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Capítulo 46

Estar de volta à capital era, no mínimo, inquietante. Havia um misto de sentimentos em meu peito, desde alegria até receio. Podia rever minhas amigas mas, infelizmente, elas não seriam as únicas que verei.

A carruagem parou diante do castelo e fui a primeira a descer, sequer esperando a ajuda do duque. Por causa de uma breve reunião entre o rei e Lorcan, chegamos pela manhã onde ainda ocorria os preparativos para o baile. Os meus olhos percorrem todo o vasto jardim em busca de algum sinal de Martha ou Cherly. Contudo, para a minha infelicidade, o primeiro rosto conhecido a identificar foi de Jonnathan que, segurando alguns papéis, apontava para os serventes o que deveriam fazer.

Lembranças do "interrogatório" e dos dias em que passei naquela cela invadem minha mente. O cheiro pútrido, as provocações, as noites em claro tremendo de frio, a maldita surra. A forma como me trataram como uma mera prostituta ainda assombrava meus pensamentos. Era difícil segurar todo o desconforto, tanto que desviei o olhar para o chão.

Então, tirando-me dessas lembranças, a voz suave do duque ecoa ao meu lado.

— Não se preocupe. Eu estarei aqui para segurar a sua mão, se precisar.

Viro o rosto em sua direção, vendo a mão estendida do homem e a seguro abrindo um fraco sorriso. Sabia que ele não falava apenas no sentido literal. Lorcan estava realmente disposto a enfrentar o reino inteiro para me ajudar, como já havia feito antes.

Mas ele é um nobre de respeito, não poderia estragar a sua imagem com a "fama" que possuo no palácio. Por isso, solto a sua mão e caminho em direção ao interior do local.

— Obrigada, mas eu ficarei bem.

Ele anui silenciosamente, seguindo-me até o segundo andar do castelo, parando diante da porta do escritório real. Enquanto Lorcan abria a porta, respiro fundo tentando controlar a emoção dentro de mim. O duque foi o primeiro a adentrar no cômodo e, ao erguer o olhar, encontro Christian encarando-me paralisado. Como de costume, usava uma calça branca de cós alto e uma camisa militar azul com botões dourados.

Quando dei o primeiro passo para dentro do escritório, o rei correu em minha direção abraçando-me com força. Ele apertou meu corpo de maneira carinhosa, escondendo o rosto em meu ombro. O seu cheiro primaveril invade minhas narinas naquele instante.

— Eu fiquei tão preocupado com você, Diane.

Retribuo o abraço sentindo-me um pouco estranha. Encaro de canto para Lorcan que possui uma expressão nada amigável, cruzando os braços. Ao se afastar minimamente, Christian segurava meu rosto olhando-me de cima à baixo sem tirar o sorriso bobo dos lábios.

— Você está bem? — questiona e assinto. — Se machucou? Foi torturada? Humilhada?

Quando nego com a cabeça, percebo a surpresa de seu semblante mas que logo retorna à genuína alegria. Lorcan pigarreia atraindo nossa atenção antes de comentar:

— O que queria comigo?

Christian ria sem jeito enquanto me mantinha ao seu lado, a mão entorno da minha cintura. O olhar de Lorcan desce para a mão dele como se pudesse arrancá-la com o mínimo movimento. E sinceramente, não duvido nada da sua capacidade.

— Queria agradecê-lo em particular por seu desempenho na guerra. Sei que matou o dobro de soldados que foi estimado. — comenta desviando o olhar para mim. — Você descobriu sobre esse pequeno atrito entre reinos, certo? Espero que não tenha ficado assustada.

Franzo o cenho, confusa. Mas alguém já tinha a resposta na ponta da língua.

— Ela é uma guerreira, Christian. Tem mais coragem do que todo o seu exército unido. — Lorcan dizia o fuzilando com o olhar. — Pare com essa proteção desnecessária.

Christian o encara com reprovação e aproveito para afastar a sua mão da minha cintura. Não me sinto confortável com seu toque. Não mais.

— Estou apenas preocupado com quem eu me importo. Sei que é difícil para você compreender esse tipo de sentimento, Lorcan. Mas espero que, um dia, encontre uma pessoa para proteger com toda a sua vida.

O olhar do vilão vira-se para mim e, silenciosamente, nos encaramos. Por um momento, era como se Christian tivesse sumido do escritório e o mundo inteiro parasse de girar.

Apenas eu e ele.

O duque retornou o foco à Christian, proferindo:

— Eu já encontrei.

Posso sentir as batidas frenéticas do meu coração, um eco dos meus sentimentos arranhava o meu interior enquanto sentia as bochechas esquentarem. O loiro arregala os olhos surpreso antes de abrir um largo sorriso, expondo os belos dentes brancos e as covinhas.

— Sério? Eu fico tão feliz por você, Lorcan!

Como resposta, o rei recebeu um olhar indiferente, logo voltando a sua atenção para meu rosto, onde não tirava o típico sorriso radiante dos lábios.

— Eu também gostaria de agradecê-lo por cuidar da Diane. Fui tolo em não perceber os sinais, mas agora tudo mudará. Não vou negligenciar a única pessoa que me conhece tão bem.

— O que isso quer dizer...? — murmuro confusa.

— Que você voltará para cá, ora! É esse o seu lar.

Por um momento, esqueço como respirar diante dessa informação. Christian tinha um brilho esperançoso no olhar. Os olhos verdes expressando uma calmaria reconfortante. Pacífica. Segura. Cômoda.

Uma voz firme corta os longos segundos de silêncio.

— Não. Ela não voltará. O lugar dela é em Icarus.

Christian olhava para Lorcan com incredulidade.

— Diane não é um objeto, não pode tratá-la assim.

O duque arqueia a sobrancelha.

— Objeto? Eu nunca a trataria dessa forma, Christian! Mas eu não a deixarei ir!

O tom usado pelo vilão era tão intenso e repleto de ódio que podia estremecer todo o reino. Ele estava com as mãos fechadas ao lado do corpo, controlando a sua raiva interior para não enfiar a adaga no pescoço do rei.

— Eu gostaria de continuar o treinamento em Icarus. — digo tentando aliviar o clima. — Estou aprendendo muito.

— Não se preocupe, Diane. Você poderá treinar na base do meu exército, garanto que o treinamento é mais eficiente.

Droga, Christian. Você também não colabora.

— Você não vai tirá-la de mim! — vocifera Lorcan avançando contra o rei. — Seu miserável mimado!

Dessa vez, Christian sacava a sua espada em um rápido movimento, fazendo o duque parar à centímetros da lâmina em seu pescoço. A mão repousa sobre o cabo da espada mas o loiro dizia em um tom de advertência:

— Vou protegê-la de todos, até mesmo de você. Sei que prende as pessoas do seu ducado, mas Diane é uma mulher livre. E por isso, ficará aqui onde é o seu lar. Pertencendo à Icarus ou não.

Lembro-me da carta enviada pela senhorita Hopkins, contando sobre a real origem de Diane para o rei, Martha e Cherly. Esperei uma reação surpresa do duque, mas ele estava incrivelmente calmo.

— Você sabia, Lorcan? — pergunto incrédula.

Ele afirma com a cabeça.

— Descobri dias depois de salvá-la da cela, através do meu espião.

— Ele invocou o Tratado de Corvus na nossa última reunião para evitar ser punido por ter matado meus guardas e empregados. — comenta Christian tocando o meu rosto com suavidade. — Saiba que eu não me importo se é de Icarus, eu quero estar do seu lado.

Recuo fugindo do seu toque.

— E Alene?

— Conforme eu me aproximava dela, percebia que não era como você. Alene não me conhece de verdade e, provavelmente, não sabe dar conselhos tão bons quantos os seus.

Silenciosamente, questionei-me se Christian queria uma futura rainha ou uma nova conselheira. O rei voltou sua atenção para Lorcan que estava com o maxilar trincado, respirando com pesar.

— A escolha será da Diane. Ela tem o direito de seguir o caminho que a trará felicidade. No baile, teremos a resposta correta.

Diante do comentário de Christian, Lorcan respirava fundo antes de caminhar para o outro lado do escritório, pegando um jarro de flores e o jogando contra a parede. O rei recua um pouco, claramente assustado, enquanto estou analisando as reações do duque. No passado, veria sua atitude como mera brutalidade mas, conhecendo suas feridas, descubro o real motivo do "surto".

— Não vale usar o seu medo para influenciá-la, Lorcan! — o loiro exclama.

Não acho que ele esteja fazendo isso, apenas está irritado porque não se vê como uma opção de escolha.

O duque vira-se novamente para Christian, aproximando-se em passos pesados. As longas botas pretas pressionavam o chão com firmeza, fazendo o som ecoar por todo o cômodo.

— O que?! Está fingindo ser bonzinho na frente dela para que pense que sou um monstro? Você e todo o seu maldito perfeccionismo não irão enganá-la. Sirius me maltratou por sua causa, Erick me excluiu de Velorum por sua causa. Tudo. Isso. É. Sua. Culpa. — Lorcan proferia pausadamente, colocando uma dose de ódio em cada palavra dita. — Não pense que sou tolo.

Christian trincava os dentes, abaixando a espada para encurtar a distância com o duque.

— De onde tirou essa ideia? Eu não tenho culpa se o seu pai quis treiná-lo. Se eu pudesse, estaria sempre do seu lado, mesmo que precisasse ouvir todo esse discurso de auto piedade! Poderíamos ter treinado juntos, nos divertido como bons amigos e eu iria te proteger de maneira adequada.

O peitoral do vilão subia em um ritmo constante enquanto apertava os punhos. Lanço um olhar de súplica para ele, pedindo silenciosamente que não faça o que quer que se passe em sua mente. Lorcan aponta o dedo para o rosto de Christian, dizendo:

— Você nunca pensou em me proteger! Tudo o que sempre desejou foi ser o centro das atenções e atrair o amor do seu povo. E para isso, nem se importou em me apresentar como um monstro sem coração. Por que não admite, Christian Hartley?

O loiro engole seco.

— Admitir o que?

— Que você ama todo esse favoritismo! — gritava abaixando o olhar por breves segundos, passando a mão pelas mechas do cabelo. — Por que diabos tive que ser tratado dessa maneira...? Por que nunca fui o suficiente para ninguém...?

Não era o tipo de conversa que gostaria de presenciar. Por muitos anos, Lorcan guardou tudo para si mas havia chegado ao seu limite. Ele explodiu como uma bomba relógio e Christian encontrava-se surpreso com sua revelação. O duque não escondeu a tristeza em seu olhar, mas ela durou por poucos segundos. Ao trajar a máscara de frieza, reconstruía uma muralha entorno de si para se proteger de emoções negativas. Para proteger o seu coração partido.

— Temos que seguir em frente, independente das mágoas passadas. — digo quebrando o silêncio, recebendo a atenção dos dois homens. — Vocês não são crianças, resolvam isso como adultos e líderes de seu povo.

Lorcan assentia à contragosto e Christian sorria de maneira acolhedora.

— Como sempre, está certa. Eu preciso ser maduro para o meu povo e aceitar a melhor escolha para manter Velorum segura. Por isso, irei perdoá-lo, Lorcan.

O duque erguia ambas as sobrancelhas em sinal de incredulidade. Do outro lado, estou com a mesma reação do homem. Perdoar? Você que o atacou primeiro.

— Perdoar?

— Sim, Diane. Investiguei os reinos de Cartelli e Mandrariam. E descobri sobre o seu suposto golpe. Foi uma notícia lamentável e confesso que fiquei decepcionado. — dizia olhando para o duque com uma seriedade assustadora. Por um instante, Lorcan arregala os olhos e travava o seu corpo enquanto Christian se aproxima, ficando frente à frente com ele. — Eu só não conto para todo o reino sobre o golpe, pois odiaria decepcionar a sua falecida mãe ao manchar seu sobrenome.

Lorcan posicionava ambas as mãos nas costas, enrijecendo a postura como um guerreiro pronto para a mais sangrenta batalha.

— Ela colocou uma corda no pescoço e pulou da janela do seu quarto por ter um filho como eu. — dizia usando um tom de voz tão gélido quanto o vento noturno. O rosto sem expressar uma emoção sequer. — Desculpa decepcioná-la primeiro, Vossa Majestade.

Dito isso, Lorcan passava pelo loiro e por mim apressadamente, saindo do escritório em um piscar de olhos, deixando um estranho clima no cômodo. As suas últimas palavras com as imagens do seu passado causaram um desconforto interno. Mesmo a mãe dele não tendo o amado, deve ser doloroso admitir em voz alta que ela cometeu suicídio por tê-lo como filho. O que duvido muito, a causa mais provável era a pressão do miserável do Sirius.

Antes de retomar uma conversa com Christian diante desse clima, saio do escritório a fim de seguir Lorcan. Queria saber se ficaria bem depois desse momento, mas o perdi de vista no fim do corredor.

Melhor deixá-lo ter um tempo sozinho.

Dirijo-me para a cozinha, encontrando Cherly lavando os legumes. Quando corro em sua direção, ela dava um passo para trás recusando o meu abraço.

— O que houve? Eu senti a sua falta.

— Você mentiu, Diane. Por que não disse que era de Icarus?!

Todos os olhares da cozinha voltam-se para nós duas, mas ignoro focando no semblante cabisbaixo da minha amiga. Precisava inventar alguma mentira, porque Diane sabia sobre sua origem, mas eu não. Vamos colocar essa cabeça de autora para trabalhar.

— A minha mãe me fez jurar não contar sobre nossa origem. — minto. — Sabe como somos odiados por toda Velorum.

— E com razão! São um bando de manipuladores sem coração.

O meu sangue ferve com sua acusação. Lembro-me de todas as pessoas fortes e incríveis que conheci no ducado, totalmente diferente da imagem criada pelo restante do reino. Em outra ocasião, permaneceria calada mas não mais.

Sou uma guerreira. Uma soldada de Icarus. E não abaixarei a cabeça para ninguém.

Aponto o dedo no rosto dela, proferindo:

— Nunca mais fale assim do meu povo. Se quiser continuar acreditando nas mentiras desse reino, por mim tudo bem. Mas não ouse ofender as boas pessoas de Icarus, elas não merecem esse ódio sem fundamento.

Cherly estava assustada com meu ataque súbito de agressividade. A sua respiração tornou-se mais pesada e ela havia erguido as mãos, como se temesse a minha presença. Okay, acho que passar muito tempo com o Lorcan me deixou um pouquinho autoritária.

Talvez devesse ficar no castelo e reconstruir a minha imagem, mostrando que posso ser melhor do que Alene. Mas, sinceramente, não queria me comparar com ninguém. Eu sou única e isso é algo bom. Não preciso viver mais sobre esse véu de auto depreciação, porque sei do meu valor e ele não depende de ninguém.

— Será que ela deu para o duque também? — uma empregada murmura para outra ao seu lado.

Lanço um olhar ameaçador, fazendo-as recuarem de forma simultânea. Em partes, agradeço à roupa de couro e à adaga na cintura que davam um ar "amedrontador", mas também tive um ótimo professor.

Cherly faz menção a falar algo, mas Martha aparecia apoiando a mão em seu ombro.

— Vá para o estábulo, estão precisando da sua ajuda. — dizia em um tom sereno e apaziguador. A jovem assente, saindo da cozinha sem antes olhar para mim com reprovação. — Desculpe pela reação dela, Diane, mas a Cherly não esperava... Bem, não esperava pela sua saída.

— Saída? Eu fui torturada por...— mordo a língua, ocultando o nome dos dois miseráveis. — Não importa. Se não fosse pelo Lorcan, eu estaria morta!

Martha expressa uma singela surpresa, puxando-me para um canto longe dos olhares curiosos dos empregados.

— Depois eu quero saber dos detalhes. Por enquanto, mantenha distância de Cherly. Ela precisa de um tempo para assimilar tudo. Eu prometo ajudá-la a voltar a falar contigo.

Assinto e seguro a sua mão, apertando-a levemente.

— Você me odeia?

Ela abria um sorriso terno.

— Odiar a minha salvadora? Impossível.

***

O salão estava cheio de nobres e outras classes mais baixas. Os diversos lustres dourados iluminavam todo o ambiente, fazendo as enormes cortinas laranjas terem sua cor mais acentuada. As mesas com uma variedade de comida estavam nas extremidades do salão enquanto os serventes andavam de um lado para o outro, carregando as bebidas. No teto, fileiras de bandeiras laranjas e vermelhas em formato de folhas foram coladas, representando a estação homenageada: o outono.

O meu olhar percorre o ambiente, encontrando Christian conversando com um grupo de nobres. Ele estava lindo vestido completamente de azul com um sobretudo de bordados dourados. As botas pretas e as luvas brancas combinavam com sua roupa. O cabelo bagunçado de uma maneira proposital, fazendo alguns fios escorregarem por sua face.

Em passos lentos, desço as escadas notando os olhares curiosos em minha direção. Christian afirmou que poderia comparecer ao baile sem estar usando roupas de empregada, dando-me esse belo vestido verde de um tecido macio, como veludo. Ele descia majestosamente como a roupa de uma princesa e possuía uma segunda camada de um tecido transparente, possuindo bordados delicados. A parte de cima era apertada e repleta de pedrinhas douradas que iam desde o quadril até o decote considerável. Por cima, havia uma espécie de manto esverdeado com bordados dourados na ponta, começando dos ombros e se arrastando pelo chão como um véu. A maquiagem era sutil, exceto pelo batom vermelho tingindo os lábios. O meu cabelo estava solto, havendo apenas uma simples tiara dourada. Provavelmente, viraria alvo de críticas por ter quebrado uma das regras sociais, mas nem me importava. Aprendi a bloquear o que podia me afetar negativamente. Ou ao menos, estava tentando.

— Você está linda, Diane. — Christian comenta ao se aproximar, fazendo uma breve reverência a qual retribuo segurando as pontas do vestido. Os meus extensos brincos de diamante balançam com o movimento. — Creio que já tenha feito a sua escolha.

Assinto silenciosamente. O sorriso dele cresce, tornando as covinhas mais evidentes. Os traços angelicais e delicados do rosto se destacam com perfeição.

— Eu fico feliz! E desculpe-me pelo o que aconteceu no escritório. Às vezes, é difícil conter o Lorcan e...

Estendo a mão em sua direção, fazendo-o parar de falar.

— Não use a palavra "conter" como se ele fosse uma fera ou algo do tipo. Ele é uma pessoa igual à você, Christian.

O rei estava incrédulo com minhas palavras e decido deixá-lo cumprir seu papel de anfitrião, enquanto buscava um lugar para se acomodar. Estico a mão pegando uma taça de vinho de um servente que passava, ignorando o seu olhar de repulsa direcionado à mim. Eles devem estar pensando que me prostituí para estar aqui.

— Uau! Que vestido bonito! — exclama Alene ao se aproximar, depositando a bandeja de doces em cima da mesa, sorrindo de forma acolhedora. — Quanto tempo, Diane. Eu fiquei sabendo que precisou voltar para sua casa.

Dou nos ombros, bebericando o vinho.

— O que está rolando entre você e o Christian?

O rosto dela fica vermelho e colocava uma mecha do cabelo atrás da orelha, desviando o olhar.

— Eu achei que daríamos certo, mas ele me parece tão distante depois que você voltou para casa. É bom tê-la de volta.

Sorrio sem mostrar os dentes enquanto procuro uma figura conhecida. Então, quase engasgo com o vinho quando o encontro.

Lorcan usava uma calça preta de cós alto, a camisa branca, colete preto de um tecido suave e levemente brilhoso — arrisco-me a dizer que é seda. Os botões dourados combinando com bordados trabalhados minuciosamente nos detalhes, localizados nos cantos da peça. O terno preto por cima era de veludo e também possuía esses mesmos bordados na gola. O cinto tinha a fivela prateada e uma corrente de mesma tonalidade presa ao lado. Os passos firmes davam-se pelo brilhante coturno preto que reluzia à luz do ambiente. O cabelo solto com as mechas acariciando seus ombros largos. As mãos, cobertas por suas costumeiras luvas de couro, apoiadas nas costas em uma postura imponente, dirigindo-se para um canto afastado do salão enquanto também procurava alguém.

Nossos olhares se encontram e, à essa altura, não ouço uma palavra sequer da Alene. Ela gesticulava em direção às mesas, pegando a bandeja e se afastando. Então, sigo em passos lentos até o duque que se encontrava encostado em uma das pilastras do salão.

Ele estava em êxtase, os lábios entreabertos e os olhos focados inteiramente em mim. Lorcan proferia em um tom lento e arrastado, quase como um sussurro:

— Você é tão bonita...

O coração falha nas batidas enquanto um sorriso involuntário surge em meus lábios. Dou um passo em sua direção, mas sinto a mão firme de Christian em meu braço.

— No baile de outono, temos uma dança inicial diferenciada. Por que não participa? É o momento para aquilo.

Pisco os olhos confusa antes de ser arrastada para um grupo de pessoas. Todos formavam um círculo enquanto uma espécie de apresentador se posicionava no meio. Enquanto isso, Christian se apoiava na pilastra ao lado de Lorcan, encarando-me com um sorriso bobo. O duque estava com o maxilar trincado e a cabeça baixa.

— Vamos lá! Como todos sabem, o baile de outono inicia-se com a brincadeira dos pares. — anuncia o apresentador, atraindo a atenção de todos. — Eu quero que os participantes encontrem a pessoa de coração mais puro do salão para uma dança.

As pessoas no círculo se dispersam rapidamente e os acompanho, indo até o canto do salão e puxando Martha para o centro. Ela corava de vergonha sem esconder o sorriso e nós duas giramos alegres por todo o lugar.

— Eu estou surpresa, Diane!

— Não deveria. Você é uma amiga especial e importante para mim.

O sorriso dela aumenta antes de me dar um forte abraço, sussurrando:

— Eu já desconfiava da sua origem, mas nunca me importei. Eu tenho uma amiga incrível e isso é tudo que devo me importar.

Contenho as lágrimas e voltamos a dançar de forma animada, seguindo o ritmo da música. Em seguida, tive que dançar com a pessoa mais gentil do salão e, obviamente, escolhi Alene. A ruiva ficou surpresa e envolveu seu braço no meu enquanto rodopiávamos entre risadas.

Alene se despede com um beijo em minha bochecha e, depois, preciso dançar com a "melhor amizade". Quando paro diante de Cherly, sorrio sem jeito enquanto ela me encarava surpresa.

— Eu não posso...

— Por favor. Eu não quero perder alguém especial, principalmente se esse alguém for você.

Ela secava uma lágrima teimosa e assentia, fazendo o meu sorriso aumentar. Então, nós duas fomos para o centro do salão onde rodopiamos, movemos nossos corpos como se estivéssemos no Heliodoro. Apenas eu e ela. A minha melhor amiga nessa realidade. Ao final, ela me dava um forte abraço, murmurando:

— Desculpa por tudo o que eu disse mais cedo. Eu só... Não sabia como reagir com a sua volta.

Acaricio as suas costas com suavidade.

— Sem problemas. Mas saiba que eu nunca mentiria para você se não fosse a única opção.

— Eu sei, bobinha.

Ela dava um peteleco em minha testa antes de volta para o canto do salão, onde continuaria a servir as bebidas.

— E agora, a última dança da brincadeira. — dizia o apresentador. — Dancem com a pessoa mais importante em sua vida.

Vejo algumas pessoas hesitando enquanto outras correm diretamente para seus alvos. A música torna-se distante enquanto estou presa em pensamentos longínquos, refletindo sobre tudo o que aconteceu desde que cheguei em Velorum. O meu olhar junto com o meu corpo viram-se em direção à pilastra, dando o primeiro passo.

As luzes do ambiente refletiam o brilho determinado do meu olhar. Segurei com firmeza a ponta do vestido para não tropeçar na roupa. A cabeça erguida em um ar de superioridade. Não sou uma pessoa arrogante, mas sempre tive um problema com o amor próprio. Para mim, era difícil ver qualidades externas e internas, por isso vivia me diminuindo. Aos poucos, após adentrar em Velorum, estou encontrando o meu valor e lutando por ele.

Christian dava um passo simultâneo em minha direção conforme encurtávamos nossa distância. O salão tornava-se um lugar pequeno, compacto, como se fosse um mundo particular onde apenas duas pessoas podiam habitar nele.

Mais um passo meu. Outro passo de Christian.

Lembranças dos meus melhores momentos em Velorum invadem minha mente, trazendo um calor agradável no peito. Havia encontrado o meu lar. Feito a minha escolha. E tenho certeza de que não me arrependeria dela, nem mesmo se a consequência for todas as estrelas caindo sobre nós.

Eu tinha uma estrela brilhante bem diante dos meus olhos e apenas o brilho dela importava.

Quando parei diante dele, todos no salão paralisaram. Christian também paralisou, principalmente quando passei direto por ele. Enquanto isso, estiquei a minha mão em direção ao homem mais bonito do reino, o mais inteligente e radiante de todos. O único que me aceitou antes que eu mesma pudesse fazê-lo.

E estava na hora de aceitá-lo também.

Lorcan piscou os olhos incrédulo quando viu a minha mão esticada bem à sua frente. Então, com um sorriso gentil nos lábios, pergunto:

— Concede-me essa dança, Lorcan De'Ath? 

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