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Capítulo 36

Atravesso todo o campo de areia com Polar. A égua trotava de maneira graciosa conforme a guiava com precisão. Depois de algumas aulas intensivas, havia aprendido finalmente a domar o animal e, agora, nossa conexão estava mais forte do que nunca. Isaac encontrava-se apoiado na cerca de madeira, admirando a forma como Polar trotava majestosamente erguendo a crina e jogando um pouco de areia para trás. Arvid estava ao seu lado, comendo uma maçã enquanto nos encarava com desinteresse.

Um dos serventes da área externa esperou pacientemente o meu retorno. Desci da Polar com um salto preciso e entreguei as rédeas para o homem, murmurando um agradecimento. Arvid esticou o braço oferecendo uma maçã para a égua e, quando ela aceitou roçando o focinho na mão dele, jurei ver a sombra de um sorriso em seus lábios.

Isaac foi o primeiro a ir ao meu encontro, batendo palmas com um largo sorriso.

— Obrigada! Estou pegando o jeito da equitação.

— Logo poderá usá-la em combate. — comenta Arvid ao se aproximar. — Dizem que é preciso o dobro de concentração.

Um nó se forma em minha garganta. Quando me imagino em cima de Polar empunhando uma espada e avançando contra um exército, começo a tremer. Limpo o suor na calça de montaria e nego com a cabeça.

— Nunca irei lutar, Arvid.

— Como pode dizer isso se é uma soldada do exército de Icarus? Não tem sentido nenhum! É o maior momento de glória para qualquer soldado!

— Eu não me importo. Odeio guerras e nunca participarei de uma, Arvid.

— Você está sendo treinada pelo melhor soldado de todo o continente e não se sente nem um pouco ansiosa para uma luta?

Apenas dou nos ombros em resposta, iniciando uma caminhada em direção aos fundos do castelo. Isaac andava ao meu lado e abria a porta para mim, sorrindo de forma tão aberta que visualizo facilmente suas covinhas fundas. Em agradecimento, acaricio por breves momentos o seu cabelo cacheado antes de adentrar na cozinha. Os empregados foram dispensados por causa do evento de hoje, Aurora. A única pessoa presente era a mãe de Arvid, Agatha. Ontem à noite, ao retornar para o ducado, fomos apresentadas durante o jantar.

A mulher virava-se em minha direção e acenava com um sorriso gentil. Noto o curativo em sua mão, engolindo seco ao lembrar que os espiões de Christian foram a causa dele. Ela não devia possuir mais do que quarenta anos e seu cabelo castanho estavam preso em coque alto.

— Gostaria de comer algo, Diane? Não teremos jantar hoje, mas eu posso preparar uma sobremesa deliciosa para você.

Nego com a cabeça, sentando-se frente ao balcão. Arvid limita-se a balançar a cabeça para a mãe, tomando um lugar perto da janela. Ele observava alguns soldados marchando pelo jardim, com um brilho único no olhar. Isaac senta-se ao meu lado, acenando para Agatha.

— É estranho que o senhor De'Ath tenha dado um dia de folga para todos os seus empregados. — comento.

As três pessoas presentes lançam olhares confusos em minha direção. Por algum motivo, parece que falei algum absurdo e sinto as bochechas esquentarem.

— O meu senhor sempre foi generoso com a gente. Em datas comemorativas, temos o direito de se divertir um pouco. — Agatha dizia depositando uma cesta de pães caseiros em nossa frente. Eu e Isaac nos entreolhamos antes de correr para a pia, lavar as mãos e, assim, atacar a comida sem cerimônia. A verdade é que estava com fome depois de um longo dia de treino. — Principalmente, quando comemoramos o Aurora.

— O que é esse evento? Esqueci de perguntar ao duque.

— Há doze anos atrás, quando fomos atingidos por uma terrível guerra entre reinos, o rei Erick saiu vitorioso. Finalmente, poderíamos desfrutar da verdadeira paz.

— Tanto pelo fim da guerra quanto pela morte do senhor Sirius. — completa Arvid recendo um olhar repreensivo da sua mãe. — O que? Não estou mentindo! Eu ouvi pelas ruas que o povo não gostava do pai do duque.

Agatha suspira com pesar e balança a cabeça em afirmação.

— É a dura realidade. Eu e minha família somos relativamente novos no ducado, então não podemos dizer com convicção mas basta perguntar à qualquer empregado daqui. Todos parecem assustados quando tocam no nome desse homem.

Facilmente visualizo a imagem assustadora do pai de Lorcan. Um homem sem coração que torturou o próprio filho por anos e o fez acreditar que era uma aberração. E um calafrio percorre o meu corpo.

— Ainda bem que ele morreu, então...

Isaac estava alheio à nossa conversa, levando outra fatia de pão à boca. Por outro lado, Arvid parecia atento mesmo com o olhar ainda focado no jardim.

— Aurora é o nome dado para o dia onde o ducado de Icarus seguiu em frente, longe das amarras do rei de Velorum. O povo dança, come, bebe, há competições e o exército ainda faz uma bela apresentação do seu poder com um torneio de luta. É o símbolo de um novo dia.

— Espera um pouco! Em outras palavras, Aurora é indiretamente a comemoração da morte de Sirius De'Ath?

O olhar de Agatha é direcionado ao chão, pronta para comentar algo até uma voz masculina responder:

— Sim. Estávamos libertos da guerra e de um verdadeiro tirano.

Viro o rosto em direção ao rapaz que adentrava na cozinha. O seu sorriso é descontraído bem como a postura, conforme aproximava-se com as mãos dentro dos bolsos da calça cinza. Raven esbanjava toda a sua juventude com o cabelo bagunçado, botas pretas com desenhos brancos na sua superfície em formato de espiral. Ele trajava uma camisa de manga comprida branca e um colete cinza com botões prateados. Uma capa azul escura com bordados pratas estava sobre seus ombros, tocando até metade das coxas.

— Raven, quanto tempo!

— Olá, Diane. Senti sua falta. — comenta parando atrás de mim, envolvendo os braços entorno do meu pescoço. — O grosso do Njal pegou pesado contigo no treinamento?

— Eu pensei que ia morrer.

Raven solta uma alta risada. É incrível como a sua presença torna o ambiente menos tenso, mesmo quando falávamos de um assunto tão delicado. E por falar nisso...

— O senhor De'Ath não se incomoda com essa comemoração? — pergunto.

— De forma alguma, querida. — dizia em um tom descontraído, ainda me apertando como se fosse um ursinho de pelúcia. — Eu era apenas um garotinho quando houve a cremação do corpo do senhor Sirius. E confesso que a cena do filho dele naquele dia foi assustadora.

Agatha, que até então se manteve calada analisando o espião com certo receio, questiona:

— O que houve nesse dia?

O rapaz se desvencilha do abraço, sentando-se no balcão e balançando as pernas.

— Ele pegou um montante de madeira e jogou em direção à fogueira. Lorcan não parava de implorar para todos os deuses que queimassem o mais rápido possível o corpo do pai. Ele proferia "esse demônio não pode retornar", algo do tipo.

Até mesmo Isaac, que se encontrava alheio ao diálogo, olhou para Raven com medo. Arvid estava com os olhos arregalados e a boca entreaberta, uma expressão bem semelhante à mesma de sua mãe nesse momento. Não consigo comer o restante do pão, sentindo a garganta ficar seca. O espião era o único que manteve o semblante descontraído, como se assistir à essa cena perturbadora não tivesse o afetado.

Raven enchia uma taça prata com água e bebia enquanto, pacientemente, esperava que a cor voltasse para nossos rostos.

— Eu nunca achei que ele o odiasse tanto. — murmuro.

— Já tentei descobrir o motivo de tamanho ódio, mas ele ameaçou arrancar minhas unhas uma por uma. — Raven comenta com um leve bico de descontentamento em seus lábios. — Desde aquele dia, Lorcan não aparece no Aurora. São dias sombrios para ele, eu diria.

— Ele nunca participou das comemorações?

O espião nega com a cabeça antes de descer do balcão.

— Arrume-se, Diane. Eu irei acompanhá-la no Aurora. Essa é a função do anfitrião mas ele está muito ocupado em seu momento autodepreciativo. — dizia dando uma breve risada. — E eu gostei de você.

Acabo corando com o seu comentário e, silenciosamente, concordo com a sugestão. Porém, no fundo, queria saber o que Lorcan fazia nesse momento. Ou melhor, como ele estava se sentindo.

***

A roupa deixada em cima da cama, segundo a empregada, era uma cortesia de Icarus. O longo vestido possuía uma mistura única de beleza com simplicidade. Até metade das coxas, a tonalidade era preta mas gradativamente mudava para vermelho. A região da cintura apertada e um sutil decote vertical combinando com a gola alta. O vestido era sem mangas e arrastava-se pelo chão com graciosidade. Para combinar, usei um par de sapatos pretos de saltos pequenos. Como não possuía nenhum brinco, joguei o longo cabelo para frente a fim de disfarçar esse detalhe. Para finalizar, passei um batom neutro e um perfume adocicado.

— Está maravilhosa! — exclama Raven ao me ver descer as escadas. Ele faz uma reverência formal estendendo o braço, coberto pela capa. — Concede-me a honra de ser sua companhia, bela dama?

Rio pelo jeito despojado dele e envolvo o meu braço no seu.

— Claro, meu gentil guerreiro.

Raven abria um sorriso aconchegante, guiando-me para fora do castelo. Uma carruagem já nos aguardava na entrada e seguimos viagem em silêncio. Ao pisar no chão, a minha atenção voltou-se para a fileira de lanternas penduradas em mastros. Elas formavam um corredor vasto e bem iluminado em meio à escuridão noturna.

— Eu pensei que as pessoas em Icarus fossem sérias. — admito enquanto observo algumas crianças dançando perto de um chafariz. — Era o que comentavam no castelo.

Uma melodia agitada ecoava pelo ambiente. Noto um grupo de músicos tocando no centro de um palco de madeira improvisado. Os casais estavam com os braços enlaçados, rodando de um lado para o outro ao ritmo da música. As risadas misturavam-se com as notas musicais. A luz da Lua tornava o ambiente ao redor misterioso mas era o brilho das lanternas que trazia uma sensação de esperança.

Sinto uma imensa vontade de dançar e rodopiar como todos ali. Mas uma parte de mim se contém imediatamente, com medo do que iriam pensar. A verdade é que ainda temo passar pela mesma perseguição que sofri na capital.

— É um grande erro confundir o lado reservado do povo de Icarus com seriedade ou arrogância. — comenta Raven tirando-me dos meus devaneios. — O que me diz de uma dança?

Engulo seco desviando o olhar para as pessoas. Reconheci os rostos de alguns dos soldados da base e, em um reflexo automático, recuei um passo.

— A-Acho melhor não...

— Por que?

Continuo em silêncio e Raven vira o rosto em direção ao ponto em que encarava. Logo, voltava o foco à minha expressão amedrontada.

— Ninguém pensará nada. Eu prometo. Sei que deve ter passado por muita coisa naquele maldito palácio, mas não está sob nenhum olhar julgador.

Raven apertava a minha mão em sinal de solidariamente, olhando no fundo dos meus olhos. As suas íris quase brancas ganhavam um brilho encantador sob as lanternas acima de nossas cabeças. E por um momento, decido analisar a situação. As pessoas sequer olhavam para a gente, mesmo estando diante do espião de Icarus, uma das pessoas mais perigosas e fortes do reino. Os soldados dançavam entre si com ânimo, como se não houvesse amanhã.

Então, afirmo com a cabeça e o sorriso nos lábios do rapaz cresce. Ele me puxa para o meio das pessoas, segurando minha mão e girando-me como uma bailarina. Involuntariamente, rio com a sensação do vento gélido da noite contra o rosto. Em seguida, Raven puxava-me para perto enquanto iniciava uma sequência agitada de passos para os lados.

Ele guiava-me na dança com maestria, afastando o corpo para que meu gingado desajeitado fosse o foco. Logo após, estava próximo de mim novamente enquanto girava ambos os corpos com rapidez. Olhei por cima dos seus ombros, temerosa em como as pessoas reagiriam. Porém, todos estavam mais preocupados em aproveitar até o último momento da dança.

E finalmente relaxei por completo, permitindo-me sentir a alegria do momento.

Quando a música chegava ao fim, Raven aproximava o rosto da minha orelha. Os lábios roçando sutilmente contra a região enquanto a sua voz aveludada, causadora de calafrios, dizia:

— Você é ótima dançando. E sorria mais. Essa é a essência do Aurora: a alegria.

Assinto abaixando o olhar para ocultar o rubor nas bochechas. Raven conduzia outra dança sequer dando uma pausa para recuperar o fôlego. E, sinceramente, queria dançar até as pernas doerem.

Após esgotar quase todas as minhas energias, Raven parava na frente de uma barraca e retornava com duas bebidas azuis com um leve brilho em seu interior.

— Isso é Via Láctea? — questiono surpresa.

— Sim. Fico feliz que conheça a nossa mais famosa bebida.

Lanço um olhar confuso em sua direção.

— Foi aqui que nasceu essa bebida? Eu ouvi dizer que veio de um viajante.

Ele rolava os olhos e negava com a cabeça, entregando-me um dos copos.

— Isso é uma mentira descarada feita pelo povo da capital. Via Láctea foi criada por um dos comerciantes do ducado e que, em suas viagens, espalhou a receita pelo restante do reino.

— E por que mentiriam sobre a sua origem?

Dou um gole considerável na bebida, sendo agraciada pelo seu gosto adocicado.

— Eles tentam cobrir tudo de bom que há em Icarus. Querem que acreditem que vivemos uma área cheia de dor e sofrimento. Mas é isso que consegue enxergar aqui, Diane?

Enquanto bebia, analisava as crianças brincando e os adultos dançando. Um sorriso involuntário surge em meus lábios.

— Não mesmo. Eu me sinto bem aqui. Segura e protegida.

— E se depender de mim, continuará se sentindo assim. — dizia dando uma piscada, passando o braço por meus ombros e puxando-me contra seu corpo. Raven era alguns centímetros mais alto do que eu e, mesmo sendo mais novo, possuía músculos bem definidos. — Não temos visitantes há anos. É bom ver que ainda é capaz de fazê-los mudar de ideia e ver o lado bom de Icarus.

Sorrio dando outro gole generoso na bebida. Então, desvio a atenção para a pessoa do outro lado do grupo de dançarinos, reconhecendo a sua cabeleira ruiva. Ela tinha o olhar focado em Raven, mexendo inquietamente os dedos.

Tanandra o conhece?

— Vamos jogar, Diane!

Pisco os olhos retornando à realidade. Antes de poder responder, o rapaz já me puxava em direção a uma barraca de dardos. Os homens que jogavam arregalavam os olhos diante da presença de Raven que, por outro lado, tinha um sorriso descontraído. E não demorou para entender o porquê se sentiam intimidados com a sua presença. O espião não errava um dardo sequer, independente da distância. Algumas pessoas paravam ao redor da barraca para assistir ao seu "show".

Tentei acompanhar o seu ritmo, mas errava todos os alvos. Raven não riu como o esperado. Ele apenas se posicionou atrás de mim, segurando o meu pulso e quase tocando o queixo em meu ombro.

— Você precisa mentalizar um ponto em específico e usar a força do movimento do seu pulso para guiar o dardo. Como és iniciante, aconselho não respirar. Isso apenas irá te atrapalhar. Foque unicamente em seu alvo e como deseja acertá-lo.

Silenciosamente, assinto com um leve balançar da cabeça. Sigo as suas instruções, encarando o ponto mais fácil e o mentalizando de forma concentrada. Em meu ouvido, Raven dava dicas de como melhorar a pontaria e acertar com maior precisão. Quando lanço o dardo, fecho os olhos logo em seguida com receio de ver o resultado deplorável do meu desempenho.

— Parabéns, Diane.

Abro os olhos para encarar o sorriso orgulhoso do rapaz. Então, viro o rosto em direção ao dardo no canto da placa marcando a pontuação mínima. Mesmo tendo feito poucos pontos, era a primeira vez que acertava.

Sem conter a alegria, dou um salto junto com um grito de comemoração, jogando-me nos braços de Raven. Ele retribui o abraço surpreso e, logo, apertava-me de forma carinhosa. Ouvi alguns murmúrios de como eu era corajosa de estar tão próxima dele e, internamente, questionei o porquê desse tipo de pensamento.

Raven é carinhoso e gentil. Essas pessoas que são paranoias só porque ele trabalha para o Lorcan.

Mais uma vez, noto o olhar de Tanandra sobre a gente e murmuro para o rapaz ao meu lado:

— Eu vou encontrar uma amiga.

— Tudo bem. Irei pegar comida para a gente.

Corri em direção à ruiva acenando com um sorriso. Ela retribui timidamente, o que era uma surpresa. Tanandra sempre foi extrovertida e possuía uma áurea de que nada poderia abalá-la.

— Vejo que está se divertindo e gostando do Aurora.

— Sim! É muito divertido. Mas então, o que tem entre você e o Raven? — pergunto arqueando a sobrancelha.

O rosto dela fica vermelho.

— Não há nada!

— Não adianta mentir para mim.

Ela suspira em desistência. O seu olhar acompanha o rapaz do outro lado do evento, esperando pacientemente na fila de uma barraca. Ele cantarolava a música que a banda tocava, balançando sutilmente o corpo para os lados. Às vezes, imagino que Raven se sinta deslocado em meio ao grupo assassino e violento do Lorcan.

— Eu o admirei desde o primeiro dia de treinamento. Quando cheguei na base, encontrei um garotinho de treze anos dando inúmeros socos em uma árvore. As suas mãos sangravam, mas ele ignorava completamente a dor. — ela comenta em um tom distante, mantendo o olhar focado no espião. — Depois me contaram que ele vivia nessa base desde os nove anos.

Arregalo os olhos, surpresa.

— Raven tem treinado na base desde essa idade?!

Ela concorda com pesar em seu semblante.

— Ouvi dizer que sua mãe era da capital e foi brutalmente assassinada. Ninguém acolheria um garoto sem família, então ele passou um tempo nas ruas. O senhor De'Ath viu potencial nele e o trouxe para Icarus. Mas nem mesmo aqui poderiam dar um lar digno, então o levaram para a base onde foi criado com os demais soldados.

Era difícil acreditar que o jovem sorridente e alegre possuía um passado tão perturbador. Raven parecia não carregar nenhum ódio em seu coração, como se não houvesse um dia ruim em sua vida. Isso me faz pensar o quão errado é julgar o que há no coração das pessoas sem conhecê-las de verdade.

— Ao ouvir a sua história e presenciar de perto o seu esforço, eu o admirei todos os dias. Nós treinávamos juntos em alguns momentos e devo admitir que ele era o melhor aluno da turma. — ela continuava a falar, dando um breve gole na bebida em suas mãos. Pela cor e a espuma branca, deduzo ser cerveja. — Não sei quando essa admiração mudou para algo a mais. Tentei uma aproximação mas não demorou muito para ele ser mandado para a equipe particular do senhor De'Ath. E perdi por completo o contato.

Apoio uma mão no ombro da ruiva, conseguindo a sua atenção.

— Deveria tentar falar com ele.

— Não faço ideia do que poderíamos conversar.

— Qualquer assunto deve serv-...

Interrompo a minha fala quando Raven se aproxima, entregando-me um espeto de carne com tomate e cebola grelhada. O corpo da mulher ao meu lado trava diante da sua presença e mal contendo o sorriso divertido.

— Essa é minha amiga, Tanandra. — digo dando leves batidas nas costas dela, ignorando o seu olhar mortal. — Vocês se conhecem?

Raven estreita os olhos como se forçasse a memória ao máximo. Por um momento, tenho medo dele simplesmente ignorar a sua existência mas o sorriso caloroso do espião afasta essa hipótese.

— É a garota que caiu de cara na lama na primeira corrida à bandeira? Céus, eu lembro! Aquilo foi hilário.

O rapaz ria alto enquanto o rosto de Tanandra fica tão vermelho quanto o seu cabelo. Por outro lado, opto por comer em silêncio observando a interação dos dois.

— Estou surpresa que ainda se lembre de mim. — sorria timidamente colocando uma mecha atrás da orelha.

— Tenho uma boa memória e você era uma das melhores dando cotoveladas. Também lembro que nocauteou um soldado com um único golpe. Foi incrível!

A postura da ruiva torna-se mais relaxada e ela sequer conseguia afastar o sorriso dos lábios.

— Eu irei conhecer um pouco mais do Aurora. — comento começando a andar para longe, acenando para eles. — Divirtam-se.

Raven faz menção a me acompanhar, mas balanço a cabeça em negação. Então, ele apoia a mão sobre o peito, fazendo uma reverência como despedida.

***

O povo gritava entorno da pequena arena improvisada. Eles faziam suas apostas sobre qual guerreiro sairia vitorioso. Encontrei Mason lutando em um dos round's e acenei em sua direção. Ele retribuiu o aceno antes de receber um soco no rosto, caindo no meio da lama. As pessoas amavam as lutas, mesmo aquelas que não participavam diretamente do exército. Os gritos e aplausos eram constantes. Apesar de não ser adepta desse tipo de entretenimento, não minto que foi um pouco divertido. Havia um médico para cuidar dos feridos e um juiz para garantir que não exagerassem, então deixei a preocupação de lado.

Em seguida, caminhei entre as barracas até parar em um campo gramado, afastado do evento. Sentei no chão abraçando as pernas e encarando as luzes do centro. Podia ouvir com clareza a música e os gritos das pessoas que assistiam às lutas.

O que Christian está fazendo a essa hora? Será que ele está lotado de trabalho?

Solto um longo suspiro, olhando o horizonte. Sentia falta dele, principalmente sabendo que era a minha alma gêmea. A pessoa que me fazia se sentir completa e feliz. Contudo, outra parte de mim queria manter distância. Christian havia abusado do seu comodismo e, por causa disso, quase apodreci naquela cela. Meu coração partido queria acreditar que ele teria me salvado se soubesse onde estava.

Mas o lado racional sussurrava cada vez mais alto a resposta.

Quando encarei o belo céu noturno, senti uma inexplicável paz interior. As estrelas pareciam sorrir para mim, complacentes com a minha dor. Então, olhei para a extensão do campo gramado e o castelo do duque no topo de uma colina. Todos se divertiam e comemoravam um momento feliz, mas talvez essa alegria não tenha alcançado um certo coração machucado.

Não pensei no rei. Não pensei em seu abraço gentil e seu sorriso largo. Apenas uma pessoa invadiu a minha mente naquele momento.

— Eu queria você aqui, Lorcan... 

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