mas você está machucada!

Ele dava pulinhos, claramente desesperado. Até que seguro suas mãos. O garoto se acalma com meu toque e nossos olhares se encontram.

— Um dia, você me dá um flor em troca. Tudo bem?

O pequeno assentia e, finalmente, abria um sorriso. Um sorriso que, de certa forma, ficaria gravado em meu coração.

— Eu sempre o amei. — murmuro após chegar a essa conclusão. Lorcan continuava a expressar confusão. — Era nosso destino estar juntos.

— O livro dizia que a Estrela uniria duas almas gêmeas. — ele comenta parando de misturar a massa, depositando o beijo demorado em minha testa. — Que estariam para sempre juntas.

Mesmo sabendo a verdade, as palavras do duque trouxeram esperança ao meu coração. E no momento, não queria pensar em nada que não fosse essa pequena lembrança que criávamos.

Lorcan voltava a fazer os bolinhos, ensinando-me cautelosamente. Ele se posicionou atrás de mim, segurando minhas mãos com delicadeza enquanto ditava o ritmo o qual mexia na massa. O seu cheiro inebriante invade minhas narinas e, por um momento, estou totalmente rendida à sua presença.

Após colocar os bolinhos no forno, ele se apoiava na mesa com ambas as mãos. Havia um brilho malicioso em seu olhar. E retribui na mesma hora.

Quando nossos lábios se uniram, nada mais importou. Apressadamente, retirava o avental dele enquanto era erguida para a bancada. As mãos firmes de Lorcan passearam por minhas coxas após subir o vestido. Em seguida, os seus calorosos beijos mudaram o foco para o meu pescoço, causando calafrios agradáveis.

Lentamente, sua mão desceu por minha nuca puxando os fios com certa força, fazendo-me arquear. Abro as pernas para Lorcan se encaixar entre elas. O duque não perde tempo em descer a outra mão para dentro da minha calcinha, acariciando a região com seus dedos ágeis.

Para provoca-lo, ergo o quadril roçando-o contra a ereção dele. A sua respiração se torna mais ofegante. Os nossos olhares se encontram e, de forma instantânea, sorrio de canto.

— Daria tudo para saber o que está pensando.

— Estou pensando em fazê-la revirar esses belos olhos de prazer... — as carícias de seus dedos ficam mais rápidas, fazendo-me gemer. —... Em como sua voz fica linda dessa forma, em seu sabor único e, principalmente, estou pensando em... — ele afastava sua mão para, em seguida, lamber os dedos sem quebrar o contato visual. — Que explicação dar ao acordar todo o castelo enquanto trepamos.

Não acreditei que pudesse ficar mais molhada. Mas, felizmente, estava enganada.

— O duque de Icarus e rei de Velorum não deve satisfação à ninguém, esqueceu?

— Então, pulemos as formalidades...

Era difícil definir qual momento nossas roupas ficaram largadas na cozinha. A única coisa que minha mente processava era no ritmo constante das estocadas. Em como nossos corpos possuem o encaixe perfeito. A respiração quente dele batendo contra minha pele enquanto arranho suas costas.

Lorcan aceitava essas marcas com prazer.

Ele jogou os talheres e os ingredientes com um empurrão para, em seguida, deitar meu corpo na bancada. O sorriso de canto evidenciou que a visão o agradava.

Porém, de maneira repentina, o seu corpo para.

— Mova os quadris para mim, Natasha.

Um calafrio sobe minha espinha com sua voz rouca. Mas se é uma briga de provocações, estou mais do que preparada. Passo lentamente a língua pelos lábios e o olhar do meu amado acompanha esse movimento. Então, começo o mover o quadril percebendo o corpo dele reagir positivamente.

Não demora muito para que ele volte a se mover.

Os dedos do duque passeiam por minha pele exposta até chegar no pescoço, onde se enroscavam como se fossem um colar erótico. Ele fecha os olhos, sucumbindo ao prazer enquanto chega ao ápice. E nós dois gozamos juntos, unindo nossos gemidos em uma sinfonia sincronizada.

— Bem que me disseram que guerreiros possuem uma energia ilimitada...

Ele voltava a sorrir com meu comentário, só não esperava que eu me levantasse apoiando a mão em seu peito, empurrando-o com dominância.

— Mas esqueceu que agora eu também sou uma guerreira, Lorcan De'Ath?

Novamente estamos entregues um ao outro mas, desta vez, no chão da cozinha. Subi em cima do homem mais poderoso e mortal de Velorum, ouvindo-o gemer meu nome com tanta devoção. As suas mãos se firmaram em minha cintura, conduzindo os movimentos sem tirar o sorriso malicioso dos lábios.

E eu sabia que ele revidaria a provocação.

Lorcan inverteu as posições, deixando-me de quatro enquanto me invadia mais uma vez. O gemido a ecoar reverbera entre as quatro paredes do cômodo. A sua mão segura meu cabelo, puxando os fios com possessão. Ele inclina o corpo, roçando os lábios em meu ouvido.

— Você está tão linda assim, querida. Sinto vontade de me enterrar em você todos os dias.

Ergo o quadril de forma provocativa.

— Sinta-se à vontade, majestade.

O homem morde fraco meu ombro antes de acelerar o ritmo das estocadas. Os seus movimentos intensos levam-me ao prazer e quase reviro os olhos quando estrelas dançam acima de nós. É impossível controlar o gemido quando a sensação explode por cada canto do meu corpo.

Mais uma vez, sinto a entrega total dele ao colar nossos corpos antes de desabafar no chão, puxando-me contra seu peitoral definido. Os seus dedos aproveitam para brincar com as mexas do meu cabelo. Um toque carinhoso contrastando com instantes atrás.

— Acho que os biscoitos vão queimar, Lorcan.

Seu riso é rouco e arrastado.

— Faremos outros, se for o caso. Ainda tenho energia para fazer biscoitos e... — a sua mão desce pelo meu quadril, apertando a região. —... para outras coisas também.

Rio dando um tapinha em seu peito.

— Controle-se, seu tarado!

Ele deposita um beijo demorado no topo da minha cabeça.

— Eu tento controlar meus desejos, mas perco os sentidos ao seu lado.

Escondo o sorriso bobo na curva do seu pescoço, inspirando o aroma que tanto me agrada. Então, fecho os olhos apreciando o som da sua respiração e a forma como seus braços me envolvem com carinho.

Esse é o meu lar e faria de tudo para protegê-lo.

Eu farei de tudo para protegê-lo.

Por isso, silenciosamente, tomo uma decisão. A única decisão capaz de salvá-lo da morte.

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